Estrela Dourada escrita por ThEmzi


Capítulo 5
Cinco


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo para vocês, espero que gostem. :3



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— Vocês não tem ideia do quanto odeio que me avisem festas em cima da hora. —Tamires calçava sua sandália prateada enquanto resmungava.
— Nem foi tão em cima da hora assim, Tammy. —Fernanda fechava seu vestido.
— Realmente, isso já é frescura sua. — Evellyn afirmou e Mariana concordou.

— Para mim, festa tem que ser avisada com pelo menos uma semana de antecedência, porque aí sim dá tempo de preparar tudo, roupa, maquiagem, cabelo, tudo! — Tamires fazia careta para as amigas.

Eram dez da noite, a festa começaria naquela hora segundo o monitor, porém, na opinião de cada uma delas, chegar pontualmente não era algo que deveriam fazer, que a parte realmente interessante de uma festa era chegar atrasada, arrasando.
Portanto, cada uma tratava de se arrumar impecavelmente.

— Como estou? — Fernanda lançou seu olhar para as demais, fazendo pose assim que terminou de se arrumar.

Fernanda parecia que havia feito uma transformação, trajava um vestido tomara que caia decotado, preto, e tão colado ao corpo que as amigas pensaram por um momento se ela conseguia respirar dentro dele; o scarpin vermelho em seus pés era divino e contrastava perfeitamente com seu vestido; sua maquiagem era da mais básica, o destaque principal em seu rosto eram seus olhos, cobertos por uma sombra preta levemente esfumaçada com vermelho, o brilho labial estava na medida certa, e o sorriso era sem igual. Os cabelos ondulados agora estavam volumosos e lisos, de uma forma inexplicável.

— O que diabos você fez com minha Fernanda? — Tamires segurou Fernanda pelos ombros enquanto a sacudia.

Fernanda riu e comentou.

— Entenderei isso como um elogio, mas e quanto a você?

Tamires também havia terminado de se arrumar. Trajava um vestido balonê preto com alguns detalhes em prateado, curto, simples, porém, bonito. Seus cachos comuns haviam sumido e dado lugar a cachos mais abertos, os quais ela passara horas no banheiro fazendo. Sua sandália prateada era apenas mais um detalhe que combinava perfeitamente com seu vestido. Sua maquiagem também não era das mais pesadas; a sombra que usava era preta, porém num tom mais claro, blush, rímel e demais acessórios na medida certa.

— Aham, até parece que sou somente eu sofrendo transformações para ir a uma festa. — Comentou Tamires, virando-se para Evellyn e Mariana, que ainda terminavam de se aprontar.
Enfim, prontas. Evellyn usava um vestido preto, sem muitos apetrechos, um pouco acima dos joelhos, uma sandália gladiadora dava um toque diferente ao estilo da garota, e sua maquiagem já era um pouco mais caprichada, Evellyn pusera cílios postiços, sua sombra era de um prateado com glitter, o rímel, blush e lápis de olhos estavam caprichados. Mariana por sua vez, vestia um vestido de cor cinza, tomara que caia e balonê, com um salto preto que a deixava mais alta do que já era, sua maquiagem era uma das mais leves, pouco rímel, a sombra num tom suave de cinza, e o brilho labial nada exagerado.

— Nem parecemos nós mesmas. — Fernanda comentou, cruzando os braços enquanto avaliava as amigas.— Concordo! — Riram todas, saindo do apartamento.

No momento em que as garotas abriram a porta, era a primeira vez que isso ocorria; os garotos do apartamento em frente, Marcelo e sua trupe, também saíam. Um tanto perplexos, todos eles fitaram as garotas como se uma grande interrogação e/ou exclamação pairasse sobre suas cabeças. Os primeiros a demonstrar grande surpresa foram Marcelo e Phellipe.

— Que tipo de roupa é essa Mariana? — Marcelo avaliava a irmã de cima à baixo.

