A Irmã De Renesmee 1ª e 2ª temp- Fanfic em revisão escrita por Karina Lima


Capítulo 65
2x23 À beira do abismo (E)




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Ross Copperman – Holding on And Letting go

—Bella, como assim ela está morta? Cadê ela? – Seth implorou. Suas batidas do coração estavam frenéticas.

—Eu a vi segurar seu corpo sem vida, e entrou no mar no segundo seguinte. Eu ainda tentei segui-la, mas óbvio que não havia mais nada para rastrear... Nossa Carlie se foi.

Enterrei a cabeça no peito de Edward e comecei a chorar sem lágrimas. A dor que eu estava infligindo a todos já era o bastante para fazer meu teatro.

—Não pode ser. – Nessie sussurrou. – Não pode ser!

Seth esse tempo todo, estava desnorteado.

—Aquela vadia conseguiu o que tanto queria, agora a vida dela está prestes a terminar.

Seth rosnou e saiu em disparada porta a fora. Por um segundo o batente da porta estava intacto da sua forma de lobo.

—Droga! Venha comigo, Jacob! Ele quer se matar depois que encontrar Tifanny. – Edward falou e saiu. Jake o seguindo.

—Mãe... – Nessie sussurrou, deixando sua frase morrer no começo. Ela veio até mim e me abraçou. Eu retribuí, muito culpada por estar fazendo-a sofrer. Seus olhos já inchados e seus soluços balançavam seu corpo.

—Eu tentei ir atrás dela, mas ela era mais rápida. – lamentei, sem coragem de encarar ninguém.

—Minha sobrinha, Bella. – Alice encontrou voz para falar.

—Não vamos descansar enquanto não vingarmos nossa Carlie. – Emmet reagiu, sombrio como eu nunca havia visto.

Momentos depois, eles voltaram.

—Onde está o Seth? – minha filha perguntou, preocupada.

Até Rose, que tinha nojo – e implicância – com os lobos, estava com um vinco de preocupação no meio das sobrancelhas.

—Ele queria ficar sozinho. – Edward respondeu.

Eu abri a boca para começar meu protesto, mas Jake foi mais rápido, explicando.

—Ele prometeu que não faria nenhuma besteira.

—E vocês confiaram nele? – Esme interviu, preocupada e incrédula por eles terem deixado sozinho alguém que – pensa – acabara de perder o amor da vida que lhe era tudo.

—Não podemos o prender. – Edward explicou. – Apenas dissemos que isso não era o que Carlie iria querer, que ele se matasse.

Isso era bem verdade. Carlie nunca se perdoaria se fosse responsável pela morte do amor de sua vida. Poderiam até se tornar Romeo e Julieta. Seth se mata por achar que Carlie está morta, e ela ao ver que ele encerrou sua vida por causa dela, encerra a sua em seguida.

Balancei a cabeça. Não. Isso não iria acontecer.

—O lembramos de Harry também. Carlie iria querer que ele fosse presente para o filho deles. Li em sua mente que isso o fez desistir de cometer uma loucura. Mas queria ficar sozinho com sua dor.

Renesmee se apertou em mim com o seu abraço.

PDV Renesmee.

Minha família estava no começo de superar o fato de que Carlie não estava mais entre nós. Não, superar não. Aceitar. Já se passaram semanas desde que ela se foi. E ainda me parecia que eu a veria em breve. Cada lembrança de nós duas juntar não me deixava encarar a realidade. Nossas travessuras que aprendemos com tio Emmett, nossas conversas fiadas, nossas confidências. E agora tudo o que me faz lembrar dela são os olhos verdes do meu sobrinho. Ele puxou bastante ao Seth com seu cabelo liso e a pele morena, mas os olhos vieram da minha irmã.

Outra coisa que me irrita profundamente é que Tifanny sempre consegue um jeito de escapar das garras da minha família. A gente, inacreditavelmente, não conseguiu matar aquela sanguessuga. Eles ficaram dias a perseguindo, e nada. Deve ter aprendido alguns truques com Dimitri, porque ela ficou muito boa em se camuflar. Deixava rastro falso por onde passava. Meus avós e eu ficamos esse tempo em La Push com Emily e os lobos, era mais seguro para as crianças e Mendy.

Eu quase fui, mas eles não deixaram. Seth quase a matou ele mesmo, mas numa fração de segundo que o escudo da minha mãe não estava envolto dele, ele foi arremessado contra uma árvore. Acabou com algumas costelas fraturadas.

