Meu Guarda Costa escrita por Diinda


Capítulo 11
Desventura




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Capítulo XI

Desventura

A nossa velha casa de verão estava exatamente como da última vez que eu estive ali, mas não como era originalmente. Acontece que essa casa mamãe herdou da família dela, há muitos anos atrás quando meu avô morreu ele deixou por escrito que era da minha mãe porque ela, mais que os outros irmãos, amava aquele lugar. Nesse tempo era uma simples casa a alguns metros do mar e assim ainda era na minha infância, bege de esquadrias verde escuro. A casa se transformou radicalmente quando papai entrou na política uns anos depois da morte de dela. Ele comprou alguns terrenos vizinhos e mandou ampliar, aumentando o numero de quartos, a cozinha, sala de estar e mais. A casa passou a ser quase uma mansão, mas tenho certeza que mamãe gostava dela de qualquer jeito.

A senhora Misaki já tinha ligado para informar ao caseiro que nós iríamos por isso a esposa dele já havia preparado os quartos para nos receber. Chegamos no meio da tarde e cada um foi para seu quarto, estávamos todos ainda muito cansados do bazar. Quando terminei de desfazer parcialmente minha mala, acabei cochilando enquanto aplicava compressas no meu olho já menos inchado. Quando acordei Anabelle e Tomoyo conversavam na sala sobre a pilha de filmes que haviam levado. O resumo da noite foi que comemos, assistimos um filme e cada um foi dormir confortavelmente.

No dia seguinte eu acordei bem cedo vesti um bikini rosa claro forido, uma saída de praia branca, coloquei chapéu e chinelos. Minha intenção era caminhar na praia, escrevi um bilhete rápido a Shaoran e coloquei por baixo da porta do seu quarto.

"Aqui não existem muitas casas, piorou pessoas. Tá eu já entendi que sem você fico exposta, vulnerável, bla bla bla bla bla bla e que da última vez que não lhe escutei eu me meti em mais uma enrascada mas estarei caminhando na beira da praia durante esse período. Pode me acompanhar quando acordar." Sak

Escrevi meu apelido no final me sentindo meio estranha mas querendo dar mais intimidade ao bilhete, não querendo dar intimidade ao Shaoran. Só queria que ele percebesse que eu estava estendendo minha bandeira branca.

Eu caminhei alguns metros observando o mar bater na praia e colhendo flores pelo caminho, o sol subia preguiçosamente pelo horizonte e havia uma brisa acolhedora me tocando quando ele surgiu. No início parecia uma miragem, um ponto correndo em minha direção então aos poucos foi tomando forma, até que eu pude vê-lo se aproximar de mim. Mesmo suado com os cabelos ao vento, ele continuava lindo com aquela calça moleton cinza e sem camisa.

– Oi, você vem sempre por aqui? – brinquei.

– Oh Sim. – ele respondeu arfando – Eu venho sempre esse horário na verdade, não importa o lugar. – ele me disse referindo-se a correr – Tinha alguma coisa errada com a sua cama?

– Tinha. – eu respondi – Meu corpo doía de tanto dormir, então lá pelas seis eu resolvi dar uma caminhada. A propósito desconsidere um bilhete que achar por baixo da porta, nem precisa ler.

– Ok. – ele respondeu – E agora?

– E agora você pode continuar sua corrida e eu minha caminhada, já que estamos em sentidos opostos. – eu respondi.

– Não posso acompanhar tão bela senhorita em sua caminhada matinal? – ele brincou fazendo uma breve reverência e naquele momento eu entendi que aquela era a sua bandeira branca.

– Claro, meu querido cavalheiro. – eu respondi rindo levemente e devolvendo a reverência.

Nós continuamos a andar calados lado a lado e aos poucos aquilo foi ficando estranho, foi Shaoran quem quebrou o clima.

– Eu estou atrapalhando não é? – ele perguntou receoso – Eu entendo que ás vezes nós só queremos ficar um pouco sozinhos, e pra que lugar melhor que este? – ele abriu os braços mostrando a areia branca e o mar entre o verde e o azul.