— Meu tipo de roupa, sinto muito se você não tinha tempo para notar que me visto assim em Brasília. Ocupado com todas suas vacas.— Vocês estão indo para a festa de boas vindas do ensino médio? — Phellipe se colocou à frente de Marcelo, cruzando os braços.

— Sim. — Respondeu Mariana. — Vamos logo…

— Espere. Estamos indo para a festa de boas vindas dos universitários, não gostariam de ir conosco? — Phellipe parecia realmente interessado, mas Mariana já conhecia o suficiente para saber o que realmente queria.

— Desculpe Phellipe, mas não. Vamos logo.

Mariana saiu puxando as amigas. Fernanda e Tamires pareciam indignadas com a atitude de Mariana, e era como realmente estavam, comparando uma festa de ensino médio, com festa de universitários, certamente a dos universitários era a melhor. No carrinho, a caminho do pátio central, Fernanda e Tamires tagarelavam sem parar.
— Porque você tem que ser tão orgulhosa, Mariana? Seu irmão e Phellipe só estavam sendo gentis em nos convidar. —Fernanda bufava a cada frase finalizada.
— Porque eu sei que aquelas vacas estarão por lá, e sei o tipo de pessoa que Marcelo, Lucas e Phellipe são, portanto, não!

— É nessas horas que eu quero muito te esganar. —
Tamires cruzou os braços.

— Olha, se querem tanto ir à festa dos universitários, que vão, eu ficarei na festa do ensino médio.

— Beleza, mas ficaremos um pouco contigo, chatinha. —
Fernanda finalizou assim que chegaram ao pátio central.

As garotas chegaram à “Sala de TV” e foram à procura da tal festa, desceram as escadas que davam até o refeitório, e era lá que a festa estava ocorrendo. Todas as mesas haviam sido retiradas, um palco havia sido colocado bem à frente, poucas eram as mesas com refeições e salgados de todos os tipos, no canto, um DJ dançava no ritmo de suas músicas, os jogos de luzes já iluminavam o lugar. A animação dos presentes era impossível de não se notar.
— Oba! — Murmurou Mariana quando deparou-se com a pista de dança e a animação dos demais.

— Isso é a festa? — Tamires revirou os olhos e arqueou as sobrancelhas. — Vamos Fernanda. — Puxou a amiga pelo braço para fora dali.

— E você, Evellyn, também vai? — Mariana afagou o próprio braço enquanto virava-se.

— Não, se tem uma coisa que não faço é abandonar uma nova amiga numa festa. — Sorriu ela, abraçando Mariana.

Ambas sorriram e foram para a pista de dança. Inicialmente Mariana era um completo robô, demoraria um pouco até que pudesse se soltar e remexer os quadris de um modo que fosse possível confirmar que estava mesmo dançando. Já Evellyn, não se importava, e dançava sem vergonha alguma.

Enquanto isso, Fernanda e Tamires apanhavam um dos vários carrinhos estacionados do lado de fora, e seguindo o mapa pregado no painel, seguiam até o prédio da Universidade Estrela Dourada.

— Não entendo a Mariana, com tantos homens solteiros na universidade, ela prefere os garotinhos do ensino médio. — Fernanda resmungava para Tamires.

— Gostos! — Tamires murmurou antes de bufar e quase berrar para a amiga. — Fernanda, fala sério, essa coisa pode ser mais rápida.

Fernanda pisou fundo, sabia que o carrinho não era tão rápido, mas o máximo que corresse seria o suficiente para chegar rapidamente à universidade. E em cerca de quinze minutos, lá estavam elas, aproximando-se de um prédio maior que o prédio central do ensino médio. As portas também eram de vidro, e no momento que a dupla notou os feixes de luz vindos de dentro do lugar, seus olhos irradiaram euforia, por mais que não estivesse muito diferente da festa que mal haviam acabado de sair.
Por alguma obra do destino, ou apenas por pura sorte, não havia nada para impedi-las de entrar na festa.

