Heart beats fast

Colors and promises

How to be brave

How can I love when I'm afraid to fall

But watching you stand alone

All of my doubt suddenly goes away somehow

E tão repentinamente como começou, acabou. Talvez ele esteja exagerando dizendo que acabou, talvez não. É um sentimento estranho, quando se pensa nisso, que o comia por dentro, deixando-o vazio. Às vezes, Jack desejava que houvesse caído no lugar dele. Às vezes, por saber a sensação da perda, não queria. Não queria que ele passasse, que ele sentisse, por tudo que está acontecendo com a mente de Jack.

Como? Como ele pode deixar aquilo acontecer? Como não viu a escuridão engalfinhar ele? Muitas vezes, durante esses ataques de pânico que o consumiam, ele pensava em se deixar levar, parar de agir, esquecer seu dever como guardião, deixar as crianças esquecerem dele, se deixar morrer. Mas então a lembrança da existência de uma possibilidade dele acordar se acendia, como uma fagulha, fazendo Jack se recompor parcialmente.

Novamente, sentava-se à beira da cama, onde ele repousava. Já se foram três anos desde que ele foi sucumbido à essa queda livre na escuridão. Três anos. Três longos anos, nos quais Jack não parou de agonizar sobre ele.

Jack soltou uma risada tristonha, apenas para tentar segurar as lágrimas, enquanto acariciava a mão inerte dele. Era de costume, toda vez que parasse no lugar onde ele repousava, ficar por lá e conversar. Ou monologar, como seria correto. Era doloroso e agoniante, sabendo que não haveria resposta a nada que dissesse, mas Jack ainda sim sentia um certo alívio quando se abria para ele.

Seu coração batia forte, com o aperto de costume só de vislumbra-lo naquele estado deplorável. Expirou tremidamente, antes de falar com uma voz quebrada e rouca.

"Eu... E-eu... Eu não sei mais o que fazer. Como posso ter coragem de seguir? Como... Argh. O que eu faço? Você sempre foi minha luz, meu guia. Eu te via e minhas dúvidas sumiam. Como?" Ele repetiu a pergunta antes de soltar um grunhido frustrado.

One step closer

Deu um passo, chegando mais perto da pequena cama, ao ponto de que se encostava na estrutura de madeira. Outra expiração tremida, mas dessa vez seguida de uma lágrima que ele não conseguiu segurar. Suspirou antes de voltar sua atenção ao garoto que estava deitado à sua frente, sorrindo tristemente.

“Todos os dias, todos e cada um deles, um pedaço de mim morria à sua espera. Mas não tem problema, por que vale a pena, não? Vale a pena, ficar aqui, te esperando. Porque é você. E quando você acordar, eu não vou me arrepender de ficar aqui, não? Porque eu vou ser a primeira coisa que você vai ver, não vou? Então não precisa ter medo, porque eu vou estar aqui,” Ele disse, enquanto outra lágrima escorria por sua bochecha. Um, dois, três suspiros fundos na tentativa de se recompor... Porém, inúteis. Ele deve um colapso. Mais e mais lágrimas desciam, enquanto sua garganta era rasgada pela mais pura tristeza. Era culpa dele e ele reconhecia, porque não fora capaz de salvar ele quando teve a chance. É por causa de Jack que ele se encontrava nesse sono sem fim. Seu único consolo é que a Lua lhe dissera que ele acordaria. Quando e como? Não se sabe. E isso deixava Jack ainda mais culpado. E se... E se ele não visse o dia em que ele acordasse?

I have died every day waiting for you

Darling don't be afraid

I have loved you for a thousand years

I'll love you for a thousand more

“Sabe, pela primeira vez eu fico feliz de você não ter sido escolhido como guardião. Você não tem que se preocupar com o credo das crianças. Assim, mesmo aqui, você não desaparece. E isso me conforta, porque é disso que estou precisando, né?” Murmurou. Mesmo com ele sem poder reagir, Jack ainda buscava seu auxílio, já que ninguém mais ouviria seus lamentos.

Entrelaçou seus dedos com o do rapaz adormecido, suspirando alegremente sob o calor que o outro ainda oferecia, mesmo nesse estado.

“Você continua quente. Isso é um bom sinal, não? Pra você, que não tem a pele naturalmente fria que nem a minha. Quer dizer que você ainda está aí, em algum lugar. E eu vou estar aqui quando voltar, ok?” Continuou Jack. Outra lágrima escorreu, levando com ela a esperança de uma resposta vinda dele. Deixou seus ombros caírem um pouco em cansaço, fechando os olhos por alguns segundos.

“Você não sabe como faz falta. Mas eu ainda vou te amar quando acordar, não? Eu te amei por mil anos, eu consigo amor por mais mil... Né?” Ele murmurou a última palavra, soluçando levemente. “Mas e você? Você ainda vai me amar? Porque eu até entendo se você não me quiser mais, porque é minha culpa você estar aqui, dormindo. E-eu...” Outro soluço estrangulado, fazendo Jack parar de falar por alguns longos segundos. “Eu não fui rápido o suficiente, eu tinha... Eu precisava ser rápido o suficiente... Merda, merda, MERDA!” Ele exclamou, levantando-se abruptamente, caminhando pelo quarto um pouco até se acalmar. Esfregou seu rosto, antes de voltar para o lado dele. 

Time stands still

Beauty in all she is

I will be brave

I will not let anything take away

What's standing in front of me

Every breath

Every hour has come to this

Jack olhou para o relógio logo acima da cama dele, percebendo que já estava lá por mais de uma hora, o que o fez rir amarguradamente.

“Mesmo aqui, nessa situação, o tempo ainda passa rápido com você... Também, eu adoro sua companhia... Apesar de eu preferir que você estivesse aqui, acordado...” Lambeu os lábios em antecipação da onda de tristeza. “Você continua lindo, mesmo assim, não? Mesmo aqui. Eu sempre gostei de te ver dormir, quando você ficava comigo à noite. Tão relaxado, tão sereno... Apesar de que, agora, é um sono do qual você não pode escapar por um tempo...” Soluçou mais uma vez, mordendo o lábio inferior para segurar o som. “M-mas... Quer saber? Não vou deixar isso passar em vão, e-eu... Eu vou ser corajoso por você, ok? Eu não vou deixar nada te levar de mim, porque você é minha responsabilidade... É culpa minha você estar aqui, então eu vou cuidar de você... Com todos meus suspiros e minutos restantes,” Ele disse, levemente triunfante.

Aproximou-se mais ainda dele, ao ponto de estar sentado na cama. Se curvou, deixando um delicado e suave beijo nos lábios do garoto que estava deitado, suspirando ao sentir o calor vindo dele.

One step closer

“Eu não vou deixar nada tirar você de mim, Hiccup, eu prometo”.