– Não é bem atrapalhando. – eu disse – Eu gosto da sua companhia agora.

Ele sorriu de canto de boca com a minha confissão.

– Você vem a este lugar a muito tempo? – ele me perguntou – Digo, a essa casa?

– Toda minha vida. – eu respondi colhendo mais flores e contei a Shaoran a história da herança de minha mãe e episódios da minha infância.

Contava a história de quando eu e Touya nos perdemos na mata quando começamos a subir uma pequena colina, Shaoran sorria abertamente. Eu continuei contando outros casos até chegarmos ao meu destino. Shaoran deve ter percebido meu olhar fixo para frente porque parou de falar e ficou observando o mesmo que eu. Fui me aproximando devagar com os olhos começando a lacrimejar e ele foi ficando para trás. Lá estava a lápide de minha mãe. Limpei as folhas e flores secas que caiam em cima dela e arrumei as novas que colhi no caminho. Deixei que as lágrimas corressem livres no meu rosto enquanto olhava pra sua foto tão jovem. Sentei-me ao pé do túmulo e fiquei observando o céu e as ondas arrebentarem na praia por alguns minutos e então fiz sinal para que Shaoran se aproximasse.

– Está tudo bem? – ele disse baixinho – Quer dizer, eu não deveria mesmo está aqui, posso esperar lá embaixo.

– Não. – eu respondi – Eu já superei isso a algum tempo. De fato eu não acredito que ela esteja ai, e não está. Ela está nas minhas lembranças, foi isso o que restou dela. As pessoas costumam conversar com o ente querido e eu achava isso bobagem e realmente é, mas quando venho aqui eu falo sozinha imaginando ser com ela. Senta ai.

Shaoran sentou do meu lado e eu recostei a cabeça em seu ombro. Depois de um tempo comecei a falar.

"Oi mamãe, já faz um tempo que um de nós não vem aqui. Eu fui a última e estou aqui de novo, não é que o papai e o Touya tenham esquecido de você e esse é o problema, eles ainda não conseguem seguir em frente sem você. Esta é a milésima primeira vez que vou te dizer que você faz falta, sem você nossa família se afastou e estamos cada vez mais distantes. Papai e Touya não são mais os mesmos e tão pouco eu. Mas se você estivesse aqui eu acho que tudo seria diferente.

Eu parei por uns instantes.

É isso mamãe. Eu continuo te amando muito na verdade e eles também. Ah! Esse aqui é o Shaoran, (Shaoran apertou minha mão de leve) ele tem sido meu protetor e me mantém longe de algumas encrencas também. Eu acho que se a senhora tivesse conhecido ele, iria gostar. Ele é gente boa afinal.

Eu olhei para Shaoran e ele estava de olhos fechados escutando o que eu dizia, quando eu parei de falar ele me olhou também. Nossos rostos estavam tão próximos, seus olhos castanhos fitavam os meus, e seus lábios, meu sonho de consumo, a poucos centímetros de distância. Mas eu me lembrei o que ocorreu da última vez que tentei beijá-lo e da vergonha que passei, por isso continuei ali apenas olhando Shaoran com vontade e sem coragem, eu confesso. Shaoran não me desapontou dessa vez, inclinou a cabeça para o lado e beijou-me. Se eu esperava ver estrelas e ver fogos de artifício como todo mundo falava que ouvia não fiquei de todo decepcionada, ouvir as ondas lá embaixo embalavam bem a minha primeira história de amor. Ele continuou aprofundando o beijo e eu retribui, parei de pensar em mamãe e em qualquer outra coisa e pensei em nós, em Shaoran. Não me pergunte quanto tempo ou beijos se passaram até que ele me afastou delicadamente.

– Sakura, eu... – ele disse meio sem jeito – Eu não quero que pense que me aproveitei do momento ou de você. Eu estou com muita vergonha, não sei o que deu em mim.

