Estrela Dourada escrita por ThEmzi


Capítulo 3
Três.


Notas iniciais do capítulo

Gostaria de dedicar esse capítulo a Jenny, que comentou o primeiro capítulo e me fez ganhar o dia ao lê-lo. *-* Espero que gostem.



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Tudo que seus olhos azuis captavam a deixavam incrédula, por vezes pensara estar sonhando, porém, sabia que estava vivendo a maior realidade de sua vida.

Por enquanto, só se via o exterior, e como Mariana imaginara, a Instituição era composta por um prédio central, onde era a escola em si, e em sua volta, vários prédios podiam ser vistos a distância, não possuíam muitos andares, no máximo três ou quatro, onde seriam os apartamentos de cada grupo de estudantes, todos pintados de alaranjado ou cinza, com estrelas douradas bem ao meio, reluzindo fortemente graças à luz do Sol.
Tudo que se passava na cabeça de Mariana naquele momento, era o quanto ela desejava ver o interior de todo o lugar o mais rápido possível, infelizmente aquela fila parecia nunca andar, o que a constrangia e deixava-a cada vez mais ansiosa.

— Ansiosa? —Alguém murmurou em seu ouvido num momento inesperado, fazendo-a saltar de susto.

Mariana virou-se para ver quem fora o causador de seu susto e engoliu em seco ao deparar-se com belos olhos verdes e um sorriso encantador.

— Ah, bastante. —Murmurou ela em resposta enquanto voltava sua atenção para a fila e o lugar em que ainda estavam.

— Sou Wallace. —O garoto insistira na conversa, indo para o lado de Mariana enquanto erguia a mão direita para cumprimentá-la.

— Mariana. —Hesitou por um momento, mas logo ergueu sua mão e o cumprimentou também.— Você não tem amigos por aqui? Geralmente… garotos como você estão sempre acompanhados, suponho.

— Na verdade, vim com meu irmão. Esse mané aqui atrás. —Wallace gesticulou com a cabeça enquanto Mariana virava-se para olhar.— Somos gêmeos. Phellipe, chega aqui.

O irmão de Wallace, Phellipe, parecia bastante distraído com todo o lugar, até mais do que Mariana estivera antes de Wallace surgir e começar aquele papo.

— Diga Wall. —Phellipe correu até o lado do irmão antes de fitar Mariana, rir e comentar num tom suficientemente audível.— Já está tramando pegar essa aí, Wall? Qual é? Mal chegamos aqui, temos que fazer amigos primeiro.

Mariana engoliu em seco diante do comentário de Phellipe, o que a fez encolher-se, não fizera muito efeito, já que era uma garota alta para sua idade.

— Não Phellipe, eu estourealmentetentando fazer alguma amizade por aqui, não quero ter apenas você para conversar.

— Ah, desculpa. Enfim, sou Phellipe. Tudo bem contigo? —Mais um cumprimento e Mariana já estava sorrindo, sem graça, como sempre acontecia na presença de garotos. Não garotos quaisquer, garotos bonitos, sim.

— Tudo sim.. —Mariana olhava para os gêmeos distraidamente, desviava o olhar para tudo à sua volta.

— Então, Mariana, quantos anos você tem? —Do contrário de Wallace, Phellipe parecia muito interessado em assuntos que lhe pudessem fornecer uma namorada ou algo do gênero.

— Tenho quinze, e vocês? —Ela prosseguia com os passos ansiosos, esperançosa e desesperada para chegar logo ao prédio principal.

— Temos dezessete. Terceiro ano, e futuramente universidade Estrela Dourada. Você soube que agora não é apenas uma escola de ensino médio, não é? Agora também tem faculdade. —Wallace parecia ser mais sério que Phellipe em alguns momentos, Mariana notava isso no modo de falar e de se comportar, e do ponto de vista dela, isso era algo bom.

— Ah, sabia sim. —Respondeu ela rapidamente, baixando o olhar, e antes mesmo que pudesse falar algo, Phellipe atacou novamente.

— Está sozinha por aqui?

— Não exatamente. Aqueles manés saltitantes logo ali atrás, os conheço, Marcelo, meu irmão, e Lucas, um garoto aí. E no outro ônibus estão minhas amigas.

