Herança escrita por Janus


Capítulo 80
Capítulo 80




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 O grito de Sohar e em seguida a destruição do general klartiano causou uma pequena pausa para Prismey. Esta decidiu tentar fazer o mesmo e desaparecer dali. Mas sentiu uma rajada de energia acertá-la pelas costas.

 Sailor Terra!

 Ela girou o corpo e a viu ali voando para cima novamente. Desta vez estendeu suas mãos e a puxou com gravidade contra si. Ela tentou acertar-lhe um soco no rosto quando chegou. Quase conseguiu. Prismey moveu o rosto para se esquivar e virando a sailor envolveu seus braços ao redor de seu pescoço, pressionando-o com uma força que se fosse contra outra sailor teria arrancado a cabeça dela.

 - Já chega – gritou ela para as outras que ameaçaram se aproximar mas então pararam ao ver como estava a companheira – Quero todas vocês se afastando e deixando meus zangões saírem pelo portal agora.

 Ela flutuou com a sailor firme em seus braços e parou acima do portal. Foi quando notou que quase nenhuma criatura saía mais deste. Mas o que estava acontecendo agora?

 - Jother – disse ela em voz baixa, de forma que apenas Terra poderia ouvi-la – o que houve com os zangões?

 Ela aguardou enquanto observava as sailors indecisas sobre o que fazer.

 - Deixe-a em paz – ouviu uma voz acima dela. Não precisava olhar para saber quem seria. Hefesto já tinha partido e ela com certeza viu o que tinha ocorrido.

 - Majestade – disse ela com um sorriso – no momento sou eu quem pode fazer exigências.

 - Eu não diria isso – disse Titã se aproximando lentamente e ficando a uma distancia de dez metros – tenho certeza que deve reconhecer isto aqui na minha mão...

 Ela olhou, mas não podia ver desta distancia. Seria um truque tolo e infantil? Espere... ela podia sentir.. era um fragmento!

 - Dê-me isso! – gritou ela com raiva.

 - Hum... – ela estava com uma expressão divertida – considerando o trabalho que tiveram para pegar isso eu aposto que é muito, mas muito valioso para vocês... E apesar de eu não ter uma força que se compare a sua, eu acho que esse pequeno cristal vai virar pó se eu pressionar os meus dedos...

 - Faça isso – seu olhar era quase o de uma pessoa fanática – e eu arranco a cabeça de sua amiga. Entregue-me isso agora!

 A sailor a observou bem e sorriu levemente.

 - Se eu conheço bem a minha amiga – ela começou a andar para trás – ela não vai deixar nós tomarmos uma decisão a respeito dela...

 Ficou um pouco confusa, até ver as mãos da sailor irem para a sua nuca e a pressionarem. Em seguida sentiu o poder dela fluindo pelas mãos e acertando seu pescoço, causando uma grande dor. Por instinto, ela pressionou mais os braços, torcendo mais ainda o pescoço da sailor.

 - Não! – gritou longamente a malviana que estava um pouco distante. E neste momento, tudo ficou definitivamente fora de controle.

 Por séculos Prismey desenvolveu a capacidade de perceber a energia dos seres. Não só energia, mas o tipo da mesma. A sailor em seus braços uma tinha energia única. Mas quando aquela criança gritou, algo mudou. Primeiro foi a própria malviana. Um brilho saiu de seu peito e sua energia mudou imediatamente.

 Uma energia que ela não percebia fazia muito tempo.

 Em seguida foi a sailor em seus braços e a princesa mais distante. Ambas brilharam em ressonância com a malviana.

 O que veio a seguir deixou a todos, sem exceção sem meios de agir. O broche de sailor Terra e o broche de sailor Moon se abriram ao mesmo tempo, e uma esfera de luz saiu de ambos em direção a luz que brilhava na frente da malviana, mas não foi só isso. No momento em que estas esferas partiram, a sailor Moon perdeu seus poderes, retornando a forma da princesa, e sailor Terra...

 Bem, ela também perdeu seus poderes. Na hora Prismey imaginou que seu pescoço seria partido bem como sua cabeça esmagada pelos seus braços. Mas não... Ela sentiu duas coisas ao mesmo tempo. A malviana agora emanava um poder solariano, e a cativa em seus braços uma força joviana. E a energia que antes sentia violentamente em sua nuca agora tornou-se outra coisa...