Eu coloquei o dedo em sua boca.

– Shhh. – dei um selinho em seus lábios segurando seu rosto com as mãos – Não diga nada que possa me machucar, por favor, não retire o encantamento disso. – eu olhei a praia e ele entendeu.

Nenhum de nós sabia como lhe dar com aquilo, então me aninhei novamente no ombro de um Shaoran mais tenso que antes.

– Está tudo bem. – eu disse – Não fique assim, por favor.

– Seu pai me confiou sua proteção e não seus lábios. – ele riu levemente nervoso.

– Começo a pensar que papai sabia o que estava fazendo quando me confiou a você. – eu disse levantando a cabeça de repente – Ah papai calculista! – eu disse dando um soquinho no ar.

Finalmente ficamos de pé e eu confesso que pedi mais um beijo a Shaoran aproximando meus lábios dos dele, ele retribuiu ainda temeroso.

"Sabe mamãe – eu voltei ao meu monólogo – papai continua o mesmo homem bondoso de sempre e como ele prometeu, continua cuidando de mim como sua garotinha e acho que não importa o que eu faça, ele não vai desistir de mim." – eu sorri pra Shaoran e ele de volta pra mim. Eu segurei em sua mão e descemos de volta pelo caminho assim.

– Já estamos prontos senhor Liang. Pode partir a toda! – gritou Sakura para seu caseiro na parte de cima da lancha.

Depois do café da manhã resolvi levar a todos para conhecer os corais das águas cristalinas perto de casa, apesar do receio de Chiharu em não saber nadar. Tomoyo e Anabelle estavam acomodadas na parte de trás e aberta da lancha passando, outra vez, protetor solar. Shaoran estava na parte de cima junto com o senhor Liang tentando aprender a pilotar a lancha enquanto eu tentava tranquilizar a Chiharu.

– Você pode ficar aqui enquanto nós nadamos pelos corais, mas vai perder a parte mais divertida. – eu disse.

– Sakura eu não sei nadar! – exclamou Chiharu pela décima vez – Não é possível que você ainda não tenha entendido!

– Eu já entendi! – exclamei de volta – Mas nem de colete você pode tentar? Além do mais todos nós sabemos, podemos te ajudar. – argumentei.

Ela balançou a cabeça negativamente.

– Ok! Eu tentei! – eu disse passando para a parte de trás da lancha também.

Anabelle exibia seu corpo bem esculpido de modelo sob o sol, cheio de curvas e formas, enquanto Tomoyo ao seu lado continuava com uma mini saia azul de rendas. Elas riam e conversavam sem prestar atenção no meu dilema. Da parte de cima da lancha Shaoran podia ver o convés embaixo, inclusive meu corpo pálido e sem graça comparado ao de Anabelle. Suspirei.

– Sakura está começando a sair fumaça da sua cabeça, é melhor você colocar um chapéu. – riu Anabelle.

Eu sorri de leve me sentando ao lado delas. A lancha deu um solavanco e nós fomos jogadas para trás gritando.

– Desculpa meninas. – gritou Shaoran lá de cima – Ainda não peguei o jeito.

Nós sorrimos falando palavras de apoio e ele sorriu de volta.

– Ás vezes eu acho que ele não sabe o quanto é bonito. – comentou Anabelle sorrindo para Shaoran – Ele podia me dar só uma chance.

Tomoyo riu.

– Talvez você não faça o tipo dele. – ela continuou rindo.

– Deve ser. Que tipo de mulher então será que faz o tipo dele? – riu Anabelle – Gordinhas, inocentes e tímidas?

Elas riram de novo.

– Você parece um pouco nervosa Sakura. – perguntou Tomoyo – Aconteceu alguma coisa?

– Não, tudo bem. – eu disfarcei sorrindo.

A lancha deu outro solavanco e nós gritamos de novo e rimos em seguida.

Shaoran gritou outro pedido de desculpa, passou os controles para o caseiro e desceu até nós. Ele estava com uma bermuda cinza e uma camisa azul marinho.