A dupla abriu a porta de vidro e entrou, o lugar era bem maior e amplo do que elas sequer poderiam ter imaginado. Os presentes pareciam mais animados, a música parecia melhor, e o globo no centro parecia iluminar mais do que o aparente.

— Isso é o que chamo de festa. — Fernanda ergueu o braço num gesto vitorioso e correu com a amiga para a pista de dança.

O DJ era Leandro, um dos monitores. A música que tocava era da mais alta possível no lugar, a noite parecia a mais perfeita da vida das garotas, cada passo de dança dado por elas parecia perfeitamente coreografado, e elas dançavam como se fosse a última noite de suas vidas.

— Então, preferiram invadir a festa dos universitários ao invés de curtir a do ensino médio? — Luiz, o monitor loiro surgiu bem ao lado de Fernanda.

— É, aqui com certeza está melhor do que lá. — Sem perder o ritmo, ela respondeu calmamente, embora seus pulmões precisassem de ar naquele momento.

— Tenho certeza disso. — Ele sorria como se nunca a tivesse visto antes, Tamires ao lado de Fernanda nem parecia notar que a amiga estava conversando.

— Claro, acho que os garotos por lá não têm muita atitude, só pra constar. — Fernanda olhou para Luiz com desdém enquanto continuava a dançar.

— Entendo! — Luiz ergueu o braço, como se chamasse alguém para se aproximar, lançou seu olhar sobre Tamires e voltou-se para Fernanda. — Então, quantos anos você tem mesmo?

— Dezesseis. E você? —
Fernanda o olhou com total curiosidade, estava pouco ligando para o fato de Luiz ser monitor.

— Tenho vinte e um, faço turismo aqui, e estou meio que fazendo um estágio com os novatos desse ano, se é que me entende.

— Pode ter certeza que sim!

— Oi pessoal. —
Leandro surgiu repentinamente ao lado de Luiz, com um boné virado para trás e um sorriso bobo nos lábios.
Foi só neste momento que Tamires pareceu finalmente notar a situação. Fitou a amiga com cara de pergunta enquanto Leandro sorria e continuava. — Então, vocês são novatas, não são? Não deveriam estar na festa de vocês?

— Preferimos vir para cá, parecia e certamente está melhor. — Respondeu Tamires, acompanhada de um aceno de concordância de Fernanda.

— Ah sim. Então, eu sou o Leandro, como vocês obviamente sabem, tenho vinte anos e curso música, devem ter notado que eu era o DJ até alguns poucos minutos atrás. Culpem o Luiz Henrique se as músicas não as agradarem daqui em diante.

— Pode deixar. —
Riram Fernanda e Tamires.

— Então, o que as trouxe até aqui? — Perguntou Luiz.

— Aqueles malditos carrinhos lentos. —Tamires comentou rindo. — Brincadeira, apenas estávamos supondo que aqui estaria melhor.

— É, com a chegada de vocês, com certeza aqui melhorou. —
Luiz riu e deu um selinho rápido em Fernanda, que o olhou com cara de interrogação, assim como Tamires quando Leandro a puxou pela cintura. — Então, querem alguma coisa?

— Ah, pode deixar, nos viramos quanto às bebidas e comidas. Já voltamos! — Comentou Tamires, puxando a amiga até a mesa de comes e bebes. — Não acredito no que ele fez.

— Nem eu. — Comentou Fernanda com um sorriso extraordinário em seu semblante. — É hoje que eu pego um monitor para compensar o fim do namoro.

