Desde que aquilo aconteceu, minha vida realmente mudou muito. Ate poucos dias, eu era uma menina perfeitamente feliz com meus pais e meus amigos. Agora, estou arrumando minhas coisas para ir morar com minha tia Viviane e sua família não muito agradável em São Paulo.

Se voce quiser saber o que aconteceu, eu te falo: no dia 24 de Outubro, depois da escola, eu fui almocar em uma lanchonete com o Caio e a Luiza, perfeitamente bem. Comemos e depois fomos a uma livraria perto de la, para escolher o presente de uma amiga nossa. Escolhemos O Diário de Anne Frank, ja que tinhamos acabado de estudar isso em Redação. Caio e Luiza foram la pra casa e quando chegamos, não tinha ninguém, nem meu pai, nem minha mãe. Tudo bem, eu achei que eles tinham ido comer em algum lugar, como faziam de vez em quando. Subimos pro meu quarto e tinha algo na minha cama, uma carta, mas não li, resolvi ver depois. Conversa pra ca, conversa pra la, passaram algumas horas e eles foram embora, e nada de meus pais chegarem em casa. Resolvi ler a carta.

"Ola, Sophia.

Você deve estar se perguntando a razão de seus pais nao estarem ai, estou certo? Bem, algumas coisinhas aconteceram e eles vao ter de ficar um tempinho "fora" do Rio. Sabe como é, nem sempre as coisas saem como nos queremos. Talvez eles voltem, mas quem sabe?

Ah, mais uma coisa: não procure saber nada sobre isso. Se nao, teremos que dar sumiço em outras pessoas que voce ama.

Tenha uma boa tarde!"

Eu pensava que era tudo uma brincadeira, é claro. O que a minha família teria de tao sinistro pra alguém dar sumiço a pessoas? Uma brincadeira sem graca, pensei. Mas, passaram alguns minutos e eu ficava cada vez com mais medo. Eu estava quase saindo do meu quarto para ir em alguns restaurantes que eu sabia que meus pais frequentavam quando eu vi um homem em minha porta. Ele era alto, com cabelo preto e ombros largos. Tudo nele era bem notável, mas o que mais me chamava atenção era uma coisa não muito agradável: uma arma no lado esquerdo de seu cinto.