A Irmã De Renesmee 1ª e 2ª temp- Fanfic em revisão escrita por Karina Lima


Capítulo 26
Manto Negro (E)




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Minha cabeça rodava muito. Toda vez que começava a clarear minha mente, tudo escurecia de novo. E agora que parou, ela estava pesada.

Me forcei a abrir os olhos. Dei uma olhada em volta. Era um quarto frio, tanto de aparência quanto de temperatura. Não havia piso nem luzes. A única iluminação vinha de um quadrado na parede, e no lugar de janelas eram grades. Parecia uma cela, porém sem a cama e a privada. Era só... um quarto vazio.

Olhei a minha volta e enxerguei Renesmee caída no chão assim como eu quando acordei.

—Nessie. – eu fui até lá e a balancei tentando acordá-la. – Nessie. Renesmee, acorda. – sussurrei, o desespero tomando conta de mim. – Por favor, acorda. O que eles fizeram com você? Por favor... – sussurrei sem saber mais o que fazer. Embalei sua cabeça em minhas pernas e comecei a chorar.

PDV Seth.

Acordei num sobressalto sentindo um aperto no peito. Algo de ruim estava acontecendo. E era com a Carlie.

Fui à sala e peguei o telefone, discando o número de Renesmee. Caiu na caixa postal. Tentei Alice.

Alô?

—Alice, aqui é o Seth.

Olá, Seth. Quanto tempo! Como você vai?— ela perguntou gentilmente.

—Vou bem, mas a Carlie está? – perguntei impaciente.

Não, ela não está.— ela respondeu sem se ofender com o meu tom. – Foi caçar.

—Ela foi sozinha? – minha voz saiu com medo.

Não. – por um segundo fiquei com alívio. – Ness foi junto, por quê?

O medo aumentou dentro de mim, e eu não conseguia me livrar da sensação ruim que me tomava conta.

—Vocês as deixaram ir sozinhas? – perguntei incrédulo.

Por que não deixaria?— ela perguntou surpresa.

—E se acontecer algo?

Relaxa, Seth.— ela tentou me confortar. – Elas sabem se cuidar.

—Tudo bem. – tentei relaxar, sem muito sucesso. – Por favor, quando elas chegarem você pode me avisar? – pedi.

Claro que sim.— ela falou em sua voz gentil. – Até logo.

—Tchau. – falei e desliguei.

Calma Seth, ela está bem. Calma!

Me joguei na cama, me xingando quando ouvi uma parte se partir.

Ficar ali não ia ajudar. Me levantei e fui para o chuveiro.

PDV Carlie.

Eu tinha que ter falado para alguém vir conosco, agora nem sei onde estamos.

Procurei freneticamente em meus bolsos pelo meu celular. Fiquei surpresa de ele estar ali. Nem sei como havia chegado, e achei que quem tiver nos raptado ia querer cortar nossas ligações. Disquei o primeiro número que qualquer membro da minha família que eu achei.

—Alô? Mamãe! – falei assim que ela atendeu.

Querid, o qu houve? Onde você está? O snal está péssim...— não estava conseguindo ouvir muita coisa.

—Eu não sei. – falei rápido. – Fomos sequestradas por dois vampiros... Estou com medo, mamãe.

O sinal ainda estava baixo, então andei pela sala até ter algum ponto a mais, com sucesso.

Os Volturi?— sua voz estava desconfiada, e temerosa.

—Eu não sei. – comecei a soluçar. – Pode ser. Quem mais iria nos sequestrar?

Como se fosse um borrão, a porta se abriu. O que me deixou surpresa foi quem estava lá.

—Demetri? – perguntei aterrorizada. Meus medos se concretizaram. Eram os Volturi!

Algumas vozes falavam do outro lado da linha, só que meus ouvidos zuniram por alguns segundos. Eu estava ficando zonza.

—Olá, Carlie. – ele sorriu, me dando arrepios. – Quanto tempo.

Não respondi. Meu coração esmagava no peito.

Carlie?— mamãe me chamou no telefone. – Você disse Demetri?

No outro segundo, meu celular foi esmagado, os restos jogados no chão.

