Corpo escrita por AnyBnight


Capítulo 1
Corpo


Notas iniciais do capítulo

Porque PedoCaze x Lass é meu deturpado OTP.



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Logo que deixaram o picadeiro em chamas, Cazeaje e sua nova aquisição, o pequeno mestiço nomeado "Lass", voltaram direto para o castelo sombrio no extremo norte de Ellia. Havia uma fila de criados bem alinhados esperando para recebê-lo, todos patrulheiros Amon, magos negros, e o Troll e o Gorgos mais ao fundo.

Cazeaje desfilava em meio aquele corredor de servos, que se ajoelhavam sincronizadamente cada passo que sua rainha avançava. Ao lado dela - na verdade alguns passos mais atrás - vinha a criança trêmula e apavorada. O pequeno, ainda atordoado com o ocorrido no circo, olhava para tudo extremamente intimidado, hesitando cada mínimo passo.

Não tenha medo, Lass.— Disse a rainha - Todos eles, a partir de agora, vivem para servi-lo. São eles que devem temê-lo, e não o contrário.

E-eu ainda não entendo porque a senhora me ajudou...— resmungou baixo, temeroso; segurava as mãos juntas diante do peito. Seu pijama listrado estava ainda mais maltrapilho e exibia bem todas as cicatrizes e ferimentos recentes pelo tronco, braços e pernas dele - Eu sou só uma aberração desgraçada que não tem sequer o direito de viver neste mundo.

Cazeaje suspirou, relaxando seus ombros por um instante e logo voltando a postura pomposa de antes. Olhava para o pequeno mestiço apenas com o canto do olho escondido pela franja.

Já lhe disse que explicaria tudo, apenas me siga.— Ela voltou a lhe dar as costas e seguir em seu desfile.

Inseguro, Lass a seguiu. A criança faltou se encolher e implorar pela vida ao passar diante dos monstros gigantes no fim do corredor; ambos haviam grunhido para eles, estranhando-o, e recebendo também um olhar de reprovação da mestra.

No fim, um dos magos, um que parecia mais "humano" que os demais, aproximou-se de ambos. "Minha ama, este infante está imundo. Permitiria-me lavá-lo antes do jantar?" o mago murmurou em sons que mal pareciam palavras para os ouvidos da criança.

Ninguém tocará esta criança, estão ouvindo?— ela proferiu, à voz alta e autoritária para que todos os servos a ouvissem. Em seguida lançou um olhar penetrante sobre o menino ainda mais pálido - Eu mesma cuidarei deste pequeno e frágil corpo.— E lhe sorriu com ambição,

Lass não foi capaz de dizer nada, nenhuma das mil perguntas que lhe vieram a mente tinha coragem de escapar por sua garganta. Ele apenas a seguiu como ordenado, sentindo-se cada vez menor ante os grandes salões por onde caminhava guiado pelas costas da rainha, sempre seguidos por um grupo de magos.

Em algum ponto Cazeaje os dispensou dizendo que queria ficar à sós com o menino e assim todos aqueles olharem fixos sobre a criança se foram - embora não tivesse sido o bastante para deixá-lo confortável. - Desde então a rainha permaneceu em silêncio até chegarem à que parecia ser a última porta.

Por aqui, Lass querido, neste lugar farei tudo o que o atormenta sumir.— Exibiu-lhe novamente aquele sorriso malicioso e abriu a porta do último cômodo esperando que ele passasse primeiro.

Era um tipo de lavabo em salão, com muitas pias e fontes de marfim nobre. Ao fundo havia uma imensa banheira de ladrilhos cintilantes que mais parecia uma piscina cuja parede atrás da borda era aberta dando a visão de todo o campo do castelo. Como qualquer outro salão que o pequeno viu, ali também era puro luxo.

— O-o que vamos fazer aqui?

— Lavar seu corpo, sua mente... Sua alma.

— Ainda não entendo...

— Dispa-se. - Ordenou, não chegava a ser um grito mas bastou para fazer aquela criança se arrepiar completamente antes de acatar a ordem.

Lass decidiu que pararia de fazer perguntas e apenas obedeceria. Estava apavorado, e temia ser espancado se fizesse algo que desagradasse a rainha. Não estava mais acorrentado, mas se pensasse em tentar fugir sabia que seria morto pelos monstros que viu antes.

