Estrela Dourada escrita por ThEmzi


Capítulo 8
Oito.


Notas iniciais do capítulo

Peço desculpa aos que acompanham ED pela demora para postar esse capítulo. Tive uma semana puxada no trabalho, sem contar minha semana de provas na faculdade. Assim que tudo acalmar e se normalizar, tentarei postar mais frequentemente. :3 Boa leitura.



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O telefone começou a tocar, como todos os dias de semana e aos sábados. Tamires foi quem levantou desta vez para atender ao telefone, a voz do outro lado da linha lhe era familiar.

— Bom dia, só alertando que já são seis horas e que vocês devem se arrumar para tomar café da manhã e ir para a aula. — Leandro disse rapidamente, Tamires abriu a boca para falar algo, mas logo foi interrompida.— Tenham um bom dia. — Então, Leandro desligou.

Cachorro! — Bufou Tamires, irritada e de mau humor, como em todos os dias pela manhã. — Acord em pessoal, temos que ir para a aula. — Berrou ela, fazendo com que as demais despertassem.

Fernanda nunca mais usou seu celular como despertador, agora usava apenas como relógio e como um aparelho qualquer para ouvir música quando estava entediada durante a aula. Mariana e Evellyn foram as primeiras a tomar banho, logo em seguida, Tamires e Fernanda se apossaram dos chuveiros. Todas prontas, atravessavam a sala quando foi Evellyn quem perguntou.

— Que buquê é esse?

— Ah, Lucas mandou para a Mari. — Respondeu Tamires rapidamente. — Vamos logo, a profª Carla não vai gostar se nos atrasarmos.

— Tem um cartão. — Mariana apanhou um pequeno envelope em branco junto ao buquê. — Vamos, eu leio no caminho.— E por fim saíram do apartamento.
— E então, o que diz no cartão? — Fernanda foi quem tocou no assunto, as outras apenas fitaram a caçula, curiosas.

— Ele está pedindo desculpas pelo que me fez naquela madrugada, diz aqui que ele não estava em si, que tinha bebido demais e tal. — Respondeu Mariana, com o papel em mãos. — Engraçado, não lembro de ele estar com hálito fedendo a álcool. Deve ser só mais uma armação dele. — A garota revirou os olhos e amassou o papel, atirando-o numa lixeira próxima à mesa em que tomavam o café da manhã.

— Vamos. Já, já, a aula começa, e eu ainda tenho que trocar o caderno, o que uso está no meu armário. — Evellyn comentou, levantando junto às amigas.

O corredor estava lotado, como era de costume, os novatos já não eram exatamente novatos, os vários amigos que com o tempo conseguiam conquistar os acompanhavam para todos os cantos, e foi naquele momento que, repentinamente, Mariana e as amigas olharam em volta e notaram que era a primeira vez que não cruzavam com Beatriz e seu grupo, era algo sem motivo, mas que as deixavam felizes. O sinal bateu, alertando-as de que já deveriam estar em sala de aula, então, correram.

— Com licença, professora. Nos desculpe o atraso. — Murmurou Mariana, entrando com as amigas.

— Sem problemas, entrem meninas. Enfim, bom dia a todos. Gostaria de começar a aula de hoje comentando sobre o trabalho que vocês farão para daqui duas semanas, sem ser esta que está por vir, na outra. Esse trabalho será feito não só para a minha matéria, na área de gramática, mas também na área de artes, portanto, espero que se esforcem. — Carla caminhava de um lado para outro, observando cada rosto presente em sua classe naquela manhã.
— E lá vamos nós com nosso primeiro trabalho. — Murmurou Fernanda, fazendo uma cara não muito alegre.

— O trabalho será em grupo, com no mínimo três componentes, e no máximo seis. Cada grupo deverá criar uma narrativa, e deverá fazer uma atuação. As apresentações serão no auditório, para toda escola, e serão no decorrer da semana, então é bom que se preparem bem. — Comentou a professora por fim, respirando profundamente até voltar para trás de sua mesa. — Então, vamos ao quadro, peguem seus cadernos. Hoje analisaremos um texto jornalístico.