 Eletricidade!

 Eletricidade em um nível muito poderoso. A adolescente em seus braços não tinha se transformado em humana como ocorria antes. Ela transformou-se no que sempre foi e que estava eclipsado pelos poderes elementais do planeta.

 Uma joviana. Uma joviana que por séculos cresceu controlando um poder e uma força fora do comum. Um poder e força que não foram de nascença, mas quase que impostos a ela. Um poder que agora tinha sido removido, deixando toda a sua habilidade joviana livre. Livre para eletrocutá-la de tal forma que perdeu o controle de seus músculos e a soltou, deixando-a cair no portal aberto logo abaixo.

 Quanto a malviana...

 Houve uma explosão de luz e fogo onde ela estava e então... Não era mais uma adolescente malviana ali. Era...

 Joynah.

 A rainha Joynah.

 A mãe de Solaris...

 A amazona estelar do Sol!

 Estava com os dentes rangendo de ódio. Como ela podia estar ali? Tinha morrido eras antes. Como poderia fazer isso? Como poderia deixar sua essência no corpo de alguém que nem era nascido na época em que morreu?

  

 

 Artemis cambaleava pelos corredores do castelo. Sabia que tinha sido atingido pelas costas por alguma coisa, mas nem fazia idéia do que. Foi seguindo um pouco sem rumo até chegar a uma janela deste com visão para os jardins. E viu a cena que se descortinava ali. Um grande circulo negro no chão, um mulher flutuando acima deste, muitas sailors a frente desta e a sua soberana flutuando um pouco acima. E mais a direita, uma mulher com asas de fogo!

 Piscou os olhos diversas vezes para tentar entender o que estava vendo. E surpreso sentiu-se ser amparado por alguém, quando viu quem era ficou relaxado. Era Orion.

 - Minha esposa... – comentou ele em uma fala fraca e arrastada.

 - Na ala médica. Está se recuperando e fora de perigo. É a sua vez agora. Vocês dois foram pegos na luta entre a rainha e um invasor. Pelo que vi dos registros ela o lançou para fora do castelo quando percebeu que todos aqui dentro corriam perigo. Você e Luna foram pegos na onda de choque entre eles.

 Ele anuiu e se deixou levar. Uma mulher sozinha não seria páreo para a rainha e todas as sailors juntas. Foi com ele sem ficar muito preocupado.

  

 

 Na sala onde se viram encurralados por centenas de criaturas as crianças ainda destruíam tudo o que era possível, mas não era o suficiente. Muitas ainda atravessavam o portal negro que estava no teto. Mas abriram um espaço no centro deste onde se alinharam em circulo, cada um destruindo um grupo de criaturas, mantendo o espaço mais ou menos estável.

 Mas estavam se cansando e parecia que aquelas coisas não tinham mais fim. Foi quando do alto caiu mais um visitante no local.

 - Joynah? – murmurou Calisto.

 Alguma coisa estava errada com ela. Seus olhos faiscavam eletricidade, e o mesmo ocorria com sua pele. Ela também parecia confusa, não entendendo o que estava acontencendo.

 A distração de Calisto fez com que a parte que ela estava cuidando de destruir as criaturas ficasse sem ataques, o que as deixou se aproximarem mais. Ainda desnorteada, Joynah tentou usar seu megaraio nelas, mas em vez disso saiu um relâmpago extremamente poderoso, que não só destruiu este conjunto de criaturas como conseguiu fazer o que os poderes das outras não conseguiram. Destruiu todas as criaturas até um dos painéis onde elas eram ejetadas, destruindo o painel e causando uma forte explosão que estremeceu o lugar.

 Como esta sala era bem maior que a outra em que Maya tinha feito coisa similar, eles não receberam um grande impacto da onda de choque, e continuaram a destruir as criaturas. Mas Maya olhou para Joynah e ficou muito impressionada. Seu poder era quase igual ao de Arashi, o seu irmão.

 Mas desde quando ela tinha poderes elétricos? E porque seus olhos... essa não... ela não estava controlando seu poder.

 - Joynah – disse Calisto aproveitando que agora pelo menos uma parte da sala não era mais invadida por criaturas – o que houve contigo?

 - Eu não sei – respondeu ela com os olhos bem abertos. Faíscas dançavam pelas orbitas destes, dando a impressão que seu poder podia ser talvez maior que o da mãe delas.