Quando a depressão batia forte no meu cunhado, ele tentava fazer besteira. Por isso revezamos para o monitorar. Porém isso se tornou uma tarefa árdua quando ele ficou correndo sem rumo em sua forma canina. Carlie era tão amada nessa família, especialmente pelo Seth. Nunca a vi tão feliz como ele a fazia.

—Amor, vamos pra casa?

A voz de Jacob interrompeu minhas lembranças. Senti-o se abaixar e se aproximar de mim, beijando meu cabelo.

—Jake, você se importa de eu ficar aqui esta noite?

—Ainda querendo se torturar desse jeito pensando na Carlie? – ele me perguntou, num tom repreensivo.

Tentei segurar o choro quando ele disse isso. Eu estava sendo masoquista.

—Eu gosto de sentir essa dor... pois ela é uma lembrança de que a Carlie existiu. É uma dor prazerosa.

O ouvi suspirar pesadamente.

—Tudo bem. – falou e se levantou. – Vou levar a Sarah para casa.  Harry vai conosco. Eles querem uma revanche de mim no xadrez.

Eu ri suavemente, com as imagens de algumas peças atingindo sua cabeça por alguns bebês brincalhões.

—Qualquer coisa, eu estou em casa. – ele me lembrou e me deu um beijo nos lábios, outro na testa, e saiu, me deixando sozinha.

Nunca imaginei como seria tão doloroso perder alguém importante. Já vi notícias de fatalidades por diversos motivos, pessoas chorando por suas perdas, e a gente não espera nunca que vá acontecer com a gente. E nem como é tão doloroso.

É difícil. Dói, machuca, sangra. Provavelmente Seth está sofrendo mais do que qualquer um. Tenho que reconhecer isso. Ele tivera imprinting com ela.

Estranho que eu tenho uma sensação esquisita de que ela está viva. Deve ser porque sempre fizemos tudo juntas, e preciso de mais tempo para processar a realidade.

Dias depois decidimos voltar para Boston. Tivemos que ir, pois o boato de que os Cullen haviam retornado já estava crescendo.

Os quileutes ficaram arrasados com a notícia da nossa perda, e vovô... Coitado, ficou destruído. Sue ficou muito ressentida, e depois preocupada com o desaparecimento do filho. Seth ainda estava frustrado com isso, e sofrendo. Ele não voltara.

Jacob me contou que ele estava pelo sul do Canadá, não foi muito longe após atravessar a fronteira. Ele conhecia aquele lugar.

—Você já esteve lá? – perguntei surpresa.

Ele assentiu.

—Quando soube que sua mãe iria se casar, eu fugi. Assim como Seth está fazendo.

Balancei a cabeça, compreendendo. O passado deles já não me importava mais. Seja lá o que eles tenham feito, já passou.

—Tem ideia de quando ele vai voltar?

Ele me deu uma resposta negativa.

—Vou à casa dele para tirar um pouco do pó. – decidi.

—Tá bom. – ele me deu um beijo na boca e outro na testa. – Eu vou ficar um pouco com as crianças.

—Harry gosta daquele chocalho colorido que Carlie costumava brincar com ele. – o lembrei.

—OK. – disse e foi para o quarto. 

Ao passo que eu dava para ir em direção a casa da minha falecida irmã, várias lembranças vieram à minha mente, e pareceram dezenas de agulhas sendo enfiadas no meu peito. A primeira foi quando metemos eles dois numa enrascada com a ideia maluca de nos casarmos.

“Flash Back on”

 

Eles tinham vindo há poucos minutos. Estávamos falando sobre casamento.

—Quando eu crescer, vou me casar com o Seth. – Carlie falou enquanto estravamos na cozinha para lhes contar a novidade a tempo de ver Seth se engasgar com o sanduiche. Jacob deu-lhe um tapa forte nas costas que ecoou pelo cômodo, zoando com a cara dele. Vovó riu.

—Se Edward souber, você está ferrado. – ele caçoou.

—Eu não entendi esse comentário, mas você também vai se casar comigo, Jake. – dei a novidade a ele, apontando o dedo em sua cara. Ele me olhou, apavorado. Desta vez, quem riu foi o Seth.

—Marco!

Carlie e eu nos sobressaltamos, pois não ouvimos a porta sendo aberta. Era o papai. Ele, mamãe, e meus tios tinham ido caçar.

—Polo! – gritamos as duas juntas e fomos correndo para a porta da frente. Eu comecei a falar. – Papai, papai! Nós duas estamos noivas do Jake e do Seth!

