Destinados escrita por Laly Swan Cullen


Capítulo 1
Voltando ao Passado


Notas iniciais do capítulo

Olá, gente, esssa é minha mais nova fic, espero que gostem. Caso tenha alguma duvida quanto ao texto, o entendimento dele, os personagens, é só avisar. É a primeira original que faço, espero que gostem. Beijinhos de Tutti-Fruti!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/431675/chapter/1

 

Nunca imaginei que pisaria aqui novamente. Poderia imaginar que faria tudo novamente, menos isso. Apesar de se passarem 3 anos, não imaginei que tanta coisa iria mudar... E também ser a mesma.

Pigarreei umas duas vezes tentando controlar meu riso e, sobretudo, minha língua. Estava sendo apresentada formalmente aos alunos do colégio Saint Lucy como uma caloura vinda de Nova York. O interessante era que eu conhecia quase todos, alguns começaram a estudar lá depois que eu saí, mas, basicamente, eu conhecia há muito tempo todos da minha nova antiga classe, mas eles não me reconheciam.

Não me reconheciam porque meu cabelo estava preto em sinal de luto – não porque minha mãe morreu e sim da forma como morreu; nem talvez pelo fato dos meus olhos azuis estarem sempre cobertos com um óculos de sol escuro; ou talvez simplesmente não me reconheceram porque não me chamo mais Julie e sim Alice. Mas talvez, o principal fato de não me reconhecerem é porque não se importavam naquela época, assim como não se importariam se eu aparecesse como antes agora. Mas eu não estou voltando por eles, eu estou voltando por ele. O único que realmente merece e mereceu minha atenção. O único o qual eu daria voltas ao mundo se já tivesse descoberto que ele estava vivo.

_Bom, como é de costume aqui no colégio Saint Lucy, darei a palavra a presidente do corpo de estudantil para ela desejar-lhe suas melhores sortes para você, Alice Paige.

Eliza ao palco, se reunindo ao local onde eu e a diretora nos encontrávamos e assumiu o microfone.

_ Estou muito contente com a chegada de mais uma caloura. Só esse ano, já foram cinco. Isso indica uma crescente de calouras no tradicional colégio Saint Lucy... Olha que maravilha! – Ela olhou para mim revirando os olhos. _ E agora, voltando ao que interessa, espero que todos não se esqueçam da festa que irá acontecer mais tarde no pátio do colégio. Beijos!

Ela veio em minha direção, me deu um abraço e sussurrou baixinho em meu ouvido: “Seja bem vinda... ou não. Isso vai depender de você, se cruzar o meu caminho, serei seu pior pesadelo!”.

_Sério?! - Ironizei ao soltar-me de seu abraço. _ Quer saber de uma coisa? Estou louca para “cruzar o seu caminho”, queridinha.

Ela pareceu se assustar com minha reação, e claro que se assustou, tinha todos sob seus pés. Rapidamente desfez sua surpresa e a transformou em desgosto.

_ Que insolente! Aposto que não dura um mês aqui. – E ao acabar de falar, se foi.

Finalmente Eliza havia conseguido o que queria: a minha vida... Ou a minha antiga vida. Olhar para ela me dava náuseas e me causava uma estranha necessidade de rir. Será que realmente valeu a pena todos os esforços para conseguir o que ela queria? E daí que todo mundo a venera? Qual é a finalidade de ser bajulada dia e noite?

Peguei minhas malas e fui até o meu quarto, número 232. É claro que era o pior quarto do Saint Lucy, quem controlava qual aluno ficava em determinado quarto era Eliza, e ela odiava calouros, em especial, do sexo feminino. O único benefício era a localização, era próximo da ala dos rapazes. Seria mais fácil procurar por ele.

Desempacotei minhas coisas e as guardei, ainda planejava ir a tal festa. Tomei um banho quente, pois a temperatura estava por volta dos -15° e coloquei uma calça jeans preta, uma blusa bege e uma jaqueta de couro preta. Peguei o meu cordão com um pingente grande, retangular e o escondi por debaixo da blusa. Sei que não devia usar ele na frente deles, pois eles poderiam descobrir quem eu sou, porém, desde que ganhei esse cordão, não consigo deixar de usa-lo. Como havia lavado meus cabelos, tive de seca-los com o secador para deixa-los lisos. Marquei meus olhos com lápis de olho preto, coloquei a bota e as luvas e saí do quarto.

