Estrela Dourada escrita por ThEmzi


Capítulo 7
Sete




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— Bendito carrinho, porque tive tanta dificuldade com ele no início? É tão simples. —Resmungava Fernanda, dirigindo o mais rápido que era possível, o que não era muito.

— Cala a boca e presta atenção, Fernanda. — Resmungou Tamires, passando o protetor solar no rosto pela sétima vez.

— Tá bom, tá bom.

Mariana e Evellyn riram, estavam apenas apreciando o momento, estavam felizes, haviam esquecido tudo que haviam passado durante a noite anterior, nada preocupante pairava em suas mentes, tudo que conseguiam pensar era na praia, e no quanto poderiam aproveitar aquela tarde.

Poucos minutos e lá estavam elas, carregando suas bolsas enquanto sentiam o vento soprar seus rostos, o gosto salgado parecia atingir seus lábios, e a movimentação na praia não era tanta como Evellyn e Mariana haviam imaginado que seria.

— Claro, quem, em plena ressaca, vai querer vir à praia para aula de surf? —Fernanda indagou colocando sua canga no chão, sentando-se na mesma enquanto posicionava sua bolsa ao seu lado.

— Digamos que… nós?! Apesar de que não estamos de ressaca. — Mariana riu das próprias palavras. — Certo, eu e Evellyn vamos nadar um pouco, cuidem das nossas bolsas.

— Vão lá e arrasem. — Tamires mandou um beijo para as amigas, que largaram as bolsas ali e correram para o mar.

A água estava gelada, tanto que no momento em que Mariana e Evellyn puseram os pés, sentiram todos os pelos de seus corpos arrepiarem, ambas se olharam, rindo baixo enquanto corriam o mais rápido possível e mergulhavam no mar, refrescando-se de vez, evitando que o frio que sentiram anteriormente não as atingisse.
Tamires passava o protetor no rosto pela oitava vez, isso não era questão de ser fresca, e sim questão de saber se cuidar, e era algo que a garota fazia e muito, não queria arranjar um câncer de pele, não ali.
— Fer, será que eles estavam dizendo a verdade? — Tamires perguntou, deitada. — O Marcelo e o Phellipe, será que eles diziam a verdade?

— Tenho certeza de que não, você sabe como o Marcelo é, e tenho certeza de que o Phellipe é igualzinho, você sabe como a Mariana fala do irmão, do jeito que ele é com garotas, não precisamos nem perguntar para ter certeza.

— Mas e se não tiver acontecido nada mesmo? — Tamires havia parado um momento para pensar e se lembrar da noite anterior, mas tudo que lhe vinha à memória eram lampejos e rosto irreconhecíveis, o que não ajudava em absolutamente nada.

— Você quer mesmo acreditar na hipótese de que acordamos com as roupas deles por pura mágica? Ah, não mesmo! Aí tem coisa, viu? E se tem. — Resmungava Fernanda, virando-se bruços.

— Certo. — Murmurou Tamires, fazendo o mesmo que a amiga.

Mariana e Evellyn continuavam nadando e se divertindo, sentiam algumas algas prenderem-se aos seus tornozelos, e aquilo fazia com que saltassem de agonia e rissem uma da outra. Quando viram um homem com uma blusa vermelha escrito “Salva-vidas” com um apito na boca, elas logo deram atenção à ele, que logo soprou forte, fazendo o som agudo invadir os tímpanos das garotas.

— Atenção, aula de surf dentro de quinze minutos, quem for participar, que assine a lista imediatamente, aqui comigo. — Berrou o salva-vidas, atraindo toda a atenção dos presentes possíveis para si.

Sem pestanejar, Evellyn disparou na frente de Mariana, que logo seguiu a amiga até o salva-vidas, foram umas das primeiras, o sorriso de excitação nos lábios, e a indiscutível sensação de ansiedade tomando conta dos seus corpos.
— Nomes, idades, prédio e número de apartamento, por favor. — Pediu o salva-vidas.

— Ahn, Evellyn Miranda, dezesseis anos, prédio Safira, apartamento 1529. — Respondeu Evellyn, dando passagem para Mariana.

— Mariana Carvalho Soares, quinze anos, prédio Safira, apartamento 1529. — Respondeu ela, saltitando um pouco, já que estava molhada e o vento a atingia em cheio, fazendo-a ter calafrios.

— São uma dupla?

As garotas se encararam por um breve momento antes de virar-se para o salva-vidas.

— Sim, somos.

— Ótimo, mais para o meio ou final do ano, haverá uma competição de surfe, caso se saiam bem durante as aulas, estarão qualificadas. Certo? — As duas assentiram com a cabeça antes de morderem os lábios de ansiedade. — Certo então, sou Alexandre, o professor de vocês.