Logo o corpo pequeno e maltratado estava inteiramente nu, tremendo-se por completo. O máximo que podia fazer por si mesmo era comprimir os ombros e pernas afim de esconder sua nudez. Não que aquele tipo de tratamento fosse algo novo, mas jamais se acostumaria com ele.

A rainha mirou-o fixamente por alguns instante, analisando sua forma minguada de cima a baixo. Cazeaje não evitava sorrir ante aquela visão; aquela criaturinha tão poderosa e ao mesmo tempo tão submissa à si.

Relaxe, Lass, eu não irei lhe fazer mal algum. - Falou baixo, diferente de antes. Não tinha mais a intenção de assustá-lo. Cazeaje chegou até a se ajoelhar diante da criança e encará-la nos olhos. - Pelo contrário, eu o libertarei de tudo que o atormenta. Começando com seu corpo.

Delicadamente, Cazeaje tocou o rosto do menino encaixando seus dedos longos nas deformidades que ele tinha na bochecha. Lass gemeu ao sentir aquele toque gélido e contorceu o rosto fechando os olhos. A rainha apenas lhe sussurrou "shh, não tema" e, enquanto acariciava a face deformada, lhe curava.

Logo ele não mais sentia aquelas "pedrinhas" na bochecha, e instintivamente a tocou por cima das mãos da rainha.

— M-minhas marcas de aberração...!?

— Não existem mais, meu querido.

— A-a senhora pode tirar todas elas? — pediu ansioso, momentaneamente esquecendo-se de seu medo sobre aquela mulher. Ainda segurava a mão dela contra sua bochecha.

Claro, se é isso que deseja.— Seu sorriso alargou-se com malícia - Eu apagarei cada uma dessas marcas, cada ferimento e cicatriz.

Por favor, Rainha Cazeaje, me dê um corpo normal.— Pediu já com os olhos úmidos, lágrimas que nunca havia derramado antes; lágrimas de esperança. Tudo que desejava desde o início era ser uma pessoa normal, sem aquelas deformidades, assim não teria um motivo para ser maltratado. Era o único desejo do pequeno. - Eu não quero mais ser uma aberração.

Então eu vou realizar seu desejo.— Ela sussurrou contra o pescoço do menino. Seu hálito frio lhe curava as marcas dali. Um verdadeira bruxa. - Apenas feche os olhos e relaxe.

Lass respirou fundo e enfim relaxou o corpo. Cazeaje lhe deu esperanças de ser normal, e ele não tinha nada a perder. E como ela não mostrou intenções de machucá-lo, sentiu que podia confiar em seus toques milagrosos.

A rainha havia conquistado seu objetivo: aquele corpo agora lhe pertencia. Cada pedaço dele que era curado por seus toques e carícias indiscretas. Seus dedos e lábios passeavam pelas deformidades, feridas e cicatrizes do corpo tão desejado, limpando-o completamente cada mísero centímetro. Não se incomodava em tocar as zonas íntimas daquela criança, era sua de qualquer forma, mesmo tão infantil.

Em algum tempo, todo o corpo da criança estava limpo, até o tom acinzentado de sua pele desapareceu lhe tornando tão branco quando o marfim das fontes. No fim, Cazeaje tomou os lábios pálidos do pequeno albino mais uma vez antes de lhe mandar abrir os olhos.

— Veja como está agora, Lass. Esta forma é de seu agrado?

Lass abriu os olhos lentamente, ainda um pouco hesitante. Até sua visão parecia mais nítida, primeiramente olhou para baixo, para suas mão abertas; já não reconhecia o próprio corpo, estava abobalhado. Cazeaje riu.

Vá até o espelho d'água. — Ela disse indicando o caminho.

O pequeno estava ansioso, mas ainda tinha medo que fosse tudo uma ilusão. Seguiu até a borda da grande piscina à passos hesitantes até então se ajoelhar diante da água e procurar o reflexo de seu rosto ali.

Este sou... Realmente eu...? — Ele segurava o rosto entre as mãos, já não sentia mais suas deformidades ou qualquer dor em parte alguma. Lass se entregou a um choro compulsivo, nunca na vida havia sentido tanto alívio quanto foi ver-se como uma pessoa normal. Estava encantando com o novo corpo.

