Kindan no Chi escrita por Lihchan42


Capítulo 1
Proibição 1 – Existência


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, a narradora é a Lin, ok?
Boa leitura~!



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- Eu não acredito que vampiros existam, quantas vezes eu tenho que te falar isso, Amy? – olhei para a garota de longos cabelos rosados, ela estava sentada na carteira ao meu lado girando um lápis vermelho com a mão direita. A movimentação dentro da sala era insuportável, muitas pessoas conversando em voz alta e garotos jogando truco, a hora do intervalo era sempre assim, um inferno. O lado bom é que ninguém prestava atenção em nós duas, já que estávamos conversando sobre algo nada convencional.

- Como você é teimosa, Lin! Eles existem sim! – ela respondeu um tanto irritada, parando de girar o pequeno objeto, voltando sua atenção em mim. Seus olhos castanhos me encarando, enquanto levantava o lápis em minha direção. – Eles existem e ponto final! Principalmente agora que faltam dois dias para o Halloween. Os boatos dizem que ele vai aparecer novamente e irá atrás de uma presa... – dizia com um tom de voz meio baixo e bravo, não sei como consegui escutar o que ela falou mesmo com as conversas paralelas rolando pela sala.

- Amy, boatos são apenas boatos. Ninguém garante nada de que sejam reais – falei suspirando, esperando que ela parasse de apontar o “objeto pontudo” para meu rosto. Mas em vez de tudo acabar bem, reparei que só piorei ainda mais minha situação, dessa vez Amy não estava mais irritada e sim, furiosa comigo. – Lin!! Os boatos podem ser verdadeiros sim! Uma amiga minha viu com os próprios olhos esse vampiro! – disse, jogando o lápis dentro de seu estojo e se levantando da cadeira, colocando suas mãos na cintura.

- Ah, claro... – falei bem baixinho tentando concordar com ela. Mas eu sabia que isso não daria certo, eu conheço muito bem minha amiga, agora que começou, ela não iria parar até terminar seu discurso “divo”, como ela mesma diz. Eu teria que aguentar... Como eu sempre fiz até agora. – Preste muita atenção, ok?! Eu vou dizer tudo que sei sobre esse vampiro para que você acredite que eles existem! – ela falou bem alto, agora apontando o dedo bem perto de meus olhos, se ela desse um passo para frente, eu tenho certeza de que ficaria cega...

- De acordo com minha fonte de informações, o vampiro sempre aparece na semana de Halloween, possui olhos mais dourados que ouro, usa uma roupa meio casual, tem o cabelo um pouco comprido e é claro, possui dentes afiados! – Amy falou tão rapidamente que até eu me confundi no meio do caminho, mas isso não importava, o que importava mesmo era que eu estava começando a ficar envergonhada, já que o modo como ela demonstrava suas evidências era um tanto quanto exagerado, chamando a atenção de outras pessoas.

- Ok, Amy... Acredito em você... – falei tentando dar um jeito de parar a ação da garota, não queria que todos olhassem para nós como se fôssemos doidas. Para minha alegria, ela entendeu e se sentou novamente na carteira ao meu lado, falando mais baixo dessa vez para que só eu escutasse. – Eu sei que você não acredita nisso ainda, não consegue me enganar fácil, ouviu amiga?! Mas eu tenho uma informação ainda mais valiosa, disseram que esse vampiro é um gato, lindo de morrer, agora eu pagaria para ver esse pedaço de mau caminho... – no momento em que ouvi a última frase, quase caí da cadeira. É, essa era mesmo minha amiga, aquela que é interessada por homens bonitos, não importando o que eles fossem. Eu tinha que responder algo, rápido ainda por cima antes que eu fosse ameaçada novamente, mas dessa vez não seria com um simples lápis, e sim um compasso...

- Certo, ele deve ser bonito mesmo, mas não tenho interesse nisso – murmurei baixinho pouco me importando com os comentários que poderiam vir de seus lábios, eu realmente não estava nem aí para esses tipos de boatos, já possuo muitos problemas para resolver em minha vida.

- Amiga, você fala assim porque já tem um bofe no seu caminho. Se não tivesse o Lupus correndo atrás de você, tenho certeza de que se interessaria pelo vampiro – ela falou isso como se fosse a coisa mais normal do mundo, eu já tinha dito mil vezes de que não gostava desse garoto que sempre ficou me seguindo para lá e para cá, odeio gente grudenta como ele e nada mudaria minha opinião sobre isso. – Você pelo menos tem que dar uma chance para os vampiros, vai que eles existem e são melhores que esses moleques? Seria um paraíso ter um gato sobrenatural do lado do que esses lixos – Amy apontou para o grupo de rapazes que ainda jogava baralho e ficava gritando e fazendo bobagens ao longo da partida.