Ele nos olhou confuso, e depois para trás da gente. Como a gente não entendeu onde ele olhava, viramos nossas cabeças para trás e encontramos Seth e Jacob, com suas expressões apavoradas.

—Seus pulguentos pedófilos! – papai rosnou para eles. Ele tinha acabado de chegar da caça e seus olhos estavam negros. Uh-oh. Ele estava com raiva de alguém.

—Não foi nossa ideia, eu juro! – Jake exclamou, desesperado.

—Não foi?! – mamãe gritou furiosa. Ela começou a andar na direção dos dois, passo a passo. – Então de onde surgiu essa ideia sobre isso?

—Foram elas mesmas! – Seth tentou, dando passos para trás com medo da mamãe.

—Que lindo! – ela disse irônica. – Colocando a culpa em duas garotinhas de apenas oito anos!

—Bella, você sabe que a gente não pensa nelas dessa forma. – Jacob tentou se explicar.

—Bella, foi ideia delas. – meu pai falou, e Jacob e Seth aliviaram a tensão do corpo deles. Foi engraçado de ver.

—Está defendendo-os, Edward? – ela perguntou-lhe, com descrença.

—Não, mas estou lendo a mente do cachorro. Eles também foram pegos de surpresa por elas duas.

Ela parou com os seus passos e veio até nós – como se nuca tivesse ficado brava – e nos pegou no colo.

—Por que fizeram isso?

Apontamos para uma revista em cima do sofá, onde estava aberta numa página de catálogo de vestidos de casamento.

—Gostamos de alguns desses vestidos e decidimos que vamos nos casar com Jacob e Seth para usar os vestidos.

Titio Em gargalhou alto, e os outros seguiram-no com uma risada bem menos exagerada.

—Se livraram dessa, hein, pulguentos. – ele falou, tirando uma com a cara deles.

 

“Flash Back off”

Meses atrás quando mostrei esta lembrança para Jacob, ele me confessou naquele momento, nunca ficara tão feliz em meu pai ler mentes. 

Outra lembrança foi quando estávamos vendo vídeos engraçados na internet. Passamos o dia na frente do computador.

Flash Back On

 

—Eu não acredito que o cara caiu naquele buraco. – falei, rindo no looping que o vídeo fazia.

—Nem eu! Que desatento. – ela concordou, sem ar.

Riamos e riamos mais e mais assistindo.

—O que estão assistindo? – a voz do Seth entrou no quarto, e Jake o seguindo.

Carlie não aguentava de rir, e a cadeira foi para trás, a levando. Mas a doida ainda gargalhava alto.

Seth não perdeu um segundo, foi imediatamente ajudá-la a se levantar, enquanto eu quase me engasgava de rir com a cena. Ri tanto que desceram lágrimas pelo meu rosto.

—Qual o motivo para tantos risos? – Jacob perguntou, nos observando.

—Estamos vendo vídeos engraçados. – falei, entre risos. – Como não vimos antes? São milhares!

Carlie, ainda rindo, confirmou com a cabeça, já de pé. Ela riu mais, e quase caiu para trás, se Seth não a tivesse segurado de novo.

Eu não conseguia cessar os risos. A gente ficou o resto da tarde assistindo muitos vídeos, e Seth e Jacob nos acompanharam.

 

“Flash Back Off”

E teve esse dia que fizemos a maior bagunça na cozinha.

“Flash Back On”

 

—O que está havendo... aqui... – vovó foi falando enquanto entrava na cozinha, e sua frase foi perdendo vida quando ela estava no batente da porta. – O que vocês fizeram com a minha cozinha?

Mamãe deve ter ouvido as palavras dela, pois ela estava ao lado dela em dois segundos. 

—O que vocês estão aprontando? – ela perguntou, tentando ficar brava conosco. Ela ficou um pouco na frente da vovó, a impedindo de nos ver.

—Eu estava fazendo bolinhos pra gente comer... – comecei a falar, mas Carlie me interrompeu.

Eu estava fazendo os bolinhos, você estava atrapalhando!

Eu estava fazendo! – bradei, com raiva do fato de que ela queria todo o crédito apenas para ela. Eu ajudei bastante. Então peguei a bacia com a massa dentro.

—Ei, isso é meu! – ela gritou e puxou a tigela da minha mão.

—É meu! – gritei de volta, puxando para mim. A mão dela estava cheia de manteiga, então a vasilha escorregou de sua mão, e como eu estava ainda puxando, tentando pegá-la, veio em minha direção, e passou por cima de mim, escapando das minhas mãos também.