— Entendo. —
Wallace notara a leve irritação de Mariana no momento em que falara o nome de Lucas, e com um sorriso travesso nos lábios, riu e comentou.— E Lucas é um garoto super afim de você, porém, você não o suporta.

— Gosta de adivinhas? —Mariana fitou-o rindo por um momento.

— Só quando se trata de garotas tentando evitar garotos que não saem do seu pé. —Phellipe entrou na frente do irmão, como se pedisse total atenção de Mariana.

— Ah sim. —Mariana torcia para chegarem logo ao prédio principal, conversar sobre Lucas não era algo que ela queria realmente fazer, e felizmente, Luiz, o monitor, ainda na frente de todos na fila, parou próximo à entrada do prédio, começando a falar em alto e bom som.

— Atenção, todos. Este é o prédio principal, aonde vocês virão todos os dias para estudar, e também, é onde fica o refeitório, biblioteca, quadra de esportes e demais lugares para fins acadêmicos, exceto o pátio central, que logo vocês reconhecerão como a “Sala de TV”. —Luiz cruzou os braços e permaneceu com o tom autoritário, chamando toda a atenção para si.— Entraremos agora, e todos vocês receberão as chaves para seus quartos e armários, um pequeno mapa, e um cartão para quando saírem aos finais de semana. As demais regras e instruções a respeito da instituição estarão fixas às suas geladeiras.

— Eita, adorei. —Phellipe murmurou, cutucando Mariana rapidamente e voltando sua atenção para o monitor.

— Cada apartamento masculino, terá de quatro a seis garotos, sendo estes, escolhas nossas. —Como previsto, muitas vaias e reclamações foram ouvidas, Luiz apenas fez uma rápida careta antes de retomar o silêncio total que prevalecia ali antes dos protestos indignados de vários alunos.— E cada apartamento feminino terá de quatro a cinco garotas, já que o número de apartamentos femininos é maior. Então, acompanhem-me.

Sem abrir a boca para uma palavra sequer, Mariana, Wallace e Phellipe seguiram a fila, que agora já não estava mais tão organizada graças ao número de pessoas aglomeradas.

As portas eram de vidro. Seu interior no momento em que Mariana entrou não era nada parecido como ela havia imaginado centenas de vezes. Um enorme corredor estava à sua frente, e de cada lado, vários armários e portas de salas de aulas eram visíveis, e os olhos de Mariana brilhavam de expectativa a cada segundo.
O corredor inicialmente parecia não ter fim, os únicos sons audíveis eram os dos passos dos alunos e os murmúrios de admiração que o lugar lhes proporcionava.

Por fim, chegaram a um lugar amplo, onde quatro sofás estavam perfeitamente distribuídos, e uma grande televisão pairava bem ao centro, de um ângulo onde quaisquer pessoas que estivessem sentadas em um dos quatro sofás poderiam assistir. Ao lado, um pouco antes, havia um balcão, onde uma senhora parecia ocupada demais com seus afazeres para sequer lançar um olhar para os alunos e murmurar um rápido “Bem vindos!”.

— Porque a recepcionista não poderia ser mais nova? —Phellipe resmungou ao lado de Mariana.

Luiz caminhou junto aos outros até o centro, em frente à televisão, e com um gesto simples, convidou alguns alunos a se sentarem.

— Pois bem, aqui é uma parte do Pátio Central, o lugar ao qual me referi, onde vocês passarão a conhecer como “Sala de TV”, enfim, daqui em diante, será com vocês. Terão o dia todo para encontrar seus apartamentos e conhecerem mais a instituição e as redondezas. Amanhã mesmo vocês já terão aulas. A grade horária, assim como as regras e afins estão na geladeira de vocês, em seus apartamentos. —O monitor passou a caminhar de um lado para outro, fitando os novos rostos.— Já temos alunos aqui, do primeiro ano ao terceiro, assim como universitários. Como devem saber, a instituição é aqui no extremo litoral, portanto, os alunos possuem uma área exclusiva da praia, vocês poderão apanhar um carrinho, daqueles de quando se vai jogar golfe, e ir até a praia, será de total responsabilidade de vocês que não saiam da área estipulada para a instituição sem a autorização de um monitor, ou sem um monitor em si.