Por um momento elas não acreditaram, pensaram que ele seria apenas o salva-vidas, mal passara por suas mentes que ele pudesse também ser o professor. Não eram muitos os presentes, mas sem sombra de dúvidas, as pessoas que elas viram correndo para a fila não as agradaram. Marcelo vinha correndo, ladeado por Wallace e Caio, pareciam ter saído do mar há pouco, e com os olhares de várias garotas focados neles, eles apenas sorriam enquanto corriam até a fila.

— Eu não acredito nisso. — Mariana murmurou, levando a mão até o rosto como gesto de perplexidade, seria possível?

— Como disse? — Perguntou Alexandre.

— Nada, nada. —Evellyn respondeu pela amiga, notando logo em seguida o porque da atitude de Mariana.

— Tudo bem, cada uma pega uma prancha logo ali, na barraca. E comecem tentando braçadas, para chegar às ondas vocês precisam se deitar sobre a prancha e…

— Relaxa, eu tenho certa experiência, posso ajudá-la. — Evellyn deu uma piscadela para Alexandre enquanto puxava Mariana até a barraca onde estavam as pranchas.
Mariana pensou que poderia passar a tarde tranquila, sem ter que encarar o irmão ou qualquer garoto do apartamento 1528, mas parecia ser impossível, todos os lugares que ela e as amigas iam, lá estavam eles. Ao menos Beatriz e o restante das suas amigas não estavam ali, ou estavam e não haviam cruzado com elas, por pura sorte.

— Fala sério, eu não aguento mais ver a cara desses garotos em todo lugar que vou. — Mariana resmungava, ainda com a mão no rosto.

— Relaxa, só vamos ignorá-los, fingir que nem estão aqui. Anda, vem, escolhe uma. Ou melhor, deixa eu escolher a melhor para você. Tem todo um lance de envergadura, tamanho e tal, é complicado te explicar agora. — Comentou rapidamente Evellyn. — Toma, essa aqui deve ficar ótima contigo. — Evellyn apanhou uma prancha branca, com alguns desenhos tribais em todo seu comprimento, enquanto logo em seguida, apanhava uma prancha num tom mais rosado para si.

— Ótimo, já gostei. E agora?

— E agora é só cair na água. — Evellyn riu, dando a volta para correr até o mar, e Mariana não ficou para trás, em pouco tempo havia alcançado a amiga e sem pensar duas vezes, ambas se jogaram com tudo no mar, sobre suas novas pranchas.

Fernanda já havia adquirido uma boa cor, sua pele antes branca, agora já estava num tom mais puxado para um rosado escurecido, tom conseguido graças à intensidade do Sol, que nem por um momento dava descanso naquela época.

— Então, o que vou ter que fazer para que você acredite em mim, Tamires? — Phellipe sentara ao lado da garota, fazendo-a assustar-se por poucos segundos, até que ela fez careta e ignorou a presença do garoto. — É sério, eu te juro que não fiz nada, só estávamos tentando ajudar.

— Eu não teria tanta certeza. — Lucas sentara-se ao lado de Fernanda, que bufou. — Vocês sabem como o Marcelo é, e eu tenho quase certeza de que esses gêmeos são piores.

— Ei, eu estou bem aqui. — Resmungou Phellipe, franzindo o cenho.
— Como se eu me importasse, não é? — Lucas olhou para Phellipe com desdém e voltou-se para Fernanda. — Enfim, vocês tomam a decisão que quiserem. Estavam tão bêbadas que não se lembram de nada.

— Ah, qual é, Lucas, todo mundo tem um dia de porre.— Phellipe meneou a cabeça, impaciente. — É sério Tamires, eu não fiz nada, e nem o Marcelo, só estávamos querendo ajudá-las, sequer temos idéia de como nossas blusas foram para em vocês, não seríamos capazes de encostar um dedo sequer em você se não quisessem. — O olhar suplicante de Phellipe por um breve momento convenceu Tamires, por algum motivo que ela não fazia idéia de qual era, ela acreditava no que ele dizia.

— Não vai cair nessa, não é, Tammy? — Fernanda arqueou as sobrancelhas.

— Não! Nos deixem em paz, vocês dois. — Tamires piscou freneticamente, como se estivesse saindo de um transe, pela primeira vez havia notado os olhos verdes de Phellipe, tinham um tom quase igual aos olhos verdes dela, só eram um pouco mais claros.

— Vocês que mandam. — Lucas murmurou, levantando-se e saindo dali, levando Phellipe consigo.

— Não acredito na cara de pau desses garotos. — Fernanda retrucou, franzindo os lábios.

— É, nem eu. — Tamires sussurrou, como se para si mesma, acompanhando Phellipe ir embora com o olhar.

Evellyn demonstrava mesmo ter experiência com surf, e isso era algo positivo, principalmente para Mariana.

