Incandescente escrita por Catiele Oliveira


Capítulo 11
10. Alma Incandescente.


Notas iniciais do capítulo

EMOCIONADA! Cap. dedicado a Ju que me fez chorar com sua recomendação! Por essa e por muitas outras que não desisto de FelipaIncandescente. Obrigada sua linda!



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Alma incandescente.

― CHRISTOPHER! ― Gritei por ele. Parecia totalmente alheio a mim. Nem ao menos tinha percebido que eu me aproximara da vagabunda que ele tem como amante.

Seus olhos encontraram os meus; inexpressivos. Ele deixou de lado o que estava fazendo e caminhou depressa até nós, Nina tinha um ar superior enquanto o encarava. Amélia parecia gostar do nosso pequeno showzinho. E as amigas de Nina estavam tão bêbadas para dar qualquer opinião louvável.

― O que está acontecendo aqui?

― Sua mulherzinha veio me expulsar. ― Nina o encarou determinada. Christopher revirou os olhos.

― Não foi isso que combinamos... Vai para casa Nina ― ele parou para encará-la e depois me olhou, eu estava me segurando para não falar nada ― Olívia, você sempre foi a mais sensata entre as duas. Dê um jeito nela.

― Não me mete nessa história gostosão. Eu não estou disposta a te safar dessa vez. Vou embora! Vamos Charlotte, aceitaremos sua carona tia Amélia. ― Elas não pensaram duas vezes em seguir Olívia, antes que as três se fossem a morena encarou Nina por uma última vez ― Depois não diga que não foi avisada, Nani.

Eu andei para o lado de Christopher, deixei que minha mão parasse em seu peitoral e me inclinei para sussurrar em seu ouvido ― Ela vai embora. Ou eu vou. ― Ele me encarou frio e riu.

― Deveria ter aceitado a carona da tia Amélia. ― Ela deu de ombros.

― Não adianta fingir intimidade, garota. Eu sei que isso tudo é uma farsa.

― Cala a sua... ― Christopher tapou minha boca e olhou dentro dos meus olhos, apertou meu braço com a mão livre.

― Vá para dentro. Aproveite para tomar um banho e descansar. Já pedi para levarem algo para comermos no quarto. ― Autoritário. Segurei a raiva. Queria estapear Nina.

xXx

Os primeiros raios de sol ultrapassaram as finas cortinas do quarto. Eram de seda e verde chumbo. Procurei o controle do qual Christopher havia falado que me ajudaria com a claridade. Mas desisti, o relógio marcava sete e vinte seis da manhã. Ele não tinha aparecido no quarto desde então. E eu estava tão cansada que não fui capaz de ir verificar o que estava acontecendo.

Sentei-me na cama e abracei meus joelhos. Senti os olhos queimaram e meu nariz arder, espirrei. Rinite. Odiei a sucessão de espirros que viera a seguir. Levantei-me da cama, meu pé acariciou o tapete macio até entrar no meu chinelo simples de pano. Corri para o banheiro, lavei o rosto rapidamente. Meu nariz estava vermelho. Escovei os dentes. Procurei o robe negro que estava no baú encostado no fim da cama. O vesti e amarrei. O corredor estava escuro ainda. E a porta para o quarto de Christopher trancado. O combinado foi que ele desativaria seu quarto e nós viveríamos juntos – como marido e mulher – de todas as maneiras. Mesmo que eu fosse completamente contra, fui obrigada a ceder. Bati na porta. Nenhuma resposta. Desesperadamente abri todas as outras portas do corredor, os quartos estavam vazios, arrumados e com um leve perfume floral. Soquei a parede ao perceber que ele não estava no andar de cima. Ou, fingiu não estar em seu quarto.

Corri para o segundo andar.

A sala de star estava vazia. Arrumada e silenciosa como sempre. Ainda estava perdida dentro da casa, mas sabia me virar. Caminhei para a cozinha, no caminho abri a porta para sala de jantar e adivinhe? Vazia. Já na cozinha havia um cheirinho de café que me acalmou. George estava sentado em um dos bancos e debruçado no balcão de granito, de costas para mim, observando Alva preparar o café. Eu observei que ela mal falou comigo durante as duas semanas que se passou, sempre procurava ser simpática, porém comedida.

