A Liga dos Betas escrita por erico_nietto


Capítulo 5
Um homem Sádico




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Bombas choviam do céu naquela noite fria sem estrelas. Não havia mais esperança para os bravos soldados, cujo batalhão estava sendo dizimado. O que antes foi uma cidade não passara de ruínas. As pessoas tornaram-se monstros devido às bombas químicas.

O soldado John foi atingido! – gritou a comandante Elizabeth, não vendo nenhum de seus homens retornarem para o resgate.

Aquela mulher foi tomada por seus mais profundos sentimentos. Correu para salvar o soldado no instante em que as tropas inimigas estavam se aproximando. A respiração exaustiva e a sensação de que a morte vinha a galope, não lhe deram escolha para desistir e voltar. Elizabeth lançou sua última granada contra um alto muro de pedra, deitou por cima do soldado John e seu alvo explodiu em pedaços sobre os dois, que pareciam estar mortos para os rivais que ali passaram.

Incansavelmente, ela retirou pedra por pedra. Arrastou John para um canto mais seguro e não acreditou, quando naquela manhã, o helicóptero de seu batalhão apareceu diante daquele céu cinzento. As lágrimas escorreram em seu rosto. Elizabeth olhou para John, ainda inconsciente, e com um sorriso amargo disse:

Nós estamos salvos, meu amor! Todos nós três. – afirmou colocando as mãos sobre a barriga.

UMA SEMANA DEPOIS

BASE MILITAR NUVEM NEGRA

Depois de muitas perdas e conflitos, John e Elizabeth estavam recuperados para ir embora. Apesar de jovens, não mais que trinta anos, haviam terminado de servir ao país. Teriam que servir às suas próprias vidas, colocadas em linha de fogo quando aquela carta chegou às mãos de John, entregues pela própria esposa.

O que é isso?

É da sua tia Becky. É melhor ler com calma. – falou Elizabeth já tendo adquirido ao conteúdo.

Querido John,

É com muita tristeza que venho lhe contar um dos seus maiores pesadelos.

Há treze anos, seu pai negou-se a se entregar aos gangsteres do bairro. Ele humilhou com palavras um deles; motivo suficiente para que sua família fosse atacada. Estão todos mortos, menos o seu irmão, Jack Marshal, que estava no meu lar no momento do ataque. Meu primo, aquele que você tanto odeia, tomou a guarda de Jack, pois eu nunca consegui entrar em contato com você. O exército provavelmente, nunca lhe entregou minhas cartas.

Por fim, Jack tornou-se um jovem mafioso e vingou a morte de sua família. Outras máfias não gostaram do ataque e se uniram contra ele, matando a todos; mas seu irmão conseguiu escapar novamente. Eu comecei uma busca incansável por seu paradeiro e o encontrei este ano. Ele construiu uma linda família. E você tem um lindo sobrinho chamado Eric Marshal. Ele tem cinco anos e é um garoto muito esperto. Você sabe melhor do que ninguém, que seu pai sempre sonhou em tê-lo por perto, mas você seguiu em frente com seu sonho em se tornar um grande soldado. Quis acima de qualquer coisa tornar o sonho de sua falecida mãe em realidade. E você conseguiu. Mas eu temo que alguns inimigos de Sandoval estejam rondando a família de seu irmão Jack. E eu suplico para que você o ajude! Revele-se para seu irmão e nunca deixe que um membro da família Marshal seja extinto. Porque vocês são uma promessa divina!

Com amor, Becky.

O olhar de John jamais negou seu sentimento de tristeza. Ele sempre se sentiu um filho bastardo por ter perdido a mãe e não ter como compartilhar o amor do pai com outra família. Ele não queria fazer aquele papel. Mas soube que seu pai tinha valor quando este, revelou o sonho de sua mãe, em vê-lo no exército. Ele prosseguiu com este desejo e o realizou.

O que você pretende fazer agora?

Eu quero conhecer o meu irmão. E sua família.

DIAS ATUAIS

Apesar do imprevisto ocorrido, Hellen sequer desistiu de tentar manter uma conexão com o poderoso programa Black Wall. Mas algumas informações deveriam ser repassadas com mais clareza e objetivo. A missão seria se infiltrar nos principais bancos de dados militares e governamentais de todos os países do mundo. Codificar as informações e encontrar os principais coletores de dados (espiões) seria tarefa chave; onde no final, um ponto seria posto nessas vidas.

Quer que eu encontre os espiões que roubaram informações do nosso país e os mate-os?

Exatamente desta forma, minha querida Hellen. – afirmou Tony em pé ao seu lado, enquanto descasava o corpo por mais algumas horas – Depois que derrubarmos os soldados, atacaremos os líderes e por fim apagar todos os bancos de dados existentes.

Mas eu não posso matar pessoas através de um programa de computador.

Verdade. Mas pode recrutar pessoas que sejam capazes de fazer isso. Seu próximo passo. Montar um time de campo.

***

John colocou a última peça de roupa em sua mala com cuidado e em total silencio. Elizabeth observou seu marido da porta. Sorriu ao vê-lo parecer um pouco normal. Apesar de a péssima notícia ter vindo à tona, a sensação que ambos tinham era boa. Finalmente John teria alguém de sua mesma raiz para compartilhar seu sobrenome e lembranças de seu pai, ausente por quase toda sua vida; agora, para sempre.

Quando tudo foi colocado em seu lugar, Elizabeth sentiu uma forte dor em sua barriga. Gritou pelo marido que a segurou na frente da porta:

O que está acontecendo?

