Amanhecer

Ao amanhecer do dia,

Meus olhos melancólicos se abrem tristemente.

Em palavras escreverei sentimentos

Horrendos de se sentir. Mas não

Se engane.

Estou descrevendo apenas o meu dia-a-dia.

Minha tristeza, minha luxúria.

Minha tristeza diária.

Onde pessoas colocam suas máscaras.

Sorrisos aparecem sem motivo.

Palavras são ditas ferindo ou não as pessoas.

Por que não sorriu ou riu?

Não sei. Não tenho motivo.

Não tenho alegria para animar.

Não tenho motivo para se quer

Abrir os olhos amanhã.

Sentimentos que me corroem todos os dias.

A luz que se transforma em escuridão.

Sentimentos lindos que algum dia senti,

Não passam de sentimentos tristes e

Amargos que sinto neste amanhecer

De mais um dia de minha vida.

Não sei se acordarei amanhã.

Até queria não acordar mais.

Parar de abrir os olhos.

Parar de sentir essa dor em meu peito.

Preferia a morte gélida e silenciosa

Corroer minha carne.

Do que a vida quente e energética

Envenenado meu interior.

Um interior frio implorando que

Algo invada esse mórbido vazio.

Silêncio, por favor.

Peço que leia com atenção

Esse meu pequeno testemunho.

Um testemunho de um ser sofrido.

Antes de tudo. Não quero que tenha pena.

Só estou falando o que vejo

E sinto no meu dia-a-dia.

Alias... Escrevendo, não?

Há algum tempo atrás

Falei sobre minha tristeza

Nestes mesmos versos em

Possíveis rimas (ou não).

Porém, ela não é a única

Que devo destacar. Há algo de

Seu interesse que devo mostrar.

Algo que qualquer ser humano

Como eu, senti e esconde.

O pecado proibido.

Aquele que necessito.

O meu erro particular.

Será que sou um monstro

Por possuí-lo tanto assim?

Não tenho culpa de ser tão viciante.

É tão prazeroso seu fruto.

A dor que me faz feliz.

O vazio que é preenchido

Com seu fogo ardente.

Por favor, não o apague.

Você pode se queimar.

Eu?

Eu não.

Já estou ferida.

Já estou queimada.

Não me olhe assim.

Não sou uma santa.

Nem sou um demônio.

Sou apenas mais um

Ser humano como tantos outros.

Você não entendeu mesmo.

Por isso que tenho aquele cemitério

Escuro e sombrio para me esconder

A cada amanhecer de mais um dia.

É lá que me escondo quando o sol bate em minha pele.

Onde vocês seres humanos me olham e me julgam

Como um monstro que sou se apareço na sua frente.

Então vai ser assim.

Presa nesse maldito cemitério.

Onde o sol não me queima a pele.

Gritos não me atormentam.

Até que eu morra e desapareça desse mundo.

Se algum dia você ler esse testemunho.

Saiba que eu sempre quis viver fora da escuridão.

Onde não seria julgada.

Onde veria sorrisos verdadeiros e não gritos de pavor.

Onde teria finalmente um sorriso.