Perdition escrita por camzlerni


Capítulo 8
Capítulo 8 - We Have a Leader


Notas iniciais do capítulo

Olá caros leitores!
Yeah, estou eu aqui novamente, trazendo mais um capítulo da fanfic.
Estou muito orgulhosa com o pequeno sucesso que ela está fazendo e ainda mais por estarem gostando tanto assim. Me pergunto por que fiquei tanto tempo sem escrevê-la.
Bom, aí está.

Aproveitem!



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Deitamo-nos e cada uma virou para um lado. Procurei sua mão por debaixo da coberta. Segurei-a firme, puxando seu corpo rente ao meu. Ficamos em uma posição em que ela estava me abraçando por trás e nada fez para se afastar. Pude sentir sua respiração em meu pescoço e aquilo me deixou tranquila.

Antes de adormecer pude ouvi-la dizer.

“Eu voltei pra te proteger espertinha.”

Algo quente insistia em queimar meu rosto, enquanto uma claridade incômoda espalhava-se por todo o lugar. Pude ouvir passos e vozes abaixo de mim, não ousei me mexer, logo mamãe iria vir me acordar para avisar que eu tinha escola. Ainda não entendia por que meu despertador não tinha tocado, já deviam ser mais de seis da manhã.

Abri meus olhos vagarosamente, aproveitando cada segundo daquele momento preguiçoso. Olhei em volta e a realidade caiu como um peso: Ainda estava presa naquele inferno de mundo. Ainda tinha draggers lá fora. Eu tinha dormido abraçada com Hanna Mason.

Hanna.

Virei para o lado, procurando a loira que tinha deixado meus sonhos mais leves, mas no lugar só havia o vazio. Puxei seu travesseiro até meu nariz e aspirei o cheiro que ela deixara ali, uma mistura de morangos com manhãs de verão. Perfeito.

Perdi-me naquele momento por alguns minutos, até escutar passos no corredor e ver uma Zoe furiosa entrar pela porta.

“Aí, acorda Bela Adormecida. Acha que vai ser tratada como princesa? Está enganada. Você tem cinco minutos pra se arrumar e descer. Vamos nos reunir e colocar as coisas em ordem.” – Ela disse, jogando minhas roupas em mim e deixando o quarto em seguida. Essa garota conseguia ser pior que o próprio Lúcifer.

Levantei e me dirigi ao banheiro, precisava escovar os dentes e lavar o rosto. Olhei no armário e vi algumas escovas. Aquilo não era muito higiênico de se fazer, mas os tempos agora eram outros e eu realmente precisava de algo refrescante para meu hálito. Peguei uma escova qualquer e comecei minha higienização.

Desci as escadas e vi todos reunidos em volta da mesa de jantar, Hanna se mantinha um pouco mais afastada, cochichando alguma coisa com Zoe. Ela parou de falar e me encarou por alguns segundos, antes de voltar sua atenção para a ruiva. Ela estava me evitando, outra vez.

Bom dia dorminhoca!” – Luke disse, vindo em minha direção, passando seus braços sobre meus ombros e me levando para a mesa. Sentei-me ao lado de Claire, que mais uma vez estava agarrada a Kim. – “Sente-se aqui e coma alguma coisa.”

Senhorita, temos ovos mexidos com ovos.” – Jonnhy estendeu um prato para mim, mas aquilo não me parecia ovos. Ele percebeu minha careta. – “Digamos que meu irmãozinho ali não tenha muitos dotes culinários. Mas ainda sim são ovos.”

“Hey, pelo menos ainda podemos comer ovos cara.” – Foi à vez de Jimmy protestar.

“Certo, ainda são ovos. Não sei quando voltarei a ver estes novamente.” – Enfiei uma boa porção na boca. A textura era esquisita, mas o gosto não estava ruim, de modo que comi sem reclamar.

Acabei minha refeição e percebi que todos olhavam para mim. Jonnhy retirou meu prato e o depositou na pia. Luke pigarreou e me olhou, esperando. Um silêncio dominou o lugar, mas Kim logo tratou de quebrá-lo.

Bom Rachel, como sabe, nós fomos enviados para lhe encontrar.” – Kim começou olhando para Luke, de quem ganhou um aceno positivo de cabeça. - “Mas eles não disseram as finalidades, apenas nos deram ordens de levá-la com segurança até a central da Orbis.”

