A Escuridão da Torre escrita por Duda


Capítulo 1
Capítulo 1




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Eu estava tomando banho quando escutei os primeiros gritos. A água fria escorria por meu cabelo e pingava no chão enquanto eu me enxugava às pressas. Os gritos continuavam e aumentavam de intensidade a cada segundo. Eu não fazia a mínima ideia do que estava acontecendo, mas, pela gritaria toda, supus que não deveria ser nada bom.

Coloquei uma calça jeans escura, uma camiseta vermelho—sangue e um casaco preto. Meus tênis estavam na sala e corri para calçá—los antes de sair de casa.

Minha mãe estava trabalhando no mercado da cidade e havia me ligado há alguns minutos para que eu fosse até lá. Logo depois da ligação, entrei no chuveiro e tomei um banho gelado para acordar, já que eu estava dormindo até então.

Meu pai havia morrido há 4 anos – quando, na época, eu tinha 10 – e minha mãe cuidava de mim desde então – não que ela não cuidasse antes, mas eu costumava passar mais tempo com meu pai do que com ela, então tínhamos uma relação, de certo modo, distante. Agora que ele não estava mais habitando essa dimensão, eu tinha que aprender a viver sem sua companhia.

Após calçar os All Stars, corri para a sacada da minha casa e observei a rua lá embaixo. Pessoas corriam desesperadas como se estivessem prestes a morrer – e, de fato, estavam. Tentei entender o que estava acontecendo, mas minha mente não costumava trabalhar muito bem quando estava sob pressão. Era como se meu cérebro congelasse e se recusasse a responder ou pensar.

Então eu a vi. Quando digo que a vi, não me refiro à uma pessoa. Bem, pelo menos, não literalmente. Quer dizer, aquela coisa se parecia com uma pessoa, mas era totalmente diferente de um ser humano (isso faz sentido?). Era difícil processar o que eu estava vendo, pois parte do meu cérebro se recusava a acreditar naquilo. Porém, a outra parte – que era viciada em videogames e livros de ficção – confrontava—me dizendo que aquela criatura era real.

Havia uma coisa andando lentamente na rua. Seu corpo estava todo desfigurado e... Bem, como posso dizer isso? “Desfigurado” não chegava nem perto da descrição da coisa que estava perseguindo as pessoas na rua. As roupas da mulher – eu supunha que era uma mulher devido ao cabelo grande – estavam em trapos, literalmente. Seu vestido estava mais rasgado do que as roupas de um mendigo. Sua pele adquirira um tom verde—acinzentado que parecia mais como a sopa da minha avó.

As feridas em seu corpo sangravam como se fossem uma torneira aberta. Seu passo lento era a única coisa que conseguia torná—la mais vulnerável. Seu pescoço estava tão ensanguentado que eu mal conseguia ver uma superfície cutânea. Sem brincadeiras, aquela coisa estava me assustando.

Eu havia lido livros e visto filmes o suficiente para chegar a uma conclusão: ou o Halloween chegara mais cedo naquele ano, ou aquilo era um zumbi. Certo, pensar nessa possibilidade só tornava a situação mais irreal e improvável. Era tão... absurdo pensar que zumbis realmente existiam que descartei essa possibilidade no mesmo instante.

Mas as pessoas ainda continuavam a correr daquela mulher. Quer dizer, por que diabos as pessoas estariam correndo desesperadamente daquela coisa a não ser que ela oferecesse um perigo real? Foi então que cheguei à conclusão de que havia uma mínima chance da “Possibilidade Zumbi” ser verdadeira. Mas, ainda assim, era insano.

Voltei para o meu quarto e peguei o celular em cima da mesinha do computador. Digitei os números já decorados tão rapidamente que me surpreendi ao ver a velocidade com que meus dedos eram capazes de realizar as tarefas. No segundo toque, minha mãe atendeu. Sua voz estava repleta de pavor e pânico e eu podia escutar mais gritos ao fundo.

— Mãe! O que está acontecendo? – gritei no celular, esquecendo—me de manter a calma.