Virei para trás assistindo-a, em meio ao choque. Mamãe se abaixou a tempo de não ser atingida. E a tigela decidiu ir direto no rosto da nossa avó. Bem, ela ficaria bastante furiosa, pois ela adorava essa tigela. E ela se quebrou quando atingiu seu rosto.

—Carlie, Nessie, venham agora se limpar. – mamãe falou e pegou em nossa mão para nos levar dali.

—Hey, você não vai escapar! – vovó avisou e pegou um ovo em cima da mesa.

—Não, Esme. Por favor. – ela pediu, mas foi em vão. Logo uma mão pálida estava esmagando um ovo em sua cabeça. Todos explodiram na gargalhada. Até o Seth que havia acabado de entrar na cozinha com o pedação de coxa de frango que vovó tinha feito para eles se alimentarem.

—É engraçado quando não é com você. – mamãe revidou e roubou a carne das mãos dele.

—Hey, devolva isso! – ele exclamou, e parou de rir na hora. Ele a derrubou no chão, e ficou por cima dela, se esticando para pegar. Ela colocou a mão acima da cabeça, lhe impedindo de capturar. – Agora que sou seu meio irmão, posso brigar com você e Edward não pode fazer nada comigo.

Aproveitei a distração do meu tio assistindo a cena todo divertido, e agarrei um ovo em cima da mesa. Mirei em sua cara e arremessei. Bem, ele desviou, mas caiu no tio Jazz.

No final, todos foram atingidos por alguma coisa. E minha mãe parou de lutar com o Seth e deixou que ele recuperasse o frango.

Depois tivemos que passar um bom tempo, com certeza chegou a uma hora e meia dentro da banheira para tirar o cheio de ovos do corpo e cabelo.

 

“Flash Back Off”

E quando Jake foi nos visitar no chalé. Ele me pegou no colo e nos cumprimentou casualmente, mas quando foi na vez do papai...

“Flash Back On”

 

—Oi, Bells. – ele falou, e meu pai entrou na sala após a mamãe. – Ei, sangues...

—Jake! – mamãe o interrompeu. O que ele ia falar é uma palavra feia para ela não o deixa-lo continuar? – Não diga essas coisas. – disse entredentes.

Ele revirou os olhos e voltou a falar.

—Oi, Edward. – não sei não, mas ele falou o nome do papai com sarcasmo na voz, e Carlie veio correndo para a sala.

—Larga ela, larga ela! – ela puxava a bermuda de Jake, como se estivesse lhe causando alguma dor. – Ela e eu vamos brincar, apenas ela e eu!

—E por que eu não posso? – ele questionou.

—Porque você não vai querer brincar de casinha e de bonecas. – ela cruzou os braços, o desafiando.

E ele topou. Apenas para ficar comigo. Isso causou muita diversão para os nossos pais. Mas depois nos convenceu a montarmos a nossa pista de carrinhos gigante.

 

“Flash Back off”

 

—A vida não é fácil. – lamentei sozinha e entrei na casa dele.

Meus pés colaram no chão. A sala precisaria mesmo de uma faxina, mas não pelos motivos pelo quais eu vim. Não era uma bagunça de poeira ou sujeira. Garrafas de álcool espalhados pelo chão e mesinha de centro. E o responsável por isso claramente; Seth Clearwater, esparramado no sofá, virando outra garrada futuramente vazia.

—Seth, o que diabos você pensa que está fazendo? – perguntei indignada, e irritada pela bagunça. Eu não estava afim de limpar isso. Imediatamente, retirei a garrafa de suas mãos.

Ele ficou irritado.

—O quê que tem? – perguntou, não dando a mínima de eu estar ali. – Meu metabolismo não me deixa ficar bêbado.

—Não deixa ficar bêbado, não quer dizer que você seja imune. – retruquei. – Eu não vou limpar isso tudo.

—Não estou te pedindo para fazer nada. – ele resmungou. Isso me magoou um pouco.

Ele se levantou e tentou pegar a garrafa das minhas mãos. Isso teria sido possível, só não sei se foi sua falta de reflexo causada pela bebida ou a tontura que sentiu, não conseguiu. E percebi o que estava prestes a ocorrer.

—Oh, não! Não mesmo!

O puxei até a cozinha a tempo de ele vomitar na pia.

—O que é tudo isso, Seth?  – o reprovei, dando-lhe uma bronca. – Some para sei lá onde e faz Jake se transformar de hora em hora para ver se você não está tentando se matar, volta quando quer e depois enche a cara e faz essa bagunça toda na casa, esqueceu que é um pai e adulto? No que você tá pensando?

