Gêmeas que Atormentam escrita por Janus, Lexas


Capítulo 3
Capítulo 3




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     Ele subia as escadas devagar, imaginando o que o esperava. Ficou ouvindo mentalmente a risada dela a manhã toda, principalmente quando ele explicava para a sua sensei porque de ter-se atrasado.
Tudo bem. Ela também já teve seus problemas e ele aprontou muito com a mesma igualmente. Tinha o direito de se vingar agora. Ele para a metade da subida e aguarda. Sabia que ele o atacaria, sabia que isto iria ocorrer. Cruzou os braços e ficou esperando.
    E esperou, e esperou...
    Nada! Será que ele estava doente? Talvez estivesse dormindo.
    Dando de ombros, ele termina de subir e observa o templo. Meio despojado de sua glória passada, mas ainda era bonito de se ver. Umas poucas árvores aqui e ali... nenhum pássaro... - os gatos tomaram o lugar deles pois no começo, antes da reconstrução, chegaram a usar o terreno como depósito de lixo, e isto atraiu ratos. E os gatos vieram atrás. Quando Rei-sensei reconstruiu o seu lar, os ratos se foram, mas os felinos ficaram. Parecia que tinham gostado do local.
    Especialmente aquele felino mal agradecido.
    Bom, melhor deixar para lá... ele vislumbra sua amiga usando as roupas de sacerdotisa, e estava praticando um pouco com sua sensei.
    Exercendo com suas funções de sacerdotisa e ensinando para aquela que a sucederia um dia.
    - Ohayo, Megumi-chan. Ohayo, tia Rei.
    - Oi, Akira - Megumi tinha um sorrido largo - já terminou de limpar a sala como Haruna-sensei lhe incumbiu ? que rápido!
    - Limpar a sala? O que você fez, Akira? Você é um aluno tão comportado, tão educado...
    Ai, ai... lá ia ele de novo contar pela terceira vez o evento. Talvez nunca se esquecesse deste dia.
    - Bem okaasan - Megumi sorria divertida - ele inventou uma história muito mal contada do porque ter se atrasado hoje.
    - Mal contada? Meg-chan... você devia ter sido minha testemunha!
    - E fui! Eu testemunhei que você entrou escondido na sala. Okaasan me ensinou a não mentir!
    Rei apenas deu uma risada divertida. Então esse foi o motivo do castigo.
    - Mas ele não fez isso sozinho, teve ajuda, okaasan - ela dava um sorriso bem debochado, e ele fica levemente vermelho mas em seguida passa - e aí, aproveitou para dar um beijo daqueles na Noriko ? ela também chegou atrasada...
    - MEGUMI!
    - Ela também chegou atrasada? Akira... você e ela estavam fazendo algo?
    Céus! Que dia longo estava sendo esse...
    - CLARO QUE NAO, SENSEI! Ela... eu... nós...
    - Sim ?
    - Nós não fizemos nada, só demos azar, foi isso, ou melhor, foi pura coincidência! Ela costuma fazer um cooper antes da aula, deve ter se atrasado por causa disso.
    - Está bem informado a respeito do que essa garota faz.
    - Hã... - ele fica corado de novo. Porque ele? Porque? - nós apenas conversamos de vez em quando...
    - Sei... bom Megumi, eu tenho que fazer compras. Cuide do templo enquanto isso, sim? E você - ela olhou para Akira - cuide bem da minha menina, viu? Se for fazer algo, a seduza primeiro.
    Ela começou a caminhar, sem nem se preocupar em esperar por uma resposta. Será que todos resolveram brincar com ele hoje?
    - Bem, ela já foi. Pode começar.
    - Começar o que ?
    - A me seduzir, horas! Mas faça com carinho e sutileza, por favor!
    - Megumi!
    - Brincadeirinha!
    - Meu Deus.. que dia!
    - E a noite ainda está começando... tem certeza de que não quer me seduzir?
    - Chega! Já abusaram demais de minha paciência - ele joga o material escolar para o lado e assume postura de luta - vem! Vamos praticar um pouco.
    - E depois você me seduz?
    - MEGUMI!
    - Posso sonhar, não posso?
    - Faz o seguinte? Me derrote e eu te levo para um cinema, tudo bem?