Sim. Exatamente como desejou, um corpo normal— Cazeaje chegou sorrateira abraçando o garoto por trás, deixando as mãos firmes caídas sobre o peito magro, pousando o queixo sobre um dos ombros dele. - Mas não é o bastante, certo?

Antes que Lass pudesse perguntar, olhou seu reflexo mais uma vez porém o que viu foi a aberração de antes.

Não! Esse corpo de novo não!— Ele estremeceu, novamente apavorado. Suas dores físicas haviam sumido, mas de alguma forma ainda podia sentir todo o tormento que aquele corpo bizarro lhe proporcionara. Lass bateu na água repetidas vezes afim de apagar o reflexo.

Acalme-se, Lass, isso é coisa da sua cabeça. — Riu sádica.

Coisa da minha cabeça?— Repetiu confuso e ainda atordoado; a visão de seu verdadeiro corpo não desaparecera mesmo na água agitada. Estava apenas distorcido.

Sua mente ainda se lembrará de como você era, e de tudo que seu corpo mestiço fez você passar. Seu subconsciente está recusando aceitar o fato de que você não é mais uma aberração. — As palavras sussurradas ao ouvido da criança pareciam hipnotizá-la.

Claro, aquela visão que o garoto tinha de seu reflexo não passava de uma farsa, uma ilusão de Cazeaje para atormentá-lo tanto à ponto dele mesmo implorar para que ela o tomasse.

Lass pareceu ter congelado com seu olhar sem foco ainda sobre o reflexo, enquanto a rainha mantinha seu abraço sobre ele e beijava de leve a curvatura de seu pescoço.

Então eu quero esquecer... Pode... Me fazer esquecer de como eu era?

Isso deixaria sua mente um branco total, você se tornaria vazio. Não seria mais você mesmo.— Exatamente como ela desejava.

Lass abaixou a cabeça como se seu pescoço tivesse perdido sustentação. E pela primeira vez na vida, se deixou sorrir; um sorriso triste, melancólico e derrotado. Cazeaje pôde sentir as lágrimas quentes dele escorrendo por sua face.

Isso é tudo que eu quero. — Sua voz tremia ao dizer. Aquela criança não tinha ideia de que seu pedido desesperado e inocente poderia lhe significar o mesmo que a própria morte.

Cazeaje não resistiu à uma breve e baixa gargalhada; estava eufórica por dentro.

Seu desejo é uma ordem.

Ela direcionou o rosto corado da criança para o seu, e mais uma vez tomou-lhe os lábios com inexplicável paixão. Não importava que fosse apenas uma criança que mal sabia retribuir um beijo, o corpo, o receptáculo de algo muito maior, era o que ela desejava. Os gemidos nervosos do menino desapareciam conforme aquele beijo que tragava a consciência e as memórias.

Logo Lass não passava de um boneco sem vontade própria nas mãos da rainha das trevas. Apenas um peão que em breve ela tornaria rei ao abdicar o posto de rainha.

Lass?— ela sussurrou sorrindo, sem obter resposta. Os olhos de azul intenso pareciam opacos e sem foco; ele não emitia som algum fora sua respiração silenciosa escapando por entre os lábios. Apenas lágrimas involuntárias continuavam a escorrer pela face pálida. Cazeaje as apartou com beijos - Agora está tudo definitivamente bem. Não há mais nada para lhe fazer chorar, tremer ou temer.

Lass assentiu de forma automática.

Agora quero que me acompanhe num banho. Logo mais haverá um grande jantar para ti e não podemos nos apresentar de qualquer maneira, não acha?

Mais uma vez, Lass apenas assentiu.

Bom menino.— Lhe sorriu.

Ela logo se ergueu e deixou que o vestido caísse de seus ombros aos seus pés, livrando-se também de qualquer outra peça e acessório restante. Adentrou a água morna junto com o garoto o guiando pela mão pelos poucos degraus até chegar à profundidade desejada, então sentando-se em algum degrau.

Cazeaje acomodou a criança em seu colo, mantendo a cabeça albina entre os seios fartos e segurando-o num abraço no qual suas mãos passeavam pelas laterais do corpo infantil perfeitamente domesticado.

Seja qual fosse o uso que ela daria para ele.


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