Trick or Treat escrita por Kori Hime


Capítulo 1
Trick or treat


Notas iniciais do capítulo

Aee ficou curtinha, mas como deu trabalho '-' pirei aqui só de tentar imaginar o Hannibal, então eu misturei aí as coisas. Espero que esteja bom KKK



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Diante de uma plateia mirim, Will Graham sentiu a garganta secar. Ele bebeu um copo de água e em seguida encarou aqueles rostos angelicais e assustados. As crianças seguiam um certo padrão. Padrão esse que Will sentia o estômago revirar só de se colocar no lugar daquele assassino ao qual atraía suas vítimas na época do Halloween.

Suas idades variavam de sete à doze anos. Possuíam cabelos castanhos e encaracolados, ou ruivos. Algumas com sardas no nariz, outras com pequenas manchas de nascença no corpo. As meninas, a minoria, eram pequenas joias que mais pareciam perfeitas bonecas. E os meninos, a maioria (também maioria capturada pelo serial killer), eram tímidos e solitários.

Mas o mais incrível, foi descobrir que todas aquelas crianças possuíam uma porcentagem alta em desenvolver algum tipo de doença, que no futuro, poderia comprometer sua vida, levando-os a morte.

Aquelas crianças não sabiam o que faziam ali. Acreditavam que estavam em uma excursão pelo FBI. E pararam ali porque o Professor William Graham iria contar um pouco mais sobre como eles capturavam os bandidos mais procurados do país.

— Senhor. – Uma garotinha de sete anos ergueu a mão, solicitando a atenção de Will. – Eu quero ir no banheiro.

Will gaguejou e esticou a gola da blusa de lã que vestia, ele apontou para a saída, onde a pequena poderia encontrar o banheiro. Para sua alegria, Alana apareceu e deram uma pausa na apresentação, ela levou não somente aquela garotinha para o banheiro, mas também outras meninas que também estavam apertadas.

Enquanto as crianças conversavam entre si, causando um burburinho pela sala de apresentação, Will respirou fundo, tentando manter o controle.

— Você está indo bem, Will. – Tranquilizou Hannibal, ao se aproximar, tocando em seu ombro. – Essas crianças são muito espertas.

— Acha mesmo que isso vai dar certo?

— Porque diz isso? – O Dr. Lecter deixou seu casaco sobre uma cadeira, observando a agitação dos jovens pela sala. – Sem você aqui, não poderiam ter feito uma filtragem tão minimalista sobre o gosto do assassino. Você reuniu características específicas. Ainda me pergunto como o fez. – Ele olhou para Will, que suava dentro daquela blusa de lã. – Essas crianças terão uma chance de sobreviver ao Halloween graças a você.

— Eu... eu não tenho tanta certeza disso.

— Porque? Acha que ele vai procurar outra criança que não siga as características?

— Não, não é isso? Esse assassino é metódico, inteligente, tem classe e requinte em suas obras.

Hannibal não pode conter um leve sorriso quando Will virou-se para olhar as crianças que retornavam do banheiro na companhia de Alana.

— Então, o que acha que vai acontecer?

— Acho que... – Will virou-se novamente para o Dr. Lecter. – Esse ano ele não vai atacar, mas nada o impede de comemorar o Halloween em outra data. Isso porque em muitas culturas o Dia das Bruxas eram celebrados em várias datas diferentes, não somente no dia 31 de outubro.

— Mas esse em especial, sempre, pelo que vi nos relatórios que me passou, saiu nas noites do dia 31 para cometer os assassinatos.

— Sim, sim. – Will estava ansioso e suando as bicas. – Ele não contava com a nossa estratégia. Por isso irá encontrar uma nova maneira para cometer esses assassinatos. É como um plano B.

— E o que você pretende fazer? Não pode prender essas crianças aqui até o dia 7 de novembro.

Will olhou para Hannibal, de maneira curiosa e assustada.

— Como você sabe? – Ele o inquiriu, com os olhos injetados. – No antigo calendário Celta, essa é a data de Ano novo. Você...

— Will? – Era Alana, avisando que as crianças já estavam prontas.

— Um minuto. – Will ordenou, voltando a atenção para Hannibal. – Como sabe?

— Por que você mesmo que me contou.

— Oh! Sim, sim eu contei. É verdade. – Ele ainda suava, decidiu tirar a blusa de lã. Virou-se para as crianças sentadas, com seus olhos atentos para saber o que vinha em seguida. Então Will iria ensiná-las a se proteger, evitando andar a noite sozinhas, indo para a escola em grupos e principalmente, não falando com estranhos.

No final, as crianças tiveram que ir embora. Will desejava prendê-las ali por mais tempo, mas como Hannibal mesmo disse, não poderia.