 - Ela não sabe controlar isso – disse Maya se aproximando – Joynah, concentre-se, não é diferente do seu poder de sailor. Apenas sinta isso e o manipule. Deixe-o dentro de você...

 Ficou muda quando ela se ergueu e abriu os braços. Um arco elétrico se formou ao seu redor, e em seguida se concentrou em suas mãos.

 - É igual ao que eu fazia antes, mas sinto que é muito mais intenso. O que houve comigo?

 Ela lançou aquele arco como se fosse suas bolas um-dois. Causando nova destruição em outra parede. Com a súbita redução de criaturas, os outros começaram a destruir mais e mais destas, sendo que agora praticamente nenhuma saia pelo portal acima. Em mais alguns momentos, todos os painéis estavam sendo atingidos e destruídos, eliminando definitivamente a invasão das criaturas.

 Maya se aproximou da prima quando todos começaram a respirar mais aliviados. Estavam mesmo ficando exaustos.

 - Joynah – Maya tocava seu ombro, dando-lhe segurança – esse poder é o natural de nossa raça. Apenas relaxe e o deixe fluir dentro de si. Não o trate como algo estranho.

 Ela a olhava, mas ainda parecia confusa. Qualquer um ficaria naquela situação.

  

 

 Do lado de fora, Prismey encarava a amazona do Sol, praticamente ignorando tudo ao seu redor. Estava quase alucinada com tudo aquilo. Tudo tinha ficado fora de controle e seu plano meticuloso estava ameaçado.

 - Já faz muito tempo Prismey – disse a mulher em quem Diana tinha se transformado. Nas suas costas haviam grandes asas feitas de fogo, sua roupa era similar a de Prismey, com detalhes em vermelho e dourado. Na sua testa havia um tipo de tiara prateada, e seus olhos brilhavam como fogo – pensei que seria uma boa rainha.

 - Eu fui – disse ela com ódio na voz – vendi minha alma para salvar meu povo.

 Em seguida partiu rumo a amazona, apenas para ver esta girar e lançar algo de suas mãos que a atingiu na barriga e a arremessou para o chão, fazendo-a rolar e abrir um rastro no jardim palaciano.

 Ela se ergueu pronta para enviar uma onda de gravidade, mas novamente foi jogada ao chão abrindo outro rastro. Desta vez o ataque tinha sido da rainha.

 Estava dolorida e ferida, mas ainda podia se vingar.

 - Jother... uma joviana entrou no portal. Mate-a. Vou sair daqui assim que possível.

 “- Não tenho como fazer isso – disse ele respondendo”

 - Não consegue cuidar de uma adolescente joviana?

 “- De uma adolescente joviana sim, mas de quatro jovianas, dois marcianos, uma venusiana e um youma, você está brincando, não é? Além disso o depósito está condenado, uma grande frota está vindo para cá e não há tempo para mover isso daqui. Mesmo porque os danos na estrutura que estas crianças fizeram tornam impossível movimentá-lo. E se não reparou não há mais zangões para enviar. Elas destruíram todas as ejetoras. Estou partindo com a cápsula de fuga.”

 Condenado? Tinham quase cento e cinqüenta bilhões de zangões lá e ele estava condenado? Todo o seu exército? Destruído por crianças? Crianças?

 Ficou distraída por alguns instantes, instantes que permitiram que a amazona solar e Júpiter se aproximassem. As outras estavam saindo do torpor da transformação da malviana e se aproximavam.

 Bloqueou o ataque da sailor Júpiter e girou o corpo atingindo em cheio a amazona do Sol na barriga. Não... não por crianças... Crianças nunca poderiam fazer isso.

 Mas as sailors lunares sim.

 De novo!

 Pela segunda vez elas destruíram o seu exercito!

 Ficar ali seria suicídio. A rainha se aproximava, e as outras sailors também. Foi quando ela viu do portal que ainda estava ativo saírem várias sailors e mais alguns outros. Estes ainda no salto que tinham dado para sair pelo portal estavam lançando todos os seus poderes neste. Faíscas e jatos de fogo saiam do portal agora, e logo em seguida o mesmo se fechou.

 Acabou! Conseguiram quase todos os cristais e perderam seu exercito. Bem como um dos seus. Era hora de partir.

 Resignada ela flutuou para cima e fixou o olhar na sailor Titã.