    - Só isso? Hunf, vocês estão cada vez mais molengas, a começar pelo Shin, aquele tonto que é capaz de olhar para um cachorro mas não olha para mim.
    - Ai...
    - Já está chorando?
    - O que quer Megumi?
    - Bom,.. ser tomada nos braços... abraçada com força.. um beijo bem molhado.. talvez até uma passadinha de mão..
    - MEGUMI?
    - Estou brincando Akira! - ela pôs as mãos na cintura - Mas eu gostaria que vocês me vissem mais como mulher do que como amiguinha de escola.
    - Bem..
    - Fica quieto e lute!
    Ele se abaixa para não ser decapitado pela perna dela. Ele nunca sabia bem quando ela estava brincando e quando estava falando sério.
    - Não sei do que esta falando - ele lhe aplica uma rasteira, mas a mesma salta para trás - e aquele nosso... aham...
    - Beijo ? Ah, sim. Foi bom. Bom e muito gostoso, obrigada.
    - Não é disso que eu estou falando - o mesmo bloqueia uma cotovelada dela - você é bonita e atraente e sabe disso, e eu já te disse isso um monte de vezes...
    - Mas ?
    - Mas eu não sei se vale a pena ir mais a fundo e estragar nossa amizade, Megumi. Não agora.
    - Estragar a amizade? Akira! Nossa amizade não vai ser estragada. Mesmo que não de certo, seremos sempre amigos - ela joga o joelho, mas ele se esquiva.
    - Agora sou eu quem não estou entendendo - ele salta e arma um chute, ela segura sua perna e o gira, arremessando-o - já saímos, já dançamos, já rimos, já nos beijamos, até já paqueramos um pouco... e até então, não surgiu nada mais do que isso. O problema é comigo, ou com outra pessoa em especial ?
    - Não começa, Akira! - ela sem dúvida ficou nervosa. Abriu sua guarda no ataque e levou uma cotovelada no rosto.
    Enquanto isso, uma certo loiro começava a subir as escadarias do templo. E, um pouco atras deste, um par de gêmeas o seguia atentamente.
    Mais a frente, Akira se aproveitou da distração de Megumi e lhe aplicou uma chave de pescoço, impedindo-a de escapar.
    - Akira - sua voz mudava e ele percebe na hora a malícia nela - agora não. Não acha que está apressando um pouco as coisas ? Podia ao menos me convidar para um passeio, um vinhozinho antes, um cigarrinho depois...
    -...
    - Okaasan queria tanto que eu casasse virgem...
    - MEGUMI!
    Ela mexia o seu corpo, esfregando-se levemente no dele. Com isso ela afrouxa o laço e...
    Ela não só escapa, mas o jogo no chão.
    - Ai que gato lindo!
    - Que fofo!
    Megumi olha na direção das vozes e vê Shin ali, observando a luta. E um pouco mais atrás duas moças, gêmeas, que deviam estar falando dele.
    Na verdade.. não era dele. Elas estavam com um gatinho na mão.
    Mas.. aquele gato era... Saito !
    - Foi sujeira, Megumi!
    Ai não.. melhor agir rápido!
    Ela se abaixa, mas pisa de mal jeito e se atrapalha toda na defesa.
    Ele aproveita e livra seus braços, saltando para trás e retornando no momento seguinte, acertando os pés juntos nas costas da mesma. Megumi cai, mas amortece a queda com as mãos, ao passo em que abaixa estica as pernas e gira o corpo junto com as mesmas, impedindo Akira de avançar ao passo que dobra o corpo e se ergue por completo, avançando contra o mesmo. no entanto, a ação de se erguer e contra-atacar fora tão rápida, que a mesma enrosca uma perna na outra e tropeça, caindo no chão.
    O que ela podia fazer? Simplesmente começou a rir do que houve.
    - Que incompetente...
    - É mesmo... tropeçou na própria perna e abandona o treino.
    O riso cessou. Ela ergue os olhos e observa as duas ali. O gato já não estava mais nas mãos delas.
    - Oi lindinho! Pelo visto, você gosta mesmo de derrubar as moças.
    Mas o que elas faziam ali? - pensava ele, incomodado. O que?
    - INCOMPETENTE?
    - Calma Megumi - ai não... agora sim o dia estava completo! Ela ia quebrar a cara daquelas duas e iam acabar na delegacia de polícia - calma!
