Brands from the past escrita por Belune


Capítulo 1
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Notas iniciais do capítulo

HISTÓRIA FEITA PARA O CONCURSO DE HALLOWEEN 2013 DOCES OU TRAVESSURAS

Achei que não iria conseguir terminar a tempo, mas com muito sangue e suor ela saiu (dramamodeon).

Brands from the past = Marcas do passado.

Espero que gostem, boa leitura.



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Os orbes esmeraldas fitavam espantados o papel em suas mãos.

— Tudo bem, já pode me dizer que isso é uma pegadinha e me zoar a vontade? — Disse-a fitando os olhos negros que lhe encaravam confusos.

— Sakura desde quando eu brinco com as pessoas assim? — Indagou-o fazendo um sorriso brincar em seus finos lábios avermelhados.

— Desde quando a pessoa sou eu, querido Sasuke! — O nome dele fora dito com desprezo.

— Por que você me odeia tanto? — Ele encostou-se no armário ao lado do dela, em seguida cruzou os braços deixando em evidência seus músculos, o que atraiu a atenção da moça a sua frente.

— Não sei, apenas te odeio. — Respondeu-a enquanto alinhava os fios róseos de seu cabelo.

— Deve ter um motivo, — ele colocou uma mão em seu queixo e fez uma expressão pensativa. — O seu ódio não é recíproco, porque eu gosto de você...

— Você gosta de mim? — Ela virou-se para encará-lo. Sua sobrancelha rosada estava arqueada, deixando a mostra sua dúvida.

— Sim, mas não esse gostar de "ah quero que você seja minha namorada", porque…

— Porque Sasuke Uchiha não namora, e não namorará tão cedo, — dessa vez fora ele que lhe olhara com a sobrancelha arqueada. — Sim meu caro, eu sei. Não tem como não saber, as garotas desse colégio só falam disso. — Revirou os olhos.

— Talvez você devesse tentar — Sasuke falou num tom divertido.

— Eu e você juntos? — Gesticulou apontando dela para ele, que assentiu positivamente. — Jamais! — Bateu a porta do armário, deixando evidente que estava começando a se irritar.

Em seguida ela saiu andando, ignorando completamente o fato que tinha deixado-o de lado.

— Ei Sakura, volte aqui! — O Uchiha gritou irritado, pois odiava quando ela o ignorava. — Haruno, venha até mim imediatamente — gritava como um louco no corredor da escola, porém era ignorado —, maldita Haruno!

Então ele fez algo que surpreendeu a todos, correu atrás dela.

Assim que a alcançou, segurou fortemente seu pulso para impedir uma nova fuga.

— Me solta! — Tentou se livrar dele, mas foi em vão, pois a diferença de forças era gigantesca.

— Só me responda, você vai? — Nos olhos dele, ela podia ver a súplica. Sim era isso, Sasuke estava suplicando para que ela fosse. — Por favor…

Por isso ela realmente não esperava.

— Tudo bem, mas já vou avisando que se você fizer alguma brincadeirinha idiota, eu mesma destruirei o seu futuro prospero com filhos. — Aquilo fora o suficiente para fazê-lo temê-la. — Até sábado.

Assim que ela rumou para o pátio, ele sorriu. Um sorriso que assustou até mesmo os seus amigos que se aproximavam.

— Isso é assustador. — Naruto, o loiro fortão de olhos azuis, comentou.

— Sakura Haruno… — Ele sussurrou, mas não baixo o suficiente.

— O que tem ela? — O ruivo, Garra, indagou confuso.

— Ela é incrível. — Ao dizer isso o Uchiha abriu um sorriso maior e rumou para o pátio exalando felicidade, o que deixou os caras ainda mais preocupados.





 

Silent Hill era uma cidade pequena, com um pouco mais de dois mil habitantes por isso quase todos já sabiam sobre a festa de Halloween que os Uchihas dariam em sua mansão, e consequentemente estavam a procura de uma fantasia. O único problema é que por ser cidade pequena, só haviam duas lojas para alugar as tais roupas, e a mais sofisticada já estava completamente vazia.

Agora restavam apenas as fantasias da loja que se localizava no extremo da cidade, o que fazia dela um local pouco frequentado. Favo de mel, era o que estava escrito no enorme letreiro do estabelecimento, com formosas letras que aparentemente estavam enferrujadas.

— Será que há algo descente aí? — Os enormes olhos azuis tentavam enxergar o interior do local, que parecia velho e empoeirado. — Acho que não há nada, não. Parece-me que tudo foi jogado as traças.

A loira virou-se na tentativa de fugir da rosada, porém a mesma fora mais esperta e a segurou pelo braço.

