Annabeth olhou nos olhos de Percy, e ele fez o mesmo. Ela conseguiu sorrir.

– Então... "Annabeth, amor da minha vida... Razão da minha existência, acorde...”?

– É... Acho que Connor e Travis exageraram um pouquinho. - disse se ajoelhando ao lado dela.

– Então quer dizer, que você não ficou triste e chorou, quando eu entrei em coma Perseu?

– Não foi isso que eu quis dizer... Eu chorei sim, é verdade.

– É, da para ver. – Ela limpou as lágrimas que escorriam pelo rosto dele.

Eles sorriram.

– Estou feliz que você tenha acordado.

– Eu também. É bom estar de volta. – disse com o sorriso mais lindo que ele já vira. - Percy me ajuda? Quero me sentar.

– Claro. Mas não é melhor você tomar o néctar que o Will deixou antes de tentar se mover? Você ainda pode estar fraca.

– Tem razão. Pega para mim, por favor.

Ele pegou o cantil com o néctar e entregou a ela, que bebeu e depois o devolveu.

– Obrigada Percy. – falou, seu hálito refrescante.

– Não há de que. – ele respondeu, voltando o cantil para o chão.

– Agora, por favor, me ajuda? Eu preciso muito me sentar. Acho que já fiquei deitada por muito tempo...

– Vamos lá.

Ele a ajudou, e arrumou o travesseiro em suas costas para que ela pudesse encostar.

– Obrigada. E então o que eu perdi? Algum ataque? Algum monstro?

– Bom... – ele se sentou na beirada da poltrona. – Acho que não perdeu nada de mais.

– Você parece cansado... Percy você tem dormido?

– Não muito. Estava preocupado com você. Mal conseguia pregar os olhos à noite.

– Onde vocês estavam dormindo?

– Acho que todos usaram sacos de dormir... Daqueles de acampar, sabe? Mas esse banquinho – ele apontou para o pequeno banco de madeira onde se sentou todos os dias, para poder ficar ao lado de Annabeth. – Foi a minha cama.

– Percy...

– Eu sei o que você vai dizer. Que eu precisava ter descansado ter dormido e etc., etc., etc... Mas eu estou bem. De verdade. Ainda melhor, agora que você acordou.

Um sorriso iluminou seu rosto novamente, ao ouvir as palavras dele.

– E será que agora podemos ter aquela conversa da qual eu te falei, antes de... Você sabe.

– Claro. Eu não te disse que teríamos outra oportunidade? – disse com um sorriso torto no canto do lábio, fazendo o coração dela disparar.

– Então, você fala, ou eu falo?

– Como você quiser.

– Percy, me desculpe. Por nós... Por termos terminado. Foi uma grande besteira o que eu fiz.

Ele sorriu.

– Eu que devo te pedir desculpas. Foi a maior burrice que eu já fiz, em toda a minha vida. E você sabe que não foram poucas...

– É... É verdade... – Ela riu.

– Annabeth, tem mais uma coisa que eu preciso te dizer... Aliás, eu preciso muito te dizer isso. Desde que você se feriu, eu senti a pior dor que pode existir. Te vendo desacordada, sem poder fazer nada para que você acordasse. Então... – ele se aproximou dela. – Eu queria te pedir perdão, não só por termos terminado. Mas por ter feito você sofrer, e por não estar ao seu lado para te proteger quando você precisou de mim. Eu fui um covarde. E quero que saiba que eu também sofri muito ficando longe de você. Eu... Senti sua falta.

Ela estava à beira das lágrimas.

– Percy você não é, e nunca foi um covarde. É a pessoa mais corajosa e leal que eu já conheci. E eu também senti muito a sua falta Cabeça de Alga. - Ela disse acariciando seu rosto. Ele sorriu ao ouvi-la chamando-o daquela maneira.

Então ele se aproximou e delicadamente, a beijou. Ela explodiu por dentro. Tudo pelo que havia passado, o sofrimento por ficar longe dele; a dor excruciante que havia sentido quando fora ferida; tudo aquilo, pareceu desaparecer. E se tornar apenas um pesadelo, que havia acabado e que ela queria esquecer.

Assim como ela, o filho de Poseidon, não se sentia assim há dias. Toda a dor que vinha com a possibilidade de perdê-la, de que ela não acordaria, foram embora. Poder falar com ela, beijá-la novamente, parecia um sonho, do qual ele não queria acordar.

Eles se afastaram, e Percy colou suas testas ainda encarando a infinidade daqueles olhos cinzentos.

– Eu te amo Percy.

– Também te amo Annabeth. Sempre amei. E vou amar para sempre.