Se antes eu não estava entendendo nada, agora eu estou entendendo menos ainda. Perguntas do tipo: "Quem é você?", "Por que fez isso com a Elena?", "Como entrou aqui?", "Você me conhece?" Ficavam aparecendo toda hora na minha mente e eu queria poder dize-las mas parecia que minha voz havia sumido.

– Se fizer alguma coisa com Elena, eu te mato.- Eu disse depois de um tempo de silêncio. Minha voz saiu séria e fria, eu olhava diretamente para aquela mulher desconhecida enquanto ela retribuía o olhar mas parecia...estar se divertindo?

– Você está mais nervoso do que eu me lembrava.- Ela diz.

– Nós não nos conhecemos.- Eu afirmo, mesmo não tendo certeza se isso é verdade ou não.

– Você está meio certo, eu te conheço mas você não faz a mínima ideia de quem eu seja. Sabe por que? É claro que não, então eu vou te dizer. Eu sei sobre você por que também sou diferente e em vez de fugir da realidade eu procuro saber mais, eu tento melhorar meus dons, descobrir pessoas como eu, tentar procurar por orientação enquanto você fica se escondendo.- Ela diz com um pouco de raiva mas logo depois volta ao "normal" e dá um sorriso assustador.

– Abaixe a arma e solte a Elena, por favor.- Peço e ela parece colaborar, abaixa a arma e vai em direção a onde Elena estava mas invés se desamarrar ela, coloca um pano em seu rosto a fazendo desmaiar, logo depois a desamarra. Corro em direção ao corpo de Elena e olho assustado para a garota de cabelos pretos.

– O que você fez com ela?- Pergunto com raiva.

– Não se preocupe, ela está viva. Agora, foco Benjamin, precisamos conversar sobre coisas importantes e essa garota não pode saber de nada sobre nós, entendeu?- Ela perguntou e eu assenti.

Peguei Elena no colo e a coloquei deitada no sofá. Nós vamos em direção a cozinha e nos sentamos em volta da mesa.

– Antes de qualquer coisa, me diga quem é você.- Exigi olhando sério para ela.

– Não te devo satisfações da minha vida.

– Você deveria ter medo de mim, de verdade, eu sou muito mais perigoso do que você imagina.- Eu sussurro controlando a raiva e ela ri, ou melhor, gargalha.

– Eu posso entrar dentro da sua mente e fazer com que você pense qualquer coisa que eu quiser, além disso, tive anos de treinamento em luta e sei como fazer para mata-lo apenas em 5 segundos. Aprendi a como correr do modo correto, sem precisar ficar parando toda hora por causa do oxigênio. Eu sou uma lutadora e você só um garoto que pode colocar fogo nas coisas. Percebeu a diferença?- Ela ironiza a última frase.

– Só me diga quem é você.- Peço e ela sorri.

– Minha mãe adotiva me chamava de Maggie, nunca conheci meus pais verdadeiros e eu gosto desse nome então...

– Você também não conheceu seus pais?- A interrompo.

– Não, e também não faria diferença se eu tivesse os conhecido. Seriam apenas humanos normais que não podem me ajudar em nada.

– São seus pais, te deram a vida.- Eu digo.

– Que bela vida, hein?- Ela ironiza e se levanta.

– Onde vai?- Pergunto.

– Tenho que encontrar uma pessoa, receberei informações que essa pessoa diz ser importante. Se quiser, fique à vontade para vir comigo.- Ela diz.

– Não posso deixar Elena.- Afirmo e ela me derruba no chão, ficando por cima de mim e com suas mãos em volta do meu pescoço, tento tira-la mas é impossível.

– Você não vai dizer nada sobre mim para ela, ou acabo com você.- Ela ameaça e se levanta. Respiro ofegante e me levanto em seguida.

– Ela precisa saber, você a atacou.- Disse incrédulo.

– Benjamin, não estou brincando. Eu acabo com você, agora vamos.- Ela diz me puxando pelo braço e eu paro na mesma hora.

– Vamos?- Pergunto com os olhos arregalados.

– Sim, eu preciso de você por que ainda não tenho idade suficiente para entrar naquele lugar.- Ela diz como se fosse óbvio.

– Onde nós vamos?

– Surpresa.- Ela diz e me puxa novamente, dessa vez eu não paro. Talvez eu descubra mais sobre pessoas com dons, iguais a mim. Seria ótimo, pois assim eu acho que não me sentiria tão deslocado.