Mas também disseram que teríamos de aceitar todas suas condições e fazer tudo que mandar.” – Luke completou. – “De modo que estamos aqui apenas para receber suas ordens.”

“Legal! Agora sim ela vai querer ser tratada com uma rainha.” – Zoe disse, cruzando os braços e revirando os olhos.

Cale a boca, os deixe continuar.” – Hanna disse e olhou para mim, desviando em seguida.

Todos novamente olharam para mim, esperando que eu dissesse alguma coisa, mas eu não fazia ideia do que falar. Olhei para Hanna, procurando apoio, mas ela encarava com interesse um ponto fixo no chão.

“Aah... eu não sei exatamente o que fazer.” – Olhei para todos. Mas sim, eu tinha um objetivo. – “Bom, antes de vocês chegaram, papai havia me deixado um recado. Uma missão, na verdade.”

Diga-nos o que é e poderemos lhe ajudar.” – Luke disse, colocando a mão em meus ombros.

“Bom, eu tenho que encontrar uma garota, o nome dela é Ellisa Graham.” - Uma coisa era encontrar a menina, outra era saber ONDE encontrá-la. – “Só que temos um problema.”

“Que problema Rachel?” – Matt ajeitou-se mais na cadeira.

“Eu não sei onde ela está.” – Ouvi um bufar uníssono. – “Mas acho que o que eu peguei em casa pode ajudar a nos dar alguma pista sobre a garota.”

Puxei da cadeira de Claire a bolsa com o Notebook e o abri. A tela azul novamente apareceu com a caixinha para que eu digitasse a Senha. Essa era outro problema, eu não sabia a senha.

“Só que temos mais um problema. Essa coisa aqui tem senha, mas eu não sei qual é.” – Eu encarava a tela azul agora, evitando os olhares dos demais.

“Dave pode lhe ajudar com isso.” – Kim disse para mim. – “Ele é especialista em passar por esses sistemas.”

Dave deu a volta na mesa, puxando uma cadeira para e si, sentando ao meu lado. Ele olhou fixamente a tela azul por alguns segundos, levantando uma vez ou outra as sobrancelhas, como se estivesse em um conflito interno. Ficamos ali, observando durante um minuto e quando estávamos a ponto de desistir, seu olhos arregalaram em surpresa.

CARAMBA, NÃO ACREDITO.” – Todos levaram um susto quando o garoto de óculos gritou, levantando-se da cadeira e começando a rir descontroladamente, agitando os braços em gestos totalmente esquisitos, enquanto apontava para o computador. Eu olhei para o lado e vi Hanna, parada protetoramente perto de mim. Como ela havia cruzado a sala em questão de segundos? –“Eu já tinha ouvido falar desse sistema, mas achei que fosse apenas lenda! Isso aqui Rachel, foi feito pelo seu pai. Ele mesmo que construí.”

Eu o olhei, sem entender muito bem. Bom, ele conhecia meu pai, isso me surpreendia. O garoto se acalmou e voltou a sentar em sua cadeira, retirou os óculos, limpou-os colocando novamente no rosto. Pegou o notebook e o virou, de modo que todos agora encaravam a telinha azul.

“Isso aqui é um sistema codificado de ultima geração.” – Ele explicava, procurando palavras que não iriam nos confundir. –“Sem comando de voz ou reconhecimento físico. Seu pai Rachel criou isso para que a Orbis pudesse usar em seus computadores, mas nunca chegamos a ter o projeto em mãos, de modo que concluímos ser apenas uma lenda. Ainda sim, Joel contou para alguns de nós, como era feito esse programa.”

“Espera, você conheceu meu pai?” – Aquilo realmente me fascinava.

“Ótimo, essa garota é louca. O cara tentando ajudar e ela quer saber da aulinha que o pai deu para a ala infantil.” – Zoe, mais uma vez, soava debochada.

“Zoe, sério, você não tem todo esse status aqui não. Se não se lembra, a líder aqui agora passou a ser a Rachel e você terá de obedecê-la.” – Claire se pronunciou me surpreendendo.

A ruiva bufou e se debruçou sobre a mesa, fazendo um gesto para que pudéssemos prosseguir com a conversa.

