Estrela Dourada escrita por ThEmzi


Capítulo 14
Quatorze.


Notas iniciais do capítulo

Bem, gente, aqui está o décimo quarto capítulo. Não sei se postarei mais essa semana porque vou viajar na sexta feira e estarei me preparando e tudo o mais no decorrer do restante da semana. *-*
Sepá semana que vem vou tentar escrever mais um bocado para poder vir postar. Espero que gostem desse capítulo. :33



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— Ela parece uma pedra, não acorda. — Resmungava Fernanda ainda olhando Mariana.

Não passava das nove da manhã, apenas Fernanda, Tamires e Wallace estavam acordados, todos trabalhando para acordar os demais. Tamires e Wallace deslizavam os dedos pelo rosto de Marcelo, que não demorou muito para acordar resmungando.

— Me deixem dormir. — Chiou ele.

— Acorda, levanta.. — Wallace insistiu.

— Marcelo, preguiçoso, levanta! — Tamires estava rindo baixo.

— Sai daqui! — Marcelo bufou ainda deitado.

Marcelo voltou a ficar deitado. Mariana sequer parecia perceber a movimentação ali, assim como Alexandre e os demais que ainda dormiam. Tamires e Wallace conseguiram fazer Marcelo levantar com muito esforço, embora ainda estivesse resmungando por ter sido acordado.

Risonhos e marotos, os quatro de pé combinaram o que fazer para acordar os demais. Apenas para brincar e aprontar.

Todos num rápido movimento apanharam os tornozelos de quatro que dormiam. Tamires agarrou os tornozelos de Caio, Marcelo os de Mariana, Phellipe foi apanhado pelo irmão Wallace e Evellyn sobrou com Fernanda.

— A MARI É MINHA! — Gargalhou Marcelo, começando a arrastá-la, acordando-a no susto.

Os outros seguiram os mesmos movimentos de Marcelo, começando a arrastar os demais, todos indo na direção do mar. Alexandre acordou com um grito surpreso de Mariana. O mar não estava tão agitado, mas não havia dúvida alguma de que a água estava gelada. Alguns com esforço, outros não tanto, levaram os dorminhocos para o mar. Todos os arrastados esperneavam na tentativa de se soltar; Caio quase conseguiu escapar, mas Tamires foi rápida e quando percebeu já estava arrepiado e molhado graças à água.

Demorou até que todos concordassem em parar de vez com as brincadeiras e começassem logo a se aprontar para ir embora, era um domingo e querendo ou não, tinham que estudar, e as garotas ainda tinham que ensaiar para a apresentação do trabalho.

Segunda feira, seis da manhã, e mais uma vez o telefone no quarto das meninas tocava, todas estavam feito zumbis em suas camas quando Mariana levantou para atender o telefone, era sua vez.

— Bom dia! Vamos levantando.. A aula de vocês começa daqui a pouco. — Dizia Leandro ao telefone.

— Leandro, na boa, vai pro inferno! — Resmungou uma Mariana mal humorada, desligando o telefone antes que o monitor tivesse a oportunidade de retrucar.

A caçula do grupo demorou um pouco para finalmente processar a informação e o fato de que deveriam correr para o banho e respectivamente para a aula. Foi então que ela correu para chamar as demais que, relutantes, puseram-se de pé uma a uma e entraram no acordo de sempre com relação ao banho.

O céu estava claro e felizmente sem nuvens. Era um dia comum para os que já estavam ali há algum tempo.

Tudo parecia perfeitamente bem, o quarteto foi para o prédio central tomar o café da manhã e felizmente não cruzaram com ninguém indesejável, e no grupo indesejável estava Beatriz e todas as suas amigas.

— Volto já, tá? — Mariana levantou-se da mesa, sentindo os olhares preocupados e curiosos das demais sobre si. — Podem ficar tranquilas, só vou dar uma volta... Alexandre! — Justificou-se por fim, sacudindo o celular com um sorriso bobo nos lábios.

— Ela tá se achando! Vai lá. — Fernanda sorriu.

