Estrela Dourada escrita por ThEmzi


Capítulo 16
Dezesseis.


Notas iniciais do capítulo

Um pouquinho de tensão aqui só pra atiçar. rs
Boa leitura!



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Mariana acordou com o telefone tocando. Sua cabeça doía tanto que não se lembrava de ter se sentido tão mal antes como naquela manhã. O telefone continuava a tocar e a caçula quase que em modo automático apenas caminhou para a sala, apanhou o telefone e murmurou um “já sei, aula” sem vida sem nem mesmo perceber os amigos e o irmão que dormiam na sala, uns amontoados nos outros num sofá que, definitivamente, não era grande o suficiente para todos ali. Só quando tropeçou no braço de Caio, que foi parar no chão, foi que Mariana caiu e percebeu a cena na sala.

— Socorro! — Disparou a menina, levantando enquanto via Caio massagear o braço atingido e levantar com dificuldade. — O que vocês estão fazendo aqui? Aliás.. O que vocês fizeram aqui?

— O que? — Perguntou Tamires, sonolenta.

— Vocês todos piraram? Temos aula! Levantem, andem. — Mariana começou a puxar um por um pelos braços.

Foi difícil fazer com que todos enfim levantassem e arrumassem a bagunça que ficou a sala, mas o fizeram e rápido o suficiente para que não acabassem chegando atrasados na primeira aula.

O restante da semana passou se arrastando de forma tão demorada que Mariana não esperava pelo dia que enfim fosse sábado e ela pudesse só ficar o dia inteiro trancada no quarto sem que fosse de fato obrigada a encarar Beatriz e seu grupo e ainda Alexandre para quase todos os lugares que ia durante o dia.

Algum tempo depois, Mariana ainda mantinha a mesma expressão indiferente quando se tratava de Alexandre, Beatriz e suas amigas. Lucas realmente parecia interessado em fazer por merecer quando se tratava de conquistar Mariana, demonstrando-se cada vez mais educado e um tanto mais educado quando se tratava até mesmo das amigas da menina ou de outras pessoas em geral. Mariana fez questão de notar e zoar tanto de Evellyn e Wallace como de Tamires e Phellipe, lembrando-os de todos os beijos que já haviam ocorrido até então, fossem propositais ou não, mesmo que não estivessem mais tão próximos graças a Luiza e Eliana, que de alguma forma conseguiram atrair os garotos mais uma vez.

Era sábado, dois de junho, aniversário de Marcelo, e todos do grupo sabiam daquilo e, mesmo não sendo exatamente do grupo, isso incluía a quase atual namorada do rapaz, Vitória, e ainda também suas amigas.

O sol estava forte, mas ainda assim o vento frio fazia com que Mariana e Fernanda tremessem a cada passo que davam pela praia. A caçula não demonstrava muito interesse em qualquer coisa que fosse naquela manhã. Fernanda parecia pensativa, ambas sabiam que Evellyn e Tamires gostavam de dormir até tarde, não que elas não gostassem, mas naquela manhã ambas acordaram cedo e não conseguiram voltar a dormir, então decidiram caminhar pela praia. Ao sair do quarto notaram Vitória, Amanda e Eliana na porta do quarto 1529, mas não pareceram muito preocupadas.

— Não sei. Poderíamos fazer algo. — Murmurou Fernanda para Mariana.

— Talvez. Talvez eu faça um bolo e comemoremos um pouco mesmo que seja só no térreo do prédio, né? — Mariana tinha a voz embriagada e sonolenta.

— Ele gosta de bolo de que?

— Qualquer coisa. Se você der uma pedra para o Marcelo, ele come. Eu que sou a fresca com comida.

As duas riram juntas, parecia que em algum momento ao menos Mariana conseguia não pensar mais tanto em Alexandre, estava sendo realmente difícil deixá-lo para trás. Sendo como era, Mariana apegava-se e entregava-se de uma maneira incomum e tola, no seu próprio ponto de vista. Fernanda notava o quanto a amiga ainda parecia desconfortável e triste com aquilo, não era preciso muito para perceber.

Voltaram para o apartamento algumas horas depois, parecendo cansadas demais para sequer preparar o almoço, mas Tamires e Evellyn não se incomodaram de fazê-lo. Os garotos sumiram por uma tarde inteira enquanto as meninas se preocupavam apenas em algo para fazer para Marcelo, o quarteto gostava do garoto, e Mariana tinha motivos de sobra para fazer algo para o irmão devido aos últimos dias, os quais ele havia se transformado em um completo e preocupado irmão coruja.