— Nada disso Ino, nós iremos entrar. — Disse Sakura arrastando a amiga para dentro da loja.

— Mas Sakura… — Tentou contestar, em vão, pois a amiga não cederia tão facilmente.

Logo ambas estavam dentro do local, que aparentava ser mais escuro e sombrio. O cheiro de mofo invadia suas narinas, aquilo realmente precisava de uma limpeza, urgentemente.

— Eu disse que não havia nada, que estava tudo jogado as traças? — Ino ralhou irritadiça.

— Não seja tão precipitada —, a Haruno lhe respondeu na medida em que explorava o ambiente.

Enquanto a Yamanaka pôs-se a se reclamar, a rosada se concentrava em encontrar a fantasia perfeita, algo que talvez ali fosse um tanto difícil, mas não impossível. Ela caminhou por toda a loja, porém era complicado diferenciar as roupas, pois apenas a luz que adentrava pela janela não era suficiente para iluminar tudo que ali havia.

— Você é muito cruel, sabia? — Ino começou a andar no encalço dela, na tentativa de estressá-la, para que ambas saíssem logo dali.

— E você é uma tagarela. — Respondeu-lhe.

— Eu sei que sou, mas não precisa jogar na minha cara tudo bem? — Disse-a irritada, mas fora ignorada.

Alguns minutos se passaram, e a rosada continuava fingindo que a loira não estava ali, isso estava deixando-a profundamente zangada. — Ei, coisa rosa, acho que já deu o que tinha que dar aqui né? — Protestou, e novamente fora ignorada —, Haruno, pra mim já chega! Eu vou embora desse lugar, depois eu arranjo uma fantasia qualquer!

— Tudo bem —, Sakura apenas deu de ombros.

Ino por sua vez rumou em direção a porta, porém no meio do caminho ela tropeçou em algo que a fez cair e levar consigo inúmeras roupas.

— Droga!— Surtou.

— Eu não acredito… — Disse a rosada para si mesma.

— É eu também não acredito —, falou a outra revirando os olhos azuis ao se levantar.

— É tão lindo. — A Haruno caminhou em direção a algo que somente ela conseguia enxergar.

— O que é lindo Sakura? — Ino arqueou a sobrancelha.

— Esse vestido é perfeito —, ela admirava o vestido que estava no manequim e era iluminado por toda a luz que vinha da janela. Era um traje de noiva longo, as mangas eram compridas e rendadas, assim como a parte que cobria o colo. O comprimento e o tronco foram feitos com o cetim branco. Não era rodado, ou cheio de paetês, era simples, mas não deixava de ser belo.

— Sakura hello! Esse vestido está acabado.

— Você está louca, ele está em perfeito estado. — Protestou-a.

— Em perfeito estado, caso você vá de noiva zumbi. — Ino ironizou.

— E por que não? — A rosada arqueou uma sobrancelha.

— Tudo bem, alugue logo isso, não aguento ficar mais um minuto se quer aqui. Te espero lá fora no carro. — Ao dizer isso, a Yamanaka rumou para fora.

— Gostou desse minha jovem? — Uma velha senhora de baixa estatura surgiu em meio ao breu que estava no fundo do estabelecimento, o que fez o par de olhos verdes-esmeralda se arregalarem. — Oh desculpe-me.

— Não foi nada —, respondeu-a com a respiração descompassada. — Eu queria alugar esse —, um doce sorriso brotou em seus lábios.

— Ótima escolha. — A velha retribuiu o sorriso ao retirar a peça do manequim e guardá-la em uma caixa.

— Quanto lhe devo? — Disse-a com a carteira em mãos.

— Guarde isso minha jovem, não há dinheiro algum que apague o passado ou que que compre o perdão. Então escute o conselho dessa velha senhora… — Ela respirou profundamente. — Sinta o momento, descubra os seus erros e concerte-os. Saiba que nem tudo é o que parece, pois mundo é feito de ilusões e a qualquer momento podemos ser iludidos. Mas mesmo estando no seu limite, nunca deixe o ódio dominar seu coração, pois ele não te levará a lugar algum. Apenas ame, porque o amor te mostrará o caminho do perdão, e só com o seu perdão estaremos livres.

Uma rajada de vento adentrou o local fazendo Sakura estremecer. Ela estava transtornada, o conselho da velha ecoava em sua mente deixando-a confusa.

— Eu não… — Era tarde demais para questionar algo, pois não havia mais ninguém ali, a não ser ela.





