Fiquei um tempo observando as fotos que estavam em seu quarto, ela parecia tão feliz naquelas fotos, com pessoas que deveriam ser sua família, seus amigos e tinha um homem em especial que estava na maioria das fotos, ele estava de mãos dadas com ela, abraçando ela, beijando ela, estava obvio que não era só mais um dos amigos.

Tenho que admitir que se eu não estivesse usando luvas, que por sinal estavam muito, muito, muito, muito desconfortáveis, eu teria queimado todas as fotos de Elena com esse..esse homem. E dessa vez não seria sem querer.

Ao ouvir o barulho da porta se abrindo, coloquei rapidamente todas as fotos no lugar e me virei. Elena estava toda molhada e com uma toalha sobre o corpo. Seu rosto estava vermelho, só que agora era de vergonha.

– Acho melhor eu sair do quarto.- Digo olhando para baixo e ela concordou um um baixo "eu também".

Quando sai do quarto eu prestei atenção pela primeira vez naquela casa, realmente não era pequena, além do quarto dela com banheiro, tem mais um com banheiro e outro sem. Tem uma sala com dois sofás e uma televisão, uma cozinha não muito grande, um outro banheiro no corredor e uma pequena varanda.

– O que achou da sua nova casa?- Pergunta uma voz feminina atrás de mim, me viro e vejo Elena com uma calça jeans larga e uma blusa de manga larga também, ela ainda deveria estar ardendo.

– A casa é sua Elena, eu sou só um hóspede temporário.- Eu respondo dando um pequeno sorriso de lado.

– Você vai perceber que morar comigo não é tão ruim assim.

–Eu sei que não, só que eu não quero mais te machucar.- Eu digo levantando minha mão para colocar uma mecha de seu cabelo atrás da orelha mas como se fosse automático ela se afastou. Será mentira se eu disser que aquilo não doeu, por que doeu, doeu muito. Eu não sei por que tanta dor mas eu sei que são nessas horas que eu odeio essa maldição que foi lançada em mim.

– Quando eu estou com essas luvas, sou inocente.- Abaixo minhas mãos ao dizer isso.

– Me desculpe, eu não sei por que eu me afastei. E outra coisa, essas luvas parecem incomodar.- Ela adivinha e aproveita para mudar de assunto. Logo depois aproxima suas mãos das minhas, agora quem estava com vontade de se afastar era eu mas permaneço imóvel, ela desabotoa uma delas do meu pulso e a puxa para cima lentamente.

– Tenho certeza que esta bem melhor agora.- Ela diz com um sorriso no rosto. Sim Elena, está bem melhor porém muito mais perigoso. Ela volta seu olhar para a outra mão e faz o mesmo processo. Olho para sua mão com bolhas e um enorme peso na consciência cai em cima de mim.

– Me devolva as luvas que eu faço um curativo na sua mão.- Proponho, ela parece pensar um pouco sobre a proposta, levanto uma das minhas sobrancelhas, ela solta um leve suspiro e me devolve as luvas. Um sorriso aparece no meu rosto, mas eu não sei se ela percebeu. Coloco minhas luvas novamente, e novamente aquele desconforto surge rapidamente. Porém eu consigo disfarçar que estava tudo bem.

Volto ao banheiro com ela, Elena pega o kit de primeiros socorros e eu procuro o que precisava. Passo um remédio que era tipo um creme em sua mão e depois enfaixo-a com gaze.

– Obrigada.- Ela agradece.

– O único que tem o direito de agradecer aqui sou eu.- Eu digo e ela me mostra a língua.

– Venha, eu vou te ensinar a cozinhar. - Ela diz me puxando pelo braço em direção a cozinha.

Era tão fácil me sentir bem perto dela...