A cidade da Luz escrita por Raquel de Oliveira


Capítulo 3
Arce


Notas iniciais do capítulo

Oiii, desculpem pela demora, como sabem o site entrou em manutenção, e também eu estava sem tempo para escrever, mas ai está, espero que gostem!
bjs, e espero os comentarios :*



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A menina abaixou a cabeça, saindo de perto do bruxo, um pouco constrangida. Ela quase o beijara, o que estava acontecendo, pensava a bruxinha, eu nem o conheço.

– Ok, só preciso me despedir! – Ela disse sem olhar nos olhos de Dave.

– Não vai poder se despedir Sofia, ninguém pode saber que está indo, eles nunca vão entender. – o garoto a olhou com certa tristeza e compreensão. – Pegue só o necessário, você voltará a vê-los.

– Eu não sei se consigo! Eu acordei hoje e era só uma garota comum, e em poucas horas eu descobri que sou uma bruxa, e sou a única salvação de um povo? – a menina parecia confusa, talvez não pudesse lidar com tudo isso. – olha para mim, acha mesma que sou capaz?

– Você é a mais poderosa, se não for capaz, ninguém mais será! Você tem poderes que desconhece, e eu sei que ai dentro de você sempre esteve algo faltando, o seu lugar não é aqui. – o garoto agora estava com um olhar duro e a fitava sem parecer descontrolado.

– Eu sei, eu sei, mas é que, mudou tudo de uma hora pra outra, não sei o que fazer...

– Eu sei que não tem motivos para confiar em mim, mas é sua única opção. – o menino de olhos cor de mel deu um sorrisinho tentando passar confiança.

A morena tentou retribuir o sorriso, mas logo desviou o olhar. Ela andou até a porta, parando por alguns instantes. A menina se virou dando-se por vencida.

– Eu já volto, preciso fazer uma coisa! – a garota falou essas palavras saindo pelo corredor.

A morena desceu a escada devagar, não sabia ao certo o que iria fazer. Chegando ao ultimo degrau, ela parou, fazendo uma rápida analise da sala com decoração antiga, ela se curvou e pode ver a cozinha que ainda estava com as louças do jantar na pia, virando-se seus olhos pararam no sofá de couro legitimo que agora estava ocupado por seu pai que via algum programa de TV junto com a pequena garotinha que sorria sem parar. Durante alguns minutos Sofia pode contemplar uma cena típica de domingo, em qualquer outro ela estaria ali, não hoje! A menina sentiu seu coração apertar, uma tristeza a tomou, a sensação de que aquela era a ultima vez que veria aquela cena tomava seu coração, quase deixando as lagrimas rolarem.

– Vem Sofi, está na sua parte favorita. – a menininha a chamou sorrindo inocentemente.

A bruxinha foi quase que no automático sentando-se ao lado da pequena menina, abraçando-a. Depois olhou para Leonard, o cara que sempre pensou ser seu pai, sempre duro e mostrando indiferença, a garota pode perceber agora o porquê de sempre ter sido tratada com mais severidade, mesmo com lembranças más, ele a amava, e ela não podia negar que sentia o mesmo. A menina levantou-se dando um beijo de boa noite na garotinha, logo se abaixou dando um abraço em Leonard que correspondeu um pouco surpreso. A garota saiu sem olhar para trás em direção das escadas, ela sabia que o pior estava por vir, Lívia sempre fora atenciosa e carinhosa, a menina sempre a teve como porto seguro, não sabia como iria despedir-se sem poder dizer que era talvez um adeus.

Alguns longos minutos depois a menina estava enfrente a porta de Lívia, ela pensou mil vezes no que falaria, ou como agiria, ela tinha certeza que a mãe perceberia algo estranho. Lentamente, ela girou a maçaneta e viu uma figura branca e delicada, com cabelos loiros escuro, sentada lendo um livro.

– Pensei que já estivesse dormindo. – a mulher disse se virando para a menina.

– Eu...só vim te dar boa noite! – a garota aproximou-se e a abraçou, tão forte, e com tanta dor.

– Oh minha filha, boa noite, há quanto tempo não fazia isso.. – disse a mãe emotiva, correspondendo o abraço apertado.

