Stop Blaming Life On Someone Else ~~ escrita por Biaaa


Capítulo 1
Prólogo




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- Querido, já chegamos... -acordou-me.

Abri os olhos, o carro parecia continuar em movimento. Em questão de segundos, Linda o estacionara na frente de nossa \'nova casa\'. Por mim, tanto fazia ter ficado na Europa ou ter voltado para a América, no final acabaríamos indo pra outro lugar mesmo.

Ajudei minha mãe a levar as malas pra dentro rápido, e logo começou a chuviscar. Chuva... Eu amava como chovia. Se pudesse, passaria o resto da minha vida observando aqueles pingos, sempre gelados, não importava se estava frio ou quente, caindo freneticamente no chão.

- Gostei daqui, talvez fiquemos de verdade!

Não pude deixar de soltar uma risada com desdém, era patético como ela sempre dizia a mesma coisa todas às vezes. Não era sério, jamais seria... E a prova disse, poderia ser eu mesmo, com dezessete anos sem amigos, namorada ou sei lá o que mais.

- Vai precisar de mim, Linda?
- Não, querido... Pode ir descansar. Seu quarto fica lá encima, e, por favor, mantenha o Skip longe da cama.

Skip era meu cachorro, o único ser que me entendia não importava o lugar. Ele era um labrador, não um vira-lata como no filme.

A casa era pequena, tinha dois quartos, dois banheiros, uma sala pequena e uma cozinha. Ainda não tínhamos móveis ou coisas do tipo, o fardo todo começaria no outro dia...

Entrei no quarto, lá só existia uma cama, um pouco menor da qual eu costumava dormir. Joguei meu casaco encima dela e fui olhar a rua da janela... Havia um homem sentado na calçada, eu diria que era um indiano, ou coisa do tipo. Manteve suas mãos apoiadas no joelho, olhando tristemente, ou não, para canto algum. Logo tive de sair dali, pois Linda me chamara - pra não dizer que ela quase estourou os meus ouvidos gritando com aquela voz um tanto quanto, hã, aguçada, eu diria - para irmos jantar em algum lugar perto dali. Vesti o casaco outra vez e desci.

Não preciso, realmente, falar sobre aquele bairro. Não tinha exatamente NADA haver com o antigo lugar onde eu morava, não mesmo. Chegamos a uma lanchonete, bar, seja lá o que aquilo fosse e comemos. Ao terminar, resolvi sair para tomar um ar - pra não dizer que eu só queria me ver longe daquela gente gorda, feia e velha que ocupavam, digamos, 99% do local -.

"Frank Anthony Iero, criado na Europa... Doce filhinho da mamãe."

 - Cigarro? -perguntou-me um cara, aproximando-se de mim do lado de fora da lanchonete.
- Eu não fumo. -dei uma curta - curta mesmo - antes de voltar a olhar para frente.

Diante daquilo, achei que aquela fosse a melhor resposta, já que eu não sabia se ele estava me oferecendo ou pedindo um cigarro.

Era mais alto do que eu um pouco, cabelos pretos, assanhados e mediam exatamente até a altura de seu queixo. O olhos, aparentemente claros; talvez fossem mel ou um tom de verde diferente, daqueles que mudavam de cor conforme dia ou noite. Parecia ser pálido - bastante - mas, acho que, por causa do frio, as bochechas mantinham-se rosadas, tais como seus lábios.

- Incomoda-se? -pôs um cigarro na boca. Olhei-o rapidamente, de supetão, e respondi que não me importava. - mora por aqui? -quebrando o silêncio ao qual nos encontrávamos segundos atrás.

Por que ele insistia em falar comigo?

- Moro. -olhei para ele uma vez mais. - você?
- Não moro aqui na verdade, digo, moro, mas não por muito tempo.

Ele realmente devia ter visto algo de errado em mim, já que não parava de me secar com os olhos um só segundo. Permaneci calado.

- Gerard Way! -estendeu-me a mão.

Tirei as minhas do bolso e o cumprimentei. 

- Frank Iero.

Gerard parecia ter algo diferente no olhar. Talvez um brilho reluzente, não sei, mas era uma coisa que realmente havia chamado a minha atenção. Era sereno e profundo, mas criava uma certa provocação, ao misturar-se com seu sorriso.

- Sua mãe? -direcionou sua visão para dentro da lanchonete, onde Linda já tratava de pagar a conta.
- Ah, é...

Não preciso comentar que parecíamos dois brutamontes - okay, não chegava a tanto - da era mesozóica, com aquela maneira tão pouco-verbal de se falar.

Continuamos calados mais uma vez. Ele sorriu.

- Você não é de falar muito, sim?
- Na verdade... -retribuí ao seu sorriso. - eu tenho que me controlar, porque quando começo, não paro.
- Ah -riu-se discreto. - mas você escuta, certo?


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