Assim a aula seguiu calma e gratificante. Ninguém ousava falar demais, pois sabiam que Carla era uma das professoras mais atentas, e dependendo do dia e do momento, das mais rigorosas.
Durante o almoço, todas pareciam distraídas, a praia no dia anterior parecia ter atiçado o apetite de Mariana e Evellyn, enquanto Fernanda e Tamires tentavam se recuperar da ressaca, tanto que, enquanto elas não aguentavam sequer olhar para a comida, as outras duas pareciam só querer saber de comer.

— Então, quanto ao trabalho… — Começou Fernanda, colocando sua bandeja no meio da mesa. — Quem vai cuidar da parte de escrever a história?

— A Mari. — Tamires fez o mesmo que Fernanda e retrucou rapidamente. — Você sabe o quanto ela gosta de escrever e tal, e sabe também que ela escreve bem.

— Pior que é verdade. — Fernanda apoiou o rosto na mão. — Topa, Mari? — Perguntou.

— Por mim tudo bem, mas vocês vão me ajudar. — Respondeu a caçula, terminando de comer. — Quem vai cuidar de toda a encenação?

— Deixa que dessa parte eu, Fernanda e Evellyn cuidamos. — Tamires riu, vendo que Evellyn quase cuspira o que havia acabado de colocar na boca.
As quatro pareciam satisfeitas consigo mesmas por terem iniciado logo aquela discussão, quanto antes resolvessem as coisas mais importantes em relação ao trabalho, antes o terminariam, e antes estariam livres.

Evellyn, Fernanda e Tamires aderiram ao cordão prateado que Mariana utilizava para levar a chave, já que a ultima experiência sem as chaves não parecera muito atrativa para ambas.

Manobrar o carrinho parecia cada vez mais fácil para todas as quatro, que a cada viagem feita do apartamento para o prédio principal ou à praia, e vice-versa, era feita com rapidez e praticidade. O grupo estava no apartamento mais uma vez durante a tarde tediosa, Mariana e Fernanda pareciam as mais preocupadas com o trabalho, porém, Evellyn e Tamires pareciam um pouco mais relaxadas.

— Mari, sabe que temos que treinar, não é? — Evellyn insistia.

— Treinar? Evy, teremos tempo para isso, o trabalho não pode esperar. —Murmurava Mariana, com o caderno e caneta em mãos, um tanto pensativa e extremamente concentrada.

— Não, não teremos, lembre-se do que o Alexandre disse… o campeonato de surfe e tal, ou algo do tipo, não lembro direito, estava ocupada demais olhando para ele. —Comentou Evellyn, respirando profundamente.

— Certo, se você quer surfar, que vá à praia, eu tenho uma história para fazer, pelo menos um mini conto, para daqui quase duas semanas. — Resmungou Mariana, levantando-se do sofá enquanto abraçava seu caderno.

— Estressadinha, você séria e preocupada demais não é divertida. —Evellyn cruzara os braços.

— Isso não é novidade para mim. — Tamires deu um rápido sinal de vida, bufando. — Aguente-a por oito anos desse jeito para ver.

— Obrigada pelo comentário, Tamires. Agora, eu preciso de um lugar calmo para me concentrar, e certamente a praia não é esse lugar.
— Ela sabe como e quando ser chata. — Fernanda franziu os lábios, embora preocupada com o trabalho, não levara tão a sério como Mariana, que saiu do apartamento rapidamente após aqueles comentários.

— Deixe-a, vai ver é só a preocupação mesmo. — Murmurou Tamires, voltando sua atenção para a televisão.
E realmente era preocupação, algo que Mariana odiava era deixar os afazeres para ultima hora, principalmente trabalhos de escola, em Estrela Dourada então, aí sim a coisa piorava, pois ela via seu futuro espelhado no empenho que tivesse no tempo que ali ficasse. Ela desceu as escadas rapidamente, não tinha ideia de onde poderia ficar para se concentrar o suficiente para que a inspiração lhe viesse e a ajudasse a fazer uma história brotar de sua mente, ainda mais, boa o suficiente para ser apresentada a toda a escola.