    - INCOMPETENTE!?
    - Ela não disse por mal - ele olha para as duas - não foi?
    - Nem um pouco - respondia Mako-chan - é uma incompetente, mesmo. Não conseguiu fazer um movimento básico desses e ainda abandonou o treino.
    - AHHHHHH! E VOCÊ ACHA QUE PODE FAZER MELHOR?
    - Hum.. - ela olha para a irmã e depois para a moça caída. Não tinha dúvidas de quem era. Nenhuma mesmo. Podia não senti-la, mas o rosto, a forma de agir e seu jeito estourado davam todas as respostas. Tia Megumi - só tem um jeito de saber, não acha?
    Megumi se levanta e começa a arrastar Akira conforme andava na direção dela. Ela ficou irritada mesmo.
    - Muito bem sua... sua... perna de fora! Eu vou esfregar seu rosto na grama, e quando fizer isso, vai ter que limpar as folhas daqui de raça, ouviu bem?
    - E se você perder?
    - Isso não vai acontecer. Prepare-se!
    Ela se põe em guarda e nem espera a outra fazer o mesmo. E a ataca diretamente, mas sem usar, logicamente toda a sua capacidade. Akira a deixou ir e olhou para cima, desistindo. Lá vinha bronca da tia Rei por deixar isto acontecer.
    A moça apenas bloqueou os primeiros golpes, e, quando ela foi atingi-la com a perna, ficou de cara fechada e muito, mas muito séria! Ela segurou ela pelo calcanhar, e para Megumi foi como por a perna em uma tina de concreto. Tentou atingi-la com o braço, mas a mesma a segurou no punho e o torceu violentamente, obrigando-a a ficar com o mesmo esticado.
    Akira ficou de boca aberta ao ver aquilo. A moça...ela... ela simplesmente imobilizou Megumi assim. Com a torcida em seus membros, eles tinham que ficar esticados, sem chance de fuga. E ele pensou seriamente em intervir ali. Só não o fez pela honra de Megumi.
    A moça a jogou para cima e, quando esta descia, levou um soco que a fez bater no chão e ser arrastada por um bom pedaço de grama.
    - Sou uma joviana! - exclamou ela com quase ódio na voz - não me insulte escondendo o que pode fazer, filha de Marte! NÃO FAÇA ISSO!
    Akira arregalou os olhos. Aquela garota... ela...ela disse que era uma joviana?
    Megumi se recompunha. Seja quem fosse, aquela dali demonstrou que merecia uma surra.
    Parado em seu canto, Shin ouvia atentamente cada palavra. Uma coisa não saia de sua cabeça: como ela sabia que Megumi era uma marciana?
    - Que história é essa de joviana?
    - Não banque a espertinha! Sei que é uma marciana! Se quer luta comigo, lute a sério, não me trate como uma criança!
    - Eu não sei do que está falando. Eu sou Hino Megumi, uma sacerdotisa deste templo...
    - E eu sou filha de Júpiter. Se quer me enfrentar, não se esconda. Não tem ninguém aqui que não saiba do que estamos falando.
    - Olha...
    - Ou luta a sério, ou paramos agora.
    Mas quem essa garota atrevida pensava que era?
    Pois bem, se ela insiste ser uma joviana - o que era impossível, afinal de contas, só haviam dois deles na terra atualmente.- então era hora de ver o que essa tal de "joviana" era capaz de fazer.
    Ela retoma sua postura, muito mais séria e agressiva.
    Akira se afasta, observando, e Shin continua em seu canto.
    Da maneira como Megumi foi, teria quebrado as costelas delas e sua mão teria traspassado o seu peito. Mas a moça, como esperado, bloqueou e revidou no ato, fazendo-a cuspir saliva.
    Aquilo... aquilo doeu! Furiosa, ela começa a lutar com todas as forças, e só então a desafiante saiu da postura de ficar parada no mesmo local.
    Só que ela revidava forte o ataques de Megumi. Muito forte mesmo. Shin ficou impressionado quando percebeu que a amiga estava em clara desvantagem. Não parecia que ela estrava lutando contra uma desconhecida. Não...
    Era como se estivesse enfrentando Makoto-sensei. E estava perdendo!
