Estrela Dourada escrita por ThEmzi


Capítulo 2
Dois.


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo aí, algo básico, acho. rs
Espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/432437/chapter/2

Pela primeira vez após muito tempo, a música do despertador de Mariana anunciava algo que ela poderia certamente comemorar, era domingo, suas malas estavam prontas, e a única coisa que apertava em seu peito era a certeza da saudade que sentiria dos seus pais.

— Porque você também tinha que se inscrever, Marcelo? Porque? Eu estaria bem alegre e satisfeita se soubesse que meu irmão mais velho ficaria em casa, cuidando do caçula, e não indo para Espírito Santo comigo e minhas amigas. Aliás, como foi que você passou mesmo?

— Mariana, fecha a matraca e deixa de dar uma de chata, aliás, você já é chata né, então, esquece o que eu disse.

— Eu não mereço isso.

As malas de Mariana pareciam pesadas o suficiente para amassar seus pés caso caíssem sobre eles, os pais da garota vinham logo atrás dela, seguidos pelo caçula da família, que parecia mais alegre que os dois mais velhos por eles estarem indo viajar por um bom tempo.

Seria complicado encontrar as amigas ali, Mariana notara que haviam dois aviões para levar os futuros estudantes de Estrela Dourada, e Mariana temia desesperadamente que ficasse num avião diferente do que suas amigas ficariam. Seria estranho ao seu ponto de vista, já havia passado algum tempo sem suas amigas, mas nunca viajara de avião, e o medo de voar a aterrorizava, o que só a fazia temer mais a viagem e a separação.

— Filhos, vocês são naquele portão, vamos. —Carlos era o que melhor conhecia o aeroporto, sempre estava viajando a trabalho.
Mariana e Marcelo direcionaram-se para o portão que o pai indicara numa velocidade mínima, sabiam que em poucos minutos estariam a cerca de uma hora e meia de avião de sua casa, e de sua família, ao menos parte dela.

Os pais chorosos nas filas despediam-se de seus filhos enquanto era anunciado num alto falante que o embarque era naquele exato momento, a ansiedade tomou conta do corpo de Mariana, e o sorriso que surgiu em seus lábios era gratificante. No final da fila, Mariana abraçava seus pais e seu irmão caçula, enquanto isso, Marcelo revirava os olhos diante da situação e também do abraço apertado de sua mãe que deixara os olhos começarem seu trabalho, chorando desesperadamente enquanto falava coisas como “Meu filhinho”.

— Ultima chamada para o embarque, portão 12, com destino para Espírito Santo, Instituição Estrela Dourada.

— Tchau, tchau. —Mariana deu um beijo em cada integrante de sua família que deixara para trás.

Dali em diante, seria uma nova vida.
O avião parecia mais agitado do que talvez pudesse ser caso fossem de ônibus, a única diferença é que se fossem de ônibus, teriam mais tempo para farrear e curtir a vista de toda a viagem.

Mariana trouxera uma bolsa velha onde guardava um caderno de desenhos e textos, juntamente com uma caneta e uma barra de cereal, embora tivesse a leve impressão de que sequer precisaria comê-la. Suas pernas tremiam de ansiedade quando se sentou numa das várias poltronas. Ainda não havia encontrado nenhuma de suas amigas e aquilo só fazia com que seu nervosismo fosse intensificado, daquela forma, uma hora ou outra Mariana acabaria surtando dentro daquele avião.

— Onde estão vocês? Pelo amor de Deus. —A garota murmurava baixinho com os olhos atentos a todas as direções que podia alcançar daquele lugar.
Felizmente, Fernanda entrou no avião e pareceu notar Mariana de imediato, então sem qualquer demora, se sentou ao lado da caçula, algo rápido, e com um sorriso também nervoso nos lábios, abraçou a mais nova.

— É hoje, é hoje... Vou dormir, não consigo ficar acordada dentro de um avião com tranquilidade. —Confessou Fernanda, recebendo como resposta apenas uma risadinha nervosa por parte da caçula, que logo tratou de assentir com a cabeça enquanto observava a amiga acomodar-se na poltrona e adormecer rapidamente, algo que Mariana até estranhou pelo simples fato de que nem ela mesma conseguia dormir tão rápido, nem mesmo quando estava podre de cansada.

— Bom dia, bom dia, bom dia, pessoal! Atenção aqui, por favor, prestem muita atenção. —Um homem surgiu no meio do corredor do avião, havia levantado de uma poltrona bem à frente de todos.— Meu nome é Luiz, sou um dos monitores da instituição Estrela Dourada e estarei ajudando vocês até que se adaptem e se acostumem com todo o lugar e tudo mais. Estudei meu ensino médio na Estrela Dourada, e agora sou estudante da Universidade Estrela Dourada, tenho certeza que vão adorar. Agora se preparem, boa viagem e nos vemos mais tarde! —Disse ele com tom autoritário, sorrindo e acenando rapidamente com a cabeça antes de se sentar. Mariana ouviu comentários e murmúrios de outras garotas no avião, claro, o tal Luiz não era de se jogar fora. Na realidade, era um homem que certamente seria desejado por qualquer mulher, ou homem.