Mariana virou-se rapidamente e correu para subir as escadas e chegar ao lugar que chamavam de Sala de TV, jogando-se em um dos sofás. O telefone vibrava em sua mão, e como que por magia ou algo do tipo, ela ouviu um tossir falso bem ao seu lado.

— BEATRIZ! — Arfou a morena.

— Oi, Mariana. Soube que está ficando com o professor de surfe, interessante. Lucas não gosta de admitir, mas ainda se sente incomodado com detalhes como esse, por mais que ele esteja comigo. — A loira ajeitou-se sobre o móvel, virando-se para fitar os olhos azuis de uma Mariana surpresa.

— O que você quer?

— Conversar. Não posso?

— Comigo? Não.

— E porque não mesmo?

— Simplesmente pelo fato que isso não condiz nem de longe com qualquer possível comportamento seu para comigo ou qualquer uma das minhas amigas.

— É, está certa! Vou direto ao assunto.. Quero você e suas amiguinhas longe dos garotos.

— Dos garotos?

— Sim. Marcelo, Phellipe, Lucas, Wallace e Caio. Ah, e do Alexandre também!

— Meu Deus, você é louca? Marcelo é meu irmão. E como você mesma disse, estou ficando com o Alexandre, e os outros garotos com exceção do Lucas são nossos amigos. Não vamos e nem podemos simplesmente nos distanciar deles.

— Se o Lucas continuar com frescuras todas as vezes que sabe de algo mais sobre você, se minhas amigas não conseguirem recuperar os garotos, e se o Alexandre não voltar a ser meu melhor amigo, você é quem vai pagar por tudo! Está avisada. Até mais. — Beatriz lançou um sorriso forçado e cínico para Mariana, levantando-se.

— Você é louca. — Mariana bufou, levantou e rapidamente disparou para longe, o telefone voltou a vibrar na mão da garota. — Se me der licença!

Aquilo realmente a irritara, mas sabia que ouvir a voz de Alexandre a acalmaria, o que era de longe a melhor coisa no momento.

— Oi, meu anjo. — Murmurou a garota ao atender o telefone.

— Só eu acho que a Mari tinha que ter dado uma surra na Beatriz? — Bufou Fernanda.

— Não seja revoltada, fique calma, foi só uma discussãozinha boba, a Beatriz está tentando nos afetar. — Evellyn afagou os cabelos da amiga e se ajeitou na cadeira pouco depois.

— Sobre o que é essa peça de hoje? — Tamires parecia tentar se desligar do assunto que envolvia briga, discussões e o que fosse. — Não consigo me lembrar, eles ao menos avisaram algo?

— É sobre drogas, eu acho. — Respondeu Evellyn.

— Eles vão começar. Por favor, acalme-se, Fernanda. — Mariana pediu de forma tranquila, olhando a amiga como se implorasse por algo, o velho olhar de cachorrinho sem dono.

O primeiro integrante do grupo que iria se apresentar naquela noite subiu no palco do auditório atraindo quase todos os olhares para si antes de começar a se apresentar e também ao apresentar o tema que seria abordado naquela peça. Era um garoto ruivo e alto, nenhuma das garotas se lembrava de ter visto-o algum dia desde que chegaram ali. Chamava-se Iago. Ele parecia um tanto à vontade no palco, o que fez com que os professores presentes que assistiam mantivessem um olhar encantado na direção do garoto.

A peça começou, e lá se foi uma noite. O quarteto do 1529 foi um dos últimos grupos a sair do auditório, quase meia noite.

Dois dias se passaram, tão rapidamente quanto era de se esperar por qualquer um, e principalmente para as garotas que então iam apresentar sua peça para a escola inteira. Todas passaram os dois dias passados ensaiando duramente para que na noite tudo corresse perfeitamente.

Chegar ao auditório foi apenas o toque final para que o frio na barriga das meninas se tornasse algo como um furacão dentro de si, elas não continham o nervosismo, principalmente Mariana e Tamires, por mais que Tamires não fosse tão tímida quanto a caçula. O cenário estava perfeitamente preparado, todo um ambiente fora criado, mostrava o interior de uma casa simples, e as garotas já haviam se habituado. Agora discutiam consigo mesmas os últimos detalhes para a apresentação, e foi quando Caio e os demais garotos chegaram.

