Miracle escrita por Madrigal


Capítulo 1
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Notas iniciais do capítulo

Eu tinha essa one há muito tempo em aberto, mas nunca encontrei um final decente para ela até ontem. Tinha um grande receio em postá-lo por há um porção de outras tratando quase do mesmo gênero, porém, consegui a abrangi o suficiente para não se tratar apenas da queda de Sherlock.



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Before the fall

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"Eu posso estar no lado dos anjos, mas não pense por um segundo que eu sou um deles."

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Os diálogos foram montados e o discurso de Sherlock prontamente posto. Então ele disse “não sou um deles” e de fato não era - É claro, por que ele não tinha necessidades de usar a mentira -. Demônios mesmo eram anjos e não era com eles que queria ser comparado, mas isso implica outra série de raciocínio e não fora baseado neste aleatório pensamento que escolheu essas palavras. Fora pensamento nos anjos de quem Moriarty se referia.

Não que ele fosse uma pessoa clichê e achasse bondade em todos, de modo algum. Mas ele não podia negar que encontrara pessoas que se assemelhavam ao que Moriarty falara. Ele pensou em Lestrade e que, apesar de sua pouca genialidade, era uma boa pessoa e tentava, ao seu modo muitas vezes errôneo, prestar bem seu serviço. E de modo sequencial pensou em quem saia beneficiado com o bem prestado e a Mrs. Hudson prontamente lhe surgiu, sua imagem veio quase nitidamente, seus olhos comprimidos e rugas em seus cantos e seu modo gentil de cuidar do apartamento e dos homens que ali habitavam.

E então veio John. Sherlock, em seus milhares de dias silenciosos, na sua mente nublada e inquieta, havia parado para pensar sobre seu amigo e tentar defini-lo (no sentido importância ou figura representativa, por que perfil psicológico e outras coisas mais John era gritantemente explícito), porém, não obteve muito sucesso. Ele, então, procurou listar os diferencias de seu amigo, mesmo que isso fizesse parte do tal perfil psicológico há muito tempo montado, para que pudesse chegar a algum ponto e defini-lo na escala de importância. Havia o fato de serem completamente opostos e mesmo assim terem coisas em comum (solidão e demônios interiores) e... Nada. Ou tudo, melhor dizendo.

Fora uma perda de tempo já que, para ele, John, só havia uma definição: Seu amigo. E isso já dizia tudo.

Assim, considerando-os anjo, ele tinha a absoluta certeza em dizer que não era um deles.

At the Fall

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“Esse telefonema é... É meu bilhete. Não é isso que as pessoas fazem? Deixam um bilhete...”

“Deixar um bilhete quando?”

“Adeus, John”

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Morrer não tem uma definição consistente ou concreta, é claro, mas aquela centelha, onde sua vida passa diante dos seus olhos, aquele mísero milésimo, é o mais próximo que chegamos de saber como é a morte e depois então o vazio, o momento final e climático de consciência. E vazio era algo que Sherlock conhecia muito bem.

Ele podia sentir todo o peso do sangue de Moriarty sob suas costas, mesmo que ele fluísse avidamente pelo chão. Seus pés estavam tão à beira. O vento lhe beijava o rosto e era quase possível – ele sabia que era sua própria mente pregando-lhe uma peça – ouvir os farfalhos das árvores lá embaixo causando uma melodia fúnebre, como se avisasse a todos o que iria acontecer.

A sua decisão havia sido decretada no momento em que se pusera de pé do seu particular precipício ou muito antes disse – no momento em que as vidas das pessoas mais próximas suas foram postas ao perigo, mas quando ele vira o olhar de John, mesmo tão longe e que tomou para si como ultima visão, ele sentira a centelha – um único momento – e, ao invés de tudo passar rapidamente, o mundo pareceu para. Ele fora preenchido.

E então a sensação já conhecida do vazio lhe inundou enquanto seus pés impulsionaram seu corpo para frente.

After the Fall

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“Eu estava tão sozinho e eu devo tanto a você. Mas, por favor, apenas mais uma coisa. Mais uma coisa, mais um milagre... Não esteja morto. Você faria isso por mim? Apena pare com isso. Pare.”

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Era mais um dia nublado em Londres, o céu acinzentado como quase sempre, os corpos muito bem agasalhados. Não era nada fora do comum, exceto pelo vento excessivo. E bem, o fato de Sherlock sentir a ponta de seus dedos formigarem. Sua visão era um pouco limitada por seu esconderijo, mas sua audição estava em perfeito funcionamento e pôde ouvir todo o discurso de John.

Irrelevante era considerado tudo que sucedera para que chegasse ali. Houve-se um sacrifício em prol do bem de todos e Sherlock jurou para si mesmo que nada o abalaria, mas então veio novamente John e pusera tudo a baixo. Ele estava saudoso – seus dedos não paravam de formigar – e com um sôfrego aperto no peito ao ver o doutor. O vazio lhe abordava de uma forma devastadora.

É preciso. É preciso.

Ele dizia ao seu interior, mesmo que esse o rebatesse.

Sherlock não só ouvira, mas também sentira as palavras que o vento levou até seus ouvidos. John pedia por mais um milagre seu, entretanto, o maior que já vira e acreditara fora o próprio médico quem realizara:

John acreditara e fizera Sherlock se sentir humano, possuidor de uma alma.


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Notas finais do capítulo

O maior medo meu sobre essa pequena história é sua possível incoerência. Eu a fiz dividida em três partes, pensando em momentos distintos e feita em dias distintos, mas resolvi juntar e postar juntas. Pode parecer um pouco falha, mas a compreensão não é difícil de se alcançar, não é? :)

Enfim, espero que gostem.



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