 - Guarde minhas palavras Titã, nunca mais iremos subestimar as lunares. Pela segunda vez vocês destruíram meu exercito, e isto não irá ficar impune como da primeira vez.

 Dito isso, um circulo negro surge acima de sua cabeça e ela o atravessa. O circulo de fecha instantes antes da rainha ou da amazona do Sol o alcançar. Esta ficou observando por algum tempo o local onde Prismey desaparecera, com uma expressão de tristeza na face.

 Titã relaxou os músculos e respirou mais pausadamente. Agora podia se dar ao luxo de avaliar como seu corpo estava depois de suportar o golpe dela. Seu antebraço estava ficando levemente roxo, mas estava bem. Podia mover os músculos sem grandes problemas. No entanto, ficou pensando no que ela disse de ser a segunda vez  que as lunares  destruíam seu exército. A primeira vez deveria ter sido com as suas antecessoras. De qualquer forma, ela tinha fugido, e sem dúvida iria querer vingança da próxima vez.

  

 

 

 Júpiter estava olhando seu marido preocupada. Mercúrio já estava chegando com o mesmo soro que tinha aplicado em sailor Saturno. Isso deveria curá-lo. Ela também estava preocupada com a filha, mas fora ela parecer-se com um fio desencapado soltando faíscas sem parar, parecia estar bem.

 Meio que sem perceber, elas se agruparam onde antes estava o grande portal. A distancia já se podia ouvir algumas pessoas comemorando.

 - Amazona do Sol? – comentou a rainha a observando e com um sorriso demonstrando sua confusão.

 - Perdoe-me. Mas Diana não estava preparada para usar o poder de meu broche. Precisei me apoderar do poder que você tinha deixado naqueles outros dois para estabilizá-lo a semente estelar dela. Logo Diana irá voltar, esse resquício de minha forma irá desaparecer para sempre depois. Mas estou feliz de poder ter te conhecido... sabe... seu sorriso é igual ao de seu pai...

 A rainha também sorriu de forma amável, compreendendo algo.

 - Vovó? – murmurou ela levemente.

 A amazona apenas assentiu levemente com a cabeça, gerando alguns murmúrios entre os que ouviram a pergunta. Em seguida ela flutuou até sailor Júpiter que amparava Sohar com a cabeça em suas pernas.

 - Minha filha?

 Todos se viraram para a origem da voz. Era Luna. Estava com algumas ataduras e curativos, e claramente desesperada para achar a filha. Ao seu lado segurando a sua mão estava a pequena princesa que tinha encontrado pelo caminho.

 - Ela está aqui – disse a amazona do Sol pousando na sua frente e sorrindo – ela é bem mais do que muitos imaginam.

 Luna parecia confusa, não entendendo.

 - Espere! Você disse que se apropriou dos poderes de minha mãe que estavam no meu broche?

 - Sim, princesa – respondeu sorrindo.

 - Então não me transformo com o meu poder?

 - Não é o seu poder que você utiliza para se transformar. Não ainda. Mas isso mudará em breve.

 - E quanto a Joynah? – Ariel observava a amiga ainda faiscando pelos olhos e pela pele.

 Antes de responder ela olhou para baixo, como se sentisse um certo pesar.

 - Ela está agora como deveria ter nascido. Uma joviana. O poder que retirei de seu broche apenas retira a sua conexão com os elementais. Quando eu fiz isso o seu verdadeiro poder ficou livre. Mas quando eu me for ela voltará a ser exatamente o que era. Até o dia em que terá de escolher.

 - Mas...

 - Não tenho mais tempo – ela se voltou para Júpiter que estava cuidando de seu marido. Olhou para este e com um doce sorriso tocou o seu ombro. Ambos brilharam por alguns instantes e ela apenas disse - ele vai ficar bem.

 Logo em seguida se aproximou dela.

 - Obrigada pelas netas lindas que você me deu – murmurou ela em seu ouvido – e, agradeça o meu filho por ter batizado uma o meu nome.

 Júpiter ficou chocada com aquilo. Não sabia o que fazer, muito menos o que dizer. Ela se afastou com um olhar triste, e olhou para ela. Para todos eles, na verdade. Uma lágrima saiu de seus olhos. Logo depois, a Amazona Estelar começou a... encolher, ao mesmo tempo em que brilhava. Seu broche afastou-se flutuando de seu peito e se abriu, emitindo duas luzes brilhantes que foram, cada qual, para os broches de Joynah e Serena. Imediatamente, as duas voltaram a virar sailors.