– É mais difícil do que parece. – disse dando de ombros.

– Acho que também quero tentar. – disse Anabelle.

– Oh não. – respondeu Tomoyo – Se com o Shaoran que tem alguma noção foi assim imagino com você. Não, não Anabelle.

– Muito sem graça. – comentou ela dando língua a Tomoyo – Sabe Shaoran nós estávamos fazendo uma enquete. Que tipo de mulher você prefere?

– O que? - disse Shaoran corando.

Eu revirei os olhos tapando o rosto com as mãos em sinal de vergonha, Tomoyo bateu na própria testa.

– Qual é? – foi só uma pergunta ela se defendeu – Você prefere lindas modelos como eu ou tímidas e inocentes como a Tomoyo? Mas aviso que ela já está comprometida. – ela riu.

– Senhorita Johnson eu não tenho preferências femininas, mulheres são como uma caixinha de surpresa. – disse ele sério – Algumas ruins mas outras revelam-se extremamente interessantes. Acho que prefiro deixar acontecer.

– Interessante. – continuou Anabelle – Fale-me mais sobre isso.

– Já estamos chegando? – perguntou Chiharu interrompendo-os.

– Vou estar na cabine, ainda vou fazer algumas tentativas. – disse Shaoran escapando rapidamente.

– Acho que estamos no meio do caminho. – disse a Chiharu quase agradecendo por ter interrompido aquele papo insano.

Ela caminhou até a parte de trás da lancha e olhou para trás.

– Já andamos bastante. – comentou.

De repente a lancha deu outro solavanco dessa vez com mais força e Chiharu foi lançada ao mar. A lancha continuou a avançar a toda, enquanto gritávamos para parar.

Tomoyo subiu correndo a escada e eu me lancei ao mar. Fazia um tempo que eu não nadava, mas naquele momento não conseguia nem raciocinar ao ver Chiharu subir e descer desesperadamente sob as ondas, eu também estava desesperada. Alcancei Chiharu em pouco tempo e ela me agarrou ainda se debatendo.

– Calma, calma por favor, eu estou aqui. – eu tentava acalmá-la – Se você continuar se debatendo vamos nos afogar, as duas! – ouvi o barulho da lancha se aproximando – Eles estão vindo, calma Chiharu. – minhas pernas e braços começavam a formigar, uma dor aguda em meus pulmões, nós duas estávamos engolindo água.

Chiharu estava um pouco mais calma, mas ainda nervosa quando uma boia laranja aterrissou ao nosso lado, eu a puxei passando pela cabeça de Chiharu. A soltei, finalmente, não conseguia mais lutar e senti meu corpo afundando. Ouvi um grito e mãos me trouxeram para cima.

– Te peguei. – ele disse me abraçando junto ao corpo – Tudo bem.

Shaoran me ajudou a nadar até a lancha e César me ajudou a subir. Tomoyo acalentava Chiharu enquanto Anabelle me trazia uma toalha, eu cai de joelhos com dor em todo corpo.

Shaoran ajoelhou-se ao meu lado me abraçando.

– Tudo bem minha heroína, o pior já passou. – disse ele com os braços ao redor de mim, eu o olhei tentando sorrir e inesperadamente nos beijamos.

Meu Deus! Nos beijamos!


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Notas finais do capítulo

Olá pessoas

Eu peço um milhão de desculpas por passar quase três meses sem postar, eu já tinha escrito boa parte do capitulo mas me perdi e perdi o capitulo também, ainda bem que eu tinha enviado a um anjo que o reenviou pra mim. Mas como eu prometi estou empenhada em acabar a história e não pretendo abandoná-la.

Well, cá estamos nós com direito a beijo e tudo. Beijo não! Beijos! Espero que tenham gostado. Estamos nos aproximando do fim. Espero ainda contar com o apoio de vocês.

Comentem então por favor! Por favor! Não me abandonem!

Espero postar em breve!

Um abraço a todos!

~ Dinda