O ambiente era aconchegante, claro e tinha um odor agradável. Algumas pessoas sentadas e muitas na pista, dançando, compunham a paisagem. Reconheci, de longe, Kate sentada na mesa, solitária. Devo admitir que isso me deixou surpresa. Kate sempre foi animada, dançava em festas e sempre me ajudava a organiza-las quando eu era presidente do CE[1]. Porque estava assim, triste e solitária? Uma onda de culpa me invadiu. Eu que fiz isso? Será que ela esta assim desde que fui embora?

_ Oi. – Cumprimentei Kate quando me aproximei.

_ Oi. – Ela olhou rapidamente para mim e desviou o olhar para pista de dança.

_ Posso me sentar? – Fiquei esperando alguns segundos sua resposta.

_ Senta aí. – Ela apontou para cadeira branca acolchoada.

Nunca imaginei que a veria nesse estado: triste, desanimada e antissociável.

_ Você não vai dançar, não?

_ Não. Prefiro ficar aqui. – Ela disse ainda com os olhos fixos na pista de dança.

_ E porque não tira os olhos da pista de dança, uma vez que não gosta de dançar. – A questionei como se não soubesse, praticamente, o motivo de ela estar assim.

_Toda vez que eu olho as pessoas dançando eu me lembro de uma amiga minha. E na verdade, eu não disse que não gosto de dançar. – Ela finalmente olhou para mim.

_ Não entendo, sei que estou sendo incomoda, mas se você gosta de dançar, porque não está afim? Está chateada com algo? Brigou com o namorado?

_ Namorado? – Ela ruborizou. _ Não tenho namorado... Eu gosto de dançar, mas sabe, é complicado.

_E porque você disse que se lembra de sua amiga ao olhar as pessoas dançando? Ela gosta de dançar em festas também?

_ Na verdade, ela mais organizava. – Ela me analisou. _ Sabe, você me lembra ela...

Um calafrio percorreu minha espinha. Sorri amarelo tentando espantar meu pavor. _ Sério? Ela estuda aqui?

Dessa vez, ela que sorriu amarelo, parecia estar em duvida se me contava ou não.

_ Ela estudou aqui em 2010... Vamos mudar de assunto, não gostaria de falar sobre isso. – Ela disse amarga.

_ Claro, desculpa insistir. – Sorri para ela.

Sentia falta das nossas conversas. Eu queria poder dizer a ela que ela foi uma ótima amiga. Mas eu não tinha coragem de dizer a verdade, não tinha coragem de dizer que era eu, Jullie Calaham. Talvez fosse melhor assim. Eu não podia me esquecer que ninguém poderia saber quem eu era, senão o juizado de menores me daria na mão de Julius. Isso eu nunca mais aceitaria...

_ Você está bem? – Kate me olhou preocupada.

_ Estou. – Falei fechando os punhos na tentativa de canalizar minha raiva para minhas mãos. _ Só estou com um pouco de dor de cabeça.

_ Tem certeza? – Ela insistiu. _ Vou pegar uma água para você.

Saí daquela mesa e fui para fora do ginásio tentar me distrair. Uma brisa suave passou sob meu rosto me deixando mais calma. Recostei-me na sacada observando as pessoas entrarem e saírem do ginásio. Passado um tempo, um rapaz alto, branco, de cabelos negros veio em minha direção.

_ Você está bem? - Perguntou ele olhando nos meus olhos.

_ Como?

_ Vi você pálida ao lado de Kate lá dentro. Percebi quando ela saiu para pegar água para você, porque também reparou que não estava bem. Ela deve estar preocupada te procurando. Você está se sentindo melhor?

Analisei-o por completo. Aqueles olhos castanhos... Eles me pareciam tão familiares. E essa voz, era exatamente idêntica a voz que me dizia “Eu te amo” quando morava em Ford City... Ele parecia ser... Tinha de ser ele.

_ Qual o seu nome, rapaz?