Com um leve sacolejar, Mariana conseguiu acordar a amiga que parecia completamente desmaiada ao seu lado, a caçula por um momento até temeu que a amiga tivesse sofrido um coma ou algo do tipo, felizmente, nada do que apenas um sono tranquilo.

— Pode abrir os olhos e aquele sorriso encantador, estamos chegando. —Mariana murmurou enquanto voltava-se para a janela a fim de ver o avião começar sua aterrissagem.

— Mas já? Que rápido.

— Rápido para você, que dormiu a viagem inteira, e que já viajou de avião antes, o contrário de mim.

— DESCULPA, ESTRESSADINHA!

— Ah, vamos, anda, anda, vamos Fernanda.

A sensação de frio na barriga no momento em que oavião começou a descer atingiu Mariana e Fernanda, então preferiram respirar profundamente apenas esperar pelo momento em que o avião finalmente tocasse o chão.

Passada a pior situação, as amigas retiraram o cinto no momento em que sentiram a imobilidade do avião, e também quando notaram que os demais retiraram seus cintos e começaram a gritar para comemorar a chegada.

— Atenção, todos em seus lugares. —Luiz, o guia de viagem, também monitor de Estrela Dourada, apareceu no corredor novamente, com uma prancheta, e ao seu lado, mais um rapaz era visto, com as mesmas roupas e muitos crachás.— Os chamarei e vocês formarão filas e então vão buscar suas malas assim que sair, quatro ônibus nos aguardam do lado de fora do aeroporto, vocês não devem se distanciar de nós em momento algum.

— Por mim ficaria perto dele 24 horas por dia. —Fernanda comentou baixo com Mariana, rindo baixo.Tivera que terminar com Bruno pelo simples fato de que o garoto não aceitou ela ter conseguido e ele não, o garoto teve crise de ciúme e terminou, sem dar chance ou direito de argumentação e defesa para Fernanda. Agora que estava solteira, parecia não conseguir se controlar, depois de anos.

— Ei, se controla, mal terminou o namoro e já quer pegar o monitor.

— E quem disse que eu ligo para o fato de ele ser monitor?

— Você e Tamires nunca ligam para fatos como esse. Agora, vamos ouvir.

— Então, vamos à lista. Ana Cristina Silva, André Gonçalves, Andressa Maranhão, Arthur Medeiros, Bianca Lins…

E assim a lista seguiu até que Fernanda e Mariana foram chamadas.
— Espero encontrar Tamires logo, será uma tremenda solidão sem ela conosco. —Fernanda murmurava nervosa, olhando para todos os lados no momento em que estavam no aeroporto, olhando para a multidão de adolescentes com crachás em seus pescoços.

— Digo o mesmo. Não gostei muito desse crachá, me sinto muito infantil. —Mariana segurou o crachá pendurado em seu pescoço e fez careta.

— Ah, acha que gostei? Vamos… —Fernanda segurou o crachá de Mariana e riu antes de ler em voz alta.— Mariana Carvalho Soares, segundo ano do ensino médio, da Instituição Estrela Dourada, período matutino, quinze anos, nascida no dia vinte e três de junho de…

— Ei, vamos parando por aí, não quero que olhem para mim, não mesmo. —Resmungou a caçula, puxando o crachá da mão da amiga.

— Deixa de ser chata, Mariana. Olha só quem está ali.

Por entre a multidão, o braço moreno de Tamires se fez visível, e a garota surgiu por inteiro poucos minutos depois com um sorriso abobado no rosto. Momentaneamente, Mariana e Fernanda pensaram em correr até a amiga para um abraço em trio, ao menos até notar que Tamires vinha acompanhada de uma outra garota, a qual parecia mais tímida até que Mariana no momento.

— Oi gente, essa é a Evellyn. —Anunciou Tamires ao parar de frente para as amigas.

— Ahn, oi. —Mariana cumprimentou Evellyn apenas com um aceno de cabeça, não era novidade, mas Mariana sempre era um pouco durona na hora de novas amizades, já Fernanda e Tamires, nem tanto.

— Oi, como vão? —Evellyn estava sorridente, e o rosto da garota era extremamente familiar para Mariana e Fernanda.

— Oi, bem obrigada. De onde você é? —Fernanda erguera as sobrancelhas enquanto a puxava para um abraço rápido.

