Erika saiu de novo naquela noite: mais uma noite fria e normal, aquele ar frio da noite realmente fazia bem, ao contrário do dia, que cada respirar trazia consigo uma massa de poluição, a noite era mais livre dos gases por causa da umidade.

– “estou fazendo isso há semanas e ninguém percebeu até agora” – ela pensou em voz baixa.

Ela pulou mais um prédio até poder enxergar as escadas que davam para seu quarto, ela desceu as escadas até seu andar, e já ia abrir a janela.

De repente, ela viu uma coisa grande e preta, uma coisa que lembrava, um pouco, um ser humano, mas que não poderia ser de jeito nenhum.

Ela ficou paralisada, a criatura não parecia notá-la e continuou virada para parede o que a tornava ainda mais bizarra. Ela poderia ter entrado no seu quarto, esquecido completamente tudo que viu, decidida a fazê-lo ela colovou as mãos na parte de baixo da janela.

“Nem ferrando!” – Disse uma voz hostil muito familiar.

“Raphael?!” – Erika sussurrou com as pupilas dilatadas e suor escorrendo no rosto.

Normalmente Erika pensava muito antes de fazer qualquer coisa e entrava em um conflito interno sobre o que fazer ou não, mas dessa vez ela não pensou, ela simplesmente se jogou do terceiro andar com seu canivete empunhado. A criatura foi cortada desde onde parecia ser sua cabeça até o final do que parecia ser suas costas, ela se debateu durante esse processo, mas depois simplesmente se desfez em bolhas, espuma, algo parecido só que mais viscoso.

Erika se aproximou de Raphael com a cabeça cheia de pensamentos como: “ele é perigoso?!” “o que eu faço?!” “E se ele morrer?!” Ela olhou o rosto dele por mais um segundo e decidiu que deveria ajuda-lo.

Meio desengonçadamente ela conseguiu coloca-lo em suas costas e depois carrega-lo escada acima. O casco de Raphael ficava dificultando a passagem e ele era muito mais pesado do que parecia, mas quando se está com muita adrenalina as pessoas fazem coisas meio incríveis. Erika chegou ao seu quarto, cobriu a cama com um lençol velho que ela jogaria no lixo depois e pegou o kit de primeiros socorros, só depois de limpar e enfaixar todos os ferimentos ela pôde descansar.

“O que eu estou fazendo” Erika sussurrou olhando para as mão contendo vestígios de sangue.