Estrela Dourada escrita por ThEmzi


Capítulo 4
Quatro.


Notas iniciais do capítulo

Decidi postar esse logo junto ao terceiro capítulo, adiantando um pouco mais a história. haha Boa leitura *-*



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Haviam pequenas barraquinhas para quem quisesse apenas sentar e apreciar, algumas algas jaziam na areia molhada, o mar estava agitado, suas ondas estavam altas, e era possível notar alguns garotos surfando ao longe com as pranchas alugadas de uma das barracas.

— Isso é o paraíso. —Evellyn murmurou, com os olhos arregalados diante de tanta beleza, com as outras, não era diferente.

— Disso não há dúvidas. —Murmurou Fernanda, caminhando até mais perto do mar e sentando-se na areia quente e branca.

As amigas fizeram a mesma coisa, e aos poucos iam se aproximando e sentindo o ar refrescante e salgado causado pelo mar. Mariana e as amigas deitaram-se na areia, ignorando o fato de estarem de roupa e o Sol escaldante as atingir intensamente.

— Aquele não é o Wallace? —Evellyn perguntou repentinamente.

— Wal.. Quem? —Tamires levantou-se para olhar em volta.

— O Wallace, um dos gêmeos que nos ajudaram hoje a tarde.

— Onde? —Mariana perguntou, levantando-se, e logo em seguida, Fernanda fez o mesmo.

— Ali, surfando. —Evellyn apontou para um garoto no mar.

— Acho impossível. —Murmurou Mariana, ela lembrava-se que o garoto era sério, e podia até ter certa pinta de nerd, mas surf? Não parecia ser algo que Wallace se interessaria.

O garoto estava apenas de bermuda, e após descer uma onda, segurou a prancha e saiu do mar, trajava apenas uma bermuda branca florida, exatamente no estilo que surfistas usam, ou usariam. O cabelo do garoto estava baixo, e Mariana lembrava-se que Wallace usava moicano, seria possível que aquele surfista era realmente quem Evellyn dissera?

Era Wallace.

Mariana teve a certeza disso no momento em que o garoto caminhou até um grupo de amigos, e um desses amigos a fitou, e ela o reconheceu como Lucas. Mais ainda depois que vira seu irmão, o garoto que ela não conhecia e Phellipe.

— Ai meu Deus. —Murmurou Evellyn, incrédula.— Vocês viram aquilo?

— Wallace saindo do mar? Vi, porque? —Mariana murmurou, inexpressiva.

— Não ele saindo do mar em si, notou a barriga dele? Puro pecado. —Evellyn, aos olhos das outras três, estava se revelando, aquela que parecia quieta, não era tão quieta realmente.

Todas riram juntas diante do momento de encanto de Evellyn. Seria aquilo normal?
Felizmente, para Mariana, os garotos não foram até elas para conversar, enquanto Evellyn parecia elétrica após a cena privilegiada que Wallace proporcionara.

As horas voaram, e assim, a noite foi chegando, com isso, as garotas saíram da praia, mesmo com tamanha beleza e alegria, ainda estavam cansadas, e no dia seguinte, teriam aula, o que era o motivo principal para estarem ali. Apanharam um carrinho qualquer e voltaram para o apartamento, assim que nele chegaram, não fizeram muita coisa, tomaram um ultimo banho antes de cair em suas camas e apagar de vez.

 

O som vinha da sala, apenas Fernanda reconheceu a música de seu despertador.

Bury all your secrets in my skin, come away with innocence, and leave me with my sins..

E com o cansaço ainda a abatendo, levantou, e com isso, acordou Mariana de seu sono leve.

— Maldito despertador. Queria dormir, como me esqueci de mudar o horário?

— Acontece.. Relaxa, que horas são? —Mariana murmurou, caminhando atrás da amiga.

— Cinco da manhã.

— Caramba! Vou voltar pra cama.

— Espera, Mari, o que é isso?

— Isso o que, Fer?

— Entraram aqui enquanto estávamos dormindo.

— Como você sabe? —
Mariana escorou-se no portal da porta de seu quarto, de costas para Fernanda.

— Se você conhece algum outro jeito de deixar materiais escolares no quarto, me diga, porque eu não sei.

— Materiais escolares? —Mariana virou-se de imediato, foi só então que notou livros e cadernos sobre os sofás da sala, sem contar um telefone num criado mudo ao lado de um dos sofás que não estava ali no dia anterior.— Uau.

O sono de ambas parecia ter sido arrancado de seus corpos, então elas foram até os materiais, haviam quatro pilhas, uma para cada uma delas. Sobre cada pilha havia uma folha com o nome completo das garotas e o número de seus armários. Mariana e Fernanda correram até a cozinha para ver a grade horária, não tinham a mínima idéia de quais aulas seriam.
— Qual é, teremos aula até no sábado?

Mariana e Fernanda voltaram para os sofás e apanharam suas pilhas, notaram que os cadernos eram da própria instituição, com uma estrela dourada no centro, o logotipo da instituição em si.

