Capitulo 17 – Água de Coco

Narrado por Isa:

Peguei a onda mais perfeita da minha vida, logo no primeiro dia de praia no Rio. Foi tão perfeita, tão perfeita! Por um momento fiquei com medo, quando estava dentro do túnel, achei que não conseguiria sair, mas deu tudo certo. Voltei para a praia super animada, já tinha até esquecido o que o Lukas tinha acabado de fazer. Ele fingiu que ia me beijar só para zoar comigo, que raiva dele! Mas a raiva passou depois daquela onda... Quando voltei para a praia foi eu quem zoou com a cara dele. Todos me elogiaram, mas ele disse que fazia melhor, desafiei ele e ele disse que estava com preguiça... mas era medo é claro... imitei uma galinha e todos riram.

– Já que o bonzão está com medinho... vamos tomar uma água de coco? - chamei o pessoal.

– Ah, vamos sim, adoro água de coco. - Gio logo concordou.

– Eu também, Gio. - Pedro sorriu.

– Vamos. - Lukas concordou.

– Vamos gatinha, mas aquela onda fica dedicada para mim né? - Vini passou o braço no meu ombro.

– Ah... Desculpa Vini, eu pego uma melhor para você, essa aqui eu dedico para o Lukas: a onda que ele sempre quis pegar, mas nunca conseguiu. - ri.

Os outros riram também.

– Ih, está se achando... - Lukas falou.

– Eu posso queridinho... - me achei mais um pouco agora.

– E daí que você pega onda... eu pego mulher que é bem melhor... - ele deu de ombros.

– E eu pego homem. - dei de ombros também e ri.

– Está mal em Lukas, a Isa já te cortou umas dez vezes hoje... -Vini riu.

– Pior Lukas, parece que você arrumou alguém que te domine... - Gio disse zoando.

– Não sei em que ela domina... - ele disse sem dar importância e eles.

– Nas ondas... - ri.

Todos rimos de novo, ele tentou segurar mas riu também passando a mão pelo cabelo.

Fomos sentar no quiosque e pedimos cada um uma água de coco, logo o garçom trouxe.

– Delicia. - Gio falou tomando a água dela.

– Concordo. – Pedro falou olhando nos olhos dela. Ela sorriu para ele. Sim, rolou um clima ali.

Estávamos conversando super animados, o Lukas me irritava toda hora e só ficava me olhando, mas eu não tirava o olho dele também. De repente umas meninas chegaram na mesinha do quiosque onde estávamos.

– Oi Lukas, tudo bem gatinho? Lembra de mim? – a garota deu um beijo na bochecha dele, ele retribuiu.

– Lembro sim, claro que lembro.. é a... a... - ele não lembrava não.

– Marta, Lukas, da festinha do Cris domingo passado...

– Ah, claro! Martinha linda, quanto tempo. - ele mordeu o lábio.

Ai, que ódio daquele menino, pegou a garota domingo passado e nem lembra mais o nome dela!

– Eu senti saudades gata. – ele pegou ela pelo braço e a sentou em seu colo.

– Eu também gatinho, mas a gente pode matar essa saudade agora... bora? - ela convidou.

– Ah, gatinha... não vai dar não... Estou aqui de babá da priminha... - ele fez bico.

– Que priminha? - ela perguntou curiosa com certeza procurando alguma criança pelo modo como ele tinha falado.

– Essa aqui. – ele apontou para mim. Ódio.

– Não se incomode comigo, priminho. Fica a vontade. - respondi.

– Vamos dar uma voltinha, falo com o meu irmão que está ali na praia, ele cuida dela para você... - a garota falou. Eu dei risada.

– Obrigada Marta, mas não precisa... - respondi.

–Mas eu já vou ir embora, amanha tem que acordar cedo... - Lukas disse dando uma desculpa esfarrapada.

– Ok então, a gente se vê.. – ela deu praticamente um selinho nele, que vadia.

– Ta... tchau gata. - ele respondeu sorrindo.

Ela saiu dali com as amigas dela.

– Que isso cara, a garota estava louca para te dar e você dispensa? Boiola. - Vini riu.

– Que nada cara, já peguei, não quero mais... nem é tão boa assim... - Lukas esnobou.

– Nossa, como você é idiota garoto! - falei com cara de nojo.