— Anthony! Fique. Em. Casa – disse ela pausadamente como se eu fosse uma criança de cinco anos. – Não importa o que acontecer, não venha para cá.

— Mãe! Me diz o que está acontecendo! – implorei desesperado. Os gritos estavam tão altos que mal pude escutar sua resposta.

— Eu não sei, filho. Tem umas criaturas aqui e... Não importa o que acontecer, não venha para cá. Fique em casa. Se esconda.

— Mãe, eu não posso fazer isso! Não posso te deixar aí – gritei já procurando por uma mochila no meu guarda—roupa. Minhas mãos tremiam em meio ao desespero e eu não conseguia abrir o zíper da maldita bolsa marrom.

— Anthony, escute com atenção. Não importa o que acontecer, eu amo você.

— Não! Mãe! – gritei. Tinha vergonha de admitir, mas as lágrimas já estavam escorrendo por meu rosto.

— Fique longe dessas criaturas. Se proteja, okay? Vou tentar chegar em casa. Não se preocupe, vai ficar tudo bem – tentou tranquilizar—me, mas sua voz estava tão cheia de desespero que acabou causando o efeito contrário. Eu estava mais desesperado do que nunca.

— Mãe... – minha voz falhou. Como eu poderia me despedir dela? Não. Eu não me despediria. Eu ainda iria vê—la. – Eu te amo.

— Eu te amo também, Anthony. Fique em casa. Estou indo aí. Por favor, não dê uma de herói – implorou, já em meio a lágrimas. – Não quero perder você.

A ligação foi cortada. Havia apenas um chiado do outro lado da linha.

Eu sabia que minha mãe não conseguiria sair de lá sozinha. Se aquelas criaturas eram realmente zumbis... Estávamos ferrados. E, para piorar, o mercado ficava no centro da cidade, onde havia a maior concentração da população e, consequentemente, a maior concentração de zumbis. A situação era desesperadora. Eu não podia ficar parado.

Coloquei algumas roupas extras na mochila e peguei uma faca de churrasco na cozinha. Era a única coisa que me vinha à mente quando o assunto era armas. Meu pai costumava guardar uma arma em sua gaveta, mas, após sua morte, minha mãe se livrara dela, alegando que a fazia se lembrar da época em que ele a ensinara a atirar em alvos. Adicionei duas garrafas d’água e alguns pacotes de comida industrializada, apenas no caso de ficarmos presos em algum lugar. Posicionei outras duas facas na minha mochila, apenas por precaução.

Olhei pela janela da sala antes de sair de casa. A horda de zumbis havia aumentado; havia cerca de dez – pelo que consegui contar – andando pelas ruas. As pessoas ainda gritavam desesperadas, tentando se proteger, salvar seus filhos ou pegar alguma coisa. Eu continuava a observar a rua – esperando o momento certo para sair de casa – quando um zumbi olhou para minha janela por uma mínima fração de segundos. Escutei seus gemidos aterrorizantes e vi sua figura contorcida se aproximar lentamente da minha varanda. Meu coração entrou em estado de desespero e tive medo de que ele simplesmente parasse de funcionar por sobrecarregação.

Tudo estava em câmera lenta. Vi o zumbi se aproximar da porta de entrada como se o tempo tivesse sido congelado. Mas a coisa não acabava por aí. Seus gemidos guturais estavam chamando a atenção de outros mortos—vivos. Eles pararam de perseguir as pessoas correndo nas ruas e se dirigiram à minha porta. Minhas mãos tremiam e eu não conseguia dar sequer um passo. Ouvi batidas na porta e mais gritos. O sangue circulava tão rapidamente por meu corpo que fiquei surpreso de ainda não ter tido um ataque cardíaco por pressão alta. Esforcei—me para me mover e fiz a única coisa que me pareceu sensata: corri para a porta dos fundos.

Ainda era capaz de escutar aquelas criaturas tentando derrubar minha porta. Eu havia jogado videogames o suficiente para ter uma noção básica de sobrevivência, mas nada havia me preparado para aquele momento. Ah, como eu gostaria de ter prestado mais atenção nas aulas de defesa pessoal que minha mãe me obrigara a participar quando eu tinha 12 anos...

