Estrela Dourada escrita por ThEmzi


Capítulo 20
Vinte.


Notas iniciais do capítulo

Escrevi rapidinho aqui agora e tal, mas espero que gostem, boa leitura.



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Banhos tomados e o sono e cansaço finalmente vindo atormentá-los. Evellyn estava deitada no colo de Wallace, que fazia cafuné nos cabelos escuros da garota, enquanto os outros estavam apenas sentados assistindo televisão, faltava algum tempo até o sol nascer.

Aquela dança.. Argh! — Resmungou Tamires.

— Não, aquela última prova parecia sem noção. — Disse Mariana, balançando a cabeça negativamente.

— Vocês podem esquecer aquela gincana e aproveitar que estamos todos juntos um pouco? — Lucas disse de repente. — Quando estamos juntos é melhor que qualquer coisa. — E abraçou Mariana, quase esmagando-a.

— É, claro. — Murmurou a garota, encolhendo-se de maneira que só ela sabia o quanto estava incomodada com aquilo, o que era estranho. Estaria enjoando de Lucas?

Fernanda olhou a caçula de um modo desconfiado, mas nada disse.

— MARI! O CAMPEONATO DE SURFE ESTÁ LOGO AÍ! ESTÁ ANIMADA? — Evellyn levantou repentinamente e exibiu um sorriso enorme.

— Claro que estou. — Respondeu, mas sem realmente parecer animada.

— Mari, você tá bem? — Marcelo perguntou.

— Claro que estou, mas que pergunta!? — A caçula levantou e foi para o quarto. Todos se entreolharam quando ela o fez, sem entender o porque daquilo.

— Eu falo com ela. — Marcelo soltou Fernanda e foi atrás da irmã, fechando a porta do quarto atrás de si.

— Você fez alguma coisa com ela, Lucas? — Tamires olhou-o com uma careta.

— Claro que não, vocês vêm o jeito que a tenho tratado. Amo a Mariana, todos vocês sabem disso. — Lucas estava sério.

— Você diz que a ama com tanta facilidade, mas não entende a dificuldade que ela tem de amar qualquer pessoa, não é? — Foi a vez de Fernanda falar.

— Claro que eu entendo. — Lucas parecia ofendido.

— Não entende. Sabe por que? Você não para de dizer que a ama, mas ela já disse uma vez sequer para você? Claro que não, a Mariana tem desconfiança e medo de qualquer coisa que envolva relacionamento e, convenhamos, você não é a pessoa em quem ela mais confia, Lucas. — A garota tomou uma melhor postura para encarar o loiro. — Você tem plena consciência de tudo que fez para ela, não tem, Lucas? Acha mesmo que agindo como está agindo vai fazer com que ela te ame tão rápida e repentinamente? Por favor, ela fica magoada com qualquer coisa que eu faça de errado e não perceba. Ela não esquece nunca o que dizem e fazem com ela.

— Mas eu estou me esforçando para fazer essa imagem minha sumir da mente dela.

— Mas você não é paciente, Lucas. Você está afobado, você surgiu naquela noite de repente e já a estava tratando como uma pessoa tão amada que ela aceitou por não estar bem. Mariana pode estar começando a se encantar por você agora, mas não pense que ela dirá que te ama com tanta facilidade como você o faz. Para uns, é fácil dizer ‘eu te amo’, mas Mariana está inclusa no grupo de pessoas que raramente o fazem. — Tamires havia se virado para o loiro.

Os outros garotos permaneciam calados apenas observando a cena que ocorria diante deles, pareciam surpresos demais para falar ou fazer quaisquer coisas que interrompessem o debate.

— A Mariana está no seu tempo, e eu vou esperar por ela. — Lucas disse seriamente, os braços cruzados diante do peito.

— Eu não tenho tanta certeza, você nunca foi muito paciente com nada, Lucas. E sei disso porque conheço ex-namoradas suas, e você dizia amá-las da mesma forma que está fazendo com a Mariana. Não me importa se dessa vez é diferente ou não, mas a Mariana é realmente alguém que demora a se deixar levar completamente, então, cuidado com o que faz, você pode estar cavando sua própria cova ao esperar que ela aja conforme você quer. Ela não é essas bonequinhas que você manipula, e também não é uma tola qualquer.

— O que vocês estão conversando? — Marcelo saiu do quarto da irmã e encarou os demais.

— Sobre o quanto a Mariana é uma garota e tanto. — Phellipe comentou com os lábios crispados, Marcelo não o entendeu.

— Vocês estão se drogando? Não entendi. — Murmurou o rapaz, voltando para o lado de Fernanda e a abraçando.

— Lucas acha que a Mariana vai dizer que o ama com tanto amor e certeza quanto ele.

