Flash back on

“Todo mundo fala ao mesmo tempo

Todos querem saber quem eu sou

Tudo já foi depressivo durante o tempo

Nunca iremos ao céu

Nunca saberemos quando vamos morrer

Inclinar-se a andar

Nós sonhamos essa noite

Nós todos escolhemos para viver a vida

Nós todos ficamos confusos como e por quê?”

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O garoto estava cansado, há dias que fugia de criaturas estranhas que insistiam em chamá-lo de semideus e nenhum adulto dava ouvidos ao pequeno garoto, sempre achavam que era invenção da mente infantil. Sempre que um deles aparecia, ele gritava por ajuda, mas ninguém fazia nada, muitos o mandavam se calar, o menino não compreendia.

Desta vez a coisa estava particularmente difícil, pois ele acabara se encurralando num beco escuro e úmido e não havia nada que pudesse fazer. Correr? Não tinha saída. Uma arma? Só havia latas de lixo ali. Gritar? Ninguém escutaria uma criança gritando de um beco escuro, pensariam que é algum tipo de armadilha para assalto. Chamar pelo pai e mãe? Ele nem ao menos sabia o seu nome...

Qual era seu nome? Se ao menos o menino lembrasse... Talvez seja Bob, porque ele gosta como o nome tem musicalidade ou Justin, pois é o nome que está em todo lugar, mas nesse momento não importava, pois o garotinho só pensava em como sobreviver a mais este dia, a mais este monstro peludo e feio.

O monstro grunhiu. O garoto foi instintivamente para trás e esbarrou em algo e acabou caindo no chão, olhou para ver o que causara a queda e viu um arco e uma aljava cheia de flechas douradas como a luz do sol, ficou encantando. Pegou o arco e o posicionou, ele nunca havia atirado com flechas antes, mas sabia como e o que fazer. Pegou uma flecha e posicionou no arco, mirou e ficou admirado quando a flecha passou cortando o ar, iluminando todo o beco escuro e acertou no ombro direito do animal.

Parecia um cão, um enorme cão furioso e agora com uma flecha no ombro direito.

- Mas...

O garoto já estava quase sem forças, depois de dias passando frio e fome na rua e ainda lutando contra esses monstros que pareciam sair dos livros ele não tinha mais ânimo para lutar, para acabar fazendo mais essa criatura virar pozinho.

O menino atirou mais uma flecha e depois outra, mas nenhuma acertava um alvo que destruísse o enorme cão, apenas quando acertou o olho do monstro é que o garoto teve tempo para pensar um pouco. O cão se contorceu e grunhiu de dor cambaleando na direção do garotinho que pensou muito rápido. Pegou uma flecha, subiu numa lata de lixo e esperou até o cão cambalear para perto dele e então pulou...

Caiu sentado nas costas do enorme animal e teve que se equilibrar para não cair, como se estivesse domando um cavalo arisco. Ele pegou a flecha e em meio aos grunhidos do enorme animal ele cravou a flecha brilhante no coração da criatura. Ela teve uns espasmos e virou poeirinha, assim como todos os outros que o havia enfrentado.

O garoto caiu em pé e o pó caiu em suas roupas que já estavam totalmente sujas. A flecha pendia frouxa na mão com um líquido viscoso verde pingando no chão, o cabelo comprido caiu nos olhos e ele não se importou em deixar que o cabelo grudasse no rosto numa mistura de suor e lágrimas.

- Nossa! Você acabou de matar um Cão Infernal sozinho!

O garoto se virou, alarmado, olhou com cautela para os jovens parados no início do beco, nos últimos dias ele estava achando que todos eram como os monstros que havia enfrentado.

- Como é seu nome garoto?- Um dos jovens disse.

- Eu... Não sei.

Os jovens se olharam, compreenderam que se tratava de um semideus perdido e que há tempos enfrentava monstros.

- Então vamos te chamar de Josh. Sou semideusa e ele também é e você também. Estamos juntos nessa. Quer uma casa?- A jovem veio caminhando lentamente até o garoto e ele se permitiu sorrir como não fazia há muito tempo.

- Gostei de Josh. Josh tem musicalidade.