Senti minha boca secar, sem ter a certeza do que viria pela frente. Com o olhar assassino e psicopata dele, não havia muito o que duvidar.

Jogou duas bolsas de sangue ali.

—Alimentem-se.

E saiu, trancando a porta.

—Nessie. – corri até lá ao ouvir sua movimentação. – Renesmee, você tá bem?

—Estou bem... Onde estamos, Carlie? – ela me perguntou.

—Volterra. – respondi num sussurro, e ela empalideceu.

—Como sabe?

—Demetri acabou de aparecer... e deixou aquilo.

Apontei com o nariz.

—Isso não deve ser sangue de animal. – ela estremeceu.

—Não, não deve. – concordei baixinho.

Eles não iriam se dar o trabalho de caçar algum animal para nos alimentar.

A abracei em silêncio, sem saber quanto tempo teríamos que esperar. Se nossa família iria nos encontrar vivas. E se iria nos encontrar.

—De onde você conhecia aquele vampiro?

—Foi em Forks. – repeti. – Quando eu estava impedida de ver Seth, saí com tio Jazz para tomar um sorvete. E tive esse esbarrão nele.

—Esbarrão? – franziu a testa.

—Agora sabemos que os Volturi deviam estar nos vigiando há muito tempo. – sorri sem humor. – O sol estava ali, exatamente onde nosso tio tinha que passar para chegar até mim, por isso deu tempo desse vampiro se aproximar.

Nos abraçamos, encostadas na parede.

Acordamos com a porta sendo aberta, Felix ali com Demetri. Pegaram a gente pelos braços e nos forçaram a caminhar. Eu tropecei algumas vezes, já que minhas pernas tremiam de medo.

Eu sabia que era inútil lutar. Então segui o fluxo. Passamos por um corredor escuro. O medo me consumindo a cada segundo que passava.

Continuamos assim até ele diminuir seus passos em uma ampla sala, que parecia uma antiguidade. Seus traços denunciavam o quão antigo aquele lugar era. Ao andar mais alguns passos, entendi do que se tratava. E então me recordei de ver aquele mesmo lugar numa pintura na mansão dos meus avós.

—Aro. – comentei, tudo se encaixando em minha cabeça.

—Olá, Carlie, Renesmee. – ele sorriu alegre. – Como vocês estão?

—Espero que sem marcas. – olhei para as mãos de Felix de forma sugestiva.

—Que falta de cortesia a minha. Soltem as garotas, meus caros. Elas não a lugar algum.

A promessa camuflada em sua voz me enviou um arrepio pela espinha. Os vampiros nos soltaram, e Nessie veio para perto de mim.

—Como está a sua família?

—Está bem. Deve estar a nossa procura. – tentei parecer casual ao alertá-lo.

Ele riu alto, não se deixando enganar.

—O que fazemos aqui, Aro? – Ness perguntou, sua voz tremendo.

—Mas que indelicadeza minha. – ele disse para si mesmo. – Pelo o que eu soube da nossa querida Tifanny. – fiquei chocada ao nota-la de manto preto bem ao seu lado. Ela sorria vitoriosamente, mas ele não parou – você expôs o nosso segredo para humanos.

—Como você soube sobre isso? – perguntei incrédula.

—Quer contar a sua história, Tifanny? – Aro a perguntou. Ela deu um passo à frente e me encarou sem parar de sorrir. O manto negro e o batom vermelho sangue que usava a deixavam especialmente mais pálida do que os outros ali.

—Eu conheci Adrian – apontou com a cabeça e eu o vi também de manto negro. – na rua e me encantei com ele. Me revelou seu segredo sabendo que Aro não iria me deixar ficar humana, e então me transformou.

—Você era um Volturi. – acusei-o. Apenas sorriu para mim. Um sorriso nojento.

—Sim. – ela respondeu ao invés dele. – Ele furtou uma loja de lentes de contato. Bastou para o que precisávamos.

—E você contou a ele o que você fez a Carlie e Seth? – Renesmee cuspiu.

Seu sorriso se desmanchou na hora.

—O que? – Adrian interferiu. – O que você fez?

—Não foi nada. – ela lhe deu um sorriso. – Apenas coisas humanas estúpidas.

—O que te levou a escolher eles a se juntarem a vocês? – perguntei a Aro.