—Talvez se eu morresse, simplificaria alguma coisa para vocês. – ele sussurrou.

Recuei. Seth não queria ser um peso para ninguém. Só queria... esquecer a dor.

—Seth, não está sendo fácil para ninguém. – murmurei. Colocou a boca próxima a boca da torneira e a abriu, fazendo gargarejo e lavou a pia. Fiz um esforço para não transparecer o nojo. – Você está sendo egoísta se pensa que é só você que está com esse peso.

—Escuta, não quero ouvir essas baboseiras, só quero ficar um pouco sozinho, tá legal?!

Não me abalei com seu tom de voz. Passei seu braço pelos meus ombros – ele estava esgotado – e o carreguei até seu quarto segurando em sua cintura.

—Vamos, tire essa roupa e vá tomar um banho.

Ele me olhou como se eu fosse uma louca.

—Obviamente quando eu sair do quarto. – revirei os olhos. – Vou avisar ao Jake que você voltou. Depois passe lá em casa. Harry sente sua falta.

A menção do nome de seu filho o fez derramar lágrimas. Fiquei curiosa se era porque ele estava ausente na vida do Harry, ou se ele lembrou da minha irmã.

Dei-lhe um beijo na bochecha e comecei a sair, o deixando sozinho.

—Nessie. – ele chamou antes que eu atravessasse a porta de madeira do quarto. Parei e girei a cabeça para olhá-lo. – Me desculpe pela minha estupidez.

—Está tudo bem.

E saí.

Dei um olhar 360. Não tive coragem de deixar tudo daquele jeito.

—Ness, não precisa se incomodar. – ele gritou do quarto. – Eu arrumo, sério.

—Não se preocupe. – resmunguei, e respirei fundo.

Mesmo com o meu tom de saco cheio, a casa era da minha irmã, mesmo que ela não estivesse mais conosco. Ela jamais deixaria o caos tomar conta. Então peguei um saco de lixo e recolhi tudo. Joguei lá fora e voltei passando produto de limpeza para atenuar o cheiro do álcool. Depois de me dar por satisfeita, fui para casa.

—Jake, Seth está de volta. – falei alto, já que ele estava no quarto. Provavelmente ele ouviria num murmuro baixo, se ouvisse.

—Ele está bem?

—Ele está quase bêbado. – confessei, com um pouco de remorso por ele. – Bebendo qualquer coisa que contém álcool, se fosse humano já estaria em um coma alcoólico.

—Avise aos Cullen que ele está de volta. – falou de volta. Eu sabia o quanto ele estava preocupado, aliás ele era como um irmão. – Eles estão preocupados. – nesse meio tempo curtíssimo que ele ficara calado, houve uma pancada, parecendo de um chacoalho em algo duro – Au! Você é forte, moleque. Isso vai deixar um hematoma.

Eu ri, balançando a cabeça. Peguei meu celular em cima da bancada e disquei o número do telefone fixo de casa.

Residência dos Cullen.

Reconheci de imediato a perfeita e aveluda voz do meu pai.

—Oi, papai. É a Nessie.

Olá, querida. Como você está?

—Bem. Liguei apenas para avisar que o Seth está de volta.

Ele está bem?

—Hã, só poderei dizer realmente amanhã, quando o álcool o deixar em seu juízo perfeito. Se é que ele está em algum momento em seu juízo perfeito desde...

Me interrompi sem ter força nas cordas vocais para continuar.

Puxa vida. – ele lamentou – Ele está destruído.

—Um humano não sobreviveria a tanto álcool. – comentei, lembrando das dezenas de garrafas vazias que eu recolhi.

É lamentável, com certeza.

Suspirei.

—Só liguei dizer isso. Agora vou descansar um pouco, ultimamente estou me sentindo muito exausta.

OK, meu anjo. Tenha uma boa noite. Qualquer coisa, qualquer coisa pode nos ligar, entendido?

—Entendido. Te amo.

Te amo.

Fui para o meu quarto e me deitei na cama. Estava cansada demais para dar boa noite a qualquer um.

A morte da Carlie estava tirando minhas forças e me deixando sem vontade de fazer nada. Desde a sua morte, Jake e eu nunca mais transamos. Eu sinto falta disso, mas nem me incomodo. Ele já tentou para me distrair nem que fossem poucos minutos, mas eu recusava. E ele respeitava.

—Tá dormindo? – acordei com uma voz baixa e rouca no meu ouvido.

—Não mais. – falei e me virei.

—Você está mais tranquila?

—Agora que o palerma do Seth voltou, estou um pouco aliviada.