– Mãe, eu te amo, apesar de tudo, você sempre será a pessoa mais importante para mim. – a garota lutava contra as lágrimas que insistiam em cair.

– Por que está dizendo isso agora? Eu também te amo, mas..

– Não é nada, só tive um dia confuso..vou ir pro meu quarto. – a garota falou essas ultimas palavras se afastando, indo em direção a porta.

Lívia pensou em chamá-la, mas preferiu deixar passar. A bruxinha foi em direção do corredor, correndo para seu quarto. Ela entrou e bateu a porta, parando como se estivesse corrido uma maratona, soltando o ar, a bruxinha caiu em prantos.

Nunca pensara na importância que era ter aquelas pessoas ao seu lado, mesmo com seus defeitos. O bruxo que estava perto da janela foi de encontro com a morena e a abraçou, dando abrigo, ele não sabia ao certo o que era ter uma família, porém sabia que era importante para Sofia.

– Calma, eu estou aqui! – ele repetia essa frase tentando consolar, mas não estava funcionando, é claro.

Eles ficaram ali durante um tempo, a menina estava sem rumo, não sabia como era viver sem sua família, por outro lado, dentro dela, ela sentia algo maior, que a chamava, ela precisa sair dali e cumprir sua missão.

– Obrigada, nós precisamos ir.. – disse a menina se afastando, enxugando as lágrimas, agora parecia decidida ou sem opção.

– Vamos! É melhor levar uma blusa de frio. – o garoto disse mudando de assunto.

A bruxinha pegou sua mochila da escola, e colocou seu diário e algumas roupas. Ela observou o quarto com uma expressão forte, logo se voltou para Dave, fazendo sinal de que já estava pronta.

O garoto de cabelos cor de mel foi para perto da morena, pegando sua mão a olhou e balançou a cabeça, logo depois, proclamou essas palavras:

– Pandis ostium!

****

O céu estava sem estrelas, fazia um silencio mortal. A menina abria seus olhos lentamente, estava se sentindo um pouco tonta. Ao seu lado, o garoto estava sentado, encostado na parede, parecia não estar muito bem também.

– Onde nós estamos? – perguntou a menina tentando sentar-se.

– Stella, a única cidade que não foi tomada pelos odiuns. – o menino disse com uma voz falhada, parecia esgotado. Sofia percebeu que estivera assim desde que o encontrara.

– E para onde vamos? – ela perguntou finalmente sentando-se.

– Para Arce, o castelo dos bruxos do conselho, você ficará segura lá.

– Você parece cansado, talvez fosse melhor dormir um pouco. – a garota disse o observando.

– A transição do mundo dos bruxos para o dos humanos desgasta. Não precisa se preocupar comigo, sei me virar sozinho. – ele disse evitando-a

A morena queria rebater, contudo estava cansada, precisava de um banho, de uma cama, sua cama.

– Vem, precisamos chegar logo, estão nos esperando. – disse o bruxo levantando-se.

O garoto começou uma caminhada e Sofia ia logo ao seu lado, ficaram em silêncio um longo tempo, às vezes se entreolhando, mas sempre tentando disfarçar. A menina já estava decidida em quebrar esse clima, quando avistou um castelo.

– Chegamos! Seja bem vinda a Arce. – o bruxo falou admirando o castelo feito inteiro de pedra que ficava no centro de um lindo gramado verde.

– É tão grande, parece de mentira! – a menina falou impressionada, observando o castelo.

O bruxo continuou andando e a menina logo atrás, ainda não acreditara no que estava vendo, caminhou durante algum tempo por um lugar onde tinha casinhas que pareciam de conto de fadas, porém as ruas vazias, por estar à noite talvez. E esse castelo, era tão grande que fugia do seu campo de visão. A bruxinha começara a gostar de tudo aquilo, nunca vivera aventuras, nunca havia saído de seu mundinho.

– Chegamos! – disse o garoto parando enfrente a um enorme portão.

– E como entramos?

– Você verá! – disse o menino avançando para frente e gritando.

– Venit!!