Sim, eu conheci seu pai. Uma única vez, quando ele nos fez uma visita no setor nove. Uma pessoa incrível.” – Ele sorriu pra mim. –“Como eu ia dizendo, ele nos explicou como funcionava tal codificação. É nada mais e nada menos do que palavras criptografadas e espalhadas em torno dessa tela azul. Acontece que são tantas palavras que acabamos nos perdendo. Algumas foram colocadas ao acaso, para que possam dificultar ainda mais a busca da senha por pessoas que não a saibam. Se tentar três vezes e errar, todo o sistema do computador será apagado. Simples, mas genial.”

Quantas palavras você estima que tenham aí?” – Luke perguntou com medo da resposta.

“Joel nos disse que podem variar de mil a um milhão de códigos.” – Dave disse, fazendo uma leve careta para as lamentações dos demais.

“E como acha que a Rachel vai conseguir decifrar tudo isso? Nós nem sabemos como são formadas as palavras.” – Foi à vez de Matt se lamentar.

Formar palavras. Códigos.

Aquilo tudo me fazia ter lembranças de certos momentos com papai em seu escritório, onde ele me ensinou um jogo com esse tipo de desafio.

Vá para frente.” – Eu repetia o que papai havia me falado aquele dia. – “Uma antes e uma depois, forme palavras e vai achar sua resposta.”

“Ela está se lembrando... Ela sabe como faz!” – Dave entendia o que eu estava falando. – “Isso Rachel, eu acho que entendi.”

Ele rapidamente puxou alguns papeis da minha mochila e escreveu o próprio nome: DAVE. Em seguida ele colocou abaixo do D o número quatro e em seguida as letras C e E.

D A V E

4CE.

Vá para frente e conte o número da letra.” – Ele explicava calmamente. – “Em seguida veja as letras anteriores e posteriores. Genial!”

Okay, mas existem milhares desses códigos, como vamos saber qual é o certo?” – Kim dizia, encarando o papel, agora em mãos, da explicação.

“Todo sistema tem uma falha.” – Papai sempre me dizia aquilo.

Todo sistema tem uma falha.

E ele estava ali, no canto direito da tela, um conjunto de letras e números que tremeluziam na medida em que a seta passava.

Rachel.

Digitei na caixa a senha e para minha surpresa o sistema do computador abriu, assim como meu sorriso. As coisas mais simples estavam nas coisas mais difíceis. Senti uma mão em meu ombro e vi Hanna sorrindo para mim, enquanto os outros comemoravam nossa pequena “vitória”.

Vamos Rachel, nos mostre onde podemos encontrar a tal garota.” – Matt agora dizia animado.

“Acho que esses arquivos são reservados apenas para Rachel. Ela deveria vê-los sozinha.” – Hanna disse.

“Ah, qual é. Somos uma equipe, temos direito de saber.” – Zoe se levantava e vinha em minha direção, mas parou com um olhar de Hanna.

“A Hanna tem razão. Embora tenha informações que necessitamos, Rachel merece ter um momento sozinha. É algo íntimo da relação dela com o pai e devemos respeitar.” – Luke, que estava sentado de frente para mim do outro lado da mesa, estendeu a mão e segurou a minha. Eu recebi o gesto e apertei a mão dele em troca, sussurrando um Obrigado.

Senti Hanna se afastar de mim e a tranqüilidade extinguir-se. Seu humor mudava drasticamente comigo, eu não sabia o que se passava com ela e parecia piorar quando Luke estava por perto. As coisas não podiam ficar assim, eu teria uma conversa com ela mais tarde.

“Certo, agora vamos deixar as coisas mais interessantes.” - Luke disse, se levantando e ficando ao meu lado. Olhei para ele esperando uma explicação. –“Eu e Kim conversamos e decidimos que, como somos um grupo e precisamos nos proteger, vocês precisam de armas.”

Pude ouvir uma comemoração particular de Hanna e Matt, olhei e vi os dois batendo as mãos em um high-five. Era como se tivessem anunciado o Natal mais cedo. Zoe olhava tudo com cara de desdém, enquanto Claire se perdia nas mãos de Kim. Os gêmeos sorriam para a cena e Dave continuava a mexer em seu mini-computador e eu nunca entenderia o que ele via de interessante naquilo. Geist estava apenas observando tudo, com um ar sério e duro.