Ele sorriu e me deu um beijo na testa.

Coloquei a mão em sua nuca e o puxei para um beijo ardente. Bem, depois disso, decidi me render ao nosso amor.

 

PDV Seth.

5 Seconds of Summer – Ghost of You

Me desculpe se eu não aprendi a viver com a sua ausência. Semanas se passaram desde que você se foi e me deixou sozinho. É que eu ainda não consegui superar. Não consigo esquecer tudo o que prometemos um dia, tudo o que vivemos. As lembranças continuam aqui, me atormentando, me impedindo de te esquecer. Não consigo aceitar o fato de que você foi embora. Por mais que eu tente, eu... eu não consigo.

Por que ela teve que ir? A vida me apunhalou de uma forma voraz pelas costas. Quando sozinho, tentei tirar a minha vida. Sempre me curava quase na hora ou a dor passava no mesmo instante. Talvez no fundo eu não quisesse morrer de verdade. Quero dizer, ainda tenho minha mãe, Leah e Harry. Não estou sendo um bom filho, irmão ou pai, mas essas obrigações me prendem. Não fui um bom marido, não consegui proteger o meu bem mais valioso, conseguiria proteger os outros? Não adianta eu estar vivo se não for capaz de proteger a criatura mais importante de nossas vidas.

A razão da minha existência se foi, agora sou apenas mais um entre sete bilhões.

—Droga!

A água caia gelada em minha barriga. Minhas costas imploravam para que eu me levantasse do chão e a tirasse da parede, mas eu estava esgotado. Se eu precisasse lutar contra Tifanny nesse momento, eu a mataria. Meu problema não era físico. Mentalmente eu não tinha vontade nem ao menos de pensar. Nada mais nesse mundo me importava mais.

Exceto meu filho. E eu me odiava por saber que ele estava melhor com Jake e Nessie do que com o pai imprevisível e transtornado que eu me tornei.

Minutos ou horas depois finalmente reuni forças para me levantar e desligar o chuveiro. Nem me importei de pegar uma toalha. Tive receio de Ness estar por perto, mas atentei meus ouvidos e constatei o silêncio absoluto na casa. No closet peguei a primeira roupa que vi pela frente. Alice certamente me mataria por essa combinação ridícula de roupa. Ela compra conjuntos de pijamas por um motivo. Agradeci ao menos que foi algo confortável, porque eu não iria trocar.

Joguei-me na enorme cama e encarei o teto. Ainda não conseguia dormir do lado da cama que era o dela. Quando cansei, minha cabeça virou para o lado, fazendo meus olhos encontrarem uma foto minha e de Carl em uma praia de águas cristalinas. Aquele maiô que ela escolheu naquele dia a deixou atraente de um modo que ficamos apenas uma hora na praia, depois eu a arrastei para o quarto e ficamos o resto do dia trancados. Suas curvas irresistíveis aquele dia estavam fora do normal.

No outro dia me deixei apresentável e fui ver meu filho. Ao encarar seus olhos verdes, o baque de realidade que me bateu de repente pareceu óbvio o tempo todo: aquele ser era a razão da minha existência. Carlie se foi e deixou um vazio profundo igual um buraco negro dentro de mim, mas agora a minha vida pertencia ao nosso filho. O meu amor de imprinting pela Carlie transbordou e passou maior para o Harry no momento em que o peguei em meus braços.

PDV Renesmee.

Jake saiu cedo de casa para ir se transformar e cuidar de algumas pendências da oficina. Eles não estavam conseguindo trabalhar por conta de toda a turbulência, então haviam alguns funcionários temporários por lá. Isso não significava a ausência total deles. Pedi para ir junto, mas ele me lembrou que eu tinha que cuidar das crianças. Tive a ideia de deixar com os meus pais, mas Sarah abriu o berreiro quando comecei a arrumá-la. De qualquer forma, mais tarde Seth apareceu, e um sorriso quase rasgador de bochechas brotou no rosto do Harry.

—Seth, fique um tempo por aqui. – pedi. – Pode não parecer, mas ele sente sua falta.

—Eu sei que sente. – ele sussurrou, emocionado, a voz embargada. Balançava seu filho em seus braços, enquanto o mesmo dava risadas engasgadas, fascinado. – Vou fazer o que Carlie gostaria que eu fizesse: cuidar do nosso filho. Fugir por aí não vai mudar o fato de que ela morreu e não vai voltar.

