Era inverno na Inglaterra.

Pedro se sentou em frente a lareira da sala, era uma quinta chuvosa. A guerra acabara e seus irmãos estariam em casa até domingo no mais tardar.

E foi sentado naquela confortável poltrona que ele se permitiu pensar em Nárnia mais uma vez.

A Era de Ouro, como ficou conhecido o tempo em que ele e seus amados irmãos reinaram era de longe a época mais feliz e próspera de Nárnia. Ele ainda conseguia se lembrar de casa sala, cada canto de Cair Paravel.

Cair Paravel

Oh como ele amava aquele castelo, tão lindo, glorioso, majestoso. Um castelo construído excepcionalmente para ele e sua família, um presente do próprio Aslam.

Foi naquele lugar que ele passou os melhores anos de sua vida, ali era conhecido como Rei Pedro, O Magnífico, Imperador das Ilhas solitárias e Senhor de Cair Paravel.

O melhor Rei que Nárnia já tivera, canções, lendas, livros foram escritos sobre si, sobre sua coragem, sua bravura, suas conquistas. Quantas e quantas guerras o seu exército não venceu sobre seu comando.

Começando pela Feiticeira Branca, claro que não venceu sozinho, Aslam estava lá para ajuda-lo, mas nas batalhas que se seguiram esse papel coube a seus irmãos.

Ele nunca esteve só, e nunca estaria, sua família sempre estaria contigo. Mesmo que seus corpos estivessem milhares de quilômetros longe uns dos outros, ainda assim seus corações e almas estavam juntos. Eles sempre estariam juntos e isso lhe dava forças quando alguma dificuldade aparecia.

E quando ele voltou pela segunda vez a Nárnia, sua terra amada e descobriu o que os bárbaros dos telmarinos fizeram a ela, nem mesmo Aslam poderia imaginar o tamanho de sua fúria. Aqueles inescrupulosos a mutilaram, a destruíram, a mataram. Toda sua gloria, sua vida fora destruída por aqueles homens.

Cair Paravel estava em ruínas, e ele não pode não sentir uma pontada de culpa ao ver seu estado. afinal ele deveria protege-la, esse era seu papel. Nárnia caíra por sua culpa.

Poucos foram os narnianos que sobreviveram, sua amada terra estava morta. E junto com ela uma parte de sua alma também.

Aqueles imundos profanaram sua terra, e o único sentimento que ele conseguia nutrir por qualquer telmarino era o desprezo e o ódio.

Até ele conhecer Caspian, o jovem herdeiro do trono de Telmar . O amado de sua querida irmã Suzana.

E foi graças a Caspian que Pedro percebeu que nem todos os telmarinos eram homens ruins, é claro que no começo eles tiveram suas divergências mas nada que o tempo e um guerra não acabassem. Por que sem a ajuda de Caspian os narnianos jamais derrotariam Miraz e dessa forma nunca conseguiriam a tão esperada e desejada paz.

Depois desses eventos passou a aceita-lo como parte da família, Caspian era mais um irmão. Não de sangue, mas sim de coração. E não havia nem um só dia que ele não sentisse sua falta, não só a dele, com a de todos os outros amigos deixados em Nárnia.

E Aslam, oh como ele sentia sua falta, Pedro sempre o considerou um amigo, mentor, um Pai. Alguém que sempre esteve com ele, que o amou, o protegeu.

Aslam era parte de si, como seus irmãos, como Nárnia.

E foi com esses pensamentos que ele adormeceu naquela poltrona, e sonhou, sonhou com Nárnia, sua amada terra.