― Bom dia... ― Murmurei baixo e ainda assim George se assustou. Levantou-se depressa e sorriu gentil.

― Bom dia senhora! Dormiu bem? ― Assenti.

― Pode voltar a sentar George, por favor...

― Bom dia menina ― Alva forçou um sorriso. Pensei em perguntar por ele... Mas que esposa seria eu já perdendo o marido na primeira noite de casado? Desisti.

Sentei-me ao lado de George, Alva me serviu uma xícara de café. Forte e meio amargo.

― Então... ― Iniciei com a voz vacilante, Alva arqueou a sobrancelha e sentou no banco a frente. George estava com os olhos em seu café.

― Ele gosta de correr pela manhã senhora! ― George me informou antes que eu precisasse perguntar, Alva e ele trocaram um olhar simbólico.

― Então ele foi correr? ― Não houve resposta. George meio que deu de ombros e Alva levantou-se para encher sua xicara com um pouco mais de café.

Deixei que o barulho da louça fizesse atrito com o balcão de granito. Meu estômago estava embrulhado.

― A cozinheira está chegando em breve, Felipa. Já decidiu o que quer para o almoço? ― Fiz que não com a cabeça.

― O que quiser está bom, Alva...

― Estarei partindo em uma semana. Você precisa se habituar as novas funções. ― Assenti e me levantei.

― Carne assada com batatas grelhadas. Uma salada bem verde e arroz integral. ― Ela assentiu rapidamente ― Para sobremesa um pudim de leite está ótimo...

Enquanto contornava o caminho de volta para o quarto George me acompanhou saltitante. Subiu os degraus em silêncio, mas percebi que ele estava ansioso para começar a tagarelar. Ele é um homem bonito, com cabelo espetado e um uniforme diferente. Pareceu que George confeccionava suas próprias roupas. Sempre perfumado e bem disposto, sorrindo e agradando a todos.

― Eu já tenho sua agenda em minhas mãos! ― Murmurou animado. Bufei contrariada. Eu só queria deitar, mas George abriu as cortinas deixando a claridade inundar todo o quarto. ― Ah não! Se voltar a dormir vai acordar com olheiras.

― Não me importo. Vou ficar bonita para quê?

― Para o seu marido, bobinha! ― Ele riu ― Vamos lá. Você precisa estar adequadamente arrumada, depois tomar um café da manhã bem reforçado. Sua primeira função como uma Molina é visitar o asilo que o Sr. Molina pretende comprar. Lá tem muita vegetação e envolve o termo “sustentabilidade” que ele tanto anda dizendo por aqui! Sua função é tornar isso real. ― Minha função era deixá-lo mais rico então. ― Pronta?

― Não ― Bufei.

xXx

A noite chegou tão rápido quando o dia. Era angustiante andar por todos os lados com uma casa silenciosa, quando George apareceu pelas seis perguntando sobre o jantar eu tremi de susto. A sala de estar estava escura e silenciosa, ele não acendeu a luz. Provavelmente estava me dando tempo, já que minha tarde havia sido terrível. Christopher não tinha aparecido desde a manhã. Mas, por um lado, eu até estava feliz. A visita ao asilo me fez bem, produtiva. Adorei o espaço e os adoráveis senhores e senhoras que conversei por longas horas. E então... Cá estava eu, de volta ao meu exilio.

Dispensei o jantar. Qual sentido de fazer refeição sozinha? Nada mais solitário. George insistiu que eu comesse alguma coisa ao menos, não quis. Disse que depois fazia um lanche e então ele se foi quieto. Nenhum sinal de Christopher. Nenhum telefonema. Nada. Nem Martha, nem Greg. Não queria ligar para nenhum deles, no entanto. Tão pouco Molly ou Frankie. Estava tão aflita que o melhor era ficar só.