Nós dois derramamos lágrimas ao mesmo tempo. Tenho minhas dúvidas se o tempo melhora essa dor, ou se com Carl vai ser diferente. Se o seu fantasma vai nos sondar para sempre, nos afogando. Ou um dia vai vir algum consolo...

PDV Carlie.

Olhando para as paredes luxuosas, eram visíveis até decorações em ouro. Falei para mamãe que não era para tanto, mas ela quis ter certeza de que eu teria o melhor tratamento possível na minha estadia.

“Eu fechei um ano com uma bela gorjeta. O que? – ela perguntou ao ver meu olhar.”

“U-um ano? Eu vou ficar aqui um ano? – questionei incrédula, e Jake também a olhou boquiaberto.”

“Não! Tifanny não vai viver tudo isso. Foi só por precaução, e eu fiz um acordo de confidencialidade; você é uma hóspede fantasma para qualquer um que perguntar que não seja Jake ou eu, e eu não vou pegar um centavo de volta se romper antes do tempo combinado, o que com certeza iremos, então você estará segura aqui. Afinal, não dá para sentir seu cheiro ou qualquer outro tipo de rastro da cobertura, uh?”

Presa nesse inferno que muitos chamariam de paraíso, eu percebi uma coisa que eu já tinha noção antes, mas me atingiu como um tsunami: nenhuma riqueza na vida vale a pena sem quem eu amo do meu lado. Eu trocaria o luxo desse quarto de milhares de dólares para ouvir uma piada boba do meu tio, ou para ver o meu pai com ciúmes bobo de mim com o Seth, ou de ser o manequim humano das minhas tias. Apesar disso eu estava sendo obrigada a ficar aqui para não arriscar a minha vida e a vida de quem eu amo.

Semanas sem sair do quarto, já que tenho tudo o que eu preciso. Mas nada do que eu quero. Sentia falta de pisar descalça na grama do quintal de casa, escalar as árvores altas com Ness, sentir o musgo colar entre meus dedos. Correr e sentir o vento bater em meu rosto, voar montanha acima montada no meu lobo castanho claro. Isso tudo faz doer. Me faz chorar, por que eu não posso fazer nada disso.

A porta foi destrancada, e eu assumi a posição de ataque. As camareiras não entravam assim, e eu sempre achava que poderia ser Tifanny ou outro capanga dela. Mesmo mamãe tomando todas as precauções, minha mente vira e mexe me prega peças.

—Ow, ow, ow, calma aí, gata. – Jake correu para se defender quando meus músculos se tensionaram em prontidão para saltar. – Relaxa, leão da montanha. Sou apenas eu.

Suspirei, livre de um encargo nas costas e me arrumei, me jogando novamente no sofá.

—Sua mãe já falou mil vezes que só ela e eu entraremos aqui. Salvo camareiras. – completou apressado ao que eu abri a boca. – E elas só entram quando você não está à vista, certo?

Odiando lhe dar razão, concordei com a cabeça.

—E a oficina?

—Engraçadinha.

—É sério, você e nem Seth estão trabalhando. Sei que você vem me ver com a desculpa de resolver assuntos do trabalho, mas você passa lá mesmo assim.

—Zain e Tom estão fazendo um belo trabalho. Sinceramente ser um CEO não me parece uma má ideia.

Ri, feliz por ele.

—Estou tentando convencer Seth a voltar a trabalhar comigo, mas está difícil. Ele mal voltou a interagir com Harry.

As lágrimas fugitivas que caíram dos meus olhos denunciaram o quanto aquilo me fazia mal. Me lançou um olhar como quem pede desculpas.

—Olha, trouxe um presente para você. – ele revelou, me entregando o embrulho. – Sei que as tem pelo celular, mas em um tamanho maior acho que pode te fazer melhor.

Rasguei rápido e me surpreendi com um álbum de fotografias. Eram poucas, mas tinha todos os membros da minha família.

—Puxa, Jake. Obrigado. – engasguei na pronuncia, e nem consegui o olhar. – Mas-mas eu não quero precisar matar a saudade por fotos.

—Não começa, Carl. – pediu, roubando um petisco do meu prato. – Não vamos precisar manter essa farsa por muito tempo. – ele prometeu. – Quando a sanguessuga movedora de coisas cruzar nosso caminho novamente, ela já era.

—E se nunca mais ela aparecer?! – praticamente cortei o fechamento da sua frase, começando a me alterar. – E se nunca mais eu poder sair desse quarto, pensando que um dia ela voltará, mas não vai? Seth vai ficar sofrendo para sempre? E se ele decidir um dia dar fim à sua vida? Eu não vou poder acompanhar o crescimento do meu filho? Rever meu pai? Minha irmã? É isso que está querendo me dizer?