— Boa tarde, Mariana. — Murmurou o porteiro ao ver a garota passar.

— Boa tarde, Paulo. — Respondeu ela rapidamente, passando pelas portas de vidro.

Mariana olhou para os lados, notando a quietude do lugar, aspirando o ar profundamente, o sol estava forte e alto no céu, as nuvens eram poucas e finas, quase invisíveis, e a garota fitou o gramado ao seu lado, refletindo por um momento. Ela olhou para trás, fitando Paulo por um momento, como se temesse que ele lhe dirigisse a palavra. Porém, Mariana rapidamente saiu de onde estava e caminhou até o gramado, sentando-se, ali estava calmo, confortável e ninguém poderia interrompê-la.
— Então… Que tipo de história vai ser? — Perguntava-se ela. — Já sei! Uma garota que larga o namorado de uma hora para outra, começa a namorar outro, engravida e passa por dificuldades… É um tema bem interessante, acho que vai esse mesmo, não consigo pensar num melhor agora.
O tema aos olhos de Mariana parecia bem atrativo, além de polêmico e interessante, era um tema que envolvia bem o cotidiano atual de adolescentes de todos os lugares do mundo. Portanto, a garota começou a escrever, já tendo em mente a trama e os personagens, assim como todos os conflitos que logo viriam à tona no decorrer da história, já havia escrito pequenos contos anteriormente, mas aquilo precisava ser mais envolvente, mais real, de modo que todos que assistissem se sentissem parte da história, ou quase isso.

— E então, o que está fazendo? — Mariana ouviu uma voz masculina extremamente familiar.

— Acho melhor nem interrompermos. — Disse outra voz, também familiar.

— Qual é, Caio? —Resmungou Phellipe, sentando-se ao lado de Mariana, que bufou. — Muito ocupada, Mari?

— Sim, extremamente ocupada. — Respondeu ela, friamente.

— Eu avisei Phellipe, agora vamos. — Murmurou o outro, colocando o violão sobre o ombro, enquanto fitava impacientemente o amigo.

— Agora já atrapalharam, né? O que querem? —Mariana fechou o caderno e o colocou no gramado, exatamente à sua frente.

— Nada, só estávamos querendo sair um pouco do apartamento, os outros parecem não querer sair de lá, Beatriz e as outras parecem não conseguir passar um minuto sequer longe de nós. — Respondeu Caio, sentando-se do outro lado de Mariana. — E não desconte seus problemas em nós, está de TPM por acaso? Marcelo nos contou como você fica quando está nessa época.

— Não, não estou. E você vai acreditar em cada palavra que o Marcelo disser sobre mim? —Mariana franziu os lábios.

— Vou, até que você me prove o contrário. — Caio riu, seguido por Phellipe.
— A escolha é de vocês, sinto muito, mas não tenho que provar nada para ninguém. — Mariana respirou profundamente e se levantou, apanhando seu caderno.

— Ei, onde pensa que vai? — Phellipe levantou num salto.

— Vou a algum lugar calmo onde eu possa escrever a história do meu trabalho de gramática e artes.

— Ah, não vai ser tão fácil assim se livrar de nós. — Caio levantou-se também, rindo.

— Vamos onde você for, não é, Caio? —Phellipe sorriu com desdém.

— Isso mesmo, até então, não temos nada melhor para fazer.

Mariana revirou os olhos, pensando numa forma de fazer com que os garotos simplesmente desaparecessem de sua vista e que ela pudesse arranjar um modo de terminar aquela história o mais rápido possível. Ambos os garotos riram, de pé, e a cada passo dado por Mariana, eles repetiam, o que a fazia suspirar ao notar que falavam sério.

— Vocês sabem ser irritantes, eu só quero fazer meu trabalho. — Murmurou ela, com o tom de voz meigo, enquanto recuava um passo, o qual foi acompanhado por Phellipe e Caio.

— E se te ajudarmos com isso aí? —Phellipe pareceu pensativo por um momento.

— Vocês não têm capacidade para tal. — Mariana arqueou as sobrancelhas. — Porque não vão para suas namoradinhas e seus amigos babacas?