— Achei que não ia vir, eu te mataria! — Mariana deu um murro no braço de Caio, que massageou a área resmungando.

— Claro, eu sou um cara que falta aos compromissos, claro, não é? Exagerada. — Caio segurava o violão por sob o ombro.

— Certo, pessoal, últimos detalhes, precisamos nos acertar. Marcelo, Caio, Phellipe, Wallace.. Obrigada por nos ajudarem, falamos com nossas professoras e por nos ajudarem vocês vão receber pontos extras, tá? — Evellyn ainda ajeitava o cabelo quando começou a tagarelar e sorriu na direção dos garotos. Pareceram mais contentes ao saber que receberiam nota a mais.

— Vamos lá, vai dar tudo certo.. — Fernanda já segurava o microfone, ela daria início e faria o mesmo papel que Iago no primeiro dia das apresentações. — Se arrumem, eu vou lá pra frente. Começaremos em poucos minutos.

Todos acataram a ordem, todos sabiam que aquele era u momento de seriedade e não havia motivo para se brincar. Mariana seria a filha, Evellyn a mãe, Marcelo era o pai, apenas pelo fato de que os garotos riram quando as garotas pensaram e queria colocar Phellipe como o pai e Wallace como o namorado. Como seria um genro e um sogro quase idênticos? Elas preferiram não discutir e simplesmente mudar aquilo. Continuando, Wallace acabou por ser o namorado de Mariana e Phellipe era o irmão deste, como realmente era até fora da peça. Fernanda e Tamires seriam as amigas que julgariam Mariana e seriam diferentes no decorrer da história; Fernanda passaria a ajudar Mariana ao invés de julgar enquanto Tamires continuaria a tratar Mariana como uma aberração. E ali seria montada toda a história. E Caio por fim, estava como cantor, o que faria a trilha sonora — por assim dizer — do decorrer da história.

Todos ansiosos. Todos ansiavam pelo momento em que tudo seria finalizado. Fernanda atravessou as cortinas e colocou-se diante do enorme público que ela sequer imaginou que chegaria a tal ponto.

— Boa noite a todos. Meu nome é Fernanda Macedo, sou estudante do segundo ano e meu grupo é composto por mim, Mariana Carvalho Soares, Tamires Almeida e Evellyn Miranda. Temos a participação especial dos garotos do terceiro ano, Marcelo Carvalho Soares, Wallace e Phellipe Mendes, e Caio Fernandes. — Tentou manter a voz firme e respirou profundamente, mantendo o foco e a concentração sem sequer gaguejar, felizmente. — A história foi criada por Mariana Carvalho Soares com o auxílio de Phellipe Mendes e Caio Fernandes. Obrigada por assistirem, esperamos que gostem.

Aquelas foram as breves e suaves palavras de Fernanda que rapidamente recebeu os aplausos do público no auditório antes que pudesse se retirar para que fosse iniciada a apresentação.

A iluminação suave agora era focada apenas no palco, e Evellyn foi a primeira a entrar, gritando com uma Mariana chorosa logo atrás. Marcelo vinha pouco depois puxando Wallace pelo braço, que resmungava e tentava se desvencilhar do “pai” que o arrastava para o centro do palco.

— Mas mamãe.. Não, por favor! — Mariana ainda estava chorosa quando se ajoelhou diante do sofá, Evellyn demonstrava claramente a decepção em seu rosto.

— Juliana, eu não quero saber! Você me decepcionou, estou fora de mim, não preciso de suas explicações, eu não preciso de suas mentiras. O que houve com aquela minha filha?

— Meu amor! Solte-me! Juliana! — Wallace ainda se debatia quando Marcelo o chacoalhou para que se calasse.

O decorrer da peça foi perfeitamente bem. Depois de se acostumar com o público e com o palco em si, tudo parecia tão natural que todos ali já não pareciam mais serem eles mesmos, agora cada um era o próprio personagem, com suas personalidades, problemas e conflitos.