— Ela não te ama, é só o que digo. — Marcelo encarou o loiro.

Lucas não gostou do que ouviu e se colocou de pé.

— O que é isso agora? Todos querem me fazer desistir dela agora?

— Ei, nós nem abrimos a boca! — Wallace fez careta e apontou para si, Phellipe e Caio.

— Não, apenas estou te informando algo que acabei de ouvir enquanto conversava com ela. A Mari está confusa e não é algo simples para se comentar. Vamos deixar isso de lado, certo?

— É melhor. — Lucas bufou e afundou num dos sofás, olhando para o teto de modo que todos pareceram concordar silenciosamente em manter-se concentrados apenas na televisão.

— O campeonato de surfe é em uma semana? — Mariana disparou, atordoada, encarando Evellyn.

— Foi o que disse Alexandre ao ligar aqui essa manhã, imagine o quanto também fiquei surpresa. — A morena coçava a nuca.

— Ele enlouqueceu?

— Não sei, só sei que agora temos pouco tempo até o campeonato, mas temos alguma chance.

— Certo.

— Certo? Mariana, o que estamos fazendo enrolando aqui? Vamos praticar, rápido.

Evellyn estava desesperada, era possível notar, mas a caçula preferiu não falar e nem fazer nada a não ser acompanhar a amiga até a praia para treinar.

Enquanto Mariana e Evellyn treinavam, Fernanda e Tamires quase sempre usufruíam da luz do sol para conseguir algum bronzeado durante algumas horas tostando.

Os rapazes pareciam ocupados com suas próprias coisas, embora nenhuma das garotas tivesse noção do que poderia ser, mas era bem provável que tivesse relação com o campeonato.

Evellyn sabia que a caçula não estava realmente preparada, mas esperava ao menos que a amiga se divertisse um pouco. Estavam todos lá tanto para assistir quanto para participar do evento.

Trajes nos corpos e pranchas em mãos, os garotos seriam os primeiros a encarar o mar agitado daquela manhã de sábado.

O sol escaldava logo cedo e ainda nem passava das nove da manhã. Poucas eram as nuvens e Alexandre liderava o grupo avaliador da competição, o qual era formado por cinco pessoas, sendo essas professores, com exceção do próprio Alexandre.

Algumas mesas e cadeiras de praia foram colocadas a uma distância do mar, além de cada lugar ter sua própria sombra proporcionada pelo guarda sol. Ninguém encontrou a exata origem do som, mas a voz de Alexandre ecoou por ali, chamando atenção de participantes e espectadores.

— A competição ocorrerá de acordo com a ordem alfabética, sejam pacientes. — Disse ele no microfone.

Wallace bufou e Evellyn o abraçou carinhosamente no intuito de acalmá-lo, deu certo. Os demais olhavam uns para os outros, Caio mostrou-se o mais nervoso, e não era por menos.

Assim que o loiro tomou a prancha e caminhou até o mais com outros cinco rapazes de mesmo nome, o grupo todo gritou em torcida e incentivando-o. Ele havia acabado de ser anunciado.

Estava nervoso, mas não só por causa do campeonato. Algo mais o incomodava. Desviou o olhar rapidamente, virando o corpo na direção dos amigos antes de suspirar longa e profundamente e voltar a caminhar na direção do mar.

Repetia algumas palavras para si mesmo como se quisesse realmente ficar calmo, mas sem muito sucesso. Tentou manter a mente vazia enquanto remava mais para o fundo do mar. De longe ouvia a narração feita por Alexandre e ao longe via seus concorrentes, estavam todos a uma distância razoável, o que proporcionaria um bom desempenho para todos eles sempre que quisessem investir nas mesmas.

Ficou de pé na prancha assim que avistou uma onda alta o suficiente para começar seus loops e rodopios de fazer a plateia distante gritar animada. Todos de seu grupo pareciam empolgados ao mesmo tempo que estavam apreensivos e preocupados.

O tempo de competição de Caio não durou mais que dez minutos, assim como os de seus concorrentes. Realmente era pouco tempo para que pudessem fazer boas manobras, mas aquelas eram apenas as classificatórias, e o loiro conseguiu passar em segundo lugar dentre os seis. Apenas ele e outros dois haviam passado de fase.

Logo depois foi a vez de Lucas e Marcelo. Ambos se saíram bem, mas nenhum deles foi capaz de se classificar, ficando abaixo do terceiro lugar. Estavam confiantes, mas não tiveram muita sorte com seus concorrentes. Acabaram ficando sentados na praia com Fernanda, Tamires, Lucas e Phellipe também.

Quando foi a vez de Wallace, era grande a expectativa, e ele consegui superá-las ao ficar em primeiro lugar em seu pequeno grupo de competidores.

