A Liga dos Betas escrita por erico_nietto


Capítulo 2
Resgate de Mestre




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A van preta cruzou vários semáforos vermelhos. Sua fuga não teria limite. Viaturas policiais e dois helicópteros em sua cola foram motivos suficiente para não parar em hipótese alguma.
Hellen sintonizou todos os canais de TV num pequeno espaço na tela de seu computador. Sabia que em breve a notícia viria a público e acompanharia tudo com mínimos detalhes; mas embora o clima de tensão estivesse aumentando, novas cartas na manga deveriam ser usadas. Ativou seu Skype e chamou um velho amigo. Alguém especial que lhe devia um favor...

O motorista não estava confiante em sua fuga. Seus parceiros na traseira da van não estavam conseguindo extrair nenhuma informação da mulher.
- Eu não acredito que ela ainda está chorando! - resmungou um dos sequestradores.
- Eu falei pra você não matar o marido dela! Agora é que o silencio será profundo! - retrucou o motorista extremamente irritado.
- Vocês não entendem, - disse a mulher aflita - ele não era meu marido, apenas um amigo do trabalho!
- Desde quando cartel é trabalho, sua vagabunda de quinta? - gritou o motorista - Estuprem essa vadia e a joguem da van. Estou farto desses tiras atrás da gente.

O ronco do motor forçou os policiais a olharem seus retrovisores, mas nesse piscar de olhos, a hornet CB 600 já havia os ultrapassado.
- Aqui é a viatura FT 32, temos um segundo elemento não identificado na perseguição. - avisou um dos policiais.
- Estou na cola do segundo elemento. - disse uma policial ficando nervosa com a situação, pois o centro da cidade estava muito movimentado - O piloto está usando capacete e roupa preta, inclusiva uma... Uma...
- Por favor, sem gaguejar! - apelou o policial da FT 32.
- Ele está usando uma capa preta e um machado acoplado em suas costas!
- Mas essa é a descrição do "Batman" no quadrinho de 1972!
- Você está me chamando de louca?
- Aqui é da central, parem com essa discussão e derrubem esse maluco!

Enquanto isso, tendo apenas o sinal de GPS do celular de sua mãe, Hellen não tinha mais planos para executar. Nenhum canal de TV informou a perseguição no centro da cidade.

Dentro da van, a mulher resistia no chão para não ter sua roupa arrancada, embora sua blusa estivesse bem rasgada.
- Olhem esses mamilos rosadinhos! - comentou um dos cinco pervertidos.
- Me deixem em paz, seus monstros! - berrou debatendo-se toda.
- Vamos acabar logo com isso antes que eu manche minha cueca!
O barulho na traseira da van despertou a atenção de todos. A tranca da porta havia sido violada e ela se abriu para fora, revelando aquele motoqueiro misterioso.
- Mas o que esse babaca pensa que esta fazendo?
Mais um ronco do motor e a hornet pulou para dentro da van, fazendo com que cada um deles ficassem encostados na parede.
- Mas que merda é essa aí atrás? - berrou o motorista, enquanto o piloto, ainda sentado na moto, estripava seus capangas com seu afiado machado.

- Aqui é da central, alguém pode me informar o que está acontecendo?
- Central, aqui é Dinna, e acabo de presenciar o motoqueiro desconhecido entrando na van e rasgando o corpo dos sequestradores com um machado!
- Peguem esse maluco agora!

A mulher estava em choque. Havia sangue espirrado para todos os lados. Inclusive sobre seu corpo.
- Não temos muito tempo, senhora Cross.
- Mas que diabos de motoqueiro é você?
- Um velho amigo da sua filha.
Ela subiu na traseira da moto. A hornet saiu de ré e foi acelerada paralelamente à porta do motorista, que não acreditou quando viu aqueles dois:
- Eu vou achar você, sua vagabunda desgraçada!
O motoqueiro, que carregou o machado com a mão esquerda, conseguiu fincá-lo na roda dianteira, afastando-se do veículo rapidamente, do qual capotou e lançou os corpos na traseira para bem longe; alguns foram de encontro com para-brisas de carros que vinham sentido contrário da rua. Aquele acidente sucedeu-se em vários outros, impossibilitando a policia de continuar sua perseguição pela rua; e já os helicópteros, perderam o paradeiro do misterioso motoqueiro.

O sinal de GPS havia desaparecido. Hellen entrou em pânico. Temeu que o pior poderia ocorrer, mas o velho barulho daquela máquina mortal acalmou-se na frente de sua casa. Ela correu esperançosa e sorriu logo que abriu a porta da sala, vendo sua mãe, envolvida por aquela capa preta, andar em sua direção. As duas se abraçaram e o motoqueiro continuou na moto.
- Eu sinceramente... Não sei o que dizer. - disse a senhora Cross.
- Evite sair com caras do trabalho. - aconselhou o motoqueiro, sem retirar seu capacete.
- Posso ao menos ver o rosto do meu salvador?
- Talvez em outro dia. - respondeu acelerando seu brinquedinho e partindo dali feliz em completar mais uma missão.
- Esse seu amigo é muito legal.
- Vá com calma, mãe. Ele tem a minha idade.
A mulher a olhou pasma:
- Está brincando comigo, não está?
- O mundo não é o mesmo de antes, mãe; vamos entrar porque você precisa tomar um banho. Está ferida?