Na mesa diante delas, havia mais coisas para se aproveitar do que pensaram, bebidas de todos os tipos, desde comuns até às alcoólicas. Tendo em mente de que estavam ali para aproveitar, não hesitaram em momento algum quando pegaram uma garrafa de whisky e encheram copos para cada uma, e sem pensar duas vezes, viraram seus copos, voltando para o meio da pista, onde os dois monitores permaneceram à espera da dupla.
Evellyn já parecia cansada, e realmente estava, havia comido um bocado e bebido bastante refrigerante. Alguns garotos haviam pedido para ficar com ela, da mesma forma acontecera com Mariana, porém, nenhuma das duas deu mole, permaneceram firmes de difíceis, até Evellyn parar de dançar e murmurar para Mariana.

— Ei, eu já vou voltar para o apartamento, estou com sono e cansada, já passa das duas.

— Ah, tudo bem então, acho que daqui a pouco vou também, só vou comer um pouco mais para não deixar passar batido.


— Certo, te encontro mais tarde. Beijo, beijo.

Evellyn saiu dali às pressas e foi embora para o apartamento. Mariana continuou dançando.

Àquela altura, Fernanda e Tamires já haviam bebido além da conta, porém, até ali, não pareciam ter bebido o suficiente para pegar os monitores de jeito. Ou ao menos eles , ou elas, estavam se fazendo de difíceis, ao menos tentando.

— Lu, pode me trazer mais uma dose? — Pediu Fernanda, continuando sua dança ao lado de Luiz. — Aliás, tragam para nós uma Espanhola, sabem o que é, né? Espero que saibam, por favor, trazem? — Ela fez seu bico, como de costume quando pedia algo a alguém e temia que esse alguém não atendesse seu pedido.

— Claro, meu amor. — Disse ele, sorrindo e puxando Leandro dali até a mesa de batidas.

— Ha, adorei esses dois. Pareciam tão sérios, e olhe só como são. — Tamires dizia um pouco embolado para a amiga, que continuava a dançar incansavelmente.
Luiz e Leandro voltaram com as bebidas das garotas e entregaram, sem pensar, elas beberam rapidamente, finalizando com uma passada de língua nos lábios, ambas pareciam ter tramado isso. Os dois caras pareciam não ter resistido, então finalmente as puxaram pela cintura, iniciando os primeiros beijos da viagem, de muitos, que elas sabiam que certamente viriam. E sabiam mais ainda, melhor que ninguém, que haviam se dado muito bem naquela festa.
Fernanda e Tamires não haviam notado até então que Marcelo e Vitória, Lucas e Amanda, estavam bem ali, dançando, bebendo e desviando o olhar até o momento que finalmente perceberam quem eram as garotas acompanhadas dos monitores.

— Então… Beatriz, eu já curti o suficiente por hoje, vou embora, a gente se vê depois. — Lucas murmurou, tinha em mente algo esperançoso para ele, viu o olhar triste e momentâneo de Beatriz e deu-lhe um selinho rápido antes de virar-se para Marcelo.— Ei, eu já vou, preciso fazer umas coisas.

— Tá, sem problemas, vai lá, mais tarde eu vou com o resto do pessoal, tenho certeza que Wallace, Caio e Phellipe estão em algum canto por aí com as amigas da Bia. — Marcelo bateu levemente no ombro do amigo, que saiu dali às pressas.

Mariana por sua vez, continuava na festa, porém, a animação já não era a mesma. Havia comido e bebido o suficiente, já não haviam tantas pessoas para curtir a festa. Três da madrugada, e seus olhos começavam a arder de sono e cansaço, ela não era de frequentar festas. O copo de refrigerante em sua mão já parecia demasiado enjoativo, tendo isso em mente, apenas o deixou cair no chão e disparou para fora da festa, voltaria para o apartamento.