— Aqui parece mais interessante, provaremos que somos capazes. — Caio riu e deu uma piscadela na direção de Phellipe, que rapidamente passou o braço pela cintura de Mariana e começou a caminhar até onde estava um carrinho estacionado, logo Caio os acompanhou e também passou o braço pela cintura da garota, porém, pelo outro lado.

— Adoraria se me soltassem! — Retrucou Mariana, franzindo os lábios. Porém, suas palavras foram simplesmente ignoradas.
Caio e Phellipe levaram Mariana até um carrinho próximo, os dois garotos foram para os bancos da frente, enquanto Mariana engolia em seco no banco traseiro.

— Onde vão me levar? — Perguntou ela.
— A um lugar onde possa se inspirar, tranquilo e bonito. — Respondeu Phellipe, dirigindo tão bem quanto qualquer uma das garotas, obviamente tinha mais prática no trânsito que qualquer uma delas.

— E onde seria esse lugar? — Mariana meneou a cabeça.

— Um lugar que descobrimos um pouco mais distante da praia, quase no final da parte que é exclusiva da escola, é mais distante que a universidade. — Respondeu Caio, apoiando o violão na perna.

— Ah, ótima explicação. — Resmungou a garota.

— Fica na sua que nós cuidamos do resto, vai pensando aí que quando chegarmos você vai ficar com raiva de tanta beleza e inspiração. — Riu Phellipe.

Mariana apenas bufou e cruzou os braços, esparramando-se no banco traseiro do carrinho. Estava impaciente e irritada, o que não era nem de longe uma coisa boa, fato que todos já sabiam muito bem.

Evellyn, Fernanda e Tamires permaneciam no apartamento, todas descansando no sofá enquanto viam televisão, quando ouviram bater na porta.

— Quem é? — Perguntou Fernanda, levantando-se vagarosamente, devido à preguiça extrema que sentia. — Já vou, já vou.

— Sou apenas eu. — Disse Lucas quando Fernanda abriu a porta. — A Mariana está?

— Não, porque? O que quer com ela? — Fernanda o olhou de cima a baixo enquanto as outras duas deixaram a televisão de lado para fitar o garoto à porta.

— Ela recebeu as flores? E o cartão? — Ele engoliu em seco.

— Sim, recebeu. — Evellyn se levantou, cruzando os braços.

Lucas recuou um passo momentaneamente enquanto lembrava-se da chicotada em seu pescoço.
— Ah, quando ela voltar, poderiam pedir a ela que fosse ao meu apartamento falar comigo? — Lucas parecia educado demais para o que normalmente era, ou apenas estivesse arrependido pelo que havia feito à garota. — Por favor, é importante. Agradeceria muito.

— Tá, tá, agora vai embora. — Evellyn foi quem fechou a porta na cara do garoto, de tanta raiva que sentira ao se lembrar do que ele fizera à amiga. — Cara de pau, cara de pau, cara de pau. — Resmungava ela, voltando para o sofá.

— Relaxa amiga, deixa a Mari resolver isso, se ela precisar, vai nos chamar. — Tamires respirou profundamente, franzindo os lábios.

— Tá bom, tá bom. — Murmurou Evellyn.

— Então, de volta à TV… a Mariana tem que fazer essa história logo para que possamos fazer as encenações e separar papéis, e assim por diante. — Fernanda jogou-se no sofá.

Enquanto isso, Mariana começava a ficar impaciente com o mistério que Caio e Phellipe faziam, pareciam apenas querer irritá-la a cada vez que ela perguntava se estavam chegando, ou se eles estavam apenas brincando com ela.

— Então, se não querem que eu pergunte isso, vou perguntar outras coisas, tipo… —Mariana parou para pensar por um momento. — Phellipe, o que você fez com a Tamires?

Aquilo pegou o garoto de surpresa, Caio fez cara de espanto, Phellipe respirou profundamente enquanto revirava os olhos para responder.