Droga, parece que estão colocando uma faca no meu estômago! – reclamou aflita, não conseguindo suportar sozinha a própria dor.

Ok, controle sua respiração que irei leva-la ao hospital!

O sangue escorreu por entre as pernas e o susto tornou-se maior ainda.

John… Acho que estou perdendo o nosso filho!

A porta foi empurrada com força pela própria maca. A hemorragia de Elizabeth estava profunda e o sangramento a fez ficar tonta e sem conseguir respirar. John a levou para o hospital no momento certo, mas teria que aguardar na recepção como qualquer pessoa. Andou de um lado para o outro. Lembrou-se da guerra e de quando Elizabeth voltou para resgatá-lo. Ele queria tanto poder fazer o mesmo naquele momento, que tremia de extremo nervosismo por ser incapaz de realizar seu desejo.

Duas horas se passaram. O médico veio até ele trazendo a péssima notícia:

Sua esposa está bem, mas… Seu filho não resistiu.

Seria muito mais fácil para John suportar uma mina explodindo embaixo de seus pés do que saber que seu filho, somente com quatro semanas de vida… Estava morto. Pode não parecer muita coisa, mas qualquer membro da família Marshal desenvolve um afeto muito grande com seus familiares e alguns traumas, podem fazer bons sentimentos se tornarem devastadores.

Na manhã seguinte Elizabeth teve alta do hospital. John tentou parecer o mais tranquilo possível. Sua esposa olhou em seus olhos e garantiu que eles poderiam recomeçar, e este novo recomeço, seria da forma com que John sempre acreditou viver. Portanto, seguiram juntos até a cidade onde Jack Marshal morava. Estava finalmente na hora das famílias se conhecerem.

Quando ambos estavam na alta estrada, poucas palavras foram pronunciadas. Ainda estavam em choque pelo ocorrido.

Não quero que se culpe pelo ocorrido. – disse John – Com certeza isso não ocorrerá novamente.

Mesmo acreditando em suas palavras não vou fingir que posso superar este momento. – respondeu Elizabeth no banco do carona. Você insistiu tantas vezes para que eu ficasse na base, mas eu rejeitei seu pedido e acabei sacrificando nosso filho.

Você salvou minha vida, meu amor! – disse para reconforta-la – Tudo vai ficar bem. Em breve outro anjo estará em nossas vidas.

A longa viagem foi exaustiva quando chegaram no endereço correto ao entardecer. O bairro tinha o estilo americano das casas na década de sessenta. John, ao lado da esposa, entrou naquela varanda de madeira e parou diante da porta. Tocou a campainha e aguardou.

Acha que ele pode negar a gente? – comentou Elizabeth ansiosa.

Claro que não. É normal atender a porta de casa e ver um cara que parece o Hulk dizendo Oi, eu sou o seu irmão.

A porta se abriu e os olhos foram forçados para baixo. O garotinho de cinco anos não pareceu assustado:

Olá, em que posso ajuda-los?

Ai meu Deus, que gracinha! – comentou Beth.

A mulher parou ao lado do garoto e não estranhou os visitantes:

Boa tarde, em que posso ajuda-los?

Meu nome é John C. Marshal. Jack se encontra em casa?

Não, mas Becky me contou sobre sua chegada. Sou Sara Florence, a esposa dele. Entrem, por favor.

Eles se acomodaram na sala. Sara acabara de colocar a mesa para jantar enquanto o pequeno Eric mostrava para a recém-chegada sua caixa cheia de brinquedos. Um homem de meia idade desceu as escadas que davam para o segundo andar e sorriu para as visitas, deixando que sua filha fizesse a apresentação:

Este aqui é o meu pai, Tony Florence.

Como vai senhor Tony? – perguntou John o cumprimentando com um forte aperto de mão.

Muito bem, obrigado. Você deve ser o irmão do Jack, aquele pelo qual todos esperavam.

Sim, sou eu mesmo.

O ambiente familiar os fizera começar um delicioso papo. Meia hora se passou até que o anfitrião chegasse com sua camisa manchada de sangue. Sara assustou-se na mesma hora acreditando que o sangue poderia ser de seu marido, mas tudo estava bem:

Um maluco atravessou na frente do carro e a batida foi inevitável. Eu o levei para o hospital e ele vai ficar legal. – olhou para os estranhos – Quem é essa gente?

***

O tornozelo estava machucado devido a corrente presa a ele. O chão frio, molhado, a cama ainda feita de mola e o colchão rasgado indicavam o desprezado cativeiro. A porta de ferro abriu-se e Tony se aproximou da Senhora Cross, com uma aparência violentada.

Sua filha não está muito focada no momento, portanto, você vai precisar me fornecer outra.

Você é completamente louco e ela vai descobrir que você armou o próprio ataque contra o programa Black Wall e assassinou seus próprios colegas de trabalho!

Não seja ridícula, senhora Cross. Eu só quero derrubar a espionagem que cerca nosso país!

Hellen é inteligente e vai sacar o seu golpe. Afinal, você é o único que escapou vivo do projeto.

Ele retirou um pequeno vidro do bolso de seu casaco com algo meloso e branco dentro e disse:

Eu não fui o único que escapou com vida.

– Mas o que é isso?

O esperma do seu marido. Você acredita que aquele safado alterou o programa de acordo com a sequência de DNA dele? É por isso que Hellen é minha menina de ouro. E a senhora, vai me fornecer outra, ou eu não me chamo… Tony Florence!


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