Ainda eram cinco e meia da manhã quando as garotas decidiram voltar para a cama e acordar somente às sete, já que na grade horária dizia que a primeira aula era apenas às oito. Porém, a mordomia e o descanso das garotas não durou muito. O telefone ao lado dos sofás tocou às seis horas, e não parou até que finalmente Tamires se levantou para atender, sem nem notar que ele não estivera ali quando elas haviam chegado, apenas atendeu.

— Alô? —Sua voz era extremamente sonolenta.

— Bom dia, arrumem-se, vão para o refeitório, tomem o café da manhã e vão para as aulas. —A voz de Luiz soava educada e atraente aos ouvidos de Tamires, mas não demorou muito e ele desligou.

— Galera, acoooooooooorda! —Gritou Tamires, fazendo todas as outras saltarem de suas camas, até então, ela também não havia notado a pilha de materiais sobre o sofá.

— O que foi? —Mariana surgiu com Fernanda na sala.

— O monitor ligou, mandando nos arrumarmos para tomar café da manhã e ir para a aula.
— Mas ainda são seis horas. —Evellyn resmungou baixo.

— Então discuta com ele, não comigo. —Tamires era sempre assim ao acordar, mais mau humorada do que Mariana.

— Calma, calma. Vamos, vou tomar um banho e me arrumar. Aqui não tem essa coisa de uniforme, ainda bem, eu teria um ataque cardíaco. —Fernanda correu para o banheiro, e Evellyn que já estava na porta, fez o mesmo, e desta vez, foram Mariana e Tamires que tiveram de esperar por sua vez para tomar banho.

O café da manhã fora caprichado, o quarteto não se lembrava de ter comido tanto numa manhã como aquela.

— Eu queria entender o sistema de armários daqui. Onde fica oM23? —Mariana caminhava com as amigas no corredor já lotado, alguns cadernos nos braços e o desespero de não saber qual era seu armário a atormenteva.

— Eu acho que é em ordem alfabética, olha. —Evellyn parou no meio do corredor, ao lado de um armário com as letras gravadasE15.— É o meu. —Disse ela, verificando no papel que segurava.

— Acho incrível como os novatos se perdem com os armários, é ridículo, não sei como gente desse tipo tem capacidade de vir parar aqui. —Evellyn ouviu uma voz feminina não muito distante, e quando ela e as amigas viraram-se para olhar sua origem, depararam-se com uma garota loira, da mesma altura de Fernanda, um pouco mais baixa que Mariana.

— Me desculpe, isso foi uma indireta para nós? —Mariana se colocou ao lado de Evellyn.

— Olhem, as novatas estão falando conosco. —A loira virou-se para as outras garotas que a ladeavam, uma delas abrindo o armário ao lado do de Evellyn.— Sou Beatriz Chaves, é bom que conheçam a Rainha Estrela Dourada. —Comentou Beatriz, abrindo um sorriso irônico para Mariana.— Esta é Amanda. —Beatriz direcionou seu olhar para uma garota ruiva ao seu lado, a mais baixa do grupo, era menor que Tamires, e parecia um tantinho acima do peso.— Esta é Vitória. —Era uma “meia loira”, um pouco mais alta que Amanda, e de olhos castanhos.— Esta é Luiza. —Uma mulata de cabelos cacheados que iam até a cintura e olhos verdes escuros.— E esta é Eliana. —Eliana era a garota que estava abrindo o armário, tinha cabelos pretos lisos num chanel um tanto curto, os olhos pretos e frios.— É bom que saibam nos respeitar, novatas.

— Eu não mereço isso. —Fernanda bufou, vendo as cinco garotas saírem dali com um olhar de desdém sobre elas.
 

— Relaxem, sempre tem que ter uma vagabunda qualquer e seu grupinho numa escola, seria milagre se não tivesse. —Evellyn pousou as mãos nos ombros de Fernanda e Mariana.

Com os olhos flamejando de ódio, Fernanda e Mariana fecharam os punhos. Eram as que se irritavam mais facilmente, e Tamires era quem pagava o pato no final, tendo que aturar as duas irritadas em situações do tipo. Agora não estava mais tão sozinha tendo Evellyn ao seu lado.

— Não dá pra relaxar com uma dessas. —Mariana falou rangendo os dentes e respirando profundamente para não avançar em Beatriz e arrancar seus cabelos loiros.

— Vamos, vocês ainda têm que ir em seus armários. —Tamires murmurou.

Evellyn abriu seu armário, deixando alguns dos muitos cadernos ali e fechando-o rapidamente, seguindo com suas amigas até seus armários; um cada vez mais distante que o outro.

A sala de aula ainda estava vazia quando elas entraram, não haviam muitas pessoas que conheciam, muito menos de vista, certamente deveriam ser escolas de outros lugares do Brasil, afinal, não haviam apenas escolas em Brasília.