Caio entrou em cena logo no final, o violão seguro numa das mãos enquanto colocava-se próximo à porta que seria a entrada da casa da família em discussão. Mariana encontrava-se sozinha no cenário principal; a sala. Ela mantinha as mãos na barriga, a cabeça baixa, e pouco a pouco caminhava de um lado para outro. Caio sentou-se no sofá disposto ali e manteve a expressão triste quando começou a tocar. A garota direcionou seu olhar para o loiro no sofá antes de caminhar até ele e sentar-se ao seu lado. Ambos ergueram a cabeça e trocaram um rápido olhar, voltando-se logo em seguida para o público quando enfim a música começou a ser cantada por Caio.

— I won’t give up.. — Começou, sendo acompanhado por Mariana logo depois.

Cada um dos personagens da peça pouco a pouco foram caminhando por fora até que se aproximassem e enfim voltassem para dentro do cenários e acabassem se colocando ao lado de Mariana e Caio. Todos cantaram, juntos, cada um com sua expressão, cada um com uma atitude, como se cada um tivesse algo que os atormentasse.

Quando a música acabou, Mariana encheu o peito e levantou-se do sofá, arrastando junto aos seus passos os olhares dos demais no palco. Ela colocou-se em meio ao palco e tomou uma expressão séria, esperançosa.

— Eu vou ter o meu bebê! É o meu sonho! Eu não vou abortar o meu sonho! Eu consigo! — Todos na plateia então bateram palmas quando Mariana colocou mão sobre a barriga como se a abraçasse e, neste rápido e breve gesto, os demais personagens despencaram no chão, como se morressem, exceto por Wallace, o namorado, e Fernanda, a amiga que se manteve ao lado de Mariana.

Enfim a peça havia sido encerrada e as luzes foram todas acesas. Mariana ria ao perceber que tudo correra como planejado. Todos os que estavam no palco se colocaram rapidamente ao lado de Mariana, deram as mãos e curvaram-se diante do público, recebendo os aplausos pelo trabalho executado.

— Conseguimos, conseguimos! — Fernanda gritava animadamente, saltitando e rindo.

Evellyn e Tamires não estavam agindo tão diferente da amiga. Mariana ainda parecia pasma com tudo que havia acontecido naquela noite. Parecera tão real que ainda sentia-se na alma da personagem que ela havia interpretado.

As cortinas se fecharam e eles voltaram para os camarins, todos juntos num pequeno quartinho em que se arrumaram. Intitularam de camarim apenas pelo fato de que havia sido ali que se arrumaram. Batidas foram ouvidas na porta.

— Eu abro. — Mariana levantou rapidamente e correu até a porta; quando a abriu, não teve muito tempo para raciocinar. Beatriz e suas amigas simplesmente empurraram Mariana para o canto e correram na direção dos garotos, e por incrível que parecesse para Mariana, Lucas estava logo atrás das garotas.

— Ei, ei, ei, invasão! — Fernanda pareceu tão surpresa quanto Mariana.

A ruiva Amanda se pendurou no pescoço de Caio, assim como Vitória em Marcelo. Wallace e Phellipe que estavam sentados conversando com Evellyn e Tamires tiveram Luiza e Eliana rapidamente em seus colos. Beatriz também fora na direção de Marcelo.

— Viemos dar os parabéns, vocês foram ótimos. — Eliana deu um selinho em Wallace e puxou-o para um abraço tão apertado que era possível questionar se ela o mataria.

— O que vocês estão fazendo aqui? — Perguntou Mariana a Lucas.

— Eli acabou de dizer, viemos dar os parabéns. Parabéns! — Lucas sorriu gentilmente para Mariana e puxou-a pela cintura para perto de si.

— Agora você pode me soltar! — Bufou a garota. — Sério, Lucas, me solta. — Ordenou enfim.

— Mariana, só te peço uma chance. — Os olhos do rapaz eram de súplica.

— E que merda é essa mesmo? — Beatriz surgiu logo atrás de Mariana.

— Isso é exatamente o que você está vendo, Beatriz. — Lucas disse sem mais delongas, arrancando um olhar furioso da loira, que rapidamente foi parar nos olhos claros de Mariana. — Eu amo a Mariana, e não há nada que você possa fazer para mudar isso. — Completou.

