O dia passou rápido, ficaram conversando o tempo todo. Kind contava sobre tudo que passou ali e Charlie como conseguiu sobreviver.

-Queria explorar mais, só sairei daqui quando encontrar o que procuro. O problema é que não sei o que procuro, e enquanto não achar, não posso me libertar.

-Estranho. Vamos sair dessa.

Charlie encarou Kind. Ela não era um monstro por completo. Tinha a pele morena, seu cabelo longo, meio crespo e preto caia sobre seus seios que estavam cobertos. Seus lábios finos e os olhos verdes eram de chamar atenção. O único problema era seu corpo, possuía um rabo, seus pés eram estranhos e suas unhas eram feito garras. Sem contar que tinha presas de dar medo.

Charlie se sentia feliz por não estar mais sozinha, agora ela podia conversar, contar com ajuda de alguém, etc.

Três dias se passaram, mas ela sabia que as coisas não iam continuar assim.

A pergunta que não queria calar era: “Onde está Marta?”

Será que ela esqueceu de Kind e decidiu não se importar? Ou ela é rancorosa demais está no caminho da caverna?

Começaram considerando a segunda opção, já que Marta é um monstro, e monstros não deixam quieto.

-Não se preocupe, eu não vou deixar nada te machucar, muito menos Marta. –Kind tentava consolar Charlie.

Ambas sabiam que não seria fácil. Marta tem um tipo de exército, se todas fossem pegar Kind, Charlie não sairia ilesa dessa.

Tire essas coisas da cabeça, ser pessimista não ajuda em nada. Pensou.

Mais um dia se passou.

Kind estava estranha, um pouco mais quieta, Charlie achou estranho e melhor não comentar. As duas conviviam bem, mas as conversas sessaram. Será que Kind sentia falta de Marta? Talvez não. Será que ela se sente triste? É melhor perguntar.

-Ei – Charlie aproximou-se de Kind, que fazia alguma escultura com um pedaço de pedra. - O que está fazendo?

- Isso. – Kind levantou á mão e deixou e deixou amostra uma pedra em formato de coração. – É pra você.

-Puxa, é tão linda. – Charlie pegou e ficou observando. – Preciso conversar com você.

-Sobre?

-Você anda estranha.

Kind não a encarou e permaneceu calada.

-Amiga?

Kind abaixou a cabeça e Charlie achou que estava vendo coisas, mas ela estava chorando.

No mesmo momento, sentou-se ao lado de Kind e passou a mão no seu ombro, para mostrar que estava dando apoio.

-Quer me contar o que está acontecendo?

-Estou com saudades de antes, do meu corpo, dos meus amigos, de não ser uma bruxa.

-Você não é uma bruxa.

-E você entendeu.

-Eu sei o que fazer.

-O que? –Kind perguntou.

-Quando sairmos daqui, você verá.

Kind assentiu, e deitou-se na cama de Charlie, que fora ampliada para o conforto das duas.