    E o pior de tudo... ela reagia com uma velocidade impressionante a cada golpe da mesma. Não se referia a agilidade delas, mas a como ela reagia de cada golpe de sua amiga, como se tivesse sido atingida por eles tantas vezes que já estava acostumada e prevendo os próximos movimentos.
    E talvez estivesse. Para cada ataque, cada defesa, cada contragolpe de Megumi, ela parecia já ter algo pronto, que minava mais e mais sua amiga. E a mesma estava mais e mais impressionada. Chegou mesmo a pensar que sua mente estava sendo invadida pela moça. Ela pula para trás para ter alguma distância e se concentra, tentando obter o que fosse possível daquela moça.
    Segundos depois, ela coloca as mãos na cabeça e grita!
    Contra ataque psíquico... ela jogou tantas imagens e pensamentos desconexos no elo que isso a deixou confusa. Ela... ela tinha treinamento para enfrentar telepatas. E a observando agora, ela erguia o dedo em riste e o balançava de um lado para o outro, indicando que não era para "trapacear" daquela forma.
    Mas... quem era aquela moça? Devia ser uma filha de Seo. Só podia! Não tinha outra explicação. Furiosa, ela novamente parte para cima da moça, apenas para ser detida a meio caminho por um...
    Um escudo elétrico?
    Akira fica pasmo. Até então, só conhecera duas pessoas com poderes elétricos além dele, duas!
    Primeiro sua mãe, e depois a ruiva...
    Ela sabia quem eles eram...
    Se não fosse do grupo de Seo... seria mesmo uma joviana?
    Megumi se convence de uma coisa: Ela era mais que humana. E ela lutava melhor que a mesma. Muito melhor. Ela parte novamente para o ataque, mas com o punho cerrado. Ninguém podia ver, mas havia uma concentração psíquica neste punho. Ela arma o golpe, esquivando e dando alguns chutes, abrindo a guarda dela. E então, assim que vê uma abertura, lança o murro para a sua testa.
    Mas... o que ocorre em seguida a surpreende. Uma barreira elétrica bloqueia o seu avanço e uma mão forte segura o seu punho, o torcendo e o enviando diretamente para a sua cabeça.
    Ela.. ela ia ser atingida pelo seu próprio poder!
    Com outra mão, Megumi segura seu próprio punho e chuta a moça, mas ela se esquiva, dando tempo para Megumi se afastar.
    Akira cerra o punho. Queria deter Megumi, ainda mais diante do que a mesma estava prestes a fazer...
    Mas se eram mesmo jovianas...
    Ela cruza os braços, ficando alguns segundos naquela posição. Não dava mais para ficar naquele jogo de ataque e defesa, era tudo ou nada, agora ou nunca.
    A oponente por sua vez, começou a sorrir. Ela... ela parecia mesmo divertida e satisfeita agora. Mas porque? Não poderia saber o que Megumi iria fazer, não mesmo?
    Megumi parte para cima dela, dando golpes muito mais poderosos, cujo som ecoava pelo jardim. Mas sua oponente não só os suportava, como a atingia mais forte ainda! E o mais impressionante... Megumi sentia os golpes! Incrível! Na altura do campeonato, Shin já estava impressionado com aquilo. Afinal, quando Megumi sincronizava sua telecinese e a utilizava dessa forma, gerava uma tremenda força e um escudo bem resistente, e aquela garota estava resistindo os golpes e causando dor na mesma ? entre os três, apenas Akira conseguiu resultados efetivos usando sua força. Era verdade que a moça parecia gemer um pouco quando um ou outro golpe a atingia, mas ela não deveria poder resistir tanto. Parecia até que ainda estava cheia de energia.
    Na verdade, ela parecia divertir-se com isso. Como...
    Como Akira...
    Será que... que este gosto por lutas, essa mania de se divertir dando o máximo de si em um combate era algo da própria raça? Ela... e a outra... seriam mesmo jovianas?
    O ultimo soco que ela levou na boca o deixou sem condições de continuar pensando...
    Aquilo que ela cuspiu.. foi sangue! Megumi sangrava na boca. E já se podia notar vários hematomas surgindo nos seus braços. E havia uma curiosidade a mais ali... Megumi, por mais que atingisse a moça, não conseguia abala-la. Era como acertar uma parede. Mas quando esta a acertava, Megumi ia para trás e muito!