Antes que a bruxinha pudesse pensar em contestar, apareceu na sua frente uma onça sobrenatural, seu tamanho era fora do normal, era negra com olhos vermelhos que penetravam a mente de quem a encarava.

– Não olhe nos olhos dela, ela pode te controlar. – disse o garoto tentando protegê-la.

– O que é isso? Vai nos matar!! – a garota disse com um tom apavorante.

A onça avançou para cima da menina e ela caiu,agora a onça estava sobre a garota que fitava seus olhos nos dela. Sofia tentava ao máximo não olhá-la, mas estava perdendo as forças, a onça chegou mais perto e agora feroz, iria atacá-la se não tivesse sido arremessada para longe. Dave fez um feitiço de ataque, logo foi em direção a onça e pegou o cordão que estava em seu pescoço. Se aproximando da menina que tentava se levantar, lhe estendeu a mão e a ajudou.

– Precisa aprender a ser mais rápida. – falou dando um sorrisinho.

– A claro porque eu enfrento uma onça gigante todos os dias. – disse a menina devolvendo o riso irônico.

– Agora já podemos entrar, eu estou morrendo de fome! – ele disse começando a andar.

– Eu também!

Os dois andaram até o portão, o bruxo pegou o colar que tirou da onça e encaixou no portão, logo apareceu um pequeno duende, ele era meio amarelado, vestia roupas formais e era mal humorado.

– Olá Tibby, pensou que ia se livrar de mim? – disse Dave dando um tapinha na cabeça do duende.

– Infelizmente não tive essa sorte ainda! – disse o duende fazendo cara feia.

O duende estendeu para cima um aparelhinho e o bruxo pois ali sua mão, logo na tela apareceu sua foto. O duende olhou para a menina, dizendo:

– E como vou saber que ela, é Ela? – perguntou o mal humorado.

– Como assim eu sou ela? – a menina interrompeu impaciente.

Os dois a ignoraram. O bruxo pegou a mão da menina que estava o anel lápis-lazúli que lhe dera.

– Esse é o anel das duas famílias, o que foi fundido, veja, brilha com ela!

O duende olhou admirado, nunca vira um azul tão vivo.

– Tudo bem, podem entrar! Mas sem fazer barulho, já está tarde. – disse o duende sumindo.

O portão se abriu dando entrada ao castelo, os dois bruxos foram entrando e caminharam alguns minutos, os dois não falaram nada, a menina já estava irritada com todo esse silencio. Até que chegaram perto de uma porta toda desenhada, tinham muitas trancas e só eram abertas com magia. O menino resmungou algumas coisas, e a porta foi se abrindo lentamente.

– Entre! – falou o garoto apontando para dentro.

A menina sinalizou com a cabeça, entrando. Ela se deparou com um grande salão, o teto era alto e desenhado com lustres gigantescos, as paredes eram rústicas, o piso era antigo, no lado direito tinha uma escada dourada, parecia ouro. Ela ficou parada perto da porta, admirada. O menino passou do lado, andando até o outro lado do salão.

– Vamos comer, estou morrendo de fome! – o menino falou chamando a bruxinha.

– Tudo bem...

A menina foi de encontro ao garoto, eles andaram dois corredores, no caminho Dave foi contando algumas coisas sobre o castelo para a bruxinha.

– Então todos que estão aqui estão se preparando para essa batalha contra os Odiuns?

– Sim, estamos nos preparando, não sabemos quando acontecerá, mas temos que estar preparados. – o bruxo falou abrindo uma portinha, entrando numa cozinha aconchegante. – o que quer comer? Pode escolher o que quiser.

– O que eu quiser? – perguntou a menina sorrindo. – Ok, humm... Uma pizza de frango com catupiry e coca-cola.

– Ok, só um instante. – o menino abriu um armário e colocou dois frasquinhos encima da mesa e o abriu, fazendo uma pose de mágico fajuto.

– Tanan! – ele falou rindo, logo apareceu a pizza e o refrigerante. Aqueles frasquinhos eram mágicos, cada um correspondia a alguma coisa, bastava abri-los.

– Parabéns mágico! – a menina falou sorrindo, fazendo reverencia.