“Mas para que vocês, crianças, possam usar as armas...” – Ela olhou para cada um de nós. – “Teremos de ensiná-los. Por sorte, temos munição suficiente para cinco dias de treinamento.”

Ah, droga. Foi o que pude ouvir de Matt e Hanna.

“Certo, escolham suas armas.” – Agora sim Hanna e Matt pareciam crianças.

O garoto começou a espalhar alguns tipos de armas sobre o a mesa. De pistolas a rifles, metralhadores e facões. Eu me perguntava como eles conseguiam carregar tudo isso, devia pesar muito. Hanna olhou algum tempo para as armas, mas ela foi diretamente naquelas que eu tinha visto presas em sua cintura na noite anterior. Kim se aproximou dela.

“Sabia que ia escolher essas, loirinha. Quando você as achou naquela casa, era como se tivesse encontrado o amor da sua vida. Posso?” – Kim estendeu a mão para pegar as armas. Com certa desconfiança, Hanna as entregou. – “Semi-automática, com trava manual. Mira a laser e silenciador, capacidade expansiva para um pente com 16 balas. Calibre potente e acabamento lindo. Realmente, você fez uma ótima escolha.”

Se aquilo não fosse tão mortalmente perigoso, eu diria que era mais uma das obras de artes que custa milhões. As armas tinham uma coloração prata, mas era algo fino e totalmente trabalhado. O cabo era forrado com couro avermelhado e pequenas inscrições estavam gravadas neles. Agora eu entendia por que Hanna escolhera aquilo, realmente era lindo e mortal.

“Hey, Rachel. Escolha uma.” – Luke me chamou para que eu pudesse escolher algo.

“Ah, ela já tem o arco dela.” – Matt disse. De fato, eu o tinha. E ele estava no quarto, havia me esquecido completamente.

Subi as escadas correndo, peguei meu arco, a aljava e desci. Coloquei-os sobre a mesa e todos pararam para admirar. Escutei um assobio vindo de um dos gêmeos e um Nossa, vindo de Dave.

“Caramba, como funciona isso?” – Luke perguntou.

“Segundo papai, as flechas são elétricas, mas eu não tive tempo de analisá-las por completo. Ele o fez para mim, mas não explicou muita coisa.” – Encarava o arco. – “Não sei muito bem como usá-lo.”

“Rachel, se seu pai trabalhou nisso para você, com toda certeza ele deve ter um arquivo detalhado sobre isso. Não acha?” – O garoto de óculos me indicava o computador. Realmente Dave era um garoto esperto.

Sentei-me a frente do notebook e comecei a vasculhar os arquivos. Algo me chamou a atenção, uma das pastas estava escrito: Ártemis. Cliquei e abri o arquivo, para minha surpresa, encontrei vários desenhos do arco. Rolei algumas páginas e encontrei o que eu queria uma explicação mais detalhada.

“[...] Este arco foi feito de material leve e preciso. Tem cerca de 70 polegas. Feito exatamente para se adaptar a estatura de Rachel. Ele é totalmente feito de madeira, mas revestido por uma tinta prata, o que o leva a ter um acabamento luxuoso. Diâmetro curvado, para que possa dar mais simplicidade para quem utilizá-lo.

As flechas são feitas de fibra de carbono, 57 centímetros, um ótimo condutor de energia. Podem ser recarregadas facilmente. Aconselhável usar luvas para manuseá-las, a fim de evitar qualquer choque. A energia elétrica é suficientemente forte para matar um ser humano, paralisando seu coração. As flechas de madeira funcionam muito bem com este arco, de modo que separei 16 flechas elétricas e 16 de madeira. Deixo claro aqui que as elétricas servem para matar um ser humano. Aquelas coisas não são afetadas por nenhum tipo de energia.

Dei o nome de “Ártemis” por tal significado: Ártemis como protetora dos animais e como Caçadora Virgem defendia seu espaço Sagrado e mostrava sua fúria e punição a aqueles que a desafiassem. A Deusa é inicialmente associada à caça, a proteção de florestas e ambientes selvagens, protetora dos animais e das mulheres, posteriormente também ficou conhecida como Deusa da Lua em seu aspecto de Donzela e associada à magia. Ártemis passava seu tempo correndo pelas florestas, zelando pelo bem estar das coisas selvagens e das Donzelas.