    E era exatamente isso que Megumi pensava. Não importava a força que usasse, isso mal a afetava. Ela raramente se movia ou parecia sentir o golpe. Pena o oposto não ser verdadeiro. Uma pena mesmo.
    Megumi estava em frangalhos. Esgotada e prestes a desabar. E nem ao menos tirou o sorriso de satisfação dela. E isso a irritava! Como esta desconhecida podia estar vencendo?
    Melhor ainda... como esta desconhecida já a venceu?
    Ela mal se deu conta quando estava de joelhos, arfando pesadamente. Abusou demais de seu recurso, usou por tempo demais algo que não devia ter feito. Usar telecinese para atacar e bloquear ao mesmo tempo tinha seu custo, ainda mais com um adversário daqueles.
    Ela coloca força nos braços, tentando se erguer. Não iria se dar por vencida, não mesmo. Preferia morrer, preferia apagar, mas não desistiria por nada.
    A moça dá um sorriso. Realmente aquela era a Megumi que conhecera, a qual, assim como seu Otousan, nunca desistia. Mesmo na época atual, o sangue de marte fervia e suas veias. Era uma honra lutar contra ela. Não pelas suas capacidades, mas pela sua garra, sua determinação, sua força de vontade, os quais a mantinham de pé até o último instante. Se estivesse em sua época, não seria capaz de resistir a telepatia desta, mas aqui as coisas eram diferentes ... mas o fogo da representante local dos mestres da guerra nunca se apagava, seja no passado, no presente ou no futuro .
    Ela segura sua cabeça com uma das mãos, e solta uma descarga elétrica que paralisa seus músculos. Megumi apenas tem tempo de dar uma última olhada na sua oponente, antes de cair no chão.
    - Não acha que este último golpe foi injusto? - reclamou Akira.
    - Não. De outra forma, eu a machucaria muito. Não há nenhum motivo para machucar um valoroso opoente já sem recursos.
    - Mesmo? - ele se aproxima, observando Megumi - e... quem são vocês?
    - Somos as gêmeas da tormenta - disse a outra - Haru-chan e Mako-chan ao seu dispor. E estávamos apenas passeando. E sua amiga precisa aprender a controlar seu gênio.
    - Ela não gosta de levar desaforo para casa - ele a pega e nota que a mesma não estava desacordada. E nem propriamente chateada de ter perdido. Apenas... satisfeita de ter dado a máximo de si.
    Ele olha a sua oponente e fica impressionado da mesma aparentemente não demostrar nenhuma seqüela da luta. Nada mesmo.
    Shin carrega Megumi, ao passo que Akira continuava lá, em sua posição de sempre, ou seja, como se estivesse pronto para o que viesse.
    - São mesmo jovianas?
    - O que acha? - Uma delas estica a mão e raios faiscam desta - e você? Seria um uraniano por acaso?
    - Posso ser o que você quiser - ele continuava - vocês moram aqui nessa cidade?
    - Um metamorfo? - ela o olhou intrigado - não, não moramos aqui. Só estamos de passagem.
    Interessante... apesar de ter lutado com Megumi, em momento algum sentiu a energia daquela moça, a tal de Haru-chan. Seria de Haruna?
    - E... de onde vocês vêem?
    - Você é muito curioso!
    - Não sei de quem herdei isso, mas tenho certeza de que não foi da minha okaasan... e me desculpe pela trombada de hoje cedo - ele ficava um pouco vermelho pelo comentário.
    - Tudo bem... mas pelo que percebi, vocês estão um pouco crus... Sua amiga nem conseguiu me machucar de verdade.
    - Crus? Olha.. posso aceitar que sejam jovianas. Mas não vou aceitar que se vangloriem para cima da gente. Você só teve sorte dela a subestimar.
    - Tem certeza?
    - Tenho. Você luta bem, mas é preciso mais do que isso para ficar tirando vantagem dos demais.
    Megumi finalmente consegue ficar de pé sozinha, prestando atenção na conversa.
    - E... por acaso você luta mais do que eu, lindinho?
    - Não sei. Talvez sim, talvez não, mas tenho certeza de que se houver uma diferença pra melhor ou pra pior entre nós dois, ela não é grande o suficiente para um menosprezar e humilhar o outro. Mas pelo seu sorriso, vejo que gostaria de provar isso, não é?
    - É? E o que sugere, lindinho? Quer tomar satisfações pela sua amiga?
