Tessons D'une Ville escrita por Becca


Capítulo 1
Prologue




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Would you save my soul tonight?

O livro em suas mãos mostrava claramente sua vontade e seu prazer na leitura. O marcador estava deixado de lado, na mesinha em sua frente.

A roupa colada estava no guarda-roupas. Bem no fundo do guarda-roupas.

Há mais de uma semana não via aquele sinal nos céus. O sinal com a letra B estampada. Ela agradecia, porque, apesar de ter a vantajosa habilidade de se curar rapidamente, sua mente precisava de um descanso.

Virou a página, e, quando pôs-se a ler, pessoas gritando pela janela chamaram sua atenção. Buscou pelo marcador e largou o livro no sofá.

Pôs a cabeça para fora da janela e viu o sinal. O grande B estava a chamando. Alguém precisava de sua ajuda. Logo, o relógio começou a apitar também, indicando-lhe a posição exata dos que estavam lhe pedindo ajuda.

Correu até o quarto e se vestiu o mais rápido que pôde. Pegou o relógio, pondo-o no pulso. Desceu pela escada de incêndio do prédio, escondendo-se nas sombras. Não usava máscara, não achava preciso.

••

Em pouco tempo, já estava pertíssimo da localização de onde o relógio indicava. O museu de Nova York. Ela entrou pelos fundos, vendo alguns trabalhadores feitos de reféns.

Eles suplicavam pela vida, e alguém ria prontamente. Era só um.

Pelo menos isso, ela pensou, agradecida por não ter que se esforçar tanto quanto teria se houvesse mais de um.

Aproximou-se do homem, vendo a expressão dos trabalhadores transformarem-se de em pleno pavor, para alegria plena em vê-la.

Ela fez um sinal na frente do rosto, e os homens entenderam.

Voltaram para a expressão atordoada de antes. Ela tornou a fazer gestos com as mãos, pedindo silêncio.

Ela chegou por trás da pessoa e pôs uma corda em torno dele, apertando-o como pôde. Um par de mãos juntou-se a ela, e, quando ela se virou para olhar, eis que:

– S? O que você está fazendo aqui? - ela indagou, atordoada. - Que seja.

Os homens se encolheram juntos num canto, chorando e agradecendo-a pela ajuda, dizendo-lhe que proporcionariam-lhe conhecimento, dinheiro. Ela apenas sorriu.

– Não precisa. Vão. Sumam daqui. - ela disse - Podem ir atrás de vocês.

Os homens assentiram, correndo pelos fundos. Ela olhou para o homem ali, que estava sendo cada vez mais apertado pela corda que S segurava. Ele sorriu para ela, por debaixo da máscara.

– B, bom trabalho. - ele disse, estendendo a mão para ela. Ela apenas ignorou, digitando algumas coisas no relógio. S apenas a observou.

– É melhor conversarmos depois. Acabei de chamar as autoridades. - começou ela, deixando uma pérola azulada com a letra b maiúscula perto do homem amarrado. S fez o mesmo, deixando um pedaço de turquesa com um s maiúsculo estampado ao lado da pérola dela.

Quando ela desapareceu sem fazer barulho algum, ele sorriu para si mesmo. Agachou-se ao lado do homem e pôs uma mão em sua cabeça.

– Você vai pagar por isso, jackass. - ele disse, fitando-o nos olhos.

As sirenes da polícia foram ouvidas, e S correu para fora. Não queria ser visto ali quando os policiais chegassem. Apenas as pedras eram precisas.

••

Assim que chegou em casa, ele se jogou no sofá, buscando a graphic novel na estante. Encontrando-a, ele a segurou com as duas mãos, sentando-se no sofá, pondo-se a lê-la. A história o fazia rir, pois dizia coisas patéticas sobre os super-heróis. Coisas que, ele sabia que não eram verdadeiras.

Não podiam ser.

O telefone pôs-se a tocar, tirando-o de sua diversão. Atendendo-o, ele começou a usar sua voz normalmente:

– Alô?

– Elliot? Oi! - ela disse, sorrindo do outro lado. - O que está fazendo?

– Folheando uma graphic novel. E você? - ele sorriu.

– Ah, ainda lendo aquele livro... Queria saber se queria sair esta noite. - ela disse.

– Liv, eu queria. Mas, tem certeza que não vai precisar sair de repente? - ele indagou, meio incerto.

– Err, sim. Tenho certeza. - ela disse. - Mas só se você disser que não precisará!

Ele riu, e, por um momento, sentiu-se culpado. Sabia que talvez teria que sair, e não teria como explicar.

– Eu prometo. - ele disse, apesar de tudo. - Passo aí para te buscar, pode ser?

– Quanto tempo? - ela perguntou, sorridente.

– Meia hora? - ele chutou.

– Está ótimo. See you, El.– ela disse, desligando.

Elliot suspirou. Sabia que talvez houvesse algum chamado, e que ele teria que sair correndo, deixando-a sozinha, mas, mesmo assim, ele queria que ela soubesse que ele a queria.

••

O rosto dela estava meio cortado, pela corrida até o local. Vários pedaços de galhos que voavam haviam batido em seu rosto, e só enquanto ela se arrumava, percebera a gravidade dos cortes.

Damn... – reclamou, enquanto passava alguma maquiagem para esconder os machucados. - Por que eu tive que ser chamada justo hoje?

Ao terminar de esconder os cortes, Olivia começou a procurar um vestido no armário. Ao encontrar um azul cobalto, sorriu para si mesma. Achou sapatos da mesma cor, correndo para pô-los.

••

Já estava na portaria do prédio dela. Atravessou a rua e entrou na portaria. O porteiro o cumprimentou e mandou-o subir.

••

Ela ouviu a campainha tocar enquanto terminava de pentear os cabelos. Os olhos se fecharam.

Damn it! - ela vociferou baixinho. - Wait a second!

Ele riu, e encostou no batente da porta. Ele fechou os olhos, sentindo as costelas doerem e o ombro latejar. Ele sabia o por quê. A porta se abriu, e ela apareceu ali, completamente produzida, completamente linda.

Era mais do que ele sempre esperara.

– Uau, Liv! - ele vociferou. - You're beautiful!

Ela corou, pondo o cabelo para trás da orelha.

Thanks... – ela sussurrou.

– Come on, let's go... - ele disse, puxando-a pelo braço.

Ela fechou a porta, trancando-a em seguida e começou a descer as escadas com ele, esperando que nenhum aviso a mais fosse pedido pelo resto da noite.


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Notas finais do capítulo

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