Rachel, em um significado paralelo se parece com a Deusa, na forma de proteger as pessoas a seu redor. Este arco a protegerá, assim como ele fará com quem estiver acompanhando-a. [...]”

Olhei para meu arco e percebi que em sua lateral tinha uma escritura, um nome em grego: Αρτέμη.

Ártemis.

“Meu pai é incrível!” – Exclamei, olhando para todos.

“Realmente.” – Dave concordou me dando um olhar cúmplice.

Ficamos ali discutindo e separando os horários para o treinamento, além de tarefas dentro da casa. Concordamos em fazer do quarto dos gêmeos o posto de comando, por termos uma visão boa de todo o terreno lá de cima.

Rick ainda não havia acordado, ele vivia a base de analgésicos, o que o deixava desacordado o tempo todo, obrigando-nos a cuidarmos dele 24 horas por dia. Seu braço agora ia perdendo a coloração preta, para um roxo escuro, com alguns tons de vermelho e verde. Os curativos eram trocados de seis em seis horas, por medo de que ele pudesse se infeccionar. O garoto ia ficar bem, mas a cicatriz deixada por dentro, seria pior do que a física.

Claire e Kim não se desgrudavam e a garota menor fazia a latina parecer um anjo perto de nós. Era a morena se estressar, que a baixinha a acalmava. Quando Claire ficava longe de Kim por 2 minutos, a garota fazia das nossas vidas um inferno. Eu não sei o que rolava entre elas, mas todos podiam sentir o clima intenso, uma dependia da outra e isso gerou uma piadinha dos gêmeos: “Clim tem um CLIMa bom”.

Custamos a entender que Clim era a junção dos nomes Claire e Kim. Quando finalmente entendemos, foram gastos exatos 40 minutos para fazer Kim parar de correr atrás dos dois, que gritavam tal frase sem parar.

Não tivemos problemas maiores com draggers, apenas um ou outro que se aproximava do terreno, mas nisso Hanna e Matt davam um jeito.

Hanna tinha me evitado toda à tarde, sempre grudada a Matt ou Zoe com quem conversava ao pé do ouvido, ou com aquela conexão ridícula que tinham. Aquilo me incomodava, mas eu negava a mim mesma. A minha vontade era de esfolar a cara dela, até que eu conseguisse retirar aquelas sardas horrorosas.

O limite chegou quando estávamos preparando o jantar, no primeiro momento que eu tive com Hanna naquele dia. Eu estava pegando algumas coisas dentro da geladeira e ela veio tentar me ajudar.

“Deixa que eu pego.” – Ela se ofereceu, tentando tirar algumas coisas da minha mão.

“Não, eu consigo, não preciso da sua ajuda.” – Eu disse visivelmente irritada.

“Rachel...” – Ela insistiu.

“Eu não preciso da sua ajuda garota. Volte a fazer o que estava fazendo, eu me viro.” – Me arrependi no mesmo momento de ter dito aquilo. Ela me olhou tão friamente, que poderia ter congelado minha alma.

“Okay.” – E se virou, voltando a ajudar Claire.

“Isso mesmo Hanna, agora me de a patinha.” – Zoe comentou.

Eu juro que eu não queria, ou talvez sim, mas quando dei por mim as minhas mãos estavam em volta do pescoço da garota ruiva. A única coisa que eu pensava era em deixá-la sem ar e estava conseguindo.

Senti braços fortes me levantado e me levando para longe da garota, que agora era amparada por Hanna. Aquilo me fez ter mais raiva ainda.

“Ficou louca Rachel?” – Luke dizia, enquanto chegava se eu tive sofrido algum dano.

“Me solta Luke, eu estou bem.” – Desvencilhei-me dele violentamente e corri escada acima.

Fui direto para o posto de comando, por sorte os gêmeos, Geist e Dave estavam limpando o muro, onde tinham alguns poucos draggers. Vi o notebook de papai e o peguei, abrindo-o. Fui ao arquivo de imagens e abri uma foto onde estávamos todos nós, no Natal onde papai tinha me dado o colar. Tirei o objeto do meu pescoço e o analisei.