A esse ponto eu estava de pé na sua frente. Me olhou parecendo muito culpado. Talvez estivesse. E me abraçou.

—Olha, vamos esperar apenas mais um tempo. – ele murmurou perto do meu ouvido, sua voz calma como um sereno na noite. – Sei que pode aguentar a barra mais um pouco. Você é forte. Apenas queremos garantir que não corra risco novamente.

O choro me dominou, e eu apertei sua cintura. Naquele momento, era tudo o que eu precisava. De um abraço.

—Eu posso aguentar a eternidade, se precisasse. – engasguei entre meus soluços. – Mas esse sofrimento não é só meu. Minha família toda sente minha falta, eu sei disso. Eu aceitaria essa dor se eles estivessem isentos dela. Sei que eles lamentam minha morte.

—Sentem mesmo. – ele me deu razão. – Quando você ficou inconsciente e Bella ficou cuidando de você aqui, foi uma decisão muito difícil de ser tomada. Edward não parava de ligar para ela, e Ness para mim. Não podíamos arriscar eles desconfiarem. Quando voltamos para casa e demos a notícia... nem durante a gravidez da Bella o clima tinha ficado tão pesado. Semelhante a uma névoa pairando sobre nossas cabeças, mas não podíamos ver. Só sentir.

Me afastei para dar uma olhada em seu rosto, e ele estava abalado com o seu relato.

Eu chorei mais ainda.

—Seth sumiu por semanas desde que dissemos para ele que você estava morta. – ele continuou. Não sabia se era um desabafo seu, ou só queria me colocar a par dos detalhes. – Harry ficou conosco o tempo todo, Sarah e ele estão inseparáveis. Edward e Bella precisam levar os dois para casa quando querem passar um tempo com os netos, porque aonde um vai, o outro vai atrás. São gêmeos de mães diferentes.

Ri em meio ao choro.

—Mas ele voltou. Seth está melhor, e focado em cuidar do Harry por vocês dois.

Eu já tinha ensopado a pele dele com água salgada. Meu rosto ficaria um pouco inchado quando eu me recuperasse da crise de choro. Entretanto nada mais me importava, além de tirar a dor que todos estavam sentindo por minha causa.

—Talvez ele tenha aceitado o fato de que você já se foi. – prosseguiu com ao seu relato. – Mas ele anda muito desconfiado de que você não morreu.

Isso me surpreendeu, e as lágrimas de tristeza se transformaram em lágrimas de esperança.

Eu me afastei um pouco do abraço para olhá-lo em seus olhos, para ter certeza de que ele não estava brincando com isso. Logo após me xinguei por dentro; Jake jamais zombaria de mim assim.

—Sério? – indaguei, a felicidade me rasgando por dentro. Se Seth tivesse uma pontada de esperança, talvez fosse menos insuportável para ele.

Assentiu com a cabeça, confirmando sua versão que ele mesmo disse.

—Mas o que o levou a ter essa desconfiança? – falei, agora curiosa.

—O fato de ele não ter parado de sofrer, já que na cabeça dele, quando a pessoa do imprinting morre, o imprinting da gente tem que morrer junto.

A alegria me tomou conta. Mas ainda havia algo em seu rosto que não demorou muito para decifrar. A relutância.

—O que mais você tem para me contar sobre isso? – pressionei, e ele respirou fundo por perceber que eu não deixei passar em branco.

—Ultimamente ele tem novamente raciocinando que, como o imprinting é para toda vida do lobo, ele está destinado a sofrer com a sua morte.

Cambaleei um passo para trás, e se não fosse pelos braços de Jacob me segurando, eu teria levado um tombo. Minhas pernas enfraqueceram e eu não estava afim que tentar me ajudar a levantar caso eu caísse. Por um segundo, só por um segundo eu pensei que ele tivesse deixado de lado a dor da minha perda. Mas ele voltou a sofrer. Ótimo.

—Senta um pouco. – ele aconselhou.

Fiz o que ele me pediu. Depois de alguns minutos, lamentou que tinha que ir, ou Ness desconfiaria de sua demora. Ficou culpado por me deixar sozinha naquele estado, mas garanti que não havia problemas, já que teria que aguentar mais tempo e já aguentei bastante.

Mais uma vez, a dor de ficar sozinha – talvez para sempre – me dominou novamente. Sem ninguém, nem mesmo meu filho. Meu pai. Meus avós, meus tios, minha irmã, meus amigos.

Talvez essa fosse minha nova realidade.


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