Abri o portão de ferro e espiei pela estreita fresta. Havia mais zumbis ali do que na minha varanda. Mas, pelo menos, eles estavam mais espalhados. Não era um grupo imenso de caras desfigurados. Havia um aqui e outro ali. Se eu fosse muito ligeiro e esperto, conseguiria ziguezaguear pelo caminho e correr para o supermercado. A única coisa que me impedia de sair em disparada pela rua era que eu não sabia o que me esperava no próximo quarteirão. Quantos já teriam sido transformados? Quer dizer, será que eles se transformavam com uma simples mordida ou era algo mais complexo? No fundo, eu rezava para nunca ter que descobrir a resposta para essas perguntas.

Então, escutei um barulho às minhas costas. Os zumbis haviam arrombado a porta de entrada. Pude ouvir seus pés se arrastando pelo chão de madeira da sala e meu coração disparou. O suor frio escorria pela minha testa e eu tinha cerca de dez segundos para pensar em alguma coisa. Havia muita coisa por trás daquela história, ainda. Nenhum noticiário havia avisado sobre esse ataque. Era como se tudo tivesse acontecido em segundos, como num piscar de olhos ou numa batida do coração.

Respirei fundo, olhei para o meu quintal uma última vez e, mentalmente, me despedi de tudo aquilo. Parte de mim sabia que eu provavelmente nunca mais voltaria para minha casa, mas a outra parte se recusava a acreditar nisso. A outra parte insistia em teimar que eu conseguiria voltar para a segurança do meu quarto e para o calor aconchegante da minha lareira. Eu só esperava que Algo ou Alguém escutasse a minha “outra parte”.

Com a faca já empunhada, tracei uma rota entre os zumbis em cerca de 3 segundos – que foi exatamente quando os desfigurados que arrombaram minha porta conseguiram encontrar meu esconderijo no quintal. Eu não tinha opção. Era correr ou correr.

Abri a porta dos fundos e me esgueirei pelo lado de fora. É claro que eu havia fechado a porta antes de sair; afinal, eu não queria nenhum zumbi a mais me perseguindo. Lidar com aquela multidão na rua de trás da minha casa já era mais do que o suficiente para me deixar apavorado.

Corri por entre os zumbis como se eu fosse uma bala. Certo, esse é um trocadilho muito clichê. Mas clichês ainda são usados, então...

Eu não sabia que era capaz de correr naquela velocidade. Quer dizer, eu nunca havia tentado. Minha vida nunca havia sido tão arriscada até então. Era hora de testar minha força, porque você só sabe o quão forte é até que sua força seja posta à prova.

Ziguezagueei por entre os zumbis e eles automaticamente começaram a “correr” atrás de mim. Digo “correr” entre aspas porque aquilo era, no máximo, uma andada rápida.

Pelo menos eles são lentos, observei.

Virei na esquina à minha esquerda e corri o mais rápido que se pode correr com uma faca em mãos. Por sorte, não havia nenhum desintegrado naquela área. Meu coração bateu com mais calma, mas ainda assim, eu estava apavorado. Só queria encontrar minha mãe e dar o fora daquela cidade. Então, um pensamento me ocorreu.

“Será que aquela coisa se espalhara por todo o país?”

Peguei um atalho para o supermercado, mas desisti assim que vi uns 20 zumbis correndo atrás de alguém. Infelizmente, eu não podia fazer nada por aquela pessoa. Segui pelo caminho mais longo, sentindo que a cidade inteira estava atrás de mim.

Demorei cerca de 15 minutos para chegar ao mercado e me amaldiçoei por demorar tanto. Entrei pela porta da frente sem nem pensar duas vezes e quase dei de cara com um segurança grandalhão já transformado. Meu coração palpitou rapidamente e corri para a direita indo em direção aos corredores. O grandalhão fez um ruído estranho e começou a me perseguir.

