Um Amor Clichê escrita por LunaLótus


Capítulo 8
Último dia do prazo




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Trinta dias. Há exatamente trinta dias, fiz um acordo maluco que viria a mudar toda a minha rotina, todos os meus conceitos, mudaria a mim mesma. Fiz um acordo com o cara mais misterioso da faculdade que, num golpe irônico da vida, apaixonou-se por mim. E colocou na cabeça que iria fazer com que eu me apaixonasse por ele também.

Estou nervosa. Hoje é sábado, não tenho aula, então estou aqui no meu quarto, no dormitório vazio. Como em todos os fins de semana, todos voltaram para suas casas, seus lares, seus amigos. Somente eu não volto. Nunca volto.

Mas hoje tenho um motivo ainda mais especial.

São exatamente 23:00. Olho ansiosa para o relógio e então para todos os presentes de Klaus. Uma caixa cheia de seus bilhetinhos, a corrente que ele sempre usa e tanto ama, e os mais recentes, um enorme buquê de rosas vermelhas e uma pequena caixinha vermelha que veio com um bilhete para que eu só a abrisse à meia noite, no local marcado.

Deito-me, decidida a reviver as lembranças dessas últimas semanas. O nosso primeiro beijo de verdade, com paixão... Ou Klaus me salvando do fantasma do meu passado... E nosso dia no jardim secreto dele... Revivo cada momento, deliciando-me. E cada vez que penso no toque dele, um arrepio percorre meu corpo e tenho vontade de ir correndo atrás dele, implorar para que me pegue e não me solte nunca mais.

23:30. O tempo passa rápido. Levanto-me e vou procurar uma roupa para vestir. Quero algo que me deixe sexy e desejável. Procuro e desisto. Klaus não se apaixonou por mim usando esse tipo de roupas. Decido vestir uma saia e uma camiseta confortável.

00:00. Pego a caixinha e saio do quarto.

Não demoro para chegar ao refeitório. Tudo está escuro, há somente um pequeno rastro de luz no chão. Guio-me por ele e logo encontro a nossa mesa. Ergo os olhos, procurando por ele...

Mas ele não está aqui.

Respiro fundo. A tão conhecida dor volta, as lágrimas quase jorrando dos olhos. Fui enganada mais uma vez? Sou mesmo muito estúpida! A dor vai se intensificando de forma irracional, e sento para não desabar. Estendo os braços sobre a mesa, pronta para abaixar a cabeça e chorar ali mesmo, quando sinto algo diferente. Parece um tipo de tecido... Eu o seguro e vejo um papel cair. Pego-o e leio com dificuldade na pouca luz:

“Pode abrir a caixinha agora.”

Seguro a caixinha com força. O alívio vai me inundando aos poucos, e olho o tecido, tentando desvendar o que é aquilo. Não consigo imaginar o que possa ser. Sei apenas que é preto, mas não posso ver nenhum detalhe. Pergunto-me se Klaus não teria enlouquecido. Mas ignoro aquilo por um momento e levo a caixinha à altura dos olhos. Respiro fundo e a abro.

Ok, não sei o que eu esperava. Um anel, talvez. Ou sei lá...! Mas não era.

Ali havia um pequeno coração de diamante lapidado e mais um bilhete:

“Se chegou até aqui, é porque me aceitou.

Agora meu coração é seu. Cuide bem dele.”

Meu coração está palpitando. Não sei como Klaus consegue fazer isso comigo. Cada recado dele, cada palavra de amor, é como um carinho. Olho o papel novamente, para a frase seguinte:

“Mudança de planos:

venha até o meu santuário e faça virar algo de nós dois.”

Saio rapidamente do refeitório e do prédio, dirigindo-me para a estrutura abandonada em que estive semana passada. Caminho rapidamente; acho que meus pés já decoraram aquele lugar. Com a claridade, posso ver que o tecido é um tipo de bolso. Não o abro. Chego às portas duplas e logo encontro o caminho que me levará ao local onde foi o nosso piquenique.

A mesma toalha está aqui. Ajoelho-me, procurando a próxima pista e lembrando da tarde em que ficamos deitados neste mesmo lugar, conversando. Há somente uma lanterna. Acendo e é uma luz incomum. Aponto para os objetos que estavam na minha mão e...

Uau! Klaus é surpreendente e extraordinariamente engenhoso. Claro. Porque ele tinha que ser perfeito. Quase reviro os olhos ao pensar isso.

À luz especial da lanterna, uma nova mensagem surge no tecido:

“Talvez nem todos vejam, nem todos percebam.

Você é como essa luz para mim:

revela coisas que ninguém sabe que existem, até você estar perto.”

Meu coração dispara. Como ele pode ser assim?! Acho que Deus o fez assim: “agora, um pouco de romantismo, mistério e perfeição...”. Aí um caminhão com tudo isso cai, e Deus diz: “oops!”

