Tsuki P.O.V

A Sirene soou alta, todos tamparam os ouvidos, enquanto Jujuba me puxava para o castelo, quando ela me soltou lá, White estava com uma roupa camuflada, e um tipo de arma que eu não conheço, parecia algo como uma espingarda evoluída.

–Tsuki! Olha! Olha o que eu ganhei! – Falou, sorrindo e me mostrando a arma. Ás vezes é quase impossível de acreditar que ele é o irmão mais velho.

–Impressionante. – Falei, encarando a arma.

– O que é isso? Onde está seu olho? – White me encarou, pasmo.

– Um duende arrancou. –suspirei.

–Onde ele está agora?

–Morto.

–Oh. – Ele pensou um pouco.

–Não temos tempo pra isso!E OH GLOB! – Jujuba berrou quando olhou pra mim.- Está toda ensanguentada! Está sem um olho! O que sua mãe faria de mim quando descobrisse que deixei essas coisas acontecerem com você? – ela bufou.- Precisamos dar um jeito nesse olho! Está se sentindo bem? – Me encarou.

–Já estive melhor. –Respondi.- Mas não sinto dor.Só arde um pouco.

–Faltam 8 minutos e 38 segundos exatamente para o início da luta! Pense, Jujuba, pense. – Gritava, enquanto massageava a cabeça.-Olhe-Suspirou.- Coloque essas ataduras nos olhos,fique preparada, White te dará cobertura, então não se envolva tanto na luta, então...Fique com isso.- Ela me entregou um machado enferrujado.

–Eu estou bem, Jujuba.- Indaguei.- Um machado enferrujado não vai me ajudar contra 3.700 soldados de um reino desconhecido!

–Só faça o que eu pedi, por favor. –Ela se sentou em uma cadeira grande, onde provavelmente nos assistiria morrer.

Vários guardas bananas surgiram das portas, e todos encaravam o grande portão que se abriria para a provável morte de todos. Suspirei. Não podia perder essa batalha. Yuki havia sumido e eu nem sequer me interessei em saber o por quê. Minha cabeça dói. Tenho que proteger o White, tantas vezes que ele já tentou me salvar, e até conseguiu, ele é meu irmão mais velho, mas os mais novos devem ajudar também. Só acho.

–Atenção! Atenção!- Jujuba berrou .- Mantenham a calma durante a batalha, E POR FAVOR NÃO ENTREM EM PÂNICO SE ESTIVEREM PERDENDO.- Suspirou, e logo tomou um copo da água para aquecer a voz. Enquanto isso todos nós estamos quase explodindo.

Com um rangido terrível, o portão gigante se abriu, e de pouco em pouco, conseguíamos ver nossos rivais.

–Oh não.- Engolhi seco. Por que tinha de ser justo AQUELE reino? Enquanto o portão subia, consegui identificar alguém: Hazel. Com cabelos cor sangue, um vestido preto, com toques de vermelho também cor sangue. Acredite, não foi difícil identificar, ela é a única que eu conheço que consegue ser uma bem-vestida e insana ao mesmo tempo.

Uma sirene ainda mais alta que a outra soou.E logo tudo começou a se misturar: Guardas bananas tentavam atacar os guardas do Reino de Sangue, mas era inútil.Tentei não me focar totalmente em matar Hazel,E fui matando guarda por guarda, não foi tão fácil quanto pareceu.Ainda mais sem um olho, foi difícil enxergar tudo.Eu estava indo bem no meu trabalho, e estava tendo esperanças de vencer, só matando os soldados. Mesmo eles sendo em mais número que os nossos, e os guardas bananas estarem praticamente todos mortos, ainda tinha esperanças.

–Você está indo bem.- Senti uma voz atrás de mim.

– O que foi? Por que não vai embora, Hazel? – Falei, mas não ousei virar para ela.

–Que falta de educação. Olhe para mim quando falo com você. Sua mãe não te ensinou não?

–Não fale sobre minha mãe, por favor. –Me virei para ela.

Hazel sorriu.

–Parece até que se esqueceu do que fez comigo. Do que fez com meu pai.

– Eu era criança, estava assustada!- Tentei acalmar a situação.

– Tão assustada a ponto de matar! Matou metade da plateia, o executador, e meu pai. – Ela rosnou.- Mas isso vai acabar aqui, não se preocupe. Ahn...belo visual.

Olhei para minhas roupas rasgadas e ensanguentadas, e depois para minhas mãos.

–Não importa, você nunca vai mudar. Vai ser sempre assim. Vai sempre machucar aqueles que ama...ou que os outros amam, não é? –A Rainha abaixou a cabeça.

–Mas nunca é a minha intenção! Não consigo me controlar!- Gritei, mas era incrível como ninguém chegava para atrapalhar nossa conversa, infelizmente.

–Não se preocupe, ok? –Ela sorriu de forma insana novamente.- Vou acabar com seu sofrimento.

–C-como. –Fui me afastando, mas um simples movimento da mão dela fez minha garganta queimar, comecei a cuspir sangue, não conseguia me mexer.- P-pare, por favor.

–Você não me deu piedade antes,por que eu daria agora? Ninguém nunca me deu piedade.- Ela sacou uma faca, e se aproximou.Eu sabia que ia morrer ali. Fechei o olho que me restava, sem poder me despedir de minha mãe, de meu irmão, e sem salvar minha irmã, e nem mesmo conhecer meu pai de verdade.Só estava ali, parada, esperando a faca ser cravada em mim, e deixar de viver.

‘’NÃO!’’- Ouvi uma voz familiar gritando. Mas não abri o olho, mesmo depois de sentir uma quantidade de sangue a mais espirrar em meu rosto. Fiquei trêmula quando abri o olho para ver o que se passava.

–W-White.- Consegui dizer.

E lá estava ele, na minha frente, em pé, com a faca cravada no estômago, pálido, sem expressão nenhuma no rosto. Seus olhos foram se fechando,e ele desabou totalmente sem vida no chão. Senti meu rosto ferver ainda mais, lágrimas brotavam sem parar do meu olho bom, e eu quase senti o olho que perdi chorando também.

–Por que...POR QUE? – berrei.- EU VOU TE MATAR, HAZEL! – O machado enferrujado começou a brilhar, os soldados pararam de brigar para ver o que se passava. Meu olho estava no fundo, minha cara e corpo inteiros cobertos com sangue.

Do que adianta tentar salvar a irmã mais nova quando se perde o irmão mais velho?