 Perdoem-me por me apoderar de seus poderes, mas Diana ainda não tinha meios de usar o poder de uma guerreira estelar. Um dia, ela poderá evoluir para o seu potencial máximo. Por enquanto, eu só posso deixar a ela o mesmo dom de vocês. Ela será uma sailor também. Diana, você é agora a sailor Sol. Adeus...

 O Brilho sumiu, e agora Diana – a velha e conhecida forma de Diana - olhava para eles, um tanto confusa. Ela olhou para o seu corpo e sorriu, quase que de alegria. Duas asas de fogo brilharam nas suas costas e ela começou a voar. Estava se divertindo muito.

 - Joynah... dá para trazer ela aqui para baixo?

 - Estou indo – disse ela voando e a pegando pela nuca.

 - Ah não! Me solta! – dizia ela esperneando.

 - Aqui está – disse ela trazendo a Sailor Sol na marra - Calma menina! Você sabe o que aconteceu contigo?

 - Claro – disse ela – o espírito da guerreira estelar se apoderou de meu corpo e de seus poderes para enfrentar aquela bruxa. E eu sou a sailor Sol. O que acharam?

 Ela deu um pequeno rodopio, para se exibir. Logo depois, sua roupa começou a brilhar e a mudar de forma, assumindo o formato de uma roupa de sailor.

 - Mas... mas... que droga!!! – disse ela.

 - O que aconteceu?

 - Foi o último presente dela – respondeu a rainha – deu a ela o poder de uma sailor, provavelmente porque como teve de antecipar a sua transformação, era a única forma de evitar que o cristal de diamante se desintegrasse.

 - Droga, droga, droga!

 - Calma filha – disse Luna a abraçando por trás – você lembra do que ela disse? Com o tempo pode se desenvolver e ter todas as capacidades que demonstrou antes.

 - Não é isso...

 - E o que é, então?

 - É que... eu tinha gostado daquela roupa...

 - Ah, minha filha – Luna a apertou com força – é você mesma...

 - Mãe... estou ficando encabulada...

 Júpiter apenas permanecia observando Diana com a mão esquerda apertada na mão de seu marido. Tinha conseguido realizar um antigo sonho, desde a época em que tinha conhecido Sohar. Ela finalmente conheceu a aparência de sua sogra...

 - Sohar – disse ela o abraçando e ficando ao seu lado – você... você é o tio da rainha Serena, não é verdade?

 - Sou – respondeu ele no mesmo tom, com um quase sorriso.

 - Quem diria... – murmurou ela - e o que faremos agora? O broche estelar não criou a guerreira suprema que sailor Saturno tanto profetizou. Nem foi para nenhum herdeiro esperado. Na verdade, Diana entrou de gatuna – belo trocadilho! – na história.

 - Que tal me levar para o hospital? Minhas costas estão ardendo!

 - Amy está chegando, seu chorão... – ela sorriu – ela decide o que vamos fazer contigo.

 Apesar de tudo, estavam sentindo que era hora de comemorar, bem como suspirar, pois agora havia uma nova júnior para ser treinada.

 Quer dizer, uma nova lunar senshi.

 Ou seria a primeira solar senshi?

  

 

 Já era tarde da noite quando Sohar e Lita retornaram da enfermaria para a sala do trono. A maioria das sailors já estava indo para suas casas após uma exame pela cidade para verificar se o ataque tinha realmente terminado. Apenas Miranda e Vênus estavam ainda no castelo verificando algumas coisas.

 Havia um grande buraco no teto e no piso da sala do trono que tinha sido feito quando um dos generais atravessou todo o castelo rumo ao subsolo. A rainha ainda digeria as informações coletadas. O saldo positivo era a cidade estar a salvo e ninguém ter ficado gravemente ferido. Também houve o relato de seu marido referente ao ataque contra a suposta base dos generais. Esta fora completamente destruída. Submarinos da China agora estavam a caminho para explorar os destroços, ao passo que o rei estava retornando. Deveria estar nos braços dele no meio da madrugada. Dois generais foram destruídos – Amy não acreditou no relato de Haruka – e ainda teve o brinde de conhecer a sua avó paterna.