O bolo era de chocolate com recheio de coco ralado. Prestígio, como disse Evellyn assim que terminaram de escrever “Parabéns, Marcelo” na camada superior. Conseguiram, com alguma sorte, os ingredientes e o que mais precisavam com uma das funcionárias do refeitório, e prometeram ajudá-la algum dia desses, ajuda essa que foi aceita de bom grado pela senhora sorridente.

Deixaram a porta aberta para que pudessem ver quando os garotos chegassem, mas pareceu demorar mais do que esperado, e quando aconteceu de alguém aparecer, quase às onze da noite, esse alguém foi Lucas, com uma expressão curiosa quando percebeu Mariana aflita na porta.

— Você tá bem? Parece que viu um fantasma.

— O Marcelo.. é aniversário dele.. Devia estar aqui, íamos fazer uma surpresa.

— Posso entrar?

— Pode. — Foi Fernanda quem respondeu. Pelo visto, as amigas da caçula se acostumaram com o tal novo Lucas que vinha se fazendo presente nos últimos tempos.

Lucas entrou, Tamires e Evellyn o cumprimentaram com um sorriso tranquilo quando o loiro enfim entrou e acomodou-se em um dos sofás da sala do apartamento.

— Acho que não vão vê-los hoje. — Comentou Lucas, a voz parecia demonstrar algum arrependimento, como se não quisesse ter sido ele a informar aquilo a elas.

— Por quê? — Mariana havia acabado de fechar a porta.

— Eu os vi com Beatriz e as outras, estavam indo para as bandas de lá da universidade.

— Parece que eles arrumaram algo melhor para fazer no aniversário do Marcelo. — Fernanda bufou, esmurrando a porta.

Quase que neste exato momento, uma agitação foi ouvida no corredor. Fernanda abriu a porta de supetão, colocando-se para fora quando as outras meninas ainda corriam rumo à porta e Lucas acompanhava Mariana para o mesmo caminho. Risadas eram ouvidas, risadas e passos agitados, vozes que demonstravam um entusiasmo incomum àquela hora da noite. Marcelo vinha com Vitória no colo, mordendo seu ombro nu, os outros garotos não estavam muito diferentes de Marcelo. Amanda vinha nas costas de Caio, agarrada ao seu pescoço. Phellipe e Wallace traziam Luiza e Eliana numa espécie de ponte formada com seus braços. Não muito atrás, Alexandre e Beatriz se beijavam sem se importar com qualquer coisa que pudesse vir a acontecer se fossem vistos.

Mariana sentiu os olhos arderem. Fernanda ardeu em raiva, assim como Evellyn, que se sentiu decepcionada com Wallace. Tamires pareceu ser a única a não se importar tanto, apenas pareceu, pois por dentro escondia o quanto aquela cena lhe trazia à mente o primeiro beijo com Phellipe.

— Feliz aniversário, Marcelo. — Disse Mariana num tom de desprezo antes de se virar e entrar no apartamento, Lucas seguiu logo atrás da caçula.

— É, parabéns. Ah, espera. — Fernanda sorriu cínica, correu até a cozinha e pegou o bolo que haviam passado a tarde fazendo. — Isso era pra você. — Murmurou, ignorando uma expressão enojada de Vitória, arrancando um pedaço significativamente grande do bolo e esfregando-o no rosto de Marcelo, sem nem mesmo se importar com alguns resquícios que lhe sujavam a bermuda branca que fedia a álcool.

Todos pareceram surpresos com o que Fernanda fez e, antes que Marcelo pudesse dizer qualquer coisa, ainda com o rosto completamente sujo, a garota largou o bolo aos pés do moreno e permitiu-se entrar novamente no apartamento, seguida pelas amigas Tamires e Evellyn, fechando a porta sem pensar duas vezes.

Pareciam todas aflitas, e de fato estavam. A consideração havia sido mínima e tudo isso foi notado naqueles simples e rápidos minutos que passaram segundo atrás. Lucas acariciava os ombros de Mariana enquanto as outras três estavam afundadas nos sofás da sala, o corredor estava completamente silencioso, mas pouco depois puderam ouvir uma batida abafada de porta se fechando, eles haviam entrado em seu apartamento. Fernanda levantou rapidamente, abriu a porta e encarou o corredor vazio, e pelo visto levaram o bolo para dentro do apartamento mesmo depois de ter sido jogado no chão.

— Não acredito que eles tenham feito isso, principalmente Marcelo. Ele sequer pensou em mim, ele sabe que sempre gosto de preparar algo para ele.. — Mariana deixava a decepção em sua voz tão visível que Lucas parecia ainda mais preocupado com o que a garota poderia fazer no momento seguinte, e o que mais temia era vê-la chorar.