—Eles têm um poder incrível. – ele respondeu com um brilho nos olhos. – Adrian tem o poder de hipnose. Nossa querida Tifanny... bem... por que não mostra?

O pânico tomou conta de mim, sem saber o que esperar.

O chão sumiu dos meus pés, e eu via em um 360 pela altura. Uns quinze metros de altura, talvez vinte tinha aquela sala.

—Carlie! – Ness gritou paralisada, mas eu percebia que ela lutava contra.

Ela fora hipnotizada.

—Me põe no chão. – gritei, minha voz vacilando. – Como pode abandonar sua família?

—Você realmente acha que se eu me importasse com eles, eu teria vindo pra cá? – ela revirou os olhos.

—Você não tem coração. – falei pasma.

—Eu ainda não sou completamente responsável pelos meus poderes, então acho melhor tomar cuidado com a língua.

Não esperava ver a sala se movendo naquela velocidade. E quando bati contra uma parede eu entendi que era eu que estava sendo movida. Caí do chão com um baque. Arfei quando o ar fugiu dos meus pulmões. Eu podia sentir meu corpo todo dolorido, mas não conseguia distinguir as partes exatas. Ness gritava meu nome, agoniada.

—Eles não significam nada para mim. – fiquei completamente chocada com as suas palavras. Meus olhos se encheram de lágrimas por saber que existe uma pessoa assim. Era impossível eu imaginar minha vida sem minha família.

—Você é um ser desprezível. – rosnei.

Meu corpo voltou a flutuar, dessa vez em direção a um pilar. Se partiu com o meu impacto. Algo quente escorria pela minha testa. Levantei a mão para tocar, e vi sangue em meus dedos. Algo doía dentro de mim, e não demorou para eu perceber que era costela. Não sei se estava quebrada.

—Pare, por favor. – Renesmee implorava chorando.

Levantei-me cambaleando alguns passos, ficando finalmente de pé.

—Então por que você nos expôs? – Aro voltou a falar muito mais gentil do que antes. Lembro-me de minha mãe me falando de que quando sua voz ficava mais gentil ainda, era mais ameaçadora.

—Eu sei da sua lei. – comecei firme. – Sei que... humanos não podem saber do nosso segredo. E eu a conheço. Ela vai querer se transformar um dia. Ela vai querer viver para sempre com o namorado transfigurador.

Estiquei meu dom até sua mente, o deixando saber da minha sinceridade. E então eu também podia ouvi-lo. Conseguia ver sua sede de poder, sua psicopatia pelos humanos. Aro adorava cada membro de sua guarda, porém não por eles em si, somente pelos dons que agregavam para sua força e poder.

Ela vai querer se transformar um dia. Prometi, certa disso.

Me olhou curioso, atônito com essa estranha conexão entre nós.

Fascinante...

E no outro segundo, ele estava na minha frente, seus dedos roçando minha pele da bochecha como se fossem uma bolha de sabão que pudesse estourar ao menor deslize.

—Incrível a evolução do seu dom, preciosa Carlie. – sibilou com deleite. Eu paralisei, não esperando por isso.

Olhar naqueles olhos vermelhos era de se temer. Tão perto de mim, tão perigoso. Era só eu piscar, e suas presas estariam fincadas em minha jugular. Para não ter que ficar me segurando, quebraria meu pescoço. Ou não, podia ser que eles gostassem de ver o sofrimento de sua vítima.

Ouvimos um barulho do lado de fora das portas, e Aro parecia saber, pois fez um muxoxo com a boca e se inclinou ligeiramente para longe de mim.

—Meus queridos, que prazer em vê-los. – os cumprimentou com entusiasmo.

Me virei, e o alivio tomou conta de mim ao ver meus pais e meus tios ali.

Os olhos do meu pai passavam de mim para Ness, ansiando em vir nos buscar. Mas sabia que isso poderia se tornar uma briga onde a derrota era certeira.

—Carlie. – minha mãe exclamou horrorizada com o que via em mim. Envergonhada, abaixei o rosto.

—Mamãe. – minha irmã gritou. A olhei, e Felix agora segurava seus braços.