— Que cara chato. —Wallace e Phellipe reviraram os olhos, e Mariana riu de ambos.

Ela ainda não encontrara as amigas no meio daquela aglomeração, no avião não pareciam ser muitas pessoas, agora achava o contrário.— Fiquem quietos vocês dois. —Mariana resmungou baixo, dando uma cotovelada em ambos os garotos.

— Já calamos.

Mariana estava gostando da companhia dos gêmeos, pelo menos era melhor do que a companhia do seu irmão e de Lucas. Disso ela tinha certeza. Luiz a frente parecia um líder nato, a atenção de todos era focada apenas nele, eram poucos os que cochichavam aqui e ali algumas coisas e logo paravam para atentar-se ao que o monitor dizia.

— Então, continuando. —Luiz andou até o outro monitor, o qual o acompanhou até o centro do pátio, onde Luiz estivera anteriormente sozinho.— Então, esse é o Leandro, outro monitor, qualquer dúvida, além de mim, vocês também terão ele. Aqui estão as chaves e cartões, preparem-se, os nomes citados serão os que ficarão em cada quarto, respectivamente. Vamos aos garotos primeiramente.

Leandro e Luiz agora recebiam algumas caixas da recepcionista, Mariana refletiu um momento sobre ser aquilo com o qual ela estivera concentrada minutos atrás. A euforia dali em diante parecia ser intensificada, não havia muito o que fazer a não ser imaginar como seria tudo depois que se adaptassem.

— Arthur Lemos, Gustavo Fernandes, Geovane Bruno Silva, Marcos Melo, e Allyson Mendonça. Prédio Diamante Negro, quarto 1311.

Os cinco que haviam chamados foram até os monitores e apanharam suas chaves e cartões, feito isso, saíram do pátio central até sabe-se lá onde aos urros de comemoração, teriam que descobrir onde ficaria o prédio o qual ficariam.

Passados alguns outros grupos masculinos, o lugar começou a ficar mais vazio quando faltavam apenas alguns garotos e Luiz e Leandro chamaram.

— Marcelo Carvalho Soares, Wallace e Phellipe Mendes, Caio Fernandes e Lucas Rossi. Prédio Safira, quarto 1528.

Mariana olhou para os gêmeos ao seu lado enquanto estes iam até os monitores, assim como seu irmão, Lucas e um outro garoto moreno que certamente seria o tal Caio.

— Ferrou! —Foram suas ultimas palavras antes de ver o grupo sair.
Mariana engoliu em seco ao ver o grupo sair do pátio, e logo em seguida apenas mais quatro grupos foram citados, e só restaram garotas para serem chamadas. Os cochichos pareciam não acabar mais, Mariana sentiu puxarem seu braço, e quando se deu conta, estava com suas amigas. Num suspiro de alívio, a garota fechou os olhos levando a mão até o peito.

— Ufa, finalmente. Onde estavam?

— Estávamos bem aqui atrás, mas você estava com aqueles dois gatos, então preferimos ficar aqui até que eles se fossem. —Tamires comentou com os olhos brilhando, Mariana já entendera o recado.

— Não adianta, Wallace não é pra você, Phellipe talvez, ele é meio seu estilo, ou quase isso, e tá doido, doido por uma garota, ao menos foi o que deixou transparecer.

— Ah, fala sério, todo garoto é pra mim, é só transformá-lo. —Comentou a garota no momento exato em que Luiz reiniciou a chamada, agora de garotas.

— Evellyn Miranda, Fernanda Macedo, Mariana Carvalho Soares e Tamires Almeida. Prédio Safira, quarto 1529.

De início, todas comemoraram quando foram pegar suas chaves e cartões, afinal, por alguma armação do destino, felizmente acabaram no mesmo quarto, o que era o ponto bom na história, mas logo Mariana atentou-se ao número do quarto: 1529. E o que seu irmão, Lucas e os outros haviam ficado era 1528, sua expressão passou de completa alegria, para desespero incontrolável, porém, ela não falou nada, suas amigas estavam alegres o suficiente para não darem bola a qualquer palavra que dissesse.