Evellyn foi a primeira a competir no gênero feminino entre ela e a amiga. A briga no mar entre as garotas começou logo depois do almoço, e quanto mais tempo passava, mais Mariana se sentia nervosa.

Evellyn conseguiu, também, o primeiro lugar. Foi fácil. Mariana ficou em terceiro e estava surpresa consigo mesma.

Eram Mariana e Evellyn, Caio e Wallace, rumo às próximas fases.

Todos tinham plena consciência do quão difícil seria, ainda mais após juntarem as duplas e misturarem os gêneros. Evellyn e Mariana se pegaram temendo perder para os dois garotos.

Etapa após etapa os quatro conseguiam passar, sempre por pouco quando se tratava, principalmente, de Mariana. Até alcançarem as quartas de final.

— Agora é tudo ou nada! — Disse Wallace para Caio e as outras duas garotas.

— Estamos competindo contra nós mesmos, então vamos dar nosso melhor e nos superar. Não é exatamente pelo título, mas vamos nos divertir ao menos um pouco e mostrar que somos capazes. — Evellyn fincou a prancha no chão e sorriu com a mão na cintura.

Wallace puxou repentinamente a morena e beijou-a, arrancando todo seu fôlego tamanha a surpresa com aquela atitude. Não lutou contra o beijo, pelo contrário, correspondeu-o à altura e rapidamente era visível seu entusiasmo quando o rapaz a soltou e os quatro se entreolharam.

Caio fixou seu olhar em Mariana e ela desviou o próprio, fitando os pés e suspirando antes de ouvir Evellyn levantar a voz novamente.

— Vamos lá! — Gritou rapidamente, erguendo o punho no alto, seguida pelos demais.

Os amigos que estavam na praia ainda pareciam apreensivos, mas viram o quarteto agitado e esperançoso ainda na orla quando puderam finalmente ficar aliviados diante de toda aquela situação. Os jurados não expressavam emoção alguma conforme os alunos e competidores se jogavam no mar com suas pranchas, apenas faziam breves anotações em papéis sobre suas mesas e rapidamente voltavam o olhar para os surfistas que aos poucos mostravam suas manobras e talento sobre uma prancha em cima de uma onda.

Havia um quadro agora com as equipes que competiriam entre si. O quarteto competidor entrou em choque ao ver que eram equipes rivais logo naquela primeira etapa.

— Já era. — Murmurou Mariana, abaixando a cabeça.

— Ei, ei, ei. Não fala assim. — Disse Caio de repente, se colocando na frente da morena.

— Vocês dois são ótimos. Se alguém aqui tivesse chance, seria a Evellyn, mas eu sou a dupla dela e a estou afundando por não ser assim tão boa.

— Não fala assim, Mari. Você aprendeu nesses últimos tempos mais do que eu aprendi em anos. Você se esforçou, vamos ao menos tentar vencê-los. Continue dando seu melhor.

— Estamos cansados também, Mariana, mas não vamos pegar leve com vocês. — Wallace sorriu, puxando mais uma vez Evellyn pela cintura e roubando-lhe um selinho.

— Vocês poderiam parar com isso.. — Murmurou a caçula, corando.

— Cadê o Lucas? — Gritou Evellyn, como se chamasse o loiro.

— Não! Não chama ele! Não! — Pediu Mariana, tapando a boca da amiga.

— Achei que você gostasse dele, Mari. — Wallace arqueou as sobrancelhas, os outros dois também pareceram confusos.

— Eu gosto, mas ultimamente tenho tido a sensação de que não damos muito certo.. De que estou forçando, por ainda estar mal. Ele me cuida e é atencioso.. Algumas vezes esqueço que ele já foi um ogro, mas outras vezes me parece tão encenação quanto qualquer outra coisa. É complicado..

A morena tentava se justificar quando Lucas realmente apareceu ao seu lado de repente, Mariana forçou um sorriso.

— O que houve? Me chamou? — Perguntou Lucas, abraçando Mariana por trás e dando-lhe um beijo no pescoço.

— Não, não te chamamos. Deve ter sido outro Lucas, não? — Disse Wallace de repente, mentindo pela caçula.

— Ah, sim, achei que tivesse me chamado.. — Ele abaixou a cabeça e fungou contra o ombro de Mariana, ela arrepiou involuntariamente. — Bom, parece que teremos um pequeno show agora, não é? Vocês quatro..

— É, agora nos dê licença, temos que nos concentrar. — Evellyn saiu empurrando Lucas e voltou logo depois.

Nenhum dos quatro preferiu comentar nada depois daquilo, tinham algo mais importante para se preocupar: a prova do campeonato.


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