Era esse o dia. Formatura. Finalmente livre, e não estou falando apenas do colegial, estou falando livre de tudo, agora, finalmente, posso começar a sonhar com tudo aquilo que eu sempre desejei. Em casa, minhas malas já estão preparadas. Annabeth, Reyna e Thalia me disseram que as delas também. Nós quatro estamos indo para New York, onde, bem, achamos que nossos sonhos podem se realizar, cada uma com um pessoal. Annabeth quer ser uma arquiteta famosa, Reyna pretende cursar direito, e ser uma das melhores advogadas do ramo, Thalia é a mais indecisa de nós, mas depois de muitas noites de conversa, decidiu que quer escrever, e que cursaria jornalismo.

Eu não posso dizer que está sendo fácil abandonar meus pais, meus irmãos e todos os meus amigos, mas se eu tenho um sonho, eu preciso correr atrás dele, nem que seja doloroso para mim. E doloroso para ele. Jason, meu namorado. Ou, ex-namorado. Conversamos muito sobre isso no último ano, ele não aceitou numa boa, e eu sabia muito bem que isso aconteceria, mas decidimos que era hora de acabar com tudo, aproveitamos o que tínhamos, e eu tenho que confessar que quase desisti. As vezes eu penso que se tivesse ficado, poderia ser algo sério, poderíamos nos apaixonar fortemente, nos amar de verdade, construir algo juntos. Mas ainda assim, não seria o suficiente para mim. Aprendi com minha mãe, que se eu quero mesmo seguir o caminho de uma atriz, preciso saber que despedidas sempre farão parte, e que pessoas sempre vem e vão na nossa vida. Eu tinha que deixar Jason, mesmo que isso fosse doloroso, e foi o que eu fiz.

Depois da formatura, tivemos a tão famosa festa. Sim, a festa foi depois mesmo. Cidade pequena, todos muito amigos, alugamos um espaço perto da cidade vizinha e fomos realmente nos despedir. No dia seguinte era hora de partir de verdade, rumo ao nosso novo recomeço. Tentei não pensar nisso enquanto Jason me beijava em um canto escondido da casa. Tentei argumentar algumas vezes que talvez não fosse uma boa ideia fazer isso. Tentei não perder o juízo enquanto ele acariciava minha cintura. Eu tentei várias coisas naquela noite, mas não posso dizer que realmente deu certo.

— Ei, Jason… — tive que empurrá-lo para trás, e respirar um pouco.

— Hum?

— Eu não tenho certeza se isso é—

Ele nem me deixou terminar de falar! Acho que não precisava, eu havia entendido muito bem o recado: Era a nossa última noite juntos, e também poderia ser a única que passaríamos juntos. Me deixei levar. Não só pelos beijos e carícias, eu literalmente fui levada. Entramos escondidos dentro da casa, onde haviam muitos quartos, enquanto continuamos nos agarrando na porta. Eu não posso negar que sentia pequenos arrepios percorrerem meu corpo toda vez que ele passava as mãos pela minha cintura, pelos meus quadris, e me segurava forte, enquanto seus lábios continuavam contra os meus, língua contra língua, corpo contra corpo. O clima estava ótimo, até que a porta acabou abrindo sozinha, e caímos com tudo no chão. Bem, portas não abrem sozinhas, a não ser que tivéssemos alugado alguma mansão mal-assombrada, então, só pude concluir que tinha alguém ali. E alguém que estava rindo muito.

— Cara, eu devia ter filmado isso! Não acredito! — falou, a voz feminina debochada.

Ah, que maravilha. Só podia ser ela.

— M-mas hein? — Jason ainda parecia confuso, então, eu o ajudei a se levantar. Estávamos tão desarrumados, que era fácil concluir uma ou duas coisinhas.

Thalia estava parada na nossa frente, rindo como uma hiena com crizes nazais, e apontando, toda zombeteira. Seu cabelo preto estava bagunçado, metade das roupas arrancadas, e tinha alguns arranhões. Espera aí… Como é?!

— Thalia, eu disse que não era pra beber mais uma vod— Oh.

De dentro do banheiro saiu um garoto loiro, sem camisa. Os cabelos cor de areia estavam bagunçados, e também tinha algumas marcas pelo corpo. Não precisei pensar duas vezes para ver o que estava acontecendo. Lancei um olhar malicioso para Thalia, que agora não estava achando tão engraçado.

— Oi, Luke. — acenei.

Ele respondeu ao aceno, tão sem graça quanto ela. Jason era o pior de todos nós. Acho que deve ser o choque de ver a irmã dentro de um quarto com um cara super gostoso e sensual. E não diga a ela que comentei esses detalhes. Ele olhou para mim e pigarreou, depois sorriu.

— Então, eu não sei se quero continuar aqui, vendo minha irmã pegar um cara.

— Ah, nem precisa, vocês tem coisas mais interessantes para fazer! — Thalia voltou a sorrir — Último quarto da direita do corredor. Boa sorte, maninho.

Jason lhe lançou seu melhor olhar debochado, e me puxou para fora. Corremos em direção ao quarto vazio. E eu não podia negar que estava muito nervosa com tudo aquilo. Jason parecia tão seguro, que me senti um pouco mal. Estávamos deitados na cama, parcialmente vestidos, mas não me sentia… Bem? Acho que é isso. Por fim, ele acabou percebendo.

— O que foi?

— É que eu, hã… — devo ter ficado ultra-vermelha.

— Ah. — Ele entendeu o recado. — Tudo bem, podemos voltar para a festa se quiser.

Parei para pensar alguns segundos. Eu me sentia o maior lixo de todos em estar ali, com o garoto mais perfeito do universo, e não conseguir dizer que eu não queria perder minha virgindade agora. Eu queria guardar lembranças boas do nosso namoro, mas não estava preparada. Me sentei na cama, e soltei um suspiro pesado.

— Desculpa.

— Tudo bem.

— Eu sei que não está tudo bem.

— Eu… Só não queria que fosse embora. Queria ser motivo suficiente para você ficar.

— Nós já falamos sobre isso tantas vezes.

— E eu nunca vou entender. Não queria me despedir de você.

Não consegui dizer nada. Apenas o puxei novamente para perto de mim, e nos deitamos abraçados. Sei que não era bem isso o que ele queria, mas foi o que tinha a oferecer. Apenas nos beijamos, e depois, adormecemos.

No outro dia, eu acordei mais cedo, afinal, o vôo seria logo. Lhe dei um beijo, e reli a carta que havia feito para ele no dia anterior. Sabia que podia ser cruel, mas eu tinha que fazer. A abri, ainda tinha o perfume que havia colocado.

Jason,

espero que você saiba que isso não tem nada a ver com você. Isso é pessoal. Eu preciso ajeitar a minha vida. Foi incrível enquanto durou, e espero que guarde lembranças tão boas quanto as minhas, espero que seja feliz.. E eu vou sentir sua falta, mas eu tenho que seguir em frente.

Sentirei saudades, Piper.

Olhei para a estrada, e entrei no carro com as outras. A minha vida começa agora.