Vasculhei rapidamente as colunas de mantimentos, esperando encontrar mais zumbis a cada fileira. Minha mãe não estava em nenhum lugar e isso me preocupava. O fato de que não havia nenhum outro zumbi no mercado inteiro também me deixava desconfiado. Era como se estivessem sido pulverizados ou... Como se estivessem todos num único lugar. Engoli em seco e corri gritando o nome da minha mãe, desesperado.

Certo, agora aqui vai uma dica importante: nunca, jamais, grite o nome de alguém quando estiver no meio de um apocalipse zumbi. Sério. Não façam isso.

Um desfigurado surgiu em meio a um amontoado de latas organizadas em uma pirâmide gigante e me encarou. Trocamos olhares por cerca de 5 segundos até ele perceber que eu era uma carne fresca. Ótimo, pensei, agora tenho dois me perseguindo.

— Anthony! – gritou uma voz de algum lugar à minha direita.

— Mãe! Onde você está?!

— Anthony, saia já daqui!

Virei o rosto à sua procura e então a vi. Ela estava atrás da bancada de frios, literalmente cercada por zumbis. Quer dizer, havia cerca de trinta criaturas, que deveriam ter continuado mortas, batendo nos vidros dos presuntos e salsichas. Minha mãe jogava pedaços de mortadela para tentar distraí—los, mas não funcionava muito bem. Eles eram insaciáveis.

Meu corpo tomou o controle das minhas atitudes. Mal pude percebi que estava correndo e gritando em direção àquelas coisas nojentas carregando um contra—filé gigante que eu pegara na seção de carnes do local.

— Ei! Seus idiotas! Peguem esta carne aqui e deixem minha mãe em paz! – gritei o mais alto que pude. Os zumbis se viraram lentamente em minha direção e pensaram por um segundo (esperem, eles sequer pensavam?). Analisaram a situação: eu, um ser humano de corpo quente, segurando nas mãos uma carne sangrenta, que também era fonte de comida.

“Ding, ding, ding. Comida em dobro!”

Eles perderam o interesse por minha mãe e, surpresa!, vieram correndo em minha direção.

Agora, dou—lhes um minuto para processarem a cena: um menino de 14 anos (quase 15, por sinal) correndo pelo mercado com uma faca de churrasco e um contra—filé nas mãos. Eu era um mini—açougueiro correndo desesperado e derrubando latas e pacotes por onde passava, na expectativa de atrasá—los. Uma cena muito humilhante, você diria.

Meus instintos assumiram meu corpo e eu disparei para o lado oposto de onde minha mãe estava. As criaturas continuaram no meu encalço e, assim que cheguei na parede final, me livrei da carne. Aquilo os atrasou e eu voltei correndo para a seção de frios.

Minha mãe estava paralisada de medo, apoiada em um cortador de carne. Seu peito subia e descia e ela colocava a mão no coração como se isso fosse fazer com que ele batesse mais devagar. Pulei o balcão e abracei—a com força, sem ter vergonha de chorar em seus ombros.

— O que está acontecendo? – perguntei.

— A cidade foi tomada por essas criaturas – ela disse, acariciando meu cabelo. – Provavelmente o país inteiro.

— Como você sabe disso?

— Eu estava no laboratório desenvolvendo um experimento – começou a explicar – há dois anos. Um dos meus colegas derrubou alguma coisa no meu experimento e houve uma mutação depois que aplicamos a solução nos ratos. Eles morreram dois segundos depois, mas voltaram à vida.

— Como diabos isso é possível?

— Não conseguimos explicar. Matamos todos os ratos e controlamos a situação, mas parece que alguém deve ter roubado a solução no laboratório e aplicado—a em alguém – terminou. – Eu não fazia a mínima ideia disso até então, mas assim que ouvi os fritos e vi aquelas coisas, tive certeza.

— Isso não é possível! Ninguém pode voltar dos mortos! – esbravejei irritado. – Se fosse possível, então... Quer dizer...

— Seu pai poderia voltar? — perguntou. Assenti com a cabeça. — Acredito que não, filho. Só aqueles, de alguma forma, que já foram “contaminados” podem voltar.

