– "Conserte essa coluna garota, assim você acabará ficando torta. Você é muito dura, solte mais esse corpo para dançar. Não, não é assim! Não sei por que a Vossa Majestade insiste para você fazer aula de dança."

Tobby riu da imitação de sua amiga do professor de dança.

– Ahh! Não aguento mais todos e dizendo o que fazer e me julgando. Os únicos que não fazem isso é você e o Nick. Aurora você tem que ser uma dama. Aurora você tem que ser educada. Aurora isso. Aurora aquilo. Nunca odiei tanto o meu nome.

– Eu acho seu nome muito bonito. – Tobby falou em contra partida.

Aurora corou fortemente e deu um sorriso tímido com o canto dos lábios elevados. Realmente aquela vida não era fácil, a princesa apenas queria poder fazer o que quiser e a hora que quisesse.

– Você não deveria estar na estudando agora?

– Na verdade sim, mas eu dei uma escapada. Agora é aula de estudos orientais e a aula de dança já acabou com minha paciência. Isso não é justo, sempre fico com as aulas chatas enquanto o Nick se diverte com as aulas mais divertidas. Queria poder ter pelo menos uma aula como a dele.

– Tive uma ideia! – Tobby pegou sua delicada mão e puxou ela em direção aos estábulos.

A garota tentou subir em seu cavalo, mas perdeu o equilíbrio e quase caiu no chão, porem como sempre atento Tobby a pegou antes que caísse. Aurora corou novamente. O garoto a ajudou a subir e depois montou em um outro cavalo.

– Me siga princesa. – e Tobby começou a correr em direção ao bosque mais perto.

Os dois amarraram os cavalos em um tronco caído para que eles não fugissem. O lugar ficava no começo do bosque, onde os raios de sol penetravam a floresta através das folhas das árvores. Um pouco mais a frente tinha a nascente de um rio que cortava os bosques do palácio. O ar era úmido e o local cheirava a madeira misturado com o leve aroma de flores que só podiam ser encontradas naquele local.

– O que estamos fazendo aqui Tobby ?

– Precisávamos de um lugar mais reservado.

O menino aproximou cuidadosamente de Aurora, mantendo seu rosto a poucos centímetros do dela. A princesa sentiu suas bochechas ficando quente, sabia que iria corar novamente. Mas ele não avançou, apenas se ajoelhou aos seus pés.

– O que você está fazendo Tobby?

Tobby não respondeu, mas se levantou e dessa vez segurando dois gravetos finos e comprido que recolheu do chão.

– Você disse que queria ter as mesmas aulas que seu irmão e eu vou te ajudar. – ele falou entregando o graveto para ela.

– Sério?!

– Aham. Começando com esgrima. – Tobby entregou o graveto em suas mãos.

Os dois começaram a duelar, fantasiando que os simples pedaços de madeira eram duas espadas. Tobby a ensinava os golpes em que aprendera com seu pai a tempos atras. Eles ficaram um tempo assim, até que o garoto falou:

– Agora que você já aprendeu os movimentos básicos, vamos duelar de verdade.

– Já não estávamos fazendo isso?

– Não princesinha, agora sim vou te mostrar como é que se luta de verdade.

– Quero ver, vou acabar com você antes mesmo de você pensar em dizer algo.

– Hahaha, quero ver!

Nicolas entrou no quarto depois de voltar da reunião com o Primeiro Ministro Brasileiro. Sua mãe, com seu grande poder de persuasão conseguiu convencer os ministros a remarcarem a reunião para esse dia. Acabou sendo extremamente desgastante, mas deu tudo certo no final.

Ao adentrar seus aposentos, escutou uma linda voz rouca e sensual, porem na medida certa para encanta-lo. Percebeu que ela melodia vinha de seu closet que estava com as portas abertas. Quando parou na porta viu Amma guardando suas roupas já dobrada e cantarolando enquanto trabalhava.

– Amma, você é uma cinco por acaso? – ele perguntou entrando ainda mais no lugar apertado, encurralando a garota que virou para ele espantada.

– Desculpe senhor, não vi que entrou nos aposentos.

– Faça o favor responder minha pergunta.

– Não senhor, sou uma seis, a casta dos criados.

– Então por que você está cantando e não fazendo o seu trabalho?

– Desculpe senhor, só estava passando o tempo.

– Então faça o favor de fazer isso em silêncio. Você me perturba cantando desse jeito.

O príncipe saiu do closet e se jogou em sua cama, morto de cansaço.

O duelo já estava tenso, “espadas” chocavam-se uma contra outra, fazendo com que lascas soltassem do graveto. Aurora começou a bater com mais força e Tobby foi recuando para mais perto da nascente. Ele desviou de um golpe de menina e contra-atacou, encostando a ponta do graveto em sua barriga. A princesa recuou um passo, mas acabou perdendo o equilíbrio com o seu vestido preso entre duas pedras. Não deu tempo de seu amigo apanha-la, ela caiu de costa na nascente.

– Aurora! Me desculpe, foi tudo minha...

– Não, você não tem culpa, é esse vestido idiota que me fez cair.

– Você está bem?

– Sim Tobby, me ajude a levantar.

Tobby pegou em sua mão e a puxou de um vez. Seu vestido que estava preso na pedra rasgou até o joelho, fazendo com que sua perna direita ficasse exposta.

– Droga! O que vou fazer? Minha mãe vai me matar.

– Mas Aurora você tem tantos vestidos porque sua mãe iria ligar para um que sumisse ?

– Por que esse vestido foi da minha mãe. Ela não gosta que eu use ele principalmente fora do palácio.

– Então porque esta com ele?

– Isso não vem ao caso agora.

– E o que você vai fazer?

– Não faço a menor ideia.

– Uma de suas criadas não pode costurar para você?

– Elas vão contar para minha mãe. A não ser que o Nick me ajude.

– Mas você vai ter que explicar o que estava fazendo e ele vai querer que você pare...