Alana o consolou, dizendo que foi um ótimo trabalho e ela tinha certeza de que os pequenos iriam se cuidar, pois ainda que sejam só crianças, elas eram boas e inteligentes. E claro, o FBI iria capturar o assassino antes que ele cometesse mais um crime.

Will queria muito sentir que aquilo era verdade. Mas ele sabia que uma daquelas crianças não passariam do dia 7 de novembro. Se soubesse qual seria, ele com certeza faria de tudo para salvá-la, mas não poderia cuidar de trinta crianças ao mesmo tempo num raio de quatrocentos quilômetros, por isso, tentaria a sorte e escolheria uma para vigiar. Enquanto os demais policiais disfarçados cuidariam das outras.

Durante os dias que se seguiram, o FBI monitorou sem exceção cada metro quadrado da cidade e regiões próximas. Will estava dentro de seu carro, estacionado na esquina da Rua Madison. Ele vigiava um garoto de oito anos chamado Scott.

A família do menino possuía um histórico saudável e invejável a qualquer família americana. Seus pais faziam esportes e cultivavam frutas e verduras no quintal de sua casa. Scott gostava de basquete e natação. Ele ganhou algumas medalhas, e agora, estava aprendendo a jogar futebol.

Ele possuía tantas qualidades, que ninguém conseguia entender porque Will cismou com aquele garoto. Já que era óbvio que ele não possuiria nenhuma doença no futuro.

— Ao contrário. – Will comentou baixinho para si mesmo, sozinho no carro. – Scott será um grande competidor e quando crescer ele vai as Olimpíadas e então... a pressão de seu treinador fará com que ele utilize drogas para obter um desempenho melhor. Consequentemente, Scott será desclassificado e não vai resistir a depressão. Mas o sofrimento de Scott poderá ser diminuído, caso ele desobedeça a ordem dos pais e coma uma barra de chocolate envenenada oferecida por alguém que não seja estranho.

Will não soube quando e como aquilo aconteceu. Seu corpo estava encharcado de suor e ele delirava, queimando em febre. Ao acordar, encontrou Hannibal ao seu lado no carro. Ouvia sirenes da policia e ambulância. Mesmo sob protestos e cuidados do Dr. Lecter, Will saiu do carro e caminhou na direção do campinho que ficava uma quadra dali.

A área estava circulada com uma faixa que proibia a passagem de pessoal não autorizado. A cena era um completo borrão, ele ouviu os gritos de uma mãe desesperada. O lamento de um pai em choque e então, um corpo pequeno coberto por um lençol branco. Will caiu no gramado, forçando-se a olhar o que havia embaixo do lençol.

Hannibal estava ao seu lado, ajudando-o se levantar, pois Will não aguentou e caiu sentado na grama ao ver a criança desfigurada. Ele queria gritar e por para fora toda a sua culpa, mas manteve-se catatônico.

— Vamos, vamos sair daqui. – Hannibal ergueu-o.

— Ele não tinha nenhuma chance. Não é?

Hannibal não respondeu. Will caminhava lentamente, enquanto todos o observava com olhares confusos e acusadores.

— Eu vou te levar para minha casa Will. Eu vou cuidar de você. – Hannibal colocou-o no banco de seu carro. Durante a viagem eles não comentaram sobre o assunto. Chegaram a casa de Hannibal e o psiquiatra serviu um comprimido e um copo de água. Convidando-o para ficar ali até o jantar e se necessário, até quando se sentisse melhor.

— Eu não consegui. – Will lamentou-se, sentado na mesa do jantar. Ele não sentia fome, mas também não queria ir para casa agora.

— Não diria isso. – Hannibal serviu o prato de Will. – E as demais crianças?

— Elas não eram o alvo, elas eram apenas uma distração. – Will mexia o garfo na comida que Hannibal preparara. – Ele queria me testar.

— O assassino?

— Sim. Ele queria saber meus limites e... me fez sentir como uma das crianças.

— Porque diz isso?

Will olhou sério para Hannibal, que saboreava uma taça de vinho.

— Porque ele me dopou, como fez com as crianças que matou. Eu fui uma das vítimas, porém não morri. E ele ainda vai brincar comigo, até que seja saciado a sua curiosidade ou diversão.

— Não se o capturarem antes. – Hannibal incentivou-o com uma voz animadora. – Eu confio que você será o responsável.

— Será? – Will sentiu o corpo amolecer e seus olhos se fecharem lentamente.

— Quem sabe, meu caro. – Hannibal continuou a sua deliciosa refeição, enquanto Will estava desmaiado na cadeira, com o rosto sobre a refeição. – Trick or treat?


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Notas finais do capítulo

Hannibal quer o seu comentário, vai negar isso para ele?