O bruxo escolheu hambúrguer e Pepsi. Os dois comeram em silencio, pensando em tudo o que viveram neste dia, principalmente Sofia, sua vida havia mudado, ainda parecia um sonho lúcido. Quando acabaram a refeição, o bruxo fez um feitiço para limpar toda a bagunça.

– Vou te mostrar seu dormitório, precisa descansar amanhã seu dia será bem mais cheio do que hoje. – ele disse começando a sair da cozinha.

–Você disse que estavam me esperando, onde estão?

– Amanhã você verá, já esta tarde, vamos dormir.

Eles se olharam rindo, depois de alguns corredores, eles subiram uma escada que ia para um novo corredor, eles andaram mais uns minutos até que pararam enfrente a uma porta. O garoto a abriu, entrando a chamou. O quarto era grande, tinha uma cama de casal, era rosa claro com detalhes em dourado, tinha uma portinha que era o banheiro.

– Bom, aqui é seu quarto enquanto estiver aqui. – ele disse andando até um armário bem sofisticado. – é evidente que essas roupas que trouxe são poucas, aqui tem o que precisa. – ele falou abrindo o armário repleto de roupas. – ali fica o banheiro. Acho que sobrevive até amanhã com isso.

– Isso tudo é para mim? – a menina questionou um pouco surpresa.

O garoto riu, indo em direção a porta, se encostando, fazendo pose de galã.

– Eu vou para o meu quarto também estou cansado. – ele disse virando-se e quase girando a maçaneta. – Até amanhã!

– Espera! – essas palavras saíram quase que no automático. – Qual é o seu problema?- ela falou sem pensar, logo se arrependeu.

– O meu problema? – perguntou o garoto, franzindo a testa.

– Você me ignora, logo depois finge que esta tudo bem. – ela disse aproximando-se.

– Olha, é melhor não entrarmos nesse assunto, você precisa dormir.

– Não entrar em que assunto? Só quero uma resposta, eu te conheci hoje e olha como age comigo. – ela falou chegando mais perto.

– Só não quero ficar perto de você... – ele disse encarando-a.

A garota não desviou seu olhar, mesmo depois dessas palavras, podia enxergar dentro de seus olhos que não era verdade. Agora ela estava tão próxima que podia beijá-lo, se ele não o fizesse primeiro.

O bruxo a puxou pela cintura dando-lhe um beijo, tudo o que havia acontecido naquele dia foi esquecido, Sofia não conseguia pensar em mais nada. Dave estava perdendo o controle, não resistira a Sofia, queria ficar ali com ela, nunca mais deixá-la.

– Boa noite! – o garoto disse recuperando o ar com os lábios ainda encostando-se aos dela- Boa noite! – falou a menina ainda hipnotizada.

O garoto se afastou lentamente, ele a olhou pela última vez e saiu girando a maçaneta. A menina ficou ali parada, ainda tentando voltar para si, depois de alguns segundos ela riu sozinha, indo em direção ao armário, pegou um vestidinho branco largo, parecia confortável para dormir. Ela tomou banho e se deitou.

Nova fase

Já desisti de por a data, nunca escrevi tantas vezes num dia só, mas aconteceram tantas coisas, eu ainda duvido que seja real, mas se não for, amanhã não vai ter nada escrito aqui. Enfim, nunca pensei que amasse tanto minha família, mesmo não sendo minha verdadeira de sangue, eles são meu tudo, e meus amigos, não me despedi deles, estou mal por isso, precisava da Jessie aqui agora. Mas agora só tenho você, que tem minha vida toda em paginas. Eu estou cansada, mas tenho que falar do Dave, não sei o que falar, confesso que estou confusa, conheci ele hoje, e ele age tão estranhamente, me ignorando, ao mesmo tempo, me beijando? E melhor não tocar nesse assunto. Preciso dormir, amanhã será um dia longo.

A bruxinha, pois seu diário encima de uma escrivaninha de madeira antiga, virando-se para o lado, deitou-se, durante um tempo, tentou relembrar de cada detalhe que acontecera neste dia, porém perdida em seu cansaço, adormeceu.


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