Por sorte, ainda haviam alguns carrinhos estacionados, e Mariana pegou o primeiro que viu à sua frente, tratando de dirigir até o prédio Safira. Passaram-se poucos minutos, ela estacionava o carrinho e caminhava até a porta de vidro quando viu uma luminosidade maior atingir seus olhos. Virou o rosto para identificar a origem e apenas observou um par de faróis se aproximando. Mariana esfregou os olhos rapidamente e voltou sua atenção aos próprios passos, entrando rapidamente no prédio e subindo até o quarto andar. A chave do quarto estava presa em seu pescoço por um cordão prateado.
A preocupação atingiu Mariana repentinamente, ela parou em frente à porta com os olhos baixos e fixos no chão, a imagem de Fernanda e Tamires a deixava ansiosa e apreensiva. Como estariam? A caçula do grupo por fim aspirou o ar lenta e profundamente, tirando o cordão de seu pescoço e encaixando a chave na fechadura, mas o que se seguiu foi algo inesperado, algo que ela nem por um momento foi capaz de imaginar.

— Parece que tirei a sorte grande hoje. — Lucas virou Mariana com um rápido e forte puxão de braço, empurrando-a contra a parede ao lado da porta.

— Mas o que…?

— Shh, fica quieta. — Lucas colocou a mão sobre a boca de Mariana, impedindo-a de emitir qualquer som. — Não quer acordar nossos vizinhos, não é?

Mariana balançou a cabeça negativamente. Suas pernas tremiam, seu coração batia freneticamente, mas tudo isso graças ao pavor que ela sentia.

— Hoje consigo o que sempre quis. — Lucas tirou a mão da boca da garota, quando Mariana ameaçou gritar ele a pressionou contra a parede ferozmente. — Se tentar algo contra mim, vai ser pior.

— Me deixa em paz… Por favor! — Murmurou ela, deixando que o desespero tomasse conta de seu corpo, e que as lágrimas caíssem descontroladamente de seus olhos.

— Não… Não antes de eu conseguir meu beijo. — Lucas segurou os braços de Mariana contra a parede e prendeu o corpo dela com o seu, impedindo-a de se mover. — Ou quem sabe eu consiga algo mais. — O olhar do garoto percorreu o corpo de Mariana, então ele forçou sua boca contra a dela, e por mais que ela permanecesse com a boca fechada, podia sentir os lábios e a língua do garoto forçarem passagem.

Mariana nunca havia se sentido tão vulnerável e enojada como naquele momento, jamais. Nem por um momento ela pensou que aquele carrinho se aproximando seria Lucas, nunca imaginou que o silêncio logo seria rompido pelo ato brutal do garoto.
Mariana sentia sua cabeça latejar de dor, já não conseguia respirar direito, e Lucas parecia que não iria desistir tão cedo. A garota continuava com suas lágrimas incessantes quando por puro instinto e impulso, chutou Lucas exatamente entre as pernas. Fora sua deixa. Lucas jogou-se no chão, gritando de dor por um momento. A garota virou-se para a porta do quarto enquanto a esmurrava, gritando por Evellyn. Havia se esquecido de que a chave estava na fechadura e era apenas preciso girá-la para abrir a porta. Ela notou então que Lucas havia parado de emitir qualquer som. E quando Mariana virou-se novamente, ele estava de pé, bem à sua frente.

— Não devia ter feito isso, Mariana. Não devia mesmo.

— Lucas… me deixa, me deixa em paz. — Pedia ela, recuando até a parede novamente.

— Tarde demais.

Ele tornara a se aproximar Mariana, mas agora com outros olhos, olhos consumidos por fúria e ódio. Mariana sentiu puxarem seu braço e se abaixou, indo na direção em que estava sendo puxada.

— Fique longe da minha amiga. — Gritou Evellyn, chicoteando o pescoço de Lucas com uma blusa enrolada.

Feito isso, Evellyn correu de volta para dentro do apartamento, levando Mariana consigo, havia retirado a chave da amiga da fechadura; e por fim, trancaram-se, deixando o garoto do lado de fora aos urros de raiva, esmurrando a parede.

Mariana ofegava, deixou que seu corpo escorregasse até atingir o chão, os soluços eram dos mais desesperados, e a garota a cada segundo encolhia-se mais e mais junto à parede. Evellyn sentou-se ao lado da amiga, abraçando-a.
— Relaxa, eu to aqui contigo. Ele não vai voltar a encostar em você. —Murmurava Evellyn, sentindo Mariana tremer freneticamente.