O lugar parecia grande demais para achar o prédio Safira, para as garotas, estava sendo impossível. Primeiro pelo fato de que o prédio principal não era muito perto dos demais prédios, segundo, estavam a pé, e com as malas, algumas sendo arrastadas, outras nos braços, terceiro, não comiam direito há algumas horas, isso para quem havia ao menos tomado café da manhã ou se aproveitado da comida servida no avião.

— Eu vou morrer antes mesmo de chegar ao apartamento. —Fernanda arrastava-se atrás de Mariana.

— Ah, não me diga. Como se fosse a única. —Mariana rebateu com a respiração ofegante e o peito subindo e descendo rapidamente.

— Será que não tem nenhum daqueles carrinhos que o monitor falou? —Evellyn indagou com os olhos esperançosos, como se dizer fizesse com que brotasse um carrinho bem ali.

— Ali, bem ali. —Fernanda apontou para um carrinho logo à frente, e as quatro saíram correndo desesperadamente.

— Eba! —Tamires foi a primeira a se jogar no banco confortável.— Eu dirijo.

— Você não sabe nem andar de bicicleta, quanto mais dirigir isso aqui, vaza daí. —Fernanda tomou o volante e jogou as malas para Mariana e Evellyn que ficaram na parte de trás do carrinho. —Como se liga esse troço?

— Olha, passa seu cartão ali. —Mariana apontou para o lugar onde deveria haver uma ignição.— Acho que dá certo, é um sensor, não é?

— Descobriremos. —Fernanda pegou seu cartão e passou próximo ao sensor do carrinho, o que fez com que um barulho fraco de motor as fizessem comemorar e pular de euforia.

— Agora, para que lado? —Tamires recostou-se no banco colocando as mãos atrás da nuca, relaxando.

— Ali, os meninos, estão indo naquela direção. —Evellyn apontou para o irmão de Mariana e os outros, estavam indo a pé, como se não se importassem, e realmente não se importavam, eram atletas e estavam acostumados com longas caminhadas, ao menos a maioria deles.— Vamos segui-los até que encontrem o prédio, ou caso encontremos antes, deixamos eles se virarem.

Naquele momento, Mariana riu com o que Evellyn dissera, talvez seu ciúme ou antipatia para com Evelllyn fosse perda de tempo, independente de gostar da garota ou não, teria que se adaptar com a mesma, já que ficariam no mesmo apartamento durante um bom tempo.
O carrinho em que elas estavam não era algo que podia-se se chamar de rápido, muito menos com o peso que estava sobre ele. Elas aproximavam-se dos garotos vagarosamente, eles pareciam não se cansar de rir, pular e andar. Assim que estavam próximas o suficiente, viram que já estavam próximas a alguns prédios, e um pouco a frente, na entrada do terceiro prédio, havia uma placa escrito “Safira”, então, tendo a certeza de que era o prédio o qual elas deveriam ir, Fernanda acelerou e quando ultrapassaram os garotos — os quais pareceram mais pasmos do que o normal ao vê-las passar — chegaram rapidamente ao prédio.

— Vamos, andem, andem. —Fernanda começou a expulsar as outras enquanto pegava suas malas e corria até a porta de vidro.

Todas correram, deixando o carrinho estacionado para trás.

O saguão de entrada era amplo, e num belo tom de azul safira, ali estava explicado o nome do prédio, havia algumas poltronas formando um pequeno círculo, com uma mesinha central onde pairavam intocáveis algumas revistas. O porteiro/recepcionista estava atrás de um balcão idêntico ao da recepcionista no Pátio Central, e com um sorriso gentil, levantou-se, apoiando-se na bancada.

— Posso ajudá-las? —Perguntou ele.

— Ahn, o quarto 1529 é em qual andar? —Mariana fora a primeira a falar, as outras se surpreenderam com a velocidade da garota.

— Quarto andar. Boa sorte com as malas.

— Obrigada, eu acho. —Mariana engoliu em seco do “boa sorte” do homem, não entendeu o porquê, mas apenas seguiu com as amigas até um corredor lateral.

— Certo, onde está o elevador? —Tamires resmungou ao depararem-se apenas com uma escada.

— Acho que agora entendi o porquê do “boa sorte com as malas” do porteiro. —Mariana murmurou.— Enfim, não temos escolha.