Algumas horas depois a escuridão me incomodou. Arrastei-me contrariada para o quarto, no corredor testei a porta do quarto de Christopher. Novamente trancada. Perguntei-me se ele viria para casa ou estaria mais um dia fora, logo meu pensamento estava neles: Nina e ele transando em alguma cama suja. Fazendo-me de idiota. Como se eu realente precisasse de toda essa merda.

Quando me troquei e deitei meus pensamentos esteve voltado à noite de ontem...

Greg apertava meu braço apreensivo. Eu tinha Frankie ao meu lado dizendo repetidas vezes “ande devagar, não consigo arrumar essa cauda imensa se você correr até ele” e reclamava por eu ter escolhido um vestido tão tradicional. Branco, claro. Armado e pesado, com muitas camadas de tecidos, por última um cetim lindo. O tecido que trançava pelo meu busto e dirigia-se ao ombro esquerdo. Perfeito. Único. Exclusivo, apenas meu. O que eu mais gostei foi o rendado incrível do véu, era imenso, exagerado, mas a renda fazia valer a pena. Não tinha nada demais, simples do jeito que eu esperava. Nenhum brilho, diamantes ou algo que agregue valor. Assinado por Valentina Dior ninguém realmente esperava ver riqueza.

― Está na hora... ― Ouvi Martha murmurar.

Ela se encaminhou só para o seu lugar na Igreja, totalmente desnecessário, já que a família de Christopher não apareceria. Seus pais se fora. Mas, fiquei feliz que mesmo de longe pude fitar Alva ao seu lado, como uma mãe. Os padrinhos entraram em seguida. Molly estava incrivelmente linda ao lado de seu marido, que convenhamos, parece que foi esculpido por anjos. Já Christopher... Filho de lúcifer. Em falar nele, nunca tinha o visto tão... Esquisito. Parecia alienado, sabe aquela expressão de que o corpo está presente, mas o espirito voa longe? Ele permaneceu inerte durante toda a cerimonia. Enquanto eu lhe sorria ao entrar na Igreja, ele mal acenou.

― Mas se um homem se une na Terra com uma mulher, fazeis uma aliança também no céu, porque agora são apenas um... ― O padre iniciava o seu sermão. As palavras eram pesadas, arrastadas e cansativas. Talvez Christopher não fosse religioso, pensei.

― Christopher Noam Molina, aceita Felipa Becker Sullivan como sua legitima esposa, para amá-la e respeitá-la na alegria e na tristeza. Na saúde e na doença, enquanto viverem? ― O silêncio a seguir foi horrível. Ele estava pensando! Nunca me senti tão angustiada na vida.

― Aceito... ― A voz fora longe. Baixa e triste.

― Felipa Becker Sullivan, aceita Christopher Noam Molina como seu legítimo esposo, para amá-lo e respeitá-lo na alegria e na tristeza. Na saúde e na doença, enquanto viverem?

― Sim.

― Eu vos declarado marido e mulher. Que o senhor esteja convosco.

― Ele esta no meio de nós... ― As dezenas e dezenas de pessoas na Igreja murmuraram. O padre gracejou que o noivo poderia beijar a noiva e então tudo realmente parou. Christopher deu um sorriso de lado vitorioso e me tomou em seus braços. Com força.

― Agora você é minha, senhora Molina... ― Beijou-me desesperadamente como se disso dependesse sua vida inteira.

Tremi ao recordar-me. Mas, principalmente porque o quarto escuro ganhou uma luminosidade a mais, não somente a luz da lua. Uma luz incandescente raiou, não podia se quer dizer que era do corredor, pois não era. Era ele. Sim, de uma forma cruel ele tinha sua própria luz, que podia iluminar toda a minha vida quando seus olhos verdes estavam sobre mim. Eu o odiava, mas já não podia negar... Uma pequena parte de mim ainda o odiava, porque a outra parte, a maior, essa estava completamente, enlouquecidamente e desesperadamente apaixonada por ele. E claro, sem sombra de dúvidas, insana.


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Notas finais do capítulo

Chorei com o final!! Bjjj



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