Aos Avessos escrita por Nelly Calixto


Capítulo 1
Últimas Lágrimas.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem. Esse é um dos vários contos que tenho. Tentarei ir postando aos poucos.
Adoraria reviews, dizendo o que achou. =D
Beijiiinhos e Boa leitura!



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E no final? No final fomos apenas aquele amontoado de pensamentos, de ideais. Dois corpos que apenas se entendiam bem, sem imaginar como seria o futuro. Ela me abraçava, dizia que estava com saudade e meu coração palpitava, como se toda minha vida dependesse daquele calor momentâneo, mas prazeroso.

Seus olhos observavam a sala, talvez checando se havia algo fora do lugar, tentando perceber se algo havia mudado desde a sua ultima visita. Mas nada. Nada havia mudado, o sofá continuava no mesmo canto, ainda cheio de livros que talvez eu nunca chegue a ler. Maldita mania de comprar mais do que conseguia ler. Maldita mania de tentar suprir a ausência, com páginas já desbotadas de tanto uso. Porque as páginas novas, não me traziam essa nostalgia pré-amor.

Meu coração pulsava, batendo descontrolado no peito. Tentando dizer “Hey, nada mudou, a casa continua sua. Não fique olhando, me abrace logo!” Mas isso era mentira. Tudo havia mudado. Tudo dentro de mim. Desde a sua última visita, tudo havia virado de cabeça para baixo. Meus vinhos haviam perdido o gosto, os CD’s estavam todos arranhados, ou talvez fosse apenas minha alma querendo ouvir sempre a mesma maldita música. Minha cama já não acordava bagunçada. Na realidade nem ao menos acordava. Sempre arrumada, esperando pela companhia correta.

Aos poucos então, talvez acompanhando meus pensamentos, seus olhos pousaram em mim. Ainda da maneira desleixada de sempre. Seus lábios sorriem, e nesse momento, sinto que vou acabar sorrindo também. Malditos lábios que se mexem sozinhos. Não conseguem ficar parados por alguns segundos, pelo menos?

A resposta vem logo a seguir, quando mesmo sem querer – ou querendo muito para admitir – meus lábios se aproximam dos seus. Não calmos como no inicio disso tudo, mas sedentos, talvez até selvagem. E como resposta, você retribui ainda selvagem. É sempre assim. Eu beijo. Você retribui. Minha boca sangra tamanha sua excitação. Meu coração morre, tamanha sua ausência de si.

Aos poucos a vida vai ficando para trás, para bem longe daquelas janelas meio empoeiradas. Fugindo para um lugar bem longe, longe da minha cama, que aos poucos vai ficando bagunçada. Um bagunçado bom, gostoso, com gosto de mordidas e palavras sussurradas. Suas unhas arranham minhas costas, parecendo querer levar minha alma consigo. Talvez consiga, ou talvez, apenas talvez, ela já seja sua. Toda e completamente sua. Desde aquele dia que nem ao menos consigo lembrar.

Sua boca desvenda a minha, procurando locais nunca antes explorados – se é que ainda existissem tais locais – como uma luta que jamais seria ganha. Uma luta que gostaria de nunca ser ganha. Aos poucos não só a boca, mas todo o resto é descoberto, uma sincronia que ainda custo a entender. Suas mãos descobrem o melhor de mim, invadindo sem permissão meu ser, fazendo morada em meu corpo. Sua respiração já me doía à alma, fazendo com que a minha própria se descompassasse, arranhando ainda mais seus ouvidos.

Sinto certa liberdade ao sentir nosso suor grudando a pele, a alma, o ser. Fazendo com que até mesmo a respiração ficasse igual, sem tirar nem por. Apenas sentindo uma a outra, numa intensidade sem fim. Ou com o fim próximo demais para que nossos corpos pudessem perceber. Seus seios, tão firmes e ao alcance da mão, me deixavam afoita, me traziam certa ânsia, uma água na boca nunca vista, mas que podia ser sentida e triplicada a cada novo sussurro, a cada gemido rasgado e rasurado por beijos ainda mais selvagens.

E então, num ápice de loucura e prazer, tudo volta ao normal. Seus lábios já tão longe de mim, suas mãos acendendo mais um cigarro – o último que eu teria a chance de ver em seus lábios – enquanto as roupas iam sendo resgatadas do chão e sendo vestidas sem o mínimo de esforço. Como se o simples fato de olhar para trás, para a pessoa que continuava ali sem nenhuma ação, fosse mortal.

Seus lábios não se desprendem do cigarro nem por um segundo, enquanto declara em alto e bom som o seu “Foi ótimo, mas não pode voltar a acontecer.” E sai porta à fora, deixando para trás apenas o cheiro do gozo e as lembranças ainda vívidas, marcando e queimando mais ainda.

E é aí, em meio a mais lágrimas e mais uma ou duas garrafas de um vinho barato, que percebo que tudo continuava igual. O sofá continuava no mesmo canto, cheio de livros, o CD continuava a tocar, infinitas vezes nossa música sem fim, as luzes continuavam apagadas, para não denunciar meu estado lamentável, tudo estava igual. Você continuava igual. O mesmo cigarro, a mesma maquiagem, os mesmo olhos profundos e sentimentais, os mesmo lábios sérios e tristes. Tudo continuava igual. Tudo. Menos eu. Talvez eu nunca tivesse sido igual, ou nunca tivesse me mostrado diferente. Por isso os machucados. Ou talvez... Ah! Talvez... Talvez fossemos sempre mudanças. Passando pela vida apenas para dizer um “Oi.” E deixar aquela ferida nunca fechada. Mas e daí? Quem em sã consciência não gostaria de se ferir por amor? Talvez por isso seu telefone sempre toque. Mesmo que nem sempre seja eu.


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Notas finais do capítulo

Que tal um Review??
Digam o que acharam! :3
Beijiinhos e até a próxima x.x



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