    - Ela perdeu de forma honrada. Foi um pouco precipitada, mas agiu com honra. Não lutarei por ela, mas por mim mesmo. Eu a desafio, Haru-chan... é esse o seu nome, não é?
    - Tudo bem, lindinho. Mas não me insulte não dando tudo o que tem.
    Ela leva a mão para um de seus braceletes e solta a fivela deste, deixando-o cair no chão. O mesmo abre um buraco assim que toca neste, bem como causa uma pequena oscilação no terreno. Ela repete o ato com o outro bracelete e este também abre um buraco. Ela segue então para as suas botas e solta a parte de cima destas. Eram também como os braceletes. Akira apenas arregala os olhos, não acreditando. Aquilo... para aquilo fazer aquele buraco, deveria pesar quase cem quilos... mas... como uma coisa tão pequena podia pesar tanto? Será que era de chumbo?
    - Sua vez – ela sorriu.
    E... como sabia que ele tinha coisa parecida? Resoluto, ele repete o gesto dela. Seus apetrechos não eram assim tão pesados, e ele imaginou que tipo de agilidade a mesma teria agora, sem tal peso. Ele solta os pesos dos seus tornozelos e se espreguiça um pouco, deixando seus músculos aquecidos.
    A outra moça se senta abaixo de uma árvore e se prepara para assistir ao espetáculo. De onde eram estas duas afinal? E.. não...
    Ele.. ele estava sentindo a energia dela. Ela não estava mais a contendo. E que energia! Era grande, muito grande.
    Era maior que a sua... mas não era isso que o incomodava, mas sim o fato de como ela, que devia ter a mesma idade que ele, podia estar com um nível aparentemente tão superior? Bom.. ele sorriu levemente. Pelo menos, seria uma boa luta. Ainda que ele ficasse todo quebrado depois.
    - Esperem um pouco! Vão lutar sem apostar nada?
    - E o que sugere, Haru-chan?
    - Hum.. – ela olha para o loiro ali do lado da tia Megumi – um beijo dele, na boca, de língua, e nas duas!
    - EI! EU QUE ESTOU AQUI LUTANDO! SE FOR ISSO ELE VAI BEIJAR S" A MIM!
    - Para deixar isso mais justo – Akira disse ficando mais divertido com a idéia – que tal uma luta de duplas? Shin, vem para cá.
    - E o que eu tenho com isso?
    - Você é o prêmio. O que acha? E elas não são para se desprezar não. Mas se perderem, vão me dizer quem são e de onde vieram, entendido?
    - Tudo bem – respondeu a que estava pronta para lutar – E então tio.. quer dizer, Shin-chan?
    Tio? Ele ouviu direito?
    - Primeiro, não gosto muito que me chamem assim. E segundo... ora, porque não?
    Ele se aproxima e fica do lado de Akira. A outra gêmea se levanta da árvore e repete o ato da irmã e de Akira, logo em seguida se posiciona.
    - Vale tudo, até os poderes. Ok?
    - Sim – confirma Akira – Megumi, você vai ser a juíza. Quem for lançado fora desta área – indicou o centro do gramado delineado pelos caminhos pavimentados – está fora da luta, concordam?
    - Plenamente – responderam elas.
    - Muito bem. Quando quiserem.
    Megumi subiu em uma das poucas árvores para poder ver melhor. E o fez bem a tempo. Se não o fizesse não seria capaz de acompanhar aquilo.
    Aquelas duas, elas...
    Elas eram incríveis! Assim que ela se sentou em um galho, viu uma delas, a que estava de camisa mais escura – a que se chamava Haru-chan, pelo que se lembrava – saltar os dez metros que a separavam de seu oponente e atacar Akira. Ele imediatamente bloqueou o seu golpe, mas teve que bloquear um segundo, e um terceiro, um quarto.. vários golpes fortes e poderosos. Na verdade, poderosos demais. Ela usava a mão em forma de cunha, e com isso causava grande impacto nos tendões dele. Akira conseguiu acertar um soco no seu busto, apenas para levar um golpe de telefone e uma cabeçada dela logo em seguida.
    Mas o que ela fez depois a impressionou mais ainda.