 

Finalmente chegara a noite da festa. Todos que chegavam a mansão Uchiha ficavam boquiabertos com a bela decoração. Havia enormes cabeças de abóboras por toda a entrada, círculo de velas, morcegos de borracha pendurados em todas as árvores, um casal de caveiras sentados em um banco, tudo estava magnífico.

— Parece-me que a senhora Uchiha estava mesmo empolgada. — Hinata, a morena tímida de lindos olhos azuis violetas, comentou assim que desceu do carro vestida de branca de neve.

— E como não estar? — Ino pronunciou-se enquanto dava os últimos retoques em seu belo cabelo loiro, que agora estava no melhor estilo Marilyn Monroe. — Essa é a festa do ano.

A rosada revirou os olhos com o comentário da amiga. — Não exagere Ino.

— Não estou exagerando, estou sendo sensata. — Disse-a convicta. — Pra se mais exata, a única exagerada aqui é você, uma noiva zumbi de cabelo rosa? — Arqueou uma sobrancelha.

— Qual é o problema com a minha fantasia e com o meu cabelo?

— Sei lá, é que ficou um tanto estranho. — A loira deu de ombros.

— Apenas exótico minha cara amiga. — Respondeu a Haruno.

— Eu gostei, ficou realmente estranho, mas um estranho bonito. — A Hyuuga interveio para impedir uma possível briga entre as duas.

— A Hyuuga sempre pagando pau para a Haruno. Oh céus, eu só devo ter cuspido na cabeça do Buda em uma de minhas vidas passadas e hoje pago por isso — A Yamanaka disse para si mesma.

— Dramática... — As duas comentaram ao mesmo tempo.

Logo trataram de se encaminhar para a entrada da casa, onde havia um gigantesco túnel negro. Elas adentraram no mesmo de mãos dadas, esperando que o “pior” acontecesse, porém nada veio. Assim que saíram dele suspiraram aliviadas.

O interior da mansão estava tão bem decorado, quanto a parte externa. A iluminação não estava tão baixa, o que ainda possibilitava uns enxergarem aos outros.

Não demorou muito para que elas encontrassem o seu grupo de amigos, que pareciam estar se divertindo. Ino chegou, chegando, como de costume. Já Hinata assim como Sakura, foram mais tímidas.

— E não é que você veio mesmo —, Gaara disse divertido.

— Pois é né. — Respondeu toda sem jeito.

— O Uchiha vai ficar todo alegrinho quando te ver. — Neji, o primo da Hinata, que estava fantasiado de pirata, zombou fazendo a Haruno corar.

— Cala a boca.— Ela revirou os olhos.

— Quer dizer que o Sasuke está de olho na Sakura? — Ino intrometeu-se.

— Ao que tudo indica sim —, o ruivo confirmou.

— Vai amiga, agarra o bofe! — A loira gritou arrancando risos de todos.

— *Jamais de la vie! Você sabe tão bem o quanto eu que eu o odeio, e muito. Falou a Haruno irritadiça.

— Porém, creio eu que este ódio não é mutuo. Gaara afirmou.

— Que pena para ele, pois de mim só receberá ódio e desprezo.

— Eu sei que num fundo, mas bem no fundo desse seu coraçãozinho aí existe algum sentimento pelo Sasuke, que irá florescer num futuro não tão distante. Neji era o tipo de pessoa que só conseguia ser sincero através da ironia, porém sempre deixava as pessoas em duvida com relação a veracidade de suas palavras.

Sakura ia respondê-lo, mas resolveu terminar o assunto por ali, não queria se irritar e brigar com eles, novamente, por causa do Uchiha babaca que ela odiava.

— Gente, algum de vocês viu o Naruto? — Indagou a Hyuuga com um ar de preocupação.

— Agora que você falou, faz tempo que eu não o vejo. — Neji se pronunciou.

— Ultima vez que o vi, ele estava lá fora, disse algo como “o Sasuke me pediu para pegar tulipas no centro do labirinto” e se foi. — Shikamaru Nara se juntou ao grupo, ele estava fantasiado de coringa. Consigo trazia sua namorada, Temari, a qual estava vestida de mulher-gato.

— Você tentou ligar para ele Hina? — Temari perguntou.

— Sim, mas todas as vezes fora dito que o celular dele está fora de área.

Todos mudaram suas feições, agora elas esbanjavam preocupação. Naruto seria tão burro, a ponto de se perder assim? Sim, ele seria. Mesmo sendo uma ótima pessoa, e possuísse raciocínio rápido para certas coisas, para outras ele era extremamente lento

— Eu vou procurá-lo. — A Haruno disse por fim, quebrando a tensão que havia se estabelecido entre eles.

— Está maluca Sakura? — Ino gritou com um misto de irritação e preocupação.