Escutei um barulho à minha direita - na direção do balcão. Viramos os olhos ao mesmo tempo. As criaturas estavam batendo no vidro, tentando pular o balcão. Elas haviam voltado. Trinta zumbis batiam contra aquela “barreira” que nos protegia. Minhas esperanças de sairmos vivos dali morreram no mesmo instante.

— Me diz que temos uma saída de emergência — pedi urgentemente. O vidro estava a ponto de rachar.

— Sim, mas fica do outro lado do mercado – respondeu minha mãe.

Um flashback invadiu meu campo de visão e me lembrei de ver uma porta azul enquanto estava correndo para o outro lado. O problema era que ela estava muito longe e havia uma horda de zumbis na nossa frente.

— Pegue toda a carne que conseguir carregar! – gritei para minha mãe, correndo para o vidro. Era o momento de usar a minha faca.

Hesitei em apunhalar o primeiro deles. Eles ainda se pareciam muito com pessoas normais, exceto pela fome por carne humana e pela ausência de alguns membros do corpo. Eu não conseguia fazer aquilo. Nunca havia pensado em realmente matar alguém.

— Pronto! – gritou minha mãe em resposta, tirando-me de meu devaneio. — Você tem algum plano?

— Sim. Vamos jogar tudo nessas criaturas e depois correremos o mais rápido possível para a porta. Sem hesitações – respondi, pegando os presuntos e os frangos em meus braços. — No três.

— Okay.

— Um, dois... Três!

Jogamos o amontoado de comida na direção deles e pulamos o balcão, disparando em velocidade máxima sem olhar para trás. Não ouvi nenhum gemido ou som de pés se arrastando atrás de nós. Meu plano provavelmente havia funcionado.

Mas então, quando estávamos a cinco metros da porta de saída, tudo deu errado. O segurança grandalhão apareceu de repente e, antes que eu pudesse fazer alguma coisa, agarrou o corpo da minha mãe, jogando-a com força no chão – o que fez com que sangue saísse de sua cabeça, atiçando ainda mais a fome do homem.

- Não!

Tudo aconteceu em câmera lenta. Eu pulei em cima do segurança robusto e enfiei a faca em sua cabeça o mais profundamente que consegui. Mas, cerca de dois milésimos de segundo antes do meu ataque, ele abocanhou o pescoço da minha mãe, arrancando um pedaço que horrorosamente se parecia com um bife. A única coisa que ela pôde fazer foi gritar em meio à dor e desespero.

O corpo do zumbi ficou sobre minha mãe e eu fiz um esforço para tirá-lo de lá. Lágrimas escorriam de seus olhos e o sangue jorrava de seu pescoço como uma torneira aberta. Peguei seu rosto delicadamente em minhas mãos e chorei.

O pedaço de pescoço ainda estava preso na arcada dentária do homem. Seus dentes e sua pele exalavam um ar pútrido e nojento, que chegava a corroer os canais respiratórios. Suas roupas estavam rasgadas e ele não usava um calçado.

— Mãe, fique comigo. Por favor – gaguejei.

— An... Anth, cuide-se. Fique vivo. Por mim. Por seu pai. Eu mereço ser vítima do meu próprio experimento – ela falava com tanta dificuldade que eu quase pedi para que ela não fizesse tamanho esforço. Mas, eu ainda era egoísta a ponto de querer ouvir sua voz uma última vez, mesmo que isso lhe causasse tamanha dor. — Fique vivo. Se esconda. Procure um grupo. Não... Não desista. Encontre a solução e tente encontrar um antídoto para...

Seus olhos se fecharam depois de seu último suspiro. Senti seu peito relaxar em meus braços. Abracei seu corpo como se isso pudesse trazê-la de volta. Aquilo não podia ter acontecido. Eu estava sem reação. Não sabia o que fazer. Estava desnorteado. Nada parecia certo. Era...

Ouvi os gemidos vindos de trás de mim, mas não me importei. Parte de mim havia acabado de morrer. Eu queria que a outra parte morresse também. Quase ansiava por isso.

Eu. Desejava. Morrer.


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Notas finais do capítulo

O que acharam da história? Devo continuar? Por favor, não deixem de comentar. Obrigada.



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