- Bem, se eu encontrasse um deles, poderia até pensar no caso... – resolvi dizer o que ela mais queria ouvir, disfarçando bastante para que não descobrisse que era uma grande mentira. Para minha sorte, o sinal para o começo da aula tocou e assim paramos imediatamente de conversar, ainda bem, porque eu não queria começar a discutir sobre seres sobrenaturais, mesmo que Amy seja minha melhor amiga, tenho certos segredos que não posso revelar em relação a esse assunto.

E o maior deles é que os seres sobrenaturais realmente existem, eles vivem normalmente entre os humanos sem que saibam de sua forma real. E como sei disso? Porque faço parte desse grupo tão aterrorizante para os simples mortais... Possuo o sangue proibido, o sangue de seres divinos, mais conhecidos como deuses. A coloração de minhas hemácias não era comum, em vez de serem vermelho vivo, tinham cor dourada, como se um rio de ouro corresse em minhas veias e artérias. E eu, de alguma forma, odiava isso.

- Sentem-se em seus respectivos lugares! Querem levar giz na testa?! – gritou a professora extremamente irritada enquanto adentrava a sala, seus longos cabelos dourados sendo destacados pelo jaleco branco e os olhos vermelhos com uma centelha de raiva. Essa era nossa professora, seu nome era Lothos e eu realmente gostava dela, pois conseguia botar ordem nesses alunos bagunceiros e bestas.

O silêncio se propagou pela sala, apenas a professora explicava a matéria sem ser interrompida, esse era o momento perfeito para eu pensar na semana que eu teria começando por hoje. Os dias antes e depois do Halloween são os piores para um ser sobrenatural, a semana onde as trevas caem sobre o mundo humano e ninguém consegue esconder sua verdadeira aparência. A maior dificuldade que todos de minha raça têm que enfrentar ao longo dos anos.

Mas o meu caso era diferente, eu não possuía uma forma divina que devesse esconder dos humanos, eu era apenas a reencarnação de uma deusa, uma que foi esquecida por ter trocado sua vida pelo bem de todos. Mesmo que ninguém se lembrasse, fico feliz em saber que me sacrifiquei para salvar a todos em um passado distante, é o meu orgulho por possuir esse sangue dourado em minhas veias. O único problema é que eu não podia mostrar a ninguém qualquer ferida que sangrasse, se descobrissem esse meu segredo, eu poderia virar alvo de seres das trevas que buscam a imortalidade.

Nessa semana de Halloween eu deveria ficar em casa, o único lugar que eu considerava seguro para se ficar em tempos obscuros como esse, mas nada garantia que algo de ruim não adentrasse o local para me devorar e assim conseguir um grande poder. Seria uma semana perigosa e cheia de preocupações, apenas por causa disso que não gosto de ser uma sobrenatural. – Lin! Acabei de lembrar. A enfermeira está te chamando para falar sobre um exame, melhor ir logo – Lothos falou interrompendo a si mesma e me retirando dos pensamentos, se ela tivesse me falado isso antes de começar a matéria, teria sido melhor, já que agora todos ficariam olhando meu trajeto até a porta.

- Obrigada por me avisar, professora. Estou indo – falei ao me levantar da cadeira, dei uma leve reverencia e comecei a seguir meu caminho para fora da sala, ignorando todos os olhares que estavam voltados para mim. No momento em que saí para o corredor e fechei a porta, dei um leve suspiro e voltei a andar em direção à enfermaria. Mesmo que eu estivesse em um mundo tão perigoso, era divertido e interessante viver entre raças diferentes, aprender a conviver com outros que não eram de sua espécie era muito desafiador e emocionante.

E essa experiência apenas crescia ao passar dos anos em que comecei a viver entre eles, sei que posso morrer a qualquer momento em suas mãos, mas eu não me importava, se eu aproveitasse essa minha vida ao máximo, isso não teria importância. Era o que eu pensava até adentrar a enfermaria, onde minha vida mudou completamente...


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Notas finais do capítulo

Bem, eu sei que muitas coisas ficaram meio vagas e inexplicadas ao longo do capítulo, mas eu tentarei explicar melhor ao decorrer da história, ok?
Se tiverem alguma dúvida(não envolvendo spoiler), responderei com prazer ^~^
Mereço continuar? xD