Dei um passo vacilante na direção da minha família, e como previ, Demetri não deixou.

—Deixe minhas filhas em paz. – papai ordenou, sua voz sombria.

—Ora, ora Edward. – Aro o cumprimentou, ignorando a violência em sua voz. – Quanto tempo, não é mesmo? Eu não esperava que nós fossemos nos encontrar aqui.

—E desse jeito. – papai concordou, frio.

—Pai. – sussurrei e ele me olhou. Seu olhar era de puro ódio, entretanto não era direcionado a mim.

Ouvi um sibilo atrás de mim, ao mesmo tempo em que as mãos que me seguravam desapareceram. Ness também estava livre.

Olhei ao redor dali, parando em minha mãe. Ela tinha um pequeno sorriso presunçoso em seus lábios. Minha irmã veio até mim, colocou o meu braço em seu pescoço e me carregou em direção a nossa família.

—Qual foi o motivo, Aro? – ele o perguntou.

—Meu Caro Edward. Você sabe que é contra lei nos expor desse jeito.

—Eu já disse o que vai acontecer. – me intrometi. – Vai ser assim. Você viu em minha mente.

Fui vaga, já que tia Rose estava ali, e ela iria surtar com isso, estragando tudo.

Ele pensou seriamente nisso.

—Tudo bem. – ele respondeu.

—Você vai deixar isso, mestre? – ouvi a voz incrédula de Jane e mamãe rosnou para ela.

—Já vi o suficiente.

Tentei engolir em seco enquanto assentia.

—Podem ir. – Aro estendeu a palma da mão, nos dispensando. – Me perdoem pelo incomodo.

—Claro. Eu espero que não se repita. – meu pai respondeu, seu olhar sombrio.

Ele me carregou em seus braços por ali a fora. Não reclamei. Estava muito cansada, meu corpo todo dolorido. Não sei quanto tempo ficamos ali, mas imaginei que alguns dias pela irritação em minha garganta.

Meu pai insistiu algumas vezes de eu falar, mas o cansaço não deixava nem eu esticar meu poder. No aeroporto, ele e mamãe fizeram um rápido exame em mim, e constataram duas costelas quebradas.

Finalmente no avião, repousei ao lado de minha mãe. Fechei os olhos, me sentindo melhor com o pão de queijo recheado do aeroporto. Consegui manter uma conexão estável, e mostrei tudo o que aconteceu desde que chegamos.

—Por que não falou antes...? – ela falou em choque. – Eles teriam pagado por isso.

—Por esse motivo. – apontei. – Não podemos ir contra eles.

—Eu tenho o escudo, minha querida.

—Eles têm novos em sua guarda. Não sabemos quantos, mas não seria legal fazer um teste em uma luta ali.

Pela primeira vez deixei minha mãe sem fala.

—Eu fiquei com tanto medo. – respondi quase num sussurro.

—Calma, meu anjo. – ela me abraçou. – Está tudo bem.

No banco de trás ouvi tia Alice conversar com alguém. Concentrei-me na conversa e me chocou saber com quem ela falava.

—Relaxa, Seth, ela está bem agora... Eu não acho uma boa ideia você vir... Não por mim, mas ela não vai gostar...

Suas palavras cortaram quando coloquei os fones de ouvido que era oferecido no avião, e coloquei o primeiro filme de comédia no volume máximo.

Acordei já com o avião pousando. Era de tarde, e não demoraria para cair a noite. Collin e Brady estavam ali, nos esperando perto da esteira de bagagens.

—Carlie. – Collin me abraçou delicadamente. – Como você está?

—Estou b... – fui interrompida pelo Brady.

—Oh, Carlie! – ele me puxou para um abraço firme. E foi interrompido de imediato por Nessie.

—Nada de abraços. – ela o repreendeu. – Está machucada, seja delicado.

Ele assentiu na mesma hora.

—Como você está? – afagou meu braço, me fazendo rir.

—Mal. – admiti. Meu rosto já estava bem melhor, mas meu pai colocou um curativo para não chamar atenção. Minhas costelas... bem, não tinha jeito. Iria ter que chegar em casa para me tratarem.

—Carlie? – ouvi tia Alice me chamando.

—Hum? – me virei para ela.