— Apesar de tudo o Naruto é o meu melhor amigo, e se ele está perdido é a minha obrigação achá-lo. — Disse-a rumando para o túnel de entrada.

Ela seguiu rapidamente para fora, antes que os outros a impedissem. Logo que sentiu a brisa noturna bater em sua face começou a correr desesperadamente. Não sabia bem ao certo aonde deveria ir, pois o quintal da casa dos Uchihas era gigantesco, para ser mais exata eles moravam em uma fazenda em um dos extremos da cidade. Mas sabia que deveria começar por algum lugar, então deixaria que seus pés lhe guiassem enquanto a mente fazia o resto.






 

Sakura já tinha perdido a noção de tempo e espaço. Ela já havia andado por tantos lugares naquela fazenda, e agora não fazia ideia de qual direção seguir.

— Parabéns sua idiota conseguiu se perder igual ao Naruto. Agora não será mais um tapado que terá que ser encontrado, e sim dois. — Xingou-se. — Maldito dia em que resolvi usar vestido —, ela puxava um pedaço da longa saia para que a mesma não arrastasse no chão ou atrapalhasse em sua caminhada, agora sem rumo.

A Haruno andou mais alguns metros e seu corpo desabou perante uma gigantesca árvore, a qual ela não conseguia ver nitidamente por causa da falta de iluminação. Porém pode notar que a mesma estava velha e seca, e que talvez, apenas talvez estivesse ali há muitos anos.

Sakura aproximou-se mais da planta e a tocou. Com a palma das mãos pode sentir a aridez e aspereza do caule, o que comprovava a sua teoria de que a mesma estava ali há muito tempo. Continuou tateando o tronco até que sentiu uma pontada agoniante em sua mão direita, ela tinha se machucado. E o corte não fora tão superficial, já que o sangue que escorria não era pouco.

— Droga. — Ela ralhou ao notar que seu sangue vertia no tronco mirrado.

Então tudo aconteceu num piscar de olhos.

O caule da planta pareceu rejuvenescer, em seus galhos flores rosas começaram a brotar, o que fez Sakura crer que estava diante de uma majestosa cerejeira. Mas não fora apenas isso, assim que se virou para o lado se deparou com inúmeras pessoas conversando animadamente entre si, trajando lindas roupas de gala.

Ela se virou novamente e se deparou com uma bela mansão, a qual não estava ali minutos antes. Era parecida com a dos Uchihas, mas parecia transmitir mais alegria que a outra.

— Céus, o que está havendo aqui? — Questionou-se. Logo uma velha senhora passou do seu lado. — Eu não acredito é a senhora da loja —, sussurrou —, ei senhora! Senhora o que está acontecendo? Porque essas pessoas apareceram do nada?

Porém a velhinha nada lhe disse, tampouco percebera sua presença ali.

— Ninguém pode te ver ou te ouvir. — Uma voz infantil ecoou do seu lado.

— Como assim? — Girou sua cabeça para o lado e avistou uma garotinha loira com lindos olhos esverdeados, que possivelmente eram mais belos que os seus. — Quem é você?

— Não posso lhe dizer muita coisa, mas você deve saber que tem pouco para fazer o que é certo. — Disse-a tirando um delicado relógio dourado de seu bolso, olhou-o por alguns instantes e se assustou. — Na verdade você tem menos tempo do que acha que tem.

— Tempo para fazer o que?

— Você vai saber o que fazer quando a hora chegar, por enquanto apenas segure a minha mão. — A pequena estendeu-lhe a mão, e a mesma segurou com receio, logo tudo ficou borrado, aos poucos as pessoas foram sumindo, as vozes foram ficando para trás e por fim ela ficara no breu.



 

A manhã estava bela em Silent Hill e para o casal de jovens apaixonados na beira do lago tudo parecia estar colorido.

Isso é mesmo sério Daisuke? — A linda moça loira arregalou seus olhos verdes ao se deparar com o belo anel de esmeraldas que estava na caixinha preta de veludo.

E eu mentiria sobre algo assim? — Seus lábios curvaram-se no sorriso torto que ela tanto amava.

Eu não sei o que dizer… — Disse-a entre lágrimas enquanto afagava os fios negros do cabelo dele.

Apenas diga sim e seja minha para sempre. — Ela sorriu ao ouvi-lo e em seguida tomou-lhe os lábios.

Sim, sim, sim. Digo sim com todas as minhas forças.




 

Meu velho amigo apenas assine os papeis, não há nada com o que se preocupar. — Disso o homem corpulento, de pele pálida e olhos e cabelos incrivelmente negros.