    Ela... ela lhe chutou violentamente, mas não foi apenas força física. Foi mais que isso, ela também emitiu uma rajada elétrica, que o lançou longe. Akira pousou apoiando as mãos, mas ela já estava em cima dele o chutando novamente.
    Ela lutava de forma muito similar a de Makoto-sensei. E a Akira também. Mas tinha algo a mais no seu estilo. Uma técnica refinada e precisa, bem como uma forma de pressionar constantemente o adversário. Até então, toda abertura que ela permitiu em sua guarda eram blefes. Chamativos para Akira tentar aproveitar e ser bloqueado e receber um contra ataque. Uma forma muito marciana de se agir...
    Shin não estava em melhor situação. Apesar de sua velocidade, a que tinha o mesmo nome de sua sensei o atacava de forma que sua velocidade era prejudicada. E toda vez que Shin tentava um de seus golpes únicos, envolvendo a velocidade e agilidade de sua raça, ela o detinha com um escudo elétrico. Hum... ambas tinham poderes elétricos, e pela energia que sentia delas, que eram de uma certa forma similar a de Akira e de Makoto-sensei, imaginou se não seriam jovianas mesmo, como haviam dito ..
    Só que tinha algo mais nesta energia. Na verdade, tinha muito mais nesta.
    Um pouco desesperado por estar claramente em inferioridade, Akira dá um soco com toda a sua força contra sua oponente, apenas para afasta-la um pouco e ter uma pequena folga para reavaliar a situação. Só que ela não só suporta o golpe como faz a mesma coisa, quase quebrando seu antebraço quando ele o usou para bloquear. Ele foi jogado para trás pelo impacto.
    Que coisa! Ela era mais forte, mais rápida e mais técnica que ele. E tinha a mesma idade! Não.. não estava certo. Ele aceitava perder, mesmo que fosse para alguém mais fraco, não se importava com isso. Era apenas sinal de que alguém o superou em um determinando momento. Não estava incomodado dela ser claramente superior a ele.
    Mas se incomodava da mesma ter sua idade e ser assim. Com um nível claramente tão alto. Isso ele não podia aceitar. Não podia mesmo! Que tipo de treino ela fazia?
    - Game Over, lindinho – disse ela simplesmente avançando na sua direção com o punho pronto para dar um golpe forte. Mas ela não corria... ela...
    Ela flutuava a poucos milímetros do chão. E estava mais rápido que uma moto!
    Ele apenas cruzou os braços no peito e o símbolo de Júpiter brilhou na sua testa. Instantes antes dela o atingir, uma explosão elétrica o circundou. Imediatamente ela recuou para cerca de dois metros dele e cerrou os punhos. Logo depois ela..
    Ela... ELA FEZ A MESMA COISA! O Símbolo de Júpiter também brilhou na testa dela. Não só este, um outro também brilhou. Dois símbolos, um ao lado do outro. Mas era um brilho tão forte que não conseguia reconhecer o formato do segundo. Só prestou mesmo atenção ao primeiro, o de Júpiter. Em seguida, assim como ele, uma coluna de raios elétricos a circundou, iluminando o seu corpo de forma um tanto tétrica. Um sorriso ferino estava em seus lábios.
    Quem era essa moça? Quem? Quem? Quem?
    Ele arremete todo o seu poder contra ela, e sua oponente iguala o seu gesto. Megumi precisou erguer uma barreira telecinética para não receber um rescaldo daquilo. A noite foi iluminada com o clarão daquelas forças que os combatentes invocaram.
    Quando ela pôde ver melhor, localizou a moça de cabelos espetados ainda no mesmo lugar. Ela arfava terrivelmente, mas sorria de forma confiante. Akira não estava a vista. Olhou ao redor e o localizou, a quinze metros dali. Ele estava fora da área delimitada, deitado de costas, de olhos abertos e olhando para o céu. Seu rosto estava inexpressivo.
    E quanto a Shin?
    Ela o procura, e encontra em situação similar. Estava sentado no chão, também fora da área. Diante dele estava sua oponente, com as mãos na cintura e sorrindo divertida.
    Era inacreditável... Akira perdeu. Akira e Shin perderam delas. E tão rápido... Que guerreiras! Estavam em um nível bem superior ao deles. Mas.. quem eram elas? E como conseguiram isso?
    - Lindinho... – a que venceu Akira entrelaçou os dedos e olhou na direção de Shin – quero meu prêmio.