— Bom dia, galera. —Uma mulher entrou na sala logo após o quarteto se sentar no meio da sala de aula. Fernanda olhou o relógio na parede, os ponteiros indicavam oito horas em ponto.— Vejo que alguns ainda não chegaram, isso é típico dos novatos, mas logo vocês vão se adaptar.

— Tá né, isso quer dizer que não veremos muita gente durante uma boa semana. —Murmurou Tamires, baixando a cabeça na carteira.

— Meu nome é Carla, sou docente de redação e estarei com vocês aqui até que terminem o ensino médio. —Ela sorria gentilmente enquanto sentava-se em sua mesa. Era negra e com cabelos rastafári longos até a cintura, Mariana achava incrível.

A manhã para elas voou, o quarteto tivera aulas de redação, geografia e biologia, todas duplas, e aquilo as cansou. Às duas da tarde estavam de volta ao apartamento, haviam acabado de almoçar, e suas camas pareciam o melhor lugar para se ficar.— Juro. Adorei aquele professor de geografia. —Comentou Tamires para Evellyn.

— Quem não ia adorar? Além de explicar super bem, é lindo.

— Com certeza.

— Estamos ouvindo vocês. —
Disse Mariana de seu quarto, realmente conseguia ouvir o que conversavam, as portas estavam abertas, e como os quartos eram ladeados, era mais fácil ainda.

— Ah Mariana, vai dizer que não achou o professor Robson o maior gato? —Resmungou Fernanda.

— Claro que achei.

Todas riram.

O dia parecia ter voado, assim como maior parte da semana. O quarteto do 1529 Safira via-se atolado de atividades para fazer, mas ninguém havia dito que se inscrevera para se divertir, estavam ali realmente para estudar e garantir um futuro melhor.

Na quinta feira de manhã, após as aulas de inglês, durante o intervalo, as garotas haviam cruzado novamente com Beatriz e sua trupe, porém, não estavam sozinhas.

— Oi Mari. —Lucas estava abraçado à Beatriz, com seu braço cruzando sua cintura.

— Oi Lucas, parece que finalmente me deixou em paz. —Respondeu Mariana, com o tom superior.— Alguém que façaseu tipo. —Completou, vendo Beatriz fulminá-la.

— Quietinha, novata. —Vitória deu um passo à frente, olhando Mariana dos pés à cabeça antes de gargalhar e voltar para trás de Beatriz.

— Mal andava obedecendo meus pais, pior ainda você. Está longe de ter algum poder sobre mim. —Mariana começava a se irritar, e isso nem de longe era coisa boa.

— Calma maninha. —Marcelo era um dos mais altos, portanto, Mariana o notara um pouco atrás, só não notara que ele estava com o braço em volta da cintura de Vitória.

— Ah Marcelo, me poupa vai. Fique com essa aí, uma a mais ou uma a menos na sua lista, que diferença vai te fazer, né?
 

— O que ela quis dizer, amor? —Vitória lançou um olhar carente para Marcelo, que apenas lhe deu um selinho seguido de um “nada” muito baixo.

— Grande novidade. Agora, se nos dão licença. Temos que ir para nossa classe. —Disse Amanda, que parecia se valorizar demais para o que realmente era.

O grupo de Beatriz passou por elas seguido por todos os garotos do quarto de Marcelo, e Mariana e Fernanda mais uma vez tentavam se controlar.

— Eu não acredito que o Marcelo está com… com… comaquilo! —Tamires parecia indignada, não apenas parecia, como estava.

— Tammy, eu sei que você é afim do Marcelo, mas você sabe bem como ele não presta. Ele é um nada, absolutamente nada. —Era a trigésima sétima vez que Mariana dava aquele mesmo sermão na amiga.— Não quero você incluída na listinha dele, e olha que eu sei que ele tem.

— Eu sei, mas… aaah, tá. —Tamires deu-se por vencida, o alarme tocou e elas voltaram para a sala de aula.
 

A janela da sala estava aberta, o Sol estava forte, três horas da tarde e Mariana, Fernanda, Tamires e Evellyn permaneciam sentadas nos sofás, vendo televisão.

Nenhuma parecia muito a fim de conversas, pareciam todas entretidas demais com a TV ou absortas demais em seus pensamentos. Até que o telefone tocou, tirando todas daquele transe que parecia jamais ter fim.

— Alô? —Fernanda era a mais próxima do telefone.

— Alô, aqui é o Leandro, monitor.

— Pois não?

— Este é o quarto em que estão Mariana Carvalho Soares, Fernanda Macedo, Tamires Almeida e Evellyn Miranda?

— Sim, certinho.

— Então são novatas, só quero alertá-las sobre a festa de boas vindas que ocorrerá neste sábado, às dez da noite, na área de lazer do pátio central, as espero lá. — E por fim, ele desligou, sem ao menos dar a Fernanda oportunidade para responder.


— Pessoal, temos uma festa para ir. —Fernanda anunciou.


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