E correr o risco de ser roubado uma segunda vez? Nem pensar! — O outro homem respondeu irritado. Ele possuía cabelos grisalhos e olhos castanhos esverdeados, era mais baixo que o outro e mais moreno também.

Por que eu lhe roubaria Haruno? Absolutamente não tenho motivos para isso, ainda mais que agora nós iremos fazer parte da mesma família, ou se esqueceu que os nossos filhos estão de casamento marcado?

Os nossos filhos casando ou não, a minha resposta para você continuará sendo a mesma, não. — O Haruno se exaltou. — Não irei assinar papel algum e muito menos irei fundir os meus negócios com os seus. Agora, por favor, se retire, pois eu tenho muito o que fazer? — Abriu a porta obrigando o moreno a sair do local.

Você ainda vai pagar caro por isso meu amigo, muito caro.

Suas ameaças não me assustam.

Pois deviam —, um sorriso sádico estampou os lábios do velho Uchiha.




 

Então assim que o padre os declarar casados, vocês entrarão na mansão e aniquilarão todos os Harunos.

Inclusive a noiva? — Indagou um dos rapazes que estava sendo contratado pelo Uchiha.

Inclusiva ela. Não quero que sobre Haruno algum para contar história.




 

Finalmente chegara o grande dia.

Saiko estava parada em frente ao espelho se fitando abismada, pois nunca estivera tão linda. Seu vestido era longo, possuía mangás compridas trabalhas em rendas, assim como a parte que cobria o seu colo. O comprimento e o tronco eram feitos de cetim branco neve, o mesmo não tinha pedras brilhantes ou paetês, mas isso era o diferencial, e fazia dele um vestido perfeito.

Nunca pensei que viveria para este momento. — O senhor Haruno estava parado na porta do quarto observando cada feição da sua “menininha”.

Ora não diga bobagem papai! — Ela o abraçou fortemente. — Eu te amo muito.

Eu também te amo minha pequena, eu também.

Logo os dois se recompuseram e se encaminharam para o salão de festas. Lá estavam todos os convidados, os membros da família, o padre e o noivo.

Assim que avistaram a bela noiva, os músicos se puseram a tocar a marcha nupcial o que fez com que todos se levantassem para admirar a beleza da jovem Saiko.

Todos sorriam alegremente a ela.

Sua mãe debulhava-se em lágrimas no altar, enquanto o pai ao seu lado segurava-se o máximo possível.

Tudo estava perfeito e feliz.

Tudo estava do jeito que ela sempre sonhara... Sim, por enquanto estava.

Um estrondo foi ouvido…

Um corpo caiu ao chão todo ensanguentado…

Era o corpo de sua querida mãe.

Mãe! — Gritou desesperada jogando no chão o belo buque de tulipas vermelhas. — Mamãe! — Tentou correr, mas seu pai a deteve.

Querida preste atenção no papai. Preste atenção no que o papai vai te dizer tudo bem? — Disse-o segurando o rosto dela que chorava freneticamente. — Eu sabia que algo do gênero ira acontecer… — Suspirou pesadamente.

Sabia? Como?

Não importa como, apenas saiba que isso é coisa dos Uchihas e que Daisuke não está se casando porque a ama —, lhe doía dizer aquilo para a filha, mas aquela era toda a verdade, pelo menos ele acreditava naquilo.

Não… Por que papai? Por que está fazendo isso? Ele me ama e eu o amo… — Disse-a entre lágrimas e mais lágrimas.

Você acha que eu mentiria para você em uma situação dessas? — Ela o olhou com os olhos verdes arregalados, sabia que seu pai tinha toda razão.

O que devo fazer? — Indagou num murmuro.

Pedi para os empregados atearem fogo no meu escritório, assim todo e qualquer documento das posses de nossa família será queimado… — Era difícil para ele, pois sabia que assim que terminasse de dar as ordens a ela, ele morreria. — Enquanto houver tumulto você foge. Fuja em direção a pequena estrada na mata, já deixei tudo planejado para que você viva. Eu te amo pequena. — Beijou a desta da jovem moça e correu socorrer sua mulher que estava caída.

Senhor Hideki ela está muito mal, quase não tem mais pulso. — Disse o jovem Daisuke.

Porém o senhor Haruno não teve tempo de lhe responder, pois uma bala atravessará seu doce e puro coração, matando-o imediatamente.

Papai! — Saiko urrou desesperada.

Não tardou muito para que todos os seus outros familiares começassem a ter o mesmo rumo que seus pais. Um por um, foram caindo sem vida no chão álgido. Uma carnificina total.