—Pode vir aqui um momento?

—Claro. – me dirigi ao seu lado com tio Jazz.

Ela me ofereceu o seu celular, e eu sabia o que era pelo aviso em seu olhar. Suspirei e o peguei, me dirigindo para um banco ali perto. Eu sabia que a privacidade era falsa, mas não me importei.

—Alô? – hesitei com o aparelho contra meu ouvido.

Carlie!

Fechei os olhos ao ouvir sua voz, carregada de alívio. Sua voz era o paraíso, mas machucava.

Deus sabe como é bom te ouvir. Eu fiquei tão preocupado...

Não estou nada bem. Eu não paro de pensar em você, eu não consigo me perdoar por ter ido embora, mesmo que tenha sido a melhor decisão. Eu imagino os seus lábios nos meus, o teu corpo colado no meu. Às vezes eu me vejo pensando em cada momento que eu passei com você e vem um sorriso bobo no meu rosto. Sinto saudades de cada palavra que você dizia para mim, do nosso primeiro beijo, de cada detalhe mesmo que pareça insignificante, mas eu sinto saudades pelo simples motivo deles terem sido com você. Eu quero você de volta, eu preciso. Não vou conseguir seguir a minha vida sem você, eu te amo.

Engoli seco, me preparando para responder.

—Estou bem. – falei simplesmente.

Alice me disse sobre vocês, sobre o sequestro...

—Sim, vamos ficar bem. – o interrompi. Não sabia o que falar. – Como está vovô? Me sinto mal por ter ido sem falar com ele.

Charlie está morrendo de saudades. Mesmo que tenha ficado com ciúmes, ficou chateado por termos... Por você ter terminado o nosso namoro.

—Seth... – fiquei surpresa pelo prazer súbito de dizer seu nome.

Não estou insinuando nada.— ele falou rapidamente. – Só estou dizendo como Charlie ficou rabugento porque vocês não estão mais aqui.— riu para si mesmo. – Emily trouxe Jayden para ficar com ele um pouco. Alias, Leah não está sentindo falta dele, não?

—Ela vai sobreviver. – garanti. Eu tinha a impressão de que não estávamos falando sobre Leah e Jayden.

Ele ficou calado por alguns segundos.

Estou com saudades.— ele murmurou.

Fechei os olhos com força, me obrigando a não deixar os sentimentos virem à tona.

—Seth... Eu...

Parei um momento, vendo minhas malas já recolhidas.

—Tenho que ir. – continuei, firme. – Preciso descansar.

Entendo.— suspirou. – Tchau, Carlie.

Com lágrimas nos olhos, apertei o botão de encerrar a chamada. Já era doloroso o suficiente sem me despedir com palavras.

Fui até eles, com cuidado nos meus passos para não piorar meus ossos fraturados. Fomos no Volvo de papai, somente os quatro. Ness fez tipo uma cama com o seu corpo para que eu deitasse nela, e eu a agradeci em sua mente. Aquilo me confortou, e meu corpo relaxou demais.

—Nós temos duas filhas abençoadas. – ouvi minha mãe dizer antes de apagar.

—Com certeza. – quase pude ouvir o sorriso do Papai. Depois disso peguei no sono.

PDV Renesmee.

Estava tentando apagar aquela cena da minha mente desde que saímos do antro daqueles vampiros psicopatas. Minha irmã sendo jogada para lá e para cá por algo invisível foi aterrorizante, e eu não pude fazer nada. Mais ainda aterrorizante do que estar perto dos Volturi. Aquele vampiro me pegou desprevenida quando me hipnotizou para que meu corpo não se movesse. Eu estava petrificada. Só queria pegar ela e sair correndo, a proteger.

Abracei seu corpo machucado, tentando não me mexer de forma brusca para não a acordar.

De repente desejei que Jake estivesse aqui. Carlie sofreu ferimentos físicos, entretanto minha mente ainda estava machucada com a história de mamãe e ele. Eu o queria aqui, ao mesmo tempo não. Que confusão.

Mamãe e papai conversavam no banco da frente, e eu mal prestava atenção. Observei o lindo rosto dela, e tive o impulso de chama-la. Eu estava ficando esgotada de não falar com ela. Mas toda vez que eu a via, eu lembrava de tudo. O que adianta eu ter deixado ele para trás, e trazido a outra metade que me dói?

