PDV Carlie.

Eu imaginava que todos dentro da casa estavam curiosos sobre o nosso silencio repentino.

“Como assim? O que você quer dizer? Do que está falando?” pensei nervosa.

"Ah, não vem com essa de "Do que está falando?"" ela pensou impaciente. Meu coração parecia que ia saltar pela boca com sua acusação. "Fala aí, vocês se beijaram?" Fiquei confusa com sua empolgação.

—Err... – eu não sabia o que dizer.

Ela me deu uma tapinha na minha cabeça e apontou para a própria testa. Ahh, nossos familiares.

"Na verdade", abaixei a minha cabeça um pouco triste, "não rolou nada. Infelizmente não. Tudo por causa das malditas penas das almofadas italianas.".

Ela olhou-me confusa, então fechei os olhos e repassei o máximo que consegui de ontem – a parte dos meus sonhos mostrei com timidez.

"Espero que possa manter isso fora da cabeça de papai", avisei séria, apavorada de ele descobrir. "E é isso" falei dando de ombros.

“É claro que não vou pensar nisso. Não é só sua cabeça que está em jogo. Mas eu estava torcendo para isso dar certo...”

“O que dar certo?” a interrompi.

E então seus pensamentos se fecharam para mim. Estreitei os olhos para ela, agarrando sua mão. Inútil. Ela não queria mais me passar nada.

“É sério que vai jogar isso em cima de mim e me deixar no escuro?” indaguei, incrédula.

Suspirou.

E então pegou minha mão.

"Foi tudo um plano meu." ela explicou.

"Sabe que estou confusa, não sabe?"

"Sei." ela respondeu. "Vou te explicar tudo.".

PDV Renesmee.

Acordei muito cedo e não consegui mais dormir. Acho que meu relógio biológico estava programado para o automático.

Fazia umas duas semanas que voltamos da ilha da mamãe. E eu tenho notado algo diferente na Carlie. Quando ela pensa no Seth, ela parece mais completa, mais... Feliz. De um modo diferente quando fica com a gente.

Talvez seus sentimentos tenham mudado tão depressa que nem ela havia entendido. Mas percebo seus sorrisos tímidos e seu olhar brilhar para ele.

Acabei tendo uma ideia. Uma super ideia que eu esperava que desse certo. Só tinha uma maneira de ver isso.

Levantei-me e fui tomar um banho. Não demorei muito. Estava ansiosa.

Quando sai do banheiro, coloquei um vestido colado e uma legging. Logo em seguida um All Star.

Fiz tudo isso fazendo barulho propositalmente, para anunciar que estava acordada.

Fui ao quarto dos meus pais e bati na porta.

—Mamãe?

—Entre, querida – ouvi a voz do meu pai.

—É seguro? - hesitei.

—Totalmente. - ouvi sua risada.

Abri a porta.

—Cadê vocês? – perguntei.

—Bom dia, flor do dia. – ela apareceu com uma roupa linda e tradicional. Uma blusa normal, mas que destacavam seus olhos, e uma calça jeans clara que combinava perfeitamente com a blusa. Seus cabelos soltos.

—Uau, mamãe – falei pasma, mas com um sorriso no rosto – está saindo demais com a tia Alice.

—Obrigada, querida. – caminhou até mim e me deu um beijo.

— Mas aonde vocês vão?

—Escutamos você vindo e presumimos que você queria caçar – papai falou de dentro do closet. - Já faz um tempo desde a última vez.

—Acertou. – sorri, cantando de forma casual uma música na minha cabeça.

—Carlie nos espera?

—Não.

—A Carlie não vai? – ele falou saindo de lá com uma blusa caqui e uma calça jeans.

—Não. Deixe ela dormir. Está na casa grande. Ela dormiu muito tarde ontem. E você está lindo.

—Obrigado, meu anjo. Carlie vai ficar entediada e vai se chatear por não a levarmos. Somente Esme estará em casa, e não acho que ela aprecia a ideia de passar o dia jogando no videogame.

—Oh, vamos passar na reserva para chamar Seth. Ele vai ficar com ela, já que logo estaremos partindo novamente. – dei de ombros.

—Não. – meu pai falou firme. – Esme é mais do que capaz de ficar com ela. – papai mudou de ideia na hora em que mencionei o nome dele.

—Acho que vovó não aprecia a ideia de passar o dia jogando jogos. – contra-ataquei, sorrindo convencida.

—Ela não vai ficar com Seth fora do meu alcance ocular, auditivo e mental.

Não pude deixar de revirar os olhos.

—Edward, não seja tão duro. - mamãe tentou. - Carlie vai ficar feliz de ter Seth um pouco por perto.

—Papai, Seth e ela são bons amigos. - tive cuidado em não pensar em nada suspeito ao dizer isso. - Além de que temos que aproveitar nossa curta estadia em Forks. Carlie sente tanta falta de Seth como eu senti de Jake. Sabe disso.

Isso ele não podia recusar.

—-Esme vai ficar de olho o tempo todo. - falou entre dentes.

—Ela não deixaria Carlie sozinha, papai. Por favor, seja razoável. Relaxe.