— Eu ainda quero ir à praia hoje, então, andem. Força garotas. —Evellyn comentou, seguido de um aceno de concordância vindo de Fernanda.

— Relaxem, querem ajuda? —Mariana ouviu a voz de seu irmão.— A ajuda chegou.
 

— Marcelo. —Mariana murmurou, com o pé no primeiro degrau, porém, com o rosto virado para seu irmão, que ria com tom de deboche e superioridade.— O que você quer?

— Só estou oferecendo ajuda, se não querem, que fiquem para trás, não é galera? —Marcelo virou-se para os demais, que pareciam se conhecer há anos, rindo e fazendo caras e bocas.

— Eu aceito na boa. —Tamires foi a primeira a responder.

— Qual é Mariana, aceita. —Wallace deu um passo a frente, sorrindo para a nova amiga.

— É, não tem problema. —Phellipe juntou-se ao seu irmão.

Mariana ficou feliz que até ali Lucas não tivesse aberto a boca nem feito nada.

— O que acham, meninas? —Mariana virou-se para as amigas, que não hesitaram em momento algum antes de assentir freneticamente com a cabeça.

— Certo, vocês que deixem eles carregarem, eu levo minhas malas. —O mau humor da garota transpareceu de imediato, e fechando a cara, Mariana apanhou suas malas e tornou a subir as escadas fazendo um esforço maior do que esperava.

— Orgulhosa! —Ouviu seu irmão comentar não muito distante.

A garota preferiu não virar-se para responder, já estava de mau humor pelo ego do irmão tê-la irritado, então apenas continuou subindo.

Por algum motivo que nem mesmo ela entendeu, conseguiu chegar ao quarto andar antes que os outros, e andando no meio de um corredor longo, finalmente encontrou seu quarto. Haviam portas de ambos os lados, e quando notou, o quarto de seu irmão era de frente para o seu, o que a fez bufar.

— Terei que me acostumar.

Mariana colocou a chave na fechadura e girou rapidamente, a euforia já não era tanta, sabia bem que passaria um bom tempo ali, tempo suficiente para aproveitar tudo que pudesse.

— Espera Mari. —Fernanda chamou no momento que a amiga ia abrir a porta.

— Tá. —Respondeu Mariana friamente.

— Deixa esse orgulho bobo pra lá, estamos todas felizes, não tem porque você ficar assim. —Tamires rebateu, vendo a careta de Mariana logo em seguida, não muito agradável.— Obrigada meninos, nos vemos depois. —Evellyn agradeceu e seguiu Fernanda e Tamires até Mariana.

— Não precisa se preocupar, nos veremos mais do que imaginam, afinal, estamos no quarto em frente, pelo que notei. —Fora a primeira coisa que Mariana ouviu Lucas dizer, e aquilo a fez bufar e respirar profundamente para respondê-lo. Era realmente necessário que ela tivesse que aturá-lo?— Não é Mari, meu amor? Então, até mais.

Os garotos sumiram dentro do apartamento deles, enquanto Mariana segurava a maçaneta com força.

— E aí, dá pra abrir? Quero ver como é aí dentro. —Pediu Fernanda, estalando os dedos na frente do rosto de Mariana.

Mariana abriu a porta por fim. Sendo a que estava na frente e mais alta, foi a primeira a admirar o quarto. Suas paredes eram brancas, com alguns detalhes em azul claro — o que fez Evellyn e Tamires resmungarem um pouco, já que preferiam rosa à azul —, estavam na sala de estar, onde haviam dois sofás encostados nas paredes, não era muito ampla, mas estava na medida para agradá-las, do outro lado, de frente para a sala, estava a cozinha e duas portas ainda fechadas. O quarteto largou as malas perto do sofá e correram para as portas, sabiam bem o que era. Fernanda e Mariana foram na primeira enquanto Tamires e Evellyn correram até a segunda.

— No três. —Fernanda murmurou sorridente.— Um… dois… três!

No momento indicado, as duplas abriram as portas. Fernanda e Mariana depararam-se com um quarto em azul esmeralda, com duas camas de solteiro separadas por um criado mudo, e de cada lado, um guarda roupas, de um dos lados, uma janela dava vista para o mar, e ao lado desta, uma porta que dava lugar a um banheiro. De frente para as camas, uma televisão estava sobre uma pequena cômoda.