— O que está havendo aqui? — Alexandre apareceu na porta, surpreso.

Todos dirigiram o olhar para o mais velho e a caçula do pessoal, como se esperassem para ver qual seria a próxima parte daquela quase novela. Mariana soltou-se por fim de Lucas e correu para os braços de Alexandre. O homem não parecia muito contente, muito menos quando passou a focar-se apenas em Lucas.

— Ela é minha namorada, entendido, colega? — Disse rapidamente, fechando a cara para que Lucas sequer tivesse a audácia de retrucar.

— Namorada..? Eu..? — Mariana começou a gaguejar, perdida.

— É! Minha namorada. Mari, aceita namorar comigo? — Esse foi o momento em que Beatriz pareceu surtar.

Beatriz correu na direção de Alexandre e puxou Mariana, tirando-a dos braços do mais velho e tascando-lhe um beijo desesperado que fez todos abrirem a boca, surpresos.

— Mas.. Mas.. O que é isso? — Mariana arqueou as sobrancelhas, tão surpresa quanto qualquer outro ali. — Ela quer todos, ou o que..? Alexandre..

Mariana encolheu-se e logo as amigas correram para perto dela. A caçula esperava ansiosamente pelo momento em que Alexandre simplesmente empurraria Beatriz para longe de si, era o que ela queria. Alexandre sempre fora perfeito demais e a garota não queria nem de longe vê-lo com outra garota daquela forma. Estava mesmo gostando dele e aquilo não era algo com que se devesse brincar. O lábio da caçula começou a sangrar quando ela o mordeu ao perceber que ao contrário do que ela queria ver, Alexandre puxou a loira pela cintura para mais perto de si.

— Seu idiota! — Marcelo rapidamente puxou Beatriz para longe do rapaz e esmurrou-o certeiramente no nariz.

Mariana já não tinha o mesmo sorriso, o sorriso que poucos minutos atrás dançava em seus lábios como se não houvesse nada que pudesse deixá-la triste para o resto de sua vida. Os olhos azuis da garota estavam inchados e em questão de segundos já lacrimejavam. Não demorou muito para que as lágrimas de angústia começassem a deslizar pelas bochechas agora rosadas da garota. Alexandre pareceu perdido por um momento até se dar conta do que realmente estava havendo e começar a massagear seu nariz que agora sangrava um pouco.

— Mari, meu amor. Eu não.. Você aceita namorar comigo? — Insistiu Alexandre, sem saber ao certo com que expressão deveria olhar para a garota.

Beatriz tinha um sorriso nos lábios, assim como as outras garotas. Luiza e Eliana ainda estavam nos colos de Wallace e Phellipe, e agora riam de forma estridente. Lucas parecia um pouco perplexo, mas não tanto quanto Mariana e até mesmo Marcelo.

— Vocês.. Todos vocês deviam se envergonhar. — Tamires berrou; com a ajuda de Evellyn e Fernanda as três começaram a arrastar a caçula para fora do tal camarim sem sequer olhar para trás.

Elas não sabiam o que ia acontecer dali para frente. Estavam no estacionamento do lado de fora da escola, ainda não haviam ligado o carrinho para voltar ao prédio Safira. Mariana continuava a chorar, era inevitável, ela tinha visto o cara perfeito se transformar num completo monstro em questão de segundos. Mesmo que não tivesse sido a intenção de Alexandre corresponder ao beijo, ele o fez, e ainda puxou Beatriz como se realmente a quisesse, da mesma forma que fazia com Mariana, e aquilo era demais para que pudesse simplesmente aguentar.

— Por favor, não me expulsem, quero ajudar. — Lucas surgiu ofegante ao lado do carrinho. — Por favor!

— Não vê que ela já está mal o suficiente? Quer mesmo piorar as coisas? Lucas, não é querendo ser ignorante, mas é que essa não é uma boa hora, de verdade. — Evellyn foi a única a falar naquele momento.

Mariana soluçava e Fernanda e Tamires a abraçavam, uma de cada lado, em busca de conceder algum conforto para a amiga em meio a tudo aquilo.