– É, vocês são uns idiotas mesmo, para que falar isso da menina? - Gio me ajudou com a mesma cara.

– Vão querer dar sermão agora é? - Lukas riu.

– Não é sermão, é horrível falar isso da menina, você até pegou ela já e fica falando isso. - respondi com raiva dele.

– Isa, Isa, você é tão inocente... - ele fez bico para mim.

– Te fode. – mostrei o dedo do meio.

– Nem esquenta Isa, eles são assim mesmo... comem e jogam fora... - Pedro deu de ombros.

– Olha quem falando... - Vini zoou.

– Mas é porque as meninas que a gente pega são todas fáceis, se fosse uma menina legal, seria diferente. – ele olhou para a Gio.

– Mas quem garante que você não iria só pegar ela e depois largaria também Vocês não tem sentimento isso sim, não sabem como dói amar e não te amarem do mesmo jeito. - Gio respondeu ele encarando seus olhos.

– Eu sei como é. - ele respondeu ela, os dois não desviavam o olhar.

Nós olhamos para ele.

– Ih... o Pedro está apaixonado... por quem Pedrinho? - Vini zoou de novo.

– Por uma menina que não está nem aí para mim e ainda me acha idiota e mau caráter. - ele disse.

– E como você sabe que ela te acha isso aí? E se ela gostar de você do mesmo jeito? - Gio respondeu, eles ainda se encaravam.

– Acho que não... eu teria percebido. - disse ele.

Os dois se olhavam nos olhos.

– Talvez você não tenha percebido porque ela não é como as meninas que você vive pegando. - Gio de novo.

– Espera aí... eu estou sonhando ou vocês dois estão apaixonados? - Lukas falou sem piscar. Depois riu.

A Gio e o Pedro olharam para o Lukas, depois voltaram a se olhar.

– Lukas... Vini... Será que vocês podiam me ajudar um pouquinho? - chamei os dois.

– A fazer o quê? - Lukas tinha que retrucar, é claro.

Eu me levantei, puxei o Lukas e o Vini.

– Cala boca e me segue. - falei.

Saí caminhando com os dois, um em cada lado meu, sim, aquilo era bem tenso, mas consegui deixar a Gio e o Pedro sozinhos.

– Porque você tirou a gente de lá? - Lukas reclamou.

– Seu tonto, não está vendo que os dois queriam ficar sozinhos?! - respondi.

– Como assim, por quê? - Vini se meteu.

– Mas vocês dois são meio lerdos, hein! – disse rindo.

– Fala logo, caramba! - Lukas mandou.

– O Pedro e a Gio estão apaixonados, dã! - falei logo.

– Que? Como assim? O Pedro não vai pegar minha irmã não! - Vini quase gritou.

– Fica quieto Vini, não viu o que ele disse, tudo que ele falou foi para a sua irmã, se ele achasse a garota certa ele não iria pegar e largar... - devolvi.

– Mas... mas... - Vini queria achar outra desculpa.

– Sem mas... deixa ela viver a vida dela! – sorri para ele, ele concordou.

– O Pedro... apaixonado... tomara que não seja contagioso... - Lukas riu.

– Bem que você merecia ficar louco por uma garota que não tivesse nem aí para você, só para você aprender o que é amor! - encarei ele.

Um cara chamou o Vini naquele momento e o Vini foi falar com ele, eu e Lukas ficamos sozinhos, estávamos atrás do quiosque, esperando Gio e Pedro se beijarem.

– Eu sei o que é amor! - ele retrucou.

– Não. Você não sabe o que é amor. Não sabe mesmo! - devolvi.

– Sei sim! - Ele parou de frente para mim e ficou bem perto da minha boca.

– Acha mesmo que vai me zoar de novo? Sai de perto de mim, idiota. - empurrei ele. Lukas segurou meus braços e me beijou.

Que beijo bom, borboletas voavam no meu estomago, me arrepiei toda, mesmo num calor de trinta graus. Meu coração acelerou, perdi o chão, estava voando. Ele foi soltando meus braços e agarrando minha cintura, me beijava com vontade, com força, e mesmo assim calmamente, mansamente, ardentemente. Foi o melhor beijo da minha vida, muito diferente do que dei no André ou no Vini, esse tinha algo mais, tinha alguma coisa que eu não sabia bem o que era. Mas que era perfeita. Era a perfeita simetria, duas metades iguais.