— E aí, como é o de vocês? —Fernanda gritou para as outras duas.
 

— O nosso? Bem… —Tamires começou a falar.— É rosa, ainda bem, tem duas camas de solteiro, uma televisão, dois guarda roupas, e um banheiro.

— Haha, o nosso tem janela, é azul. —Zombou Mariana, seguida por uma risada alta de Fernanda.

— Ah, sou mais o rosa. —Evellyn resmungou.

Cada dupla saiu de seu quarto e foi até a sala, jogando-se no sofá.



— Agora vem a parte chata. —Murmurou Tamires.— Tirar tudo das malas e arrumar.

— Vamos! —Disse Fernanda, levando suas malas para o quarto, e assim as outras também fizeram.

Arrumar as coisas fora das malas era sempre uma tarefa cansativa e entediante, disso todas já sabiam, principalmente porque a vontade de conhecer melhor os outros lugares atormentava o quarteto. Era inevitável. Depois de quase uma hora no quarto, arrumando-o aos seus gostos, as garotas pararam no sofá, cansadas e ofegantes.

— E agora? Que horas são mesmo? —Evellyn perguntou, com o corpo mole sobre o sofá.

— Se não se importam, eu vou tomar um bom banho para almoçar. —Mariana levantou-se num salto e disparou até seu quarto, correndo logo em seguida para o banheiro.

As três que ainda ficaram no sofá se encararam, até que Tamires levantou correndo, gritando.

— Eu banho primeiro! —E foi.

Evellyn e Fernanda ficaram para trás, teriam que esperar sua vez de tomar o primeiro banho por ali.

Mariana e Tamires demoraram cerca de quinze minutos, quinze longos minutos para Fernanda e Evellyn, que se sentiam zumbis no sofá da sala. Assim que todas haviam terminado seus banhos, saíram, rumando até o pátio central, onde iriam almoçar, e conhecer o refeitório.

O carrinho continuava do lado de fora, apenas à espera das garotas, era de se surpreender que ninguém o tivesse levado. Estavam todas cansadas que nenhuma se prontificou a dirigir o bendito carrinho, até que Mariana respirou profundamente e foi para o banco do motorista, e felizmente conseguiu dirigi-lo, não tinha nada tão complicado a não ser o freio, acelerador, volante e botão para ligar os faróis à noite.

As outras três cochilaram no caminho, felizmente, Mariana não estava tão cansada e nem com tanto sono. Assim que chegaram ao prédio central, Mariana acordou as demais, e então elas notaram alguns outros carrinhos, o que obviamente era sinal de que o lugar estaria mais cheio do que elas pensaram que seria possível.

O refeitório era maior que o pátio central, muitas mesas circulares estavam distribuídas de forma completamente organizada, os muitos grupos conversavam e atacavam as comidas sem parar.

— O que será que tem para comer? Estou morrendo de fome! — Fernanda começou a descer as escadas que levavam ao refeitório.

— Ninguém mandou não comer nada no avião, preferiu dormir. — Mariana fez careta.Aliás, você não estava bem, tinha mesmo que dormir.

— Porque a Fer não estava bem? — Tamires indagou.

— Terminei com o Bruno, lembra? Te contei no ônibus.

— Ah é. —Tamires fez um bico e apanhou um prato no momento em que entraram na fila para colocar o almoço.

O almoço parecia nem ter ocorrido, as garotas estavam com tanta fome que praticamente engoliram suas refeições.

— Agora, eu disse que ia à praia, e vocês vão comigo. — Evellyn riu, puxando Mariana e Fernanda pelos pulsos, Tamires foi atrás, não ficaria sozinha nem que a pagassem.

Desta vez, Evellyn tomou o volante. Sequer passaram no apartamento para buscar o mapa, acharam desnecessário, já que conseguiam ver o mar logo ali. Não se passaram nem dez minutos quando finalmente chegaram à área da praia que era exclusividade da instituição. Por pura sorte, todas trajavam shorts e blusas que não lhes eram incômodo algum para estar na praia, tiraram as sandálias e as seguraram nas mãos.


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