Depois de uns cinco minutos na escuridão, abri os olhos, meio tonta. Estudei o ambiente, parecia uma espécie de convés, o céu estava de noite e bem estrelado. O lugar parecia deserto, então olhei para o lado e me deparei com um garoto me olhando com cara de espanto. Ele tinha olhos castanhos e cabelos escuros bagunçados.

– Quem é você? – perguntou ele após superar o choque.

“Quem é você?”, eis a questão. Eu pensei, pensei e pensei. Ai caramba, quem sou eu? Eu não sei nem o meu nome. Busquei qualquer lembrança no meu cérebro, mas tudo do que me lembro daquele cara de pele pálida, olhos negros e intensos e manto preto. Ele disse que essa era minha “segunda chance” e que eu era a “chave para derrotar ela”. Então ele me deu uma mala e uma espada e eu fiquei uns cinco minutos na completa escuridão, então cheguei aqui.

– Eu não sei – foi tudo o que consegui dizer, ele me encarou por mais alguns segundos e depois se levantou.

– Venha comigo – ele me ajudou a levantar e me levou até uma sala de jantar. Ela tinha uma grande mesa redonda no centro e nas paredes mostravam imagens de algum lugar. O estranho foi que eu senti que já estive la. Tinha uma fogueira e uns chalés bem diferentes, e mostrava pessoas, pelo que parecia, era em tempo real. Eu estava tão vidrada naquilo que nem percebi que aquele garoto estava falando comigo. – Hey, terra chamando seja la quem você for.

– Desculpe, – respondi ainda olhando para as imagens – aquele lugar, me parece familiar.

– Ah, aquele é o Acampamento Meio-Sangue. – respondeu ele – É melhor eu acordar os outros, a propósito, meu nome é Leo.

Assim que Leo saiu da sala eu me sentei à mesa, e fiquei encarando as cenas na parede e me perguntando: de onde eu conheço aquele lugar? O que aquele cara quis dizer com “segunda chance”? Qual é o meu nome? Quem são essas pessoas? Quem eu devo derrotar?

Logo percebi umas pessoas entrando no local, todos aparentavam ter uns 14 a 16 anos. Eles chegaram bocejando e reclamando, deviam ter acabado de acordar, eles nem perceberam minha presença.

– Então, por que essa reunião de emergência? – perguntou uma garota que aparentava ter uns 15 anos. Ela usava shorts jeans e blusa branca, tinha cabelos castanhos e trançados em uma única trança de lado.

Eu já estava quase falando alguma coisa para chamar atenção deles, quando um garoto entrou na sala. Ele tinha cabelos negros e olhos verde-mar, foi quando percebi: eu o conheço. Aquele rosto me parece tão familiar que eu quase me lembrei de alguma coisa, mas não tive sorte. Foi então que ele olhou pra mim com uma cara de tanto espanto, que eu pensei que ele iria ter um treco.

– Bianca?!