— Agora, com os braços, você vai remar até uma onda, e quando ela começar a subir, você vai ter que dar um jeito de ficar em pé sobre a prancha, e se equilibrar. — Ela ensinava para Mariana, que por minutos seguidos parecia se apavorar com a idéia de ficar de pé numa prancha sobre uma onda.
— Certo. — Assentia Mariana, sentindo as pernas tremerem rapidamente.

Dá só uma olhada. — Mariana sentou-se sobre sua prancha enquanto observava Evellyn remar até alguns metros mais à frente.

E aquele foi o momento, uma onda logo se ergueu, e Evellyn esperou o momento certo para finalmente ficar de pé sobre a prancha, e então, começar a fazer manobras das mais simples, como um rápido zigue-zague sobre a onda.

— Não conhecia nenhuma garota que soubesse surfar. — Comentou Wallace ao lado de Mariana, e quando ela olhou para o outro lado, Marcelo e Caio sorriam abertamente para ela.

— Vocês de novo. — Bufou ela.

— Sim, o que foi? A praia é exclusividade de vocês agora? — Marcelo resmungou, estirando a língua para a irmã.

— Mostra de novo e você não vai ter mais o que enfiar na boca da Vitória. — Mariana sequer olhou para o irmão no momento que disse isso, mas o sorriso irônico em seu semblante fora impossível de não notar.

— Tenta! — Desafiou Marcelo.

— Você sabe que agora não tem mamãe nem papai pra me impedir, e você sabe muito bem que sou capaz de muito mais do que isso. — Respondeu Mariana, virando o rosto para fitar o irmão enquanto arqueava as sobrancelhas rapidamente, ainda com um sorriso irônico.

— É, enfim, vamos surfar galera. — Wallace arregalou os olhos diante das palavras de Mariana, enquanto Caio riu e acompanhou os outros dois, e no momento em que os meninos partiam de encontro às ondas, Evellyn voltava da queda que havia acabado de sofrer, mas parecia satisfeita, e o sorriso em seus lábios era verdadeiramente feliz.

— Ah, delícia. Não vai tentar?

— Não, deixa eu praticar a parte de remar um pouquinho mais. — Mariana riu.
A primeira aula — ou quase isso — de surf havia sido um sucesso segundo Evellyn e Mariana, que conseguiram um bom bronzeado divertindo-se, enquanto Fernanda e Tamires pareciam ter torrado deitadas e expostas ao Sol da tarde. Felizmente, a noite dominou o lugar, e assim, as meninas voltaram ao apartamento.

Mariana e Evellyn pareciam cansadas demais para ficar na sala apenas vendo TV, então assim que chegaram foram direto para o banho e, logo em seguida, sem sequer jantar, se jogaram em suas camas, adormecendo rapidamente.

Fernanda alternava os canais tediosamente, nada parecia lhe agradar, Tamires estava deitada no sofá ao lado da porta aberta, pensando sobre a forma com que Phellipe falou com ela naquela tarde, algo a dizia que pelo menos parte do que ele dissera era verdade, ela só não sabia dizer o que. Lucas havia falado do garoto de uma forma que Tamires duvidava muito que fosse comum, era como se o loiro quisesse ver Phellipe em encrenca, ou talvez estivesse apenas alertando-as.

Tamires meneou a cabeça, mandando aqueles pensamentos para longe, enquanto Fernanda parecia prestes a pegar no sono, eram nove da noite, pleno domingo, e elas sabiam que o dia seguinte seria o início de mais uma semana cansativa e puxada, pois na Estrela Dourada, eles queriam realmente testar as capacidades acadêmicas dos alunos, principalmente dos novatos, e isso incluía as garotas.

— Com licença, este é o apartamento onde está Mariana Carvalho Soares? — Perguntou um garoto na porta - que por preguiça das duas acordadas estava aberta - segurando um buquê de rosas vermelhas e brancas.

— Sim, porque? — Perguntou Tamires, sendo a mais próxima da porta, sentando-se no sofá, já que estava deitada havia um bom tempo.

— Me mandaram entregar para ela. — Disse o garoto, parecia nervoso. — É de Lucas Rossi.

— Pode deixar, entregaremos a ela, obrigada. — Tamires fez uma careta quando o garoto disse quem era o remetente, apanhou o buquê e aguardou que o garoto fosse embora, e fechou a porta.

— Deixa aqui, amanhã ela vê, duvido que vá querer. — Fernanda fez careta e bocejou. — Não sei você, mas eu já vou dormir. — Caminhou até o quarto.
— Eu vou também. — Foram as únicas palavras ditas por Tamires, que deixou o buquê sobre o sofá em que estivera deitada e andou lentamente até o quarto depois que desligou a TV, que Fernanda, por pura distração e sonolência, havia deixado ligada antes de ir para o quarto.
Ambas pegaram no sono rapidamente, deixando que o cansaço fosse absorvido em mais uma boa noite de sono.


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