— É sério, eu quero ajudar... — Lucas suplicou, e a sinceridade em suas palavras e em seu olhar fizeram com que Evellyn ficasse confusa e logo cedesse.

Tudo bem.. Meninas.. — Mariana sussurrou, fazendo com que Fernanda e Tamires a soltassem com certa relutância e saíssem do carrinho junto a Evellyn. — Não tem como essa situação piorar.

Lucas sentou logo ao lado de Mariana, passando o braço pelo ombro da garota e puxando-a para que ficasse melhor acomodada em seus braços. Fernanda, Evellyn e Tamires caminharam para outro carrinho.

— Eu a levo, podem confiar. Eu juro. Eu juro. Podem ir, sei que estão cansadas. — Lucas disse para as demais, elas não pareceram acreditar.

— Po.. Podem ir. Eu vou ficar bem. — Disse Mariana com sua voz fraca pouco antes de Fernanda fazer uma objeção.

As amigas da garota crisparam os lábios mas logo foram, esperavam poder confiar realmente em Lucas, e essa era a parte mais difícil de tudo que estava havendo ali.

— Venha, vamos dar uma volta. — Lucas murmurou para Mariana.

A garota nada disse, apenas manteve-se quieta enquanto Lucas ligava o carrinho e começava a dirigir. Passava das onze, estava frio, e tudo que Mariana queria naquele momento era sumir. Seria melhor do que ter que ficar relembrando aquela cena que agora a atordoava involuntariamente. Lucas manteve o braço por sob o ombro da morena, deslizando os dedos pelos braços dela carinhosamente. Quando enfim chegaram à praia, Lucas parou o carrinho de frente ao mar, o mais perto que foi possível, mesmo que não pudesse estar com ele exatamente na areia.

— Vamos, minha princesa.. — Tentou o garoto.

— Porque está fazendo isso? — Mariana sussurrou, a voz chorosa ainda sendo interrompida por soluços.

— Porque eu te amo, Mariana.

— E porque eu deveria acreditar?

— Olhe para mim. — Lucas passou o indicador pelo rosto da garota e segurou-a pelo queixo, forçando-a a encará-lo mesmo que por alguns breves segundos. — Mariana, eu te confesso.. No início eu queria mesmo só ficar com você, mas não me pergunte.. Depois do seu acidente eu simplesmente não consegui parar de me culpar, eu não consegui parar de pensar que eu poderia estar te fazendo feliz ao invés de te fazer mal. Você sempre me odiou, e no fundo eu sempre te quis para mim e nunca fiz por onde. Eu quero tentar. Eu quero te fazer feliz. Me deixa tentar.. Eu não sei como isso aconteceu, mas eu sinto realmente que te amo. — A voz suave do garoto parecia atordoar Mariana, mas ele sequer pensava nessa possibilidade; realmente pensava na garota e em sua felicidade.

— Lucas.. Acho que te acertaram na cabeça.

— Não, não me acertaram na cabeça nem nada. Eu só me toquei e percebi o quanto fui idiota todo esse tempo. Eu só te peço uma chance.. Eu sinto que essa é minha chance. Deixe-me te ajudar a sorrir novamente, te ver chorar dói em mim. Acredite, Mariana, dói em mim.

Por um momento Mariana não se permitiu acreditar, dificilmente conseguiria , era Lucas, ela não tinha motivo algum para acreditar nele, ou tinha? Os olhos dele transmitiam tanto de seu sentimento verdadeiro que, assim como Evellyn, deu-se por vencida.

— Isso parece algum tipo de brincadeira. — Confessou Mariana, encolhendo-se um pouco.

Lucas a puxou para ainda mais perto de si, abraçando-a quando ela voltou a chorar quase que desesperadamente ao lembrar-se do ocorrido de algum tempo atrás.

— Mariana, me deixa te fazer feliz. Eu não vou fazer nenhuma besteira como o Alexandre, te juro. Por favor, me deixa tentar.

Sem saber o que dizer ou até mesmo como reagir, Mariana viu-se encarando Lucas por um breve momento, e por aquele breve momento ele sorriu como se estivesse aliviado e satisfeito ao mesmo tempo, como se tivesse conseguido realizar um sonho.