Era um pequeno pássaro, inclinado, como se estivesse virando em seu vôo. Papai tinha me dito que aquilo significava liberdade. Ele havia me dito que independente de quem estivesse no comando, eu sempre seria a dona de mim mesma. Olhei novamente a foto na tela e as lágrimas vieram fortes, como um rio em dia de chuva. Abracei os meus joelhos, balançando para frente e para trás, em uma miserável tentativa de me acalmar.

Senti braços rodearem meu corpo e puxá-lo para si. O cheiro de morangos invadiu minhas narinas, me fazendo agarrar mais a garota loira, afundando minha cabeça em seu peito. Aspirei profundamente seu cheiro, me acalmando aos poucos. Ela não disse uma palavra, até que eu parasse de derramar lágrimas.

“É tão difícil Hanna, eu queria que tudo voltasse a ser como antes.” – Eu dizia, me agarrando a ela. – “E você, a Zoe, eu não consigo me controlar. Eu não sei o que você desperta em mim, mas é forte o bastante para que eu tenha atitudes como aquelas. E você ainda faz essas coisas de me ignorar o tempo todo.”

Ela segurou o meu queixo, o levantado, de modo que nossos rostos ficaram na mesma altura. Novamente, castanhos e verdes se encontravam, onde as terras e mar formavam um só. Ela deu um pequeno sorrio.

“Rachel, eu nunca senti algo assim antes. É forte em mim também, desde a primeira vez que te vi naquela escola, o que é uma história pra mais tarde.” – Ela disse, colocando os dedos sobre os meus lábios, quando ia perguntar sobre a escola. – “Mas isso é assustador. Tudo isso que está acontecendo, você sabe? A ideia de me apegar a você para te perder pra uma daquelas coisas me mata todos os dias. Eu quero te proteger, você me faz bem. Mas também não quero te perder. Eu não quero me apegar.”

Eu olhava confusa. Estávamos no meio do fim do mundo e ela não queria se apegar?

“Por favor, Hanna, não se afaste de mim. Eu não suporto.” – Eu a implorava.

“Não vou. Eu vou te proteger espertinha.” – Ela me encarou, dando um sorriso e ficando completamente séria em seguida.

Ficamos nos encarando, ela era a garota mais bonita que eu já havia visto. Eu nunca tinha reparado nela antes, apenas alguns olhares que se cruzavam, mas sempre que isso acontecia, eu entrava em uma espécie de transe. Levei uma mão ao seu rosto, acariciando suas bochechas, contornando seus olhos e passando sobre sua boca. Como eu queria beijá-la. Eu nunca havia beijado um garota antes, muito menos me sentido atraída por uma. Aquilo tudo era novo demais.

Suas mãos rodearam minha cintura, puxando-me para mais perto. Nossos rostos estavam tão próximos, que os narizes se tocavam. Eu podia sentir o hálito quente dela sobre a minha face. Minha mão foi para sua nuca, arranhando o local, puxando levemente seus cabelos e trazendo-a para mim. Aquilo a fez estremecer. Eu sorri.

Aproximamos-nos mais, nossos lábios quase se tocando. Como se ela tivesse um momento de lucidez, se afastou um pouco, beijou o canto dos meus lábios e deixou um beijo em minha testa. Levantou-se e saiu caminhou para a porta. Novamente, ela tinha se acovardado.

“Intenso demais Rachel, me desculpe. Eu preciso de tempo.” – Ela disse, sem se virar para mim.

“Hanna?” – Ela parou. - “Você já se apegou, por que precisa de tempo?”

“Se apegar é um coisa Rachel.” – Ela parou e soltou uma pequena risada.

Dirigiu-se a porta e olhou para mim.

“Se apaixonar, é totalmente novo para mim.” - Meu coração tinha explodido e senti uma guerra dentro de mim.

E naquele momento eu tive uma certeza:

Eu havia me apaixonado por Hanna Mason, no meio de um Apocalipse.


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Notas finais do capítulo

Sim, meus queridos, eu gosto de torturá-los.
Acredito que já tenha gente sofrendo por Carson, não é ? E Clim? Gostaram do novo nome?
Devo créditos a LauC por ter me dado essa grande ideia de: "Clim tem um CLIMa bom." ... Realmente ficou engraçado na atitude dos gêmeos.
Sei que alguns querem me matar por causa de Carson, mas ainda tem muita coisa por rolar e vocês entenderam por que Hanna evita tanto a pobre Rachel.
Bom, até mais!



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