 A parte negativa era que aparentemente os generais conseguiram o que queriam, vários cristais debaixo e na cercanias do castelo, com exceção de um – que agora estava muito bem seguro no laboratório de Orion. Além disso, a ameaça de Prismey diretamente a sailor Titã a preocupava.

 - Tudo bem com o senhor – ela fez uma pausa e sorriu divertida – tio?

 - Não começa – respondeu ele fazendo uma cara feia – minhas costas ainda estão doendo. Imagino o que Hotaru sofreu com aquelas feridas – em seguida olhou para a sua esposa – porque acho que foi você quem contou para ela?

 - Bom, sou sua esposa, isso faz de mim tia dela também, não? – e riu divertida.

 Olhou para ele e para a esposa do mesmo ao lado. Esta parecia feliz pela família estar bem. Hum... LIta então era sua tia agora? Sorriu levemente com o pensamento mas achou melhor guardar isso para si. Vivera um milênio sem saber daquilo, não haveria problemas em continuar da forma antiga. Mas cuidaria de lembrá-lo que era seu tio ocasionalmente.

 - Joynah está bem agora, sem nenhuma seqüela do que houve. No entanto fiquei pensando... - olhou para ambos seriamente – eu posso fazer o mesmo que a Amazona do Sol fez, deixar sua filha com os poderes naturais. Apesar de não entender ainda como os poderes elementais da Terra se fundiram a ela em primeiro lugar.

 - Acho que ela quem deve decidir isso – começou Sohar – minha mãe poderia ter deixado seu poder com ela, mas preferiu não fazê-lo. Talvez por saber de algo que ainda não compreendemos bem. Seja como for, o broche da sailor Terra a escolheu, deve haver um motivo para isso.

 - Entendo – respondeu ela fechando os olhos como se sentisse pena – talvez seja melhor assim. Mas é melhor a avisarem de que se ela ficar longe do broche, isso irá acontecer de novo. Eu liguei aqueles poderes ao broche, mas nunca imaginei que não eram naturais para ela.

 - Eu avisarei – disse Lita pensando um pouco no assunto – mas isso quer dizer que ela pode ser uma pessoa normal, a sailor Terra e também ter aqueles poderes elétricos caso deixe o broche em casa por exemplo?

 - E uma força enorme – completou Sohar – talvez o dobro do que tem hoje.

 - Haruka vai se morder de inveja – Lita sorriu divertida.

 Os três ouviram passos e observaram sailor Vênus seguida da filha entrarem na sala do trono. Esta parou embaixo do buraco no teto e observou aquilo com certa tristeza.

 - Orion ainda não mandou robôs consertarem isso aqui? – perguntou ela.

 - Eles estão ocupados com as paredes exteriores agora. Vai levar três dias para terminar todos os reparos – respondeu a rainha – posso saber o que vocês duas estão fazendo ainda aqui? – perguntou ela agora mais relaxada – Já recebi todos os relatórios.

 - Na verdade, eu estava conversando com Sumire, acalmando-a um pouco sobre tudo o que houve. E vim aqui para fazer dois anúncios, e é bom que vocês também estejam aqui – disse se dirigindo a Lita e Sohar – primeiro, quero dar esta medalha de mérito para minha filha pela sua ação excepcional hoje.

 Era um pequeno botão retangular pouco maior que uma unha. Miranda pegou o objeto e sorria de forma embaraçada. Certamente não esperava por aquilo.

 - Reconheço que fiquei surpresa – disse a rainha batendo palmas para ela – nunca teríamos destruído a base inimiga se vocês não estivessem lá para nos dar a localização.

 - Obrigada, Magestade – ela estava corada, e um pouco confusa sobre onde colocar aquilo. Seu uniforme não tinha assim um lugar pratico para esse tipo de coisa.

 - Vamos colocar em um quadro em casa filha, do lado do que eu tenho com algumas medalhas que nossa soberano me deu. E agora o segundo anuncio: - ela ficou séria e reverteu a transformação – Como sailor Vênus eu premiei a sailor Miranda pelos seus atos, e agora como mãe vou te dar um castigo por não ter obedecido ordens, ter ido ao lugar mais perigoso possível mais de pirraça e por outras coisas que descobri depois de conversar com suas amigas.

 - Castigo?! – disse ela com os olhos arregalados.