Há outra mensagem embaixo:

“Abra o bolsinho e complete seu presente.

Depois venha me encontrar.

Teste sua memória. Aquele lugar em que sempre penso em você.”

Paro por alguns instantes. O lugar onde ele sempre pensa em mim? A sala de aula, talvez? Não. Não pode ser ali. Deveria ser aqui, no santuário, como ele mesmo diz, o lugar em que ele disse que vem para pensar. Mas ele não está aqui. Onde então?

“Porque penso em você todos os dias, antes de dormir”, lembro. O quarto dele?

Não, não pode ser. Pode?

Balanço a cabeça e lembro do bolsinho. Abro-o e encontro ali uma corrente de ouro trançado, em trabalho artesanal. Na verdade, é uma corrente dupla. Na parte maior, há duas letras trançadas: K e L. Klaus e Lina. A parte menor não tem pingente. Pego pequeno coração e o encaixo.

Klaus e Lina... Isso ressoa em mim.

Levanto-me e me dirijo para a saída. Um sorriso está nos meus lábios. Ainda não coloquei o colar; quero que ele o coloque. Começo a andar mais rápido e logo estou no dormitório masculino. Então lembro que não sei qual é o número do quarto dele.

O que não é problema para Klaus. Claro. Ele sempre pensa em tudo.

Klaus enfeitou todo o corredor do dormitório com pétalas de rosas, formando uma trilha. Sorrio e sigo o caminho. Logo chego à porta do quarto. Respiro fundo e bato na porta.

Durante todo este percurso, pensei nos infinitos esforços de Klaus durante esses trinta dias. Pergunto-me se algo teria sido diferente caso eu não estivesse atraída por Klaus antes mesmo de ele se declarar. Ou se eu não tivesse me fechado durante os seis primeiros meses. Ou se eu o tivesse ignorado.

A verdade é que, se todas essas alternativas tivessem acontecido, eu provavelmente não estaria aqui agora. E não estaria me sentindo tão feliz quanto me sinto.

Klaus abre a porta e parece que todo o meu mundo se torna ele. Sorrio e ele sorri também. Não sei o que falar. Baixo o rosto, colocando uma mecha teimosa atrás da orelha e então torno a olhá-lo. Pega a minha mão e eu entro no seu quarto.

Fico parada ali, no meio de tudo. Klaus acaricia meu rosto e olha para o meu pescoço. Ele se fixa em meus olhos, a pergunta está escrita ali.

– Quero que você coloque – eu digo.

Sorri e retira o bolsinho da minha mão, pegando o colar. Estou sorrindo e tremendo por dento. Klaus coloca meu cabelo para o lado, e passa a corrente pelo meu pescoço, fechando-a. Ele me encara fixamente e pergunta:

– Você me aceita?

– Estou aqui, não estou? – pergunto de volta.

– Isto é um sim, então?

Não digo nada, apenas o beijo transmitindo tudo o que sinto por ele. E Klaus me retribui da mesma forma. Leva-me para a cama e nós deitamos. “Você sabe de tudo, não é?”, pergunto. E ele diz que sim, mas não se importa. E eu também não me importo.

Não temos pressa. Afinal a noite é uma criança, e este é só o começo das nossas vidas.

Entrego-me.

Sei o quanto esta história é idiota, previsível. Mas, sabe, o mundo está precisando de coisas assim. Coisas simples, sem motivos. Sentimentos previsíveis e surpreendentes ao mesmo tempo. Sem complicações. Uma história de final feliz.

Minha história pode ser igual a milhares de outras, e também diferente de todas. Você pode gostar ou não, mas a verdade é que eu amei vivê-la.

As coisas difíceis passam, por mais que você ache que não. Eu tive um passado, Klaus sabe dele, e ainda me quer. Então está tudo bem.

Talvez a felicidade não precise ser procurada. Ela está sempre ali, ao seu lado, com a mão estendida, convidando-o. Talvez, no final das contas, você só precise aceitar ser feliz.

Assim como eu aceitei Klaus.

Assim como eu aceitei a felicidade.

Mas não porque Klaus seja a minha felicidade. Mas porque ele me ensinou a me entregar. A entregar meu coração para o que é bom.

Eu aceitei a mim mesma, com meu passado, meus defeitos, meus erros.

Eu aprendi a me amar.

“Você já pensou na hipótese de nossa história ser para sempre?

Daqui pro até que a morte nos separe?”

FIM.


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Notas finais do capítulo

Primeiro, obrigada a quem acompanhou esta história até o final. Espero que tenham gostado de lê-la assim como amei escrevê-la. Lina foi inspirada em todas as garotas, com dúvidas e desejos. E Klaus é o tipo de cara perfeito que às vezes as garotas acham que nunca vão encontrar. Mas a verdade é que vai. Ninguém é perfeito. Mas sempre vai existir alguém que é perfeito para você.Obrigada, beijos!
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