—Acho que está parcialmente bem. Vamos indo. E relaxe.

Não contive a gargalhada que escapou por entre meus lábios.

—Vou dar uma caminhada pela trilha enquanto espero vocês.

—Mas por quê? Já estamos indo – Mamãe falou confusa.

—Ah, claro. Vocês pensam que eu não sei o quão melosos vocês são?

Eles riram de mim.

—Tchau – falei e saí.

Quando tive certeza de que meu pai não ouviria meu pensamento sem se concentrar, - algo que ele, com certeza, não faria - me permiti relaxar um momento.

Ótimo. Uma parte do meu plano já estava em prática.

Sentei nas raízes de uma árvore enquanto esperava. Eu sabia que ia demorar um pouco.

Mas e se meu plano for por água a baixo? E se não acontecer nada? Seth também pode sentir algo por ela, não pode? Não sei se o que Seth demonstrava era apenas fraternal.

Do modo em que Carlie está, tenho certeza de que ela não quer forçar a barra. E ele é tão idiota que, se sentir algo por ela, também não quer insistir. Outro que brilha os olhos por minha irmã. Por que será que os homens são tão complicados?

Ou Edward é complicado. Ia criar a terceira guerra mundial com possíveis pretendentes. Eu sei bem o que é isso.

Ouvi-os a distância, e de imediato comecei a cantar qualquer música de meu Ipod na mente.

Segundos depois, lá estavam eles.

—Como vocês demoram, viu!

—Ou você que é impaciente. – papai retrucou, reconhecendo minha provocação.

—Ou vocês que pensam que todos desse mundo são pacientes. Qual é?! Vocês tiveram a noite toda, agora que eu peço um tempo, vocês me ignoram. – falei dramática com a mão no coração.

—Ahh, como ela serve para se tornar atriz – Mamãe falou rindo.

—Claro, se eu não fosse congelar no tempo daqui a algum tempo, até que seria uma boa opção – dei de ombros –, mas vamos logo que eu preciso passar na reserva ainda.

—Não sei por que chamar o Seth. Carlie estará perfeitamente bem com sua avó. E aposto que Esme vai adorar passar a tarde com ela. – ele insistiu. Papai não queria dar uma ordem direta, porque ele sabia que Carlie sentia falta de Seth. Apenas pela tela do computador durante anos não é suficiente.

Arqueei uma sobrancelha em sua direção, sabendo que estava me ouvindo. Apenas estreitou os olhos para mim.

—Edward, nós vamos passar na reserva e ponto final – mamãe disse, reconhecendo seu drama.

—Não precisa fazer tempestade no copo d água. Tem que fazer dilúvio em tampinha de xarope.

Eles riram.

Correram em direção a La Push comigo nas costas da mamãe. Não demorou muito. Apesar de ser mais rápida que um ser humano, era mais lenta que um vampiro. E hoje não queria perder tempo... queria ver Jake - outro que é mais rápido que eu, claro, na forma de lobo.

—Vamos esperar aqui. – mamãe falou – aproveita e chama o Jake.

Papai choramingou.

—Claro – exclamei feliz, o ignorando.

Fui caminhando pelas ruas e, para a minha sorte, eles estavam na garagem.

—Vocês têm a tarde toda para fazer isso, por que fazer tão cedo? – chamei suas atenções.

—Hey, Ness. – Jacob sorriu mostrando todos os seus perfeitos dentes enquanto vinha me dar um abraço rodopiado.

—Oi Jake. Oi Seth. – falei quando ele me soltou. Abracei o outro lobo.

—O que faz aqui tão cedo? – Jacob perguntou.

—Carlie veio também? – fiquei feliz ao vê-lo tão ansioso só de pensar que ela estava aqui.

—Não. – falei rindo e sua cara desmoronou no mesmo instante – Ela não veio. Eu queria ir caçar e falei com os meus pais para deixá-la em casa. Então vim aqui ver se você podia ir lá a minha casa para ficar com ela até chegarmos...

—Claro que sim. – ele disse rapidamente.

—Que bom. – sorri – Então, Jake. Você quer ir caçar conosco? – falei dando o meu sorriso torto.

Seus olhos pareciam hipnotizados nele.

O corpo de Seth estava vibrando com o seu riso silencioso. Até que ele não aguentou e riu alto, seguido de um tapa aberto – e barulhento – nas costas de Jake. O mesmo vacilou pela surpresa, acordando do transe.

—Você não quer ir, Jake? – Seth caçoou.

—Claro, claro. – finalmente respondeu – Eu vou sim. – ele respirou fundo para tentar se acalmar.

—Eu já vou indo. – sua última palavra saiu risonha e Jacob torceu a cara para ele - Fui!

—Então, vamos?

—Claro – ele disse.

Fomos de encontro aos meus pais. Mamãe estava feliz de ver Jake de novo, e eles trocaram um abraço. Murmurou um “Hey, Edward” para um vampiro mal humorado. Meu pai só acenou com a cabeça. Revirei os olhos.

Ele se transformou e fomos. Dei um jeito de demorarmos para dar mais tempo para eles.