Fernanda e Tamires já estavam cambaleando enquanto dançavam, havia se passado uma hora depois que Lucas tentara forçar o beijo com Mariana, os outros amigos do garoto, Wallace e Caio, já haviam voltado para o apartamento, assim como todo o grupo de amigas de Beatriz, incluindo ela mesma. Marcelo e Phellipe seriam os próximos a ir, principalmente se não tivessem notado o momento em que os monitores simplesmente deixaram as meninas.

— Então, somos monitores, estágio… e também trabalhamos aos domingos, então temos que ir. — Murmurou Luiz para Fernanda, que o segurava com um braço só pelo pescoço, sustentando um copo cheio de whisky na mão livre.

— Mas já? Ainda está cedo… cedo… — Fernanda embolava-se com as palavras.
— Não, sério, precisamos ir. — Luiz saiu debaixo do braço de Fernanda e saiu correndo enquanto puxava Leandro, interrompendo mais um dos vários beijos que ele e Tamires compartilharam.

Ambas as garotas os olharam confusas, sem entender o motivo de simplesmente sair correndo. Ignorando isso, elas voltaram a dançar e terminaram suas bebidas, porém, mal conseguiam se manter de pé, e agora, sem Luiz e Leandro para servir de muro, ela caíram sentadas, rindo de si mesmas.

— Cara, olha. — Phellipe apontou para Fernanda e Tamires enquanto cruzava os braços e falava para Marcelo. — Acha que devemos levá-las conosco? Já estamos indo mesmo, e elas não parecem ter a mínima condição de ir embora sozinhas.

— É, Phellipe, acho melhor levarmos elas, sorte nossa que ficam no quarto em frente ao nosso.

— Pode crer, vamos.

Marcelo e Phellipe foram até as duas sentadas no chão, sequer pareceram notar quem eram quando os garotos as pegaram no colo e as levaram para fora.

Evellyn e Mariana ainda estavam acordadas, a caçula parecia incapaz de se acalmar, tanto pela surpresa feita por Lucas como pela preocupação que sentia para com as amigas que ainda estavam na festa. Evellyn convencera Mariana a tomar um banho para relaxar, mas não parecia ter surtido algum efeito. Ambas estavam sentadas no sofá da sala, Mariana com um copo d’água em mãos enquanto Evellyn apenas a fitava com uma preocupação maior do que já pensara ter sentido para com alguma amiga.

Marcelo e Phellipe estavam voltando com Fernanda e Tamires num carrinho, Marcelo dirigia enquanto Phellipe tentava manter as garotas sentadas de modo que não escorregassem até cair. Elas haviam desmaiado, dormido, não se sabia ao certo, mas certamente acordariam com a maior ressaca de suas vidas.

— O que deu nelas pra beber tudo aquilo? Você viu? Parecia até que não tinham muito tempo de vida. — Phellipe estava perplexo.

— E se beberem assim pra sempre, não terão muito tempo mesmo. Nós bebemos, mas na medida, fala sério.

Marcelo também estava como o amigo, por um momento pensara em sua irmã, no que aconteceria se bebesse como as amigas, ou se embebedar-se virasse um hábito. Quinze minutos se passaram e eles haviam chegado ao prédio Safira. Marcelo carregava Fernanda, e Phellipe carregava Tamires. Ambos se encararam franzindo o cenho e os lábios.

— Coragem. — Murmuraram um para o outro, tendo em mente os lances de degraus que teriam que subir carregando-as.

Demorou um pouco, nem tanto, suas pernas e seus braços pareciam amolecer a cada andar alcançado, seus peitos subiam e desciam em alta velocidade, carregar garotas não era tão fácil como já tinham imaginado — e jamais feito, até então.


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