    - Nada disso sua assanhada. Primeiro eu.
    Antes mesmo que a outra retrucasse, ela pegou Shin pelos ombros e o ergueu como se este fosse uma criança. Percebendo que não tinha saída, ou talvez porque quisesse aquilo, ele a segurou na cabeça e aproximou os lábios da mesma. Foi um senhor beijo que deixou Megumi com muita inveja. A outra já tinha se posicionado para receber o dela quando fosse sua vez.
    Ela desceu da árvore e foi ver como Akira estava.
    - Tudo bem?
    - Estou esgotado... Usei tudo o que sabia, tudo o que tinha.. lutei com tudo o que podia.. e... – ele balançava a cabeça – e ela me superou em todas as áreas. Agilidade, destreza, força... poder. Tudo! Sabe... – ele apoia nas mãos e ergue o tronco para observa-las agarrando o Shin, cada qual na sua vez – elas bem que poderiam ser minhas irmãs...
    - Ou primas – retrucou Megumi.
    - Me ajude aqui – ele estende o braço para ela e ignora o seu comentário – eu quero ir cumprimenta-las.
    Do outro lado do jardim, Makoto terminava de sorver o néctar dos lábios de Shin, seu prêmio inesperado nesta visita. A irmã já estava indo em direção dos braceletes. Quando começou a recolhe-los, Megumi parou do seu lado e a observou um pouco. Depois tentou pegar um dos braceletes e ficou surpresa.
    Aquela coisa era muito, mas muito pesada! Ela o ergueu um pouco mas este escorregou pelos seus dedos, batendo novamente no chão fazendo outro som surdo. Sem titubear a maça o pegou com dois dedos e habilmente o colocou no pulso esquerdo, e parecia que tinha pressionado alguns botões neste.
    - Quanto pesa esta coisa?
    - Uns cento e cinqüenta quilos. Cada uma.
    - Vocês... vocês carregam seiscentos quilos a mais? O dia inteiro? – ela assobiou de assombro. Akira carregava uns quarenta quilos, se muito.
    - O dia inteiro, a noite, quanto nadamos, quando acordamos, quando dormimos, quando treinamos, quando paqueramos... por isso que não podemos sentar no colo de ninguém.
    - É... o último quase morreu! – disse a outra se aproximando e pegando os apetrechos dela. Shin estava logo atrás, e sorria levemente divertido.
    - Sentar no colo? Mas que falta de vergonha!
    - Qual o problema Meg-chan? Inveja?
    - INDECÊNCIA, ISSO SIM!
    - De onde viemos, isso é normal.
    - Aqui não!
    - Por isso que ainda estão na idade das trevas... Mas até que não tem muitos trogloditas por aqui...
    - HARU-CHAN! COMPORTE-SE!
    - Não enche mana. Ai! Eu nem acredito que foi tão fácil vence-los... pensei que ficaria toda moída.
    - Eu também. Bom... parece que o treino deles era bem mais fraco mesmo. Não chegou a ser assim uma luta justa...
    - Foi sim – disse uma voz forte e ainda demonstrando seqüelas atrás delas – foi muito justa. Mostraram tudo o que sabiam e nos respeitaram como guerreiros. Obrigado – ele se curvou diante delas agradecendo, e logo em seguida se ergueu – mas me digam... quem é o sensei de vocês?
    - Desculpe lindinho... mas você perdeu o direito de saber. Mas deixa estar, um dia vai conhece-lo, tenho certeza.
    - Vou?
    - Vai. Bom, temos que ir. Temos que voltar a nossa cidade e a nossa vida. Foi uma boa visita.
    - E como! Adeus lindinho – ela abraça Akira e o aperta forte – adorei te conhecer assim. Bye, bye.
    As duas começam a se afastar em direção as escadas, deixando um trio curioso para trás. Akira pressiona os lábios enquanto as observa partir e renova a sua promessa. Se elas puderam chegar a tal nível nesta idade, ele também podia. Não.. não só chegar. Não iria apenas iguala-las, iria supera-las. Precisava faze-lo.
    - Como se sente, Akira?
    - Cansado Megumi. Mas estou satisfeito. Dei o melhor de mim e elas também. Mereceram a vitória. Mas um dia eu ei de ter minha revanche. Pode escrever isto. Nem que leve mil anos.


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