— Não fiz nada, assim como disse para ela, eu e Marcelo estávamos na festa, Tamires e Fernanda estavam com os monitores, eles as deixaram lá sozinhas, repentinamente elas despencaram desmaiadas, então as trouxemos. — Respondeu ele calmamente, olhou rapidamente para Mariana, que erguera as sobrancelhas. — Quando chegamos, não tivemos como conferir se o apartamento de vocês estava aberto, então juntamos nossas camas e dormirmos os quatro, o que nenhum de nós entendeu foi como elas acordaram com nossas blusas se simplesmente apagamos.
— Sei! — Murmurou Mariana.

— Pra que perguntou se ia responder com um “sei” irônico? — Resmungou Phellipe.

— Só para comparar sua versão à da Tammy.

— E então? — Phellipe parou o carrinho e fitou Mariana.

— Isso já é comigo.

— Que seja. — Phellipe voltou a dirigir.

— Vamos chegar logo ou ainda vai demorar muito? — Indagou a garota.

— Já estamos chegando, relaxa aí. — Murmurou Caio, pulando para o banco traseiro, sentando rapidamente ao lado de Mariana. — Afasta só um pouquinho, por favor. — Pediu ele, Mariana atendeu ao pedido, não por causa do garoto, mas tentando evitar algum contato, sem motivo aparente.

— O que pensa que está fazendo? — Resmungou ela.

— Só quero tocar. — Respondeu Caio, posicionando o violão sobre a perna.

— Ah tá. Phellipe, quanto tempo até chegarmos, pelo amor de Deus?

— No máximo, dez minutos.

— Se importam? — Caio arqueou as sobrancelhas.

— Ahn, não, eu acho. — Mariana encolheu-se, agarrando-se ao seu caderno.

— Sem problemas. Qual música dessa vez? — Phellipe pareceu empolgado.

— God love her, do Toby Keith. Conhecem?

— Conheço. — Respondeu Mariana.

— Não faço a mínima idéia de quem seja. — Riu Phellipe.

— Então, vamos nessa. — Disse o outro garoto, empurrando Mariana leve e repentinamente com o ombro.

A garota encolheu-se inicialmente, engolindo em seco enquanto Caio tornava a brincar com as cordas de seu violão, o dedilhar era preciso e tranquilo, e logo a melodia era formada.

— Just a girl born in Dixie, washed in the blood, and raised on the banks, of the Mississippi mud… — Caio começou cantando em perfeita sincronia com o som de seu violão.

Mariana e Phellipe pareciam sequer notar o outro cantando, ao menos era o que demonstravam suas feições, Phellipe parecia concentrado no trânsito inexistente, e Mariana olhava para os lados, um pouco receosa.
— She always had a thing, about fallin’ in love with a bad boy.. — Cantarolou Mariana baixinho, como se fossesomente para si.

Caio parou de cantar e tocar.

— Então você conhece mesmo! — Ele franziu os lábios, como se estivesse surpreso.

— Eu disse que conhecia! — Resmungou Mariana, olhando-o com desdém.

— Chegamos! — Anunciou Phellipe. — Agora é só nos seguir, Mariana.

Phellipe desceu, seguido por Caio e Mariana. O trio estava realmente mais afastado dos prédios do que o normal, era mesmo longe, por assim dizer.

— Vem com a gente. — Murmurou Caio, sorrindo abertamente para Mariana. — É como uma caverna, mas não é totalmente coberta, tem uma claridade incrível. Você vai gostar.

— Como é que é? Uma caverna? O que vão fazer comigo? Qual é Phellipe, primeiro a Tamires, agora você se junta com esse aí… — Mariana começou a tagarelar, desesperada e nervosa.

— Só vamos te ajudar com esse trabalho, vem logo, você sabe que eu não te faria mal algum, muito menos o Caio. —Phellipe arqueou as sobrancelhas e estendeu a mão para Mariana.

— Vocês vão ter que me prometer. — Ela engolia em seco, desesperada.
— Prometo. — Murmurou Phellipe, abrindo um sorriso gentil.

— Prometo. — Caio tomara a liderança, caminhando à frente no momento que Mariana segurou a mão de Phellipe.