PDV Carlie.

Ao chegar em casa, fui levada para a biblioteca. Agora parecia um consultório médico. Tudo equipado para exames.

Fui devidamente tratada, e logo me foi passado o script para lidar com William. Afinal, ficamos sumidas por dias.

A noite finalmente tinha caído quando olhei pela janela. Ele havia voltado de seu almoço atrasado e estava trabalhando há um tempo. Decidi ir a seu encontro.

A casa estava vazia. E eu sabia que eles estavam patrulhando por precaução.

—Carlie! – ele gritou quando me viu. Fiz sinal de parar com as mãos, ao que ele parecia eufórico para me abraçar. – Eu não ia te abraçar forte, eu juro. Os doutores Cullens me deixaram sabendo sobre a sua condição. Atropelamento, hein?

—Nem fale. – suspirei, o abraçando. Seu calor humano era reconfortante. – Fomos atravessar a rua e um louco de carro passou no semáforo vermelho. Empurrei Ness, mas não tive tempo de sair.

Levantei minha regata, mostrando a faixa envolta de minha silhueta.

—Não só isso, pelo o que parece. – seus olhos se entristeceram ao roçar os dedos em minha testa, meu queixo e a maçã do rosto, tudo coberto por curativos.

—Fiquei em observação por precaução. Não foi nada de outro mundo. – garanti, segurando sua mão. Agora me sentia mais leve, já que tinha a doença como desculpa para a minha temperatura. – Minha irmã ficou comigo porque somos grudadas desde sempre. Se recusou a sair de perto de mim.

—Tem sorte de tê-la como irmã. – ele se admirou.

—Eu sei. – sorri, deixando claro se ela estivesse bisbilhotando.

PDV Mayra.

Vampiros. Lobisomens. Eu achei que estaria acostumada com tudo isso, mas ainda estou meio que pirando. O primeiro cara que eu gosto em muito tempo vem com um segredo imenso de presente. Uau.

Sentei no balanço, agradecida de estar com um moletom. O tempo havia esfriado.

—Oi.

Olhei em direção àquela voz, e meu coração errou uma batida.

—Oi. – respondi baixinho. – Eu achei que estava cem por cento ok, mas ainda é estranho. – desabafei, olhando para o chão. – Quero dizer, minha vida era monótona. – me levantei, inquieta. – E de repente aparece um cara incrível na minha vida trazendo um segred-

Engasguei ao perceber o que escapou dos meus lábios.

—M-me desculpe, nossa, que papel de boba estou fazendo...

—Shhh. – ele falou me impossibilitando de falar com os dedos em contato com os meus lábios.

Eu me vi perdida em seus olhos. Eram tão lindos, castanhos. Eu amava olhos castanhos.

Sua mão pousou em meu rosto, o acariciando. Fechei os olhos ao sentir sua mão tão quente e carinhosa ali. O senti aproximar seu rosto do meu e fiz o mesmo. Seu nariz roçou no meu, me fazendo estremecer. Seu hálito era tão bom e quente. Como se eu não conseguisse me controlar, fiquei na ponta dos dedos e capturei seus lábios nos meus. Foi uma sensação maravilhosa. Eu nunca pensei que seria tão bom beijá-lo. Era tão mágico.

Minhas mãos foram por espontaneidade para o seu pescoço e as suas seguraram a minha cintura. Seus lábios eram urgentes nos meus. Senti minhas pernas enfraquecerem, mas ele me segurou firme, fazendo nossos corpos se tocarem e eu estremeci ao sentir seu corpo contra mim. Não resisti e inclinei-me mais em sua direção, o fazendo separar centímetros sua boca arfante da minha, em busca de ar, depois voltou fervorosamente em busca dos meus lábios.

Separei-me dele rapidamente, ainda ofegante.

—Me-me desculpa. – falei entre suspiros.

—Por que está se desculpando? – ele perguntou surpreso, ainda se recuperando de estar ofegante assim como eu.

—Eu... – eu sentia uma vergonha tão grande que não consegui falar nada, apenas fugir dali.


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