Depois de uma noite conturbada, Hellen acreditou que sua Segunda-feira seria tranquila como todas as outras. Mas quando agraciava um delicioso e farto café da manhã posto na mesa de mármore no centro da cozinha, ouviu o tocar da campainha. Sua mãe levantou-se da cadeira para atender, mas Hellen tomou a frente da situação. Abriu a porta e aquele senhor, vestindo um sobretudo bege, apoiando o lado direito de seu corpo sobre a bengala, disse:
- Bom dia, senhorita. Sou Tony Florence. Faço parte da ABIN. Aqui está meu cartão de identificação.
Hellen segurou o cartão magnético:
- Agente 008997? É assim que te chamam?
- Provavelmente. Sua responsável se encontra?
Hellen devolveu o cartão:
- Não sei o que deseja de nós, mas afirmo que não podemos ajudá-lo.
Quando ameaçou a fechar a porta, o homem colocou a ponta de sua bengala na frente:
- Se fizer isso, aqueles três carros preto parados na frente do seu lindo quintal de grama verde, vão ter suas portas abertas e seu amigo motoqueiro não vai estar aqui para te proteger.
Hellen engoliu seco. Deixou o homem entrar. Sua mãe veio até a porta e Tony fez questão de se apresentar. Não parecia ser perigoso.
- Por favor, sente-se. Aceita um café? - ofereceu a senhora Cross.
- Não, muito obrigado. Vim conversar diretamente com a senhora.
- Acredito que seja sobre minha filha.
- Exatamente. Ontem ela nos deu muito trabalho.
- Não precisa se preocupar quanto a isso. Estamos saindo da cidade ainda hoje.
- Não será necessário; foi difícil, mas apagamos o rastro dela. Tudo não passou de uma briga entre criminosos no meio da cidade. Notei que a senhora está bem tranquila depois do susto que levou na noite passada.

- Na verdade ainda estou tentando ajustar as coisas.
- Hellen é uma garota muito talentosa. Ontem ela provou todo seu potencial, mas por se tratar de um resgate pessoal, acabou deixando seu IP transparecer para nós. Sua filha já fez horrores na internet.
- Sei exatamente como funcionam as regras para os "hackers", embora minha filha esteja enquadrada na categoria "telespectadora".
- Mas ontem ela saiu dessa categoria e alterou dados de um sistema internacional. Conseguimos apagar o rastro, mas bastará um sopro americano para ela ser encontrada novamente.
- Vá direito ao ponto, senhor Tony. O que quer com a minha filha?
- Nossa agência, a ABIN, está saturada com tanta espionagem ocorrendo em nosso território. Portanto, precisamos que sua filha colabore conosco atribuindo o seu talento, com nossa agência.

A proposta havia sido clara. A senhora Cross sabia dos atos da filha, mesmo não entendendo muita coisa de computação e seus derivados. Depois do ocorrido na noite passada, ela sabia que precisaria de uma proteção melhor; como também sabia, que Hellen teria um futuro brilhante ao lado do governo. Em tempos como aquele, somente três orgãos garantiam segurança: ABIN, Cargo Militar e Político.

- Minha filha não é um produto que fica exposto na vitrine de uma loja.
- Exatamente. Ela é uma peça importante para continuar fazendo este país girar. Precisamos dela. Não se constrói impérios com ONG's ou pessoas que doam roupas somente uma vez por ano. Se ergue um império com líderes talentosos! E sua filha tem tudo o que o país dela precisa.
- Nos dê até o final do dia para pensar.
Tony olhou para Hellen, logo ao lado de sua mãe:
- O que tem a dizer, jovem Hellen?
- Faço das palavras da minha mãe as minhas. Não posso tomar nenhuma decisão agora.
- Respeito sua escolha. Mas lembre-se que pode ir muito além do que qualquer um em seu lugar irá.
Tony levantou-se e retirou-se do ambiente. Hellen sempre sonhou fazer parte do governo, mas não queria ser usada para algo perverso.
- Filha, sei que é coisa demais para sua cabeça, mas pense numa coisa... Seu pai foi um deles um dia. Largou tudo para casar comigo e logo depois... Ele morreu. Sei que a perícia anunciou um acidente, mas sabemos que não foi. Você pode destruir o mundo só com uma tecla e eles sabem disso. Se aceitar, não permita que eles controlem você. Está me ouvindo? Não permita que eles controlem você!


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