As várias pedras dificultavam os passos de Mariana, estavam próximos à praia, mas onde os garotos a estavam levando era um pouco mais ao alto, portanto, ela precisava subir nas pedras para alcançá-los, e por sorte tinha a ajuda de Phellipe, que a puxava quando inesperadamente ela ameaçava escorregar ou cair. Um pouco mais à frente, as ondas já eram visíveis e batiam contra as rochas.

— Estamos chegando? — Perguntou Mariana, encolhendo-se.

— É aqui! — Disseram os dois garotos ao mesmo tempo.
Mariana acompanhava-os da maneira que lhe era possível. As várias rochas em seu caminho a atrapalhavam, ela continuava segurando a mão de Phellipe enquanto agarrava-se ao seu caderno com a outra. Pareciam nunca chegar ao lugar que Phellipe e Caio haviam comentado. Por fim, Mariana viu uma fenda bem à sua frente, olhou para os lados e respirou profundamente.

— Eu vou na frente. — Murmurou Caio, segurando o violão sobre o ombro.

— Eu vou atrás, pode ficar tranquila, Mariana. — Disse Phellipe, incentivando a garota com um rápido aceno de cabeça.

— Certo. — Respondeu ela.

Mariana olhou para a fenda e seguiu Caio, que caminhava tão tranquilamente que ela chegou a suspeitar por um momento, não sabia exatamente do que, mas sabia que pelo menos um pouco, deveria desconfiar da dupla que a guiava.

O lugar era levemente frio, porém, havia uma abertura no topo que possibilitava a entrada de luz do sol, dando ao lugar uma luminosidade sem igual, era quase inacreditável, a cor alaranjada que vinha era refletida em algumas das paredes úmidas. Bem à frente do trio havia uma pedra maior, como se fosse uma ilha, rodeada pela água do mar, porém, com uma pequena trilha de pedras planas e aparentemente escorregadias.

— Ali, você senta, olha lá pra fora, ou pro céu, quero ver não se inspirar. — Riu Phellipe.

— Esse lugar é… incrível! — Mariana estava maravilhada e perplexa, Caio já havia corrido até a trilha e sentava-se lentamente sobre a “ilha”. — Como encontraram?

— Estávamos fugindo da turminha da Bia e acidentalmente, viemos parar aqui, por sorte conseguimos nos esconder, foi demais. — Phellipe riu, indo até Caio e sentando-se ao seu lado.

— Fugindo é? Essa é novidade para mim. — Riu Mariana, indo até eles cuidadosamente a cada passo dado sobre as rochas.

— É, acredite se quiser. — Phellipe riu.

— Qual a música da vez? — Perguntou Caio, franzindo os lábios enquanto fitava os outros dois.

— Você é o cantor, você é quem escolhe. — Phellipe comentou, seguido por um aceno de cabeça de Mariana. — E agora Mari, o que posso fazer para te ajudar?

A garota sorriu envergonhada por ter duvidado deles até ali, ao menos até então eles não haviam feito nada, estavam apenas e realmente querendo ajudar. Caio pareceu pensativo por um momento antes de começar a brincar novamente com as cordas de seu violão, sua habilidade com o instrumento era inacreditável, Mariana fitou por um momento, até lembrar-se de responder a pergunta de Phellipe.

— Ahn, bom, eu tenho que criar uma história, como uma peça de teatro, para apresentar, e tenho pouco tempo, já criei um tema, se puder me ajudar no restante, seria ótimo. — Respondeu ela rapidamente, sentando-se entre os garotos e abrindo seu caderno rapidamente.

— Então ótimo, vamos lá…

Phellipe e Mariana pareciam pensativos dali em diante, enquanto Caio iniciava uma canção que para ele era bastante conhecida, porém, para os outros dois, sequer lhe era familiar, mas sabiam bem que na companhia do garoto, acabariam ouvindo-a frequentemente.

— I ain’t as good as I once was, I got a few years on me now… I got a few years on me now… — Cantava Caio, trazendo a melodia aos ouvidos dos demais, arrancando-lhes sorrisos inesperados enquanto se concentravam, desfrutando da canção, do momento, e da paisagem.


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