 - Exatamente. Lita, eu gostaria que minha filha trabalhasse de auxiliar no seu restaurante por três meses. Sem remuneração, ou se quiser pagar algo, ela não poderá movimentar o dinheiro até o fim deste período.

 - O que? – Miranda estava incrédula – eu ajudo a destruir o inimigo e sou castigada ainda por cima?

 - Não é por isso que estou te castigando! Você é uma safada que fica dando em cima de todos os rapazes e já esta ficando com uma reputação daquelas. E ainda me deixa um recado daqueles no seu visor... “estou ocupada em um pega-pega” – fez ela com tom de desdém – acho que assim você não vai mais ter tanto tempo para ficar saindo por ai.

 - Então é por isso?: - ela cruzou os braços – só porque tenho uma paquera e dois pega-pegas por semana vai me arrumar um emprego para eu ter menos tempo disponível?

 - É exatamente.... – os olhos de Mina ficaram incrivelmente abertos – DOIS PEGA-PEGAS POR SEMANA?

 A rainha se esforçava para não rir.

 - Não sabia? – perguntou com um olhar incrivelmente inocente – geralmente me contento com um, mas os últimos rapazes são tão hábeis que...

 - Lita, pode ser por seis meses? – perguntou olhando para a amiga com o rosto quase implorando – eu pago!

 - Claro! – ela ria divertida – e Rita, aconselho você a ficar quieta.

 A jovem sailor apenas ficou emburrada. Mas foi prudente para ficar calada.

  

 

 - Ai a sailor Miranda literalmente destruiu a sala inteira e mais outros andares acima e abaixo com aquele poder impressionante...

 - Maya. Já disse para calar a boca. Não estou interessada!

 - Ciúmes porque euzinha atuei junto com as sailors e fiquei lutando na base dos generais?

 Sumire rangeu os dentes e olhou para o painel indicando que seu vôo iria ser em mais meia hora. Já tinha sido uma surpresa e uma grande irritação a sailor Vênus lhe comunicar as ações de Maya durante o ataque do dia anterior. Mais ainda por saber que Maya recebera uma medalha – medalha? – das mãos de sailor Vênus por atos de bravura – isso era castigo divino, tinha que ser – mas o pior foi o seu namorado – talvez seja ex-namorado em breve deste jeito – ficar perguntando em detalhes o que tinha acontecido, e a mesma não poupar detalhes.

 - Não é ciúmes – rosnou para ela – apenas não estou interessada.

 - Espera eu me tornar a sailor Plutão, ai você vai...

 - Porque ser a sailor Plultão?  - explodiu ela – porque não ser a Pluto Pirate Knight?

 - Gosto mais da mini-saia preta da tia do que do colante da minha mãe – respondeu ela de forma lasciva.

 Sumire fechou a boca e quase mordeu a língua quando tentou controlar a raiva. Pelo menos o youma fujão estava com eles, e voltaria para os pais. Provavelmente iria voltar a Tóquio de Cristal, mas com certeza iria demorar um pouco. Ele causou muitos problemas nesta fuga. Olhou para ele sentando duas cadeiras ao lado de Maya e reparou em como estava distante e levemente triste. Ficou a manhã inteira se despedindo dos amigos e não conseguindo dizer quando ou se iria voltar. Ela própria precisou segurar as lágrimas.

 Seja como for, ele voltaria com eles. Missão cumprida! Pena que acabou sendo cumprida por Maya. Iria ouvir um monte de usa irmã por isso...

  

 

 Uma semana depois tudo parecia que tinha voltado ao normal. Os danos da cidade já estavam reparados, a grande nave que tinha caído no parque do lago tinha sido removida e a única coisa que ainda estava lá que lembrava do incidente eram alguns robôs jardineiros cuidando do terreno que tinha ficado com muitos sulcos e algumas crateras quando aquilo caiu ali. Mais alguns dias e tudo seria apagado.

 Pelo menos fisicamente. O castelo já estava também com sua estrutura recuperada, faltando ainda recuperar parte de sua infraestrutura interna.

 Mas havia algumas diferenças.. diferenças que não iriam ser esquecidas tão cedo. As sailors eram comentadas novamente. Não só elas, mas as novas sailors. Eram as novas heroínas, pelo menos para muitos adolescentes das escolas que não paravam de contar os feitos delas e logicamente, os exageravam um pouco.

 Mas elas contudo não estavam muito preocupadas agora