— Estudamos na mesma escola, só em salas diferente, reconheceria vocês de longe.

— Ah sim. —Fernanda suspirou pensativa, enquanto Mariana apenas continuava parada em seu lugar ouvindo a conversa momentânea.— Sabia que te conhecia de algum lugar. Eu sou Fernanda, essa é a Mariana, e obviamente que você já conhece a Tamires.

— Muito prazer, mesmo. Também sou do segundo ano, então…

— Vamos pessoal, formem filas, os ônibus estão nos aguardando lá fora. —Disse Luiz Henrique, tomando a liderança sob os demais monitores que ali estavam presentes.

— Depois conversamos, vamos. —Tamires correu para a fila que começava a se formar, levando as amigas junto.

O tumulto era enorme, as malas já estavam com seus respectivos donos, e as conversas não cessavam, a animação e empolgação de todos era visível à distância, porém, os capixabas já pareciam acostumados com tal comportamento vindo de adolescentes com crachás pendurados em seus pescoços e numa euforia sem igual.

Parados em frente aos ônibus, Luiz fizera uma nova chamada, e por algum motivo que nenhuma das garotas entendeu, desta vez, foi Mariana quem ficou sozinha. Fernanda, Tamires e Evellyn acabaram num só e Mariana, sozinha noutro ônibus, resmungou como nunca ao notar que seu irmão também estava por ali.

— Que grande maravilha.
Bom, ao menos foi quem ela notou de primeira. Ao ver que mais um ser indesejável estava no mesmo ônibus, sua vontade foi de arrumar a maior confusão para que pudesse acabar no mesmo ônibus que suas amigas.

— Olha só quem está aqui. Saca só, Marcelo. —Lucas cruzou os braços enquanto apoiava-se numa poltrona no momento em que Mariana cruzou a porta do ônibus.

— Fala maninha. —Marcelo também cruzou os braços enquanto fitava a irmã entrar.

— Oi. —Disse a garota friamente.

Marcelo e Lucas ergueram as sobrancelhas diante da forma que Mariana os cumprimentou, se é que aquele “oi” pudesse ser chamado de cumprimento. Num longo suspiro, Mariana sentou-se numa das primeiras poltronas, tendo em mente o fato de que Marcelo e Lucas estavam dominando “o fundão” com alguns amigos bastardos que certamente não sabiam como haviam sido aceitos. Da mesma forma que Mariana perguntava-se como o irmão e Lucas conseguiram uma vaga em Estrela Dourada.

— Isso não pode estar acontecendo. —Mariana encolheu-se em sua poltrona, encostando a cabeça no vidro.— Seja o que Deus quiser.
A instituição não era longe do aeroporto, seriam apenas vinte minutos até chegarem, o que até certo ponto, foi um alívio para Mariana quando notou o ônibus parar e então grandes muros estavam ao seu lado. O sorriso tanto aliviado como maravilhado tomou conta da garota, o que a fez ignorar Lucas com muito prazer, que tentava paquerá-la sem sucesso algum, e o mais incrível na opinião de Mariana, é que seu irmão, ao invés de protegê-la, apoiava Lucas no que quer que fosse em relação a ela.

— Me dá licença. —Mariana passou por Lucas rapidamente quando um dos monitores — que não era Luiz, mas não deixava de ser atraente — autorizou a saída. Os passos de Mariana eram os mais apressados de todos os presentes.
Mariana virou uma estátua.

A entrada da Instituição era feita por portões enormes com uma estrela dourada de cada lado, ainda não haviam entrado, e a mente da garota viajava em demasia, tentando insistentemente imaginar como poderia ser o interior do lugar, mas só seria capaz de descobrir realmente quando estivesse lá dentro. Naquele momento, Mariana esqueceu-se de tudo à sua volta, e sua mente já não parecia existir mais, era como se a garota estivesse num estado vegetativo, onde pudesse apenas apreciar o que estava reservado para ela.

— Malas de Mariana Carvalho Soares, Mariana Carvalho Soares… —Chamou o monitor, tirando-a do transe.


— Eu, eu. —Mariana correu até o monitor e apanhou suas malas.

Assim que todos os futuros alunos apanharam suas malas, tiveram que formar filas novamente, e Mariana estava tão absorta em seus milhares de sonhos que esqueceu completamente de suas amigas, seu irmão e de Lucas, queria apenas entrar logo e satisfazer sua vontade de finalmente desvendar o mistério de como era toda aquela fortaleza. Os portões foram abertos, Mariana respirou profundamente quando seus passos começaram a se tornar incertos e inseguros graças ao seu nervosismo, mas logo ela viu-se maravilhada com todo o lugar no exato momento em que cruzou os grandes portões.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Em breve o terceiro capítulo. :3



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Estrela Dourada" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.