Mariana sentia-se perdida ao perceber que por mais que pensasse, nada lhe vinha à mente quando se tratava de responder Lucas.

— Só uma chance. Eu te pedi isso antes, mas não como quero agora. Mariana..

— Eu..

— MARIANA! — Alexandre vinha correndo rapidamente na direção do carrinho onde Lucas e a garota estavam.

Lucas saltou para fora do carrinho, Mariana cambaleou ao tentar fazer o mesmo, demorando um pouco para se equilibrar e se colocar ao lado de Lucas quando Alexandre enfim parou diante de ambos. O mais novo puxou a garota para perto pela cintura. Mariana engoliu em seco e baixou a cabeça logo depois com aquilo.

— Saia de perto dela. — Exigiu Alexandre.

— Você que saia de perto dela. Você não a merece. — Lucas olhou o outro dos pés à cabeça com o rosto tomado pela expressão enojada.

— Você muito menos. — O mais velho deu um passo à frente, colocando-se bem próximo de Lucas.

— Estou tentando fazer por merecer. Eu realmente a amo, não que eu saiba como isso aconteceu, mas estar perseguindo-a com o meu antigo objetivo de apenas ficar me fez começar a gostar dela, e cá estou, e não vou deixar que encoste nela depois do que acabou de fazer.

— Mas foi a Beatriz! Ela era minha melhor amiga ano passado, mas daí aconteceram algumas coisas.. Eu não sei porque ela fez aquilo! Foi só pra provocar você, meu amor!

— Já chega! — Mariana ainda estava de cabeça baixa quando gritou, interrompendo ambos antes que tivessem qualquer atitude de retrucar. — Alexandre.. vai embora. Lucas, vamos, eu preciso voltar, devem estar preocupados. As meninas e Marcelo, principalmente. Por favor, eu quero ir embora.

— Certo. Você a ouviu, vá embora. — Lucas não tardou em falar.

Alexandre ficou pasmo naquele momento, estático, sem sequer saber o que fazer. Mariana apenas seguiu com Lucas de volta para o carrinho, o qual logo foi ligado pelo garoto e tão rápido quanto chegaram ali já estavam indo embora, deixando um Alexandre impotente para trás.

O caminho não era tão longo, mas naquele momento pareceu uma eternidade para Mariana. A garota sentia-se despedaçada e completamente sem rumo. Sua cabeça estava mais que perturbada e pensar era uma das tarefas mais difíceis de se cumprir naquele momento. Um suspiro escapou por seus lábios e ela logo passou a mão pela nuca até alcançar os cabelos longos.

Lucas não estava mais no prédio Safira, mas fizera questão de permanecer ali por um tempo na portaria quando chegou com Mariana.

— Obrigada.. Mesmo.. Apesar de tudo.. É, obrigada. — A morena se encolheu rapidamente, o rosto inchado e as lágrimas agora um pouco contidas.

— Não tem que me agradecer. Mariana.. Pense com carinho, certo? Eu fui um idiota.. Um.. Um... Um estúpido.. Eu não sei o...

Mariana estava rindo quando Lucas parou para perceber. Vê-lo daquela forma a fazia rir pelo simples fato de que jamais o imaginaria dizendo tais coisas e ainda mais de forma tão convincente, o que a fazia ter quase certeza de que ele não mentia em absolutamente nada desde o momento em que entrara no camarim naquela noite.

— Porque está rindo?

— Nada.. Nada. Boa noite, Lucas. Obrigada, mais uma vez. — Ele não era tão mais alto que ela, mas ainda assim a fez erguer-se um pouco sob a ponta dos pés para dar-lhe um beijo na bochecha. Lucas sorriu com o simples gesto da garota.

O sorriso que ele lançou a ela foi gratificante. Mariana caminhou até a entrada do prédio Safira e aguardou para ver Lucas partir com o carrinho rumo ao seu prédio atual, o qual Mariana sequer sabia qual era, não que importasse muito. Fora uma noite e tanto, tudo que a garota queria era tomar um banho, dormir, e não acordar mais, mesmo que isso não fosse completamente possível.


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