Ela mirou o ex-futuro sogro por alguns instantes e notou um sorriso sádico estampado em seus lábios. Em seguida desviou os olhos para o amado, o mesmo parecia estar assustado e confuso, assim como ela, ou quem sabe fosse apenas arrependimento.

Fitou-o novamente, precisava ter certeza que ele não tinha culpa de nada, mas as palavras de seu pai ecoaram em sua mente, fazendo-a perder todas as esperanças.

Seu coração estava dilacerado. A pessoa que ela amava havia enganado-a com tanta facilidade, e a mesma deixou-se iludir. Seus pais foram mortos diante de si, e ela não pode fazer nada. Qual era o sentido da vida perante tudo isso?

Saiko, graças aos céus você está bem. — Sentiu um par de braços fortes enlaçarem sua cintura fina.

Tudo o que ela queria era abraçá-lo com todas as suas forças e chorar para ser consolada, mas não podia. Daisuke fora, assim como seu pai, um dos causadores da sua ruína.

Você é alguém lastimável, eu tenho pena de você. — Disse-a ao se desvencilhar dos braços fortes do Uchiha e desferir-lhe um tabefe em sua face pálida deixando-a avermelhada.

Saiko… — Os olhos negros estavam arregalados, o misto de medo e confusão era claro neles.

Nunca mais ouse chegar perto de mim. — A Haruno se encaminhava para a grande escadaria que dava acesso aos quartos. — Eu odeio você! Eu odeio todos os Uchihas e nunca os perdoarei por isso.

Logo, Saiko correu para o andar superior da mansão com um destino em mente, o seu próprio quarto. Assim que percebeu para aonde ela ia, Daisuke a seguiu. Ele precisava saber o que tinha acontecido. Precisava saber o porquê de todo aquele ódio.

Assim que entrou em seu quarto, ela andou até sua cama, abaixou-se e pegou uma adaga de prata com adornos dourados e uma grande esmeralda posta no cabo.

Saiko! — O moreno, Daisuke arrombou a porta para possibilitar sua entrada. — Saiko o que você está fazendo? O que foi tudo aquilo? Por que me odeia?— Disse-o desesperado.

Nem mais um passo —, a essa altura ela segurava a adaga apontada para si na altura do seu estômago.

Saiko pare já com isso! Pare e me explique o que está havendo.

O que está havendo? — Ela gargalhou ironicamente. — Você me traiu é isso. Você traiu minha confiança, traiu os meus sentimentos e tudo por quê? Por causa da tua ganância estúpida. Por causa disso eu não tenho mais família, eu não tenho mais nada.

Você tem a mim! — Ele gritou pasmado.

Não, não tenho. — O sangue começou a escorrer pelo canto direito de seus lábios, ela havia enfiado a adaga em seu corpo e o seu sangue começara a se esvair, tornando vermelho sangue o vestido que antes era branco neve. — Eu já lhe disse, e direi novamente… “Eu te odeio”! Odeio você, odeio o seu pai e odeio toda a sua família. Eu nunca irei perdoá-los pelo que fizeram.

Nunca é tempo demais não acha? — Ele já não sabia mais o que falar, o que fazer, o que sentir, estava absorto de tudo. Agora ele parecia um menininho confuso ao descobrir que os bebês não vem da cegonha.

Nunca não é nada. — Sem que ele percebesse enfiou a adaga com mais força para rasgar os tecidos internos do seu torso. — Mas eu não serei como vocês, não matarei ninguém. Na verdade quero que minha vingança seja lenta e dolorosa. — Os olhos negros desesperados se encontraram os orbes verdes enlouquecidos. — Não vou condená-los a vagar por ai como almas penadas, isso seria até que abominável demais da minha parte —, sorriu. — Quero que paguem o que me fizeram, aqui, no plano terrestre, bem debaixo dos meus olhos, para que eu possa rir e me sentir completa. Sim, completa e vingada.

Saiko, por favor, pare. — Suplicou-o.

Durante os próximos mil anos vocês viverão vidas miseráveis, mas não miseráveis no sentido de riqueza, e sim miserável de amor e carinho. Nesse milênio vocês aprenderão a valorizar a vida humana, a respeitar uns aos outros e a amar verdadeiramente… Se conseguirem isso estarão livres, caso contrário cairão no julgamento dos grandes para receberem suas sentenças.

Não, você está cometendo um erro.

Se eu estiver errada o meu perdão será o suficiente… — Disse-a curvando os lábios pela última vez num doce sorrido, em seguida seu corpo caiu pálido e sem vida sobre o chão.




 

Como pode? Como pode fazer aquilo com os Harunos? — Daisuke estava furioso.

Eu fiz tudo isso por você meu filho.— Fuji respondeu-lhe com tranquilidade.