— Mariana, para de pensar nisso. Ele foi um idiota, acabou, simples assim. — Resmungou Fernanda, embora fosse notável em sua voz que queria chorar tanto quando a caçula.

Todos se calaram por alguns bons minutos, sentados nos sofás, encarando pontos fixos nada especiais pelo apartamento. Lucas parecia não se cansar de acariciar a cabeça de Mariana, e vez ou outra era notável um olhar ou outro das demais. A batida na porta foi fraca, mas todos ali dentro olharam diretamente para ela, surpresos, afinal, já passava de uma da madrugada.

Marcelo olhava para o chão, acariciava o próprio braço e Mariana sabia que aquilo era um gesto que demonstrava o quanto estava nervoso, conhecia o próprio irmão.

— Posso falar com vocês? — Perguntou o moreno quando a irmã abriu a porta.

— Não. — Respondeu Mariana, ríspida, fechando a porta, mas Marcelo a segurou com a mão.

Ele olhava, mesmo por um pequeno espaço, Fernanda atrás da irmã ainda sentada no sofá, os olhos estavam inchados, e era evidente que segurava as lágrimas.

— Fernanda, Mariana, Tamires, Evellyn.. Me desculpem.. Eu não sabia.. Eu.. Eu nem lembrava que era meu aniversário.

— Mentiroso. — Mariana forçou a porta, tentando fechá-la novamente.

Fernanda se levantou num impulso.

— Você não tem noção do quanto ficamos animadas por te preparar algo, eu principalmente! Você não tem noção do trabalho que deu preparar tudo para você, para que no final de tudo você chegasse fedendo a álcool com uma qualquer agarrada no seu pescoço.. Falando nisso, onde estão as “coisas”? — Fernanda tomou o lugar de Mariana, e parecia tão furiosa quando a caçula.

— Eu vim pedir desculpas e agradecer, será que não é o suficiente?

— Não, não é o suficiente, você e seus amigos estão sempre pisando na bola e fazendo merda! Esse aqui — Fernanda virou-se, apontando para Lucas — parece, apenas parece, ter tomado alguma vergonha na cara e estar agindo e sendo um alguém que merece algum respeito. Você e os outros? Estão longe disso. Não merecem nada, absolutamente nada. Tudo que conseguem fazer é.. NADA! Vocês não fazem nada, não conseguem nada, é por isso que estão com aquelas lá, elas são fáceis e vocês não conseguem nada que exija um pouco de esforço sequer. Estamos todas cansadas, sabia? Tentamos ajudar vocês, os queremos por perto.. A Tamires gosta do Phellipe, a Evellyn gosta do Wallace, e eu gosto de você, seu idiota. Mas vocês são tão cegos que nem isso conseguem perceber e ficam brincando conosco. Não percebem, não mesmo! Não valem a pena.

Marcelo a encarava com o rosto em um misto de surpresa e angústia e, de certa forma, quase todos pareciam ter tomado uma expressão de perplexidade que dificilmente iria embora rapidamente.

— Nós valemos a pena sim! Eu valho a pena! — Retrucou Marcelo, frio.

— Não é o que demonstra, Marcelo.

— Eu vou provar.

— Boa noite, Marcelo. Dê boa noite aos outros por nós, caso ainda estejam acordados.

— NÓS IREMOS PROVAR! — Os olhos do moreno estavam fixos em Fernanda, e por um momento a expressão de surpresa passou do rosto de Marcelo para Fernanda.

Logo a garota empenhou-se em bufar e fechar a porta ao perceber Marcelo baixar a mão. Assim que bateu a porta, encostou-se na mesma e deixou o corpo escorregar até que estivesse sentada no chão, as lágrimas brotando evasivamente em seus olhos e rolando por sua bochechas rosadas enquanto Mariana corria até ela e a abraçava, Tamires e Evellyn não demoraram até se unirem às outras duas.

— Vai dar tudo certo, vamos todas ficar bem. — Murmurou Evellyn, apertando as demais, que mesmo em meio às lagrimas, forçavam um sorriso ou outro.

A manhã do dia seguinte logo chegou, Lucas havia ido para seu apartamento mesmo no meio da madrugada depois de levar Mariana já dormindo para sua cama. Fernanda foi a última a dormir, por alguma razão ainda tinha as próprias palavras fixas em sua mente, mas não deixaria que tudo aquilo a afetasse, havia imposto isso para si mesma, e assim o faria.


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