Olhei dentro do fundo de seus olhos. E ele, corajosamente, sustentou o meu olhar. Era como se tivéssemos uma ligação. Como se só de olhar para ele eu sentisse que estava novamente em casa, não no estado físico e sim, mental. Olhar para ele fazia minha alma pular de alegria. Era como se eu nunca tivesse partido e ele nunca tivesse desaparecido, como se sempre estivéssemos estado aqui. Era como...

_ Menina! – Kate surgiu da entrada e pairou entre nós dois, cortando nossa troca de olhares. _Nossa! você me matou de preocupação. Está melhor? Toma aqui sua água.

Peguei o copo de suas mãos e olhei por cima de Kate tentando visualiza-lo.

_ Obrigada, Kate. – Falei ainda olhando-o.

Ela olhou para trás e reparou a presença dele. Ela percebeu que nós estávamos trocando olhares e fez uma caranca. Se não a conhecesse há tanto tempo, não teria notado.

_ Oi, como vai? – Ela voltou sua atenção ao rapaz.

_ Bem, Kate. – Ele olhou para ela desconcertado. _ Sabe... – Ele olhou para mim e depois voltou sua atenção a Kate. _ Tenho que ir.

E foi. Sem mais nem menos. Não disse seu nome, não me deu um até mais... Simplesmente se foi. Eu ainda podia vê-lo caminhado em direção aos dormitórios.

_ Não vai querer a água?

_ Vou. – O vi parando, ao longe, para conversar com um rapaz.

Dei um gole na água.

_ Melhorou?

_ Sim. – Finalmente olhei para Kate. _ Obrigada. Já estou indo.

_ Mas já? Ainda são dez horas. – Ela retrucou.

_ Eu sei, mas estou cansada, o voo de Nova York para Ford City me deixou exausta. – Falei deixando o copo na sacada. _Agradeço sua preocupação, Kate.

_ Como sabe meu nome? – Ela arqueou a sobrancelha.

Ela havia me pego de surpresa. Realmente, ela não havia me dito seu nome.

_ Ahn...Aquele rapaz me disse. – Falei rápido, até demais.

_ Quem, Josh? – Ela questionou.

Milhares de faíscas voaram ao ouvir seu nome, meu corpo havia enrijecido com essa afirmação. Então era ele. Realmente o rapaz que estava aqui era o meu Josh. Josh Silver...

_ Sim, ele me disse que nos viu conversando. – Essa parte era verdade, realmente.

_ Ah, sei. – Ela pareceu não gostar disso.

_ Bom, é isso. Obrigada pela companhia. – Falei me retirando. _ Boa Noite!

_ Que nada. Boa noite!

A noite reluzia de forma diferente essa noite. Talvez fosse coisa da minha cabeça, talvez não...

Porque as estrelas pareciam estar sempre apagadas pela imensa escuridão da noite? Como se uma gotinha d’água não significasse nada no meio do oceano. Hoje, contudo, era diferente. As estrelas brilhavam de forma radiante, como se nada pudesse impedi-las. Como se elas finalmente houvessem alcançado seu objetivo: iluminar o mundo.

Dentro do quarto, o ambiente parecia-se tão frio quanto lá fora – Não era a toa que esse era um dos piores quartos – e por isso, forrei a cama com os três edredons que havia trago de Nova York e os enlacei em volta do meu corpo para amenizar o frio da madrugada que eu sabia que me aguardava.

Com a mãos no meu colar, refleti sobre os acontecimentos do dia já que não conseguia dormir. Essa tarde, tão inverossímil e real... Como ele conseguia ter esse efeito sobre mim?

Sentia-me hipnotizada com seu olhar, qual esse segredo dele para me deixar maluca?

Queria tanto poder senti-lo novamente. Aqueles braços protetores, sorriso atraente e covinhas que me levavam ao paraíso. A forma como ele segurava minha mão quando eu tinha que ir embora, como se nunca quisesse que eu fosse, como se ele tivesse ideia do iria acontecer, mas só quisesse aproveitar o tempo que lhe restava.

 

[1] Corpo Estudantil.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam? Estão curiosos para o proximo cap.? O que acharam de Alice? E esse rapaz, Josh, o que será que ele tem a ver com o passado de Alice? O que acham?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Destinados" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.