Você mandou matar a mulher que eu amava… — O moreno socou a mesa. — Mandou matar a mulher que eu amava e tem a audácia de dizer que fez isso por mim? — Segurou o pai pelo colarinho. — Você é desprezível, tenho nojo de ser seu filho.

Cala a boca pirralho! Se aquela garotinha irritante é tão importante assim, se junte a ela! — Disse-o se soltando das mãos do filho.

É exatamente isso que eu vou fazer… — O Uchiha mais novo pegou o revolver que estava sobre a mesa do escritório e saiu com a intenção de nunca mais voltar.



 

Abriu lentamente os olhos esverdeados. Não conseguia reconhecer o lugar em que estava, pois tudo era escuro e fedia a mofo. Apalpou a superfície sobre a qual estava e notou que a mesma era macia.

— Aonde estou? — Perguntou-se confusa.

— Realmente não se lembra? — Logo avistou a mesma garotinha de antes sentada em algo que se assemelhava a uma poltrona.

— E eu deveria? — Arqueou uma sobrancelha.

— Sim. — Ela se levantou e começou a andar pelo lugar, tudo ali parecia ser muito velho. — Quer perguntar algo —, a rosada assentiu. — Tudo bem, você tem direito a cinco perguntas.

— Primeiramente quem é você?

— Eu sou Saiko. — Respondeu-a sorridente.

— Saiko, a garota dos meus sonhos? — Assustou-se.

— Sim, mas eu também sou Sakura, ou seja, também sou você. — Ao ouvir isso a rosada derrubou a pequena bailarina que admirava.

— Como?

— Eu estou aqui porque Saiko cometeu um grande erro no passado, e você Sakura é quem deve corrigi-lo. Daisuke não teve culpa de nada, ele sempre foi inocente, mas eu estava cega e o amaldiçoei junto com sua família.

— O que eu devo fazer para salvá-lo?

— Apenas o perdoe, com o seu perdão tudo estará bem. Com o seu perdão a maldição será quebrada e as almas estarão livres. — Ela novamente retirou o relógio dourado e o entregou para Sakura. — Vá você tem pouco tempo.

— Mas como saberei quem é o Daisuke? Eu não o conheço, nunca o vi a não ser em meus sonhos.

— Sim você já o viu, e sente um ódio inexplicável por ele, mas o mesmo vive dizendo que não é mutuo. — A pequena sorriu divertida.

— Sasuke… — Sussurrou para si mesma. — Droga, por que juto ele? — Fingiu estar irritada, mas na verdade não estava, tinha até gostado da ideia. — Ei, como eu faço para sair daqui?

Olhou para a poltrona e percebeu que estava novamente sozinha. Decidiu então, seguir seus instintos e tentar encontrar a saída, afinal pelo que ela havia entendido, aquela casa já fora sua em alguma vida, mas fora.

Saiu do quarto com a bainha do vestido erguida, tomando todo cuidado para não pisar nos escombros ou em partes que não eram tão seguras por estarem apodrecidas. Andou por alguns minutos por um imenso corredor, até que encontrou a grande escadaria do “sonho” que tivera. Começou a descer lentamente, degrau por degrau.

Ouviu um barulho de madeira se quebrando.

Seu coração gelou.

Fechou os olhos esperando pelo pior.

— Sakura! — Escutou chamarem-na, mas estava com tanto medo que achava que qualquer movimento, até mesmo o menos brusco que fizesse, causaria o desabamento da grande escadaria. — Droga! Sakura pare de brincar e saia logo dai! — Notou que era uma voz masculina, rouca e aveludada.

— Sasuke?

— Me odeia tanto, mas consegue reconhecer a minha voz numa situação dessas. — Zombou.

— Cala a boca e me ajude. — Suplicou-a.

Porém antes que ele pudesse fazer algo o pedaço da escada, o qual ela estava, cedeu.

— Sakura! — O Uchiha se desesperou.

— Socorro! Sasuke pare de brincar e me ajuda —, ela chorava —, eu não quero morrer.

Ele estava com medo, também não queria morrer, mas não podia deixá-la, não ela. Sasuke não sabia ao certo o que sentia pela rosada, mas de algo ele tinha certeza, não a odiava.

— Sasuke, por favor.

A fragilidade e vulnerabilidade dela lhe dera força o suficiente para vencer o medo e agir como um verdadeiro homem deveria.

Numa velocidade surpreendente ele subiu a escadaria. Assim que chegou no ponto cedido avistou a garota que lhe odiava lutando para se segurar e viver.

— Segure a minha mão. — Disse-o estendendo a mão direita para ela, que no início ficou receosa. — Terá que confiar em mim.

Ela fechou os olhos e segurou a mão que lhe fora estendida. Com toda as forças que lhe restavam Sasuke a puxara para cima.

— Obrigada — a Haruno estava ofegante, seus olhos arregalados ainda lacrimejavam.

— Não agradeça agora, pois ainda não estamos salvos. — O Uchiha apontou para a escada que rangia mais e mais, aparentando que cederia por completo a qualquer momento. — Vamos!

Confiaram cegamente em suas pernas quando se puseram a correr. Cada degrau que deixavam para trás era um alivio. Quando finalmente chegaram no puseram os pés no chão firme olharam para trás. O que viram foi assustador.

— Acho que temos mais sorte que juízo. — Sasuke comentou curvando seus lábios num sorriso torto.

— Obrigada. — Ela sussurrou.

— O que disse? — Indagou num tom divertido.

— Obrigada por ter me salvado —, Sakura estava toda corada, e agradecia mentalmente por ele não conseguir vê-la direito, por causa da escuridão. — E eu queria dizer que eu não odeio você, e que eu te perdoo por todos os seus erros sejam dessa vida, ou de outras.

— Sobre o que você está falando? — Ele arqueou a sobrancelha.

— Estou dizendo que você nunca errou, na verdade eu fora a errada e que fiz coisas que não devia, mas agora eu te perdoo e não te odeio, acho que até posso amar você, da mesma maneira que amei no passado.

— Sakura você bateu a cabeça em algum lugar? — Ele riu.

— Maldito Uchiha! — A rosada se irritou.

— Ei —, Sasuke disse enlaçando a cintura dela, e trazendo-a para si, — eu também acho que posso te amar, na verdade acho que já a amo desde que a conheci. — Os rostos estavam tão próximos que um já sentia a respiração do outro.

— Encontraram o Naruto? — Só agora ela tinha se lembrado do que tinha ido fazer ao sair da festa.

— Tem certeza que quer saber dele agora? Porque sabe, nós estamos naquele momento “os mocinhos se beijam e vivem felizes para sempre”. — Sasuke não sabia se ria do que dissera, ou se ficava bravo com o amigo, que mesmo não estando presente, sempre dava um jeito de atrapalhá-lo.

— Apenas responda a minha pergunta, ai poderá me beijar o quanto quiser. — Ela esboçou um sorriso amarelo.

— Sim, sim encontraram-no, porém sinto lhe informar que eu não conseguiu encontrar as tulipas que eu daria a você.

— Você me daria tulipas? — Assustou-se. — Mas por quê? Elas significam um amor verdadeiro e eterno.

— Eu só queria que você não me odiasse mais. — O Uchiha suspirou.

— Okay, tudo bem, eu não ganhei as tulipas, mas não te odeio. No final das contas você ganhou, agora pode me beijar.

Ele riu da atitude dela, e por fim a beijou. Um beijo docemente apaixonado. Um beijo que eles esperavam há anos, desde o casamento quando ainda eram Saiko e Daisuke.

O relógio de bolso dourado que Sakura trazia consigo começou a brilhar, o casal se separou por alguns instantes para apreciá-lo. Logo o mesmo se abriu demonstrando que era meia-noite, o Halloween havia acabado e consigo levara a maldição que fora rogada no mesmo dia há algum tempo.

Novamente os olhos verdes se encontraram com os orbes negros, mas agora não eram mais Sasuke e Sakura, e sim alguém de suas vidas anteriores. Por último transformara-se em Saiko e Daisuke, ela chorava horrores, enquanto ele sorria docemente.

— Me perdoe. — Implorou-a.

— Você nunca errou, não há o que ser perdoado. — Respondeu ele enquanto acariciava a face dela. — Apenas o fato de você ainda me amar é o bastante para mim.

Em seguida Daisuke tomou seus lábios, ela elançou o pescoço dele puxando-o para si na intenção de aprofundar o beijo, o mesmo cedeu. O beijo não era doce como o anterior, era mais voraz e intenso, e os poucos minutos se assemelharam a miseráveis segundos, e quando o ar se fez ausente o casal se separou.

Fitaram-se de novo, agora como Sasuke e Sakura. Eles podiam ter os mesmos olhos que os seus antepassados, mas agora escreveriam uma nova história, e fariam de tudo para que esta tivesse um belo final feliz.


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Notas finais do capítulo

*Jamais de la vie é uma expressão utilizadas pelos franceses que para nós seria algo como = Nunca na vida.
Espero que tenham gostado, assim como eu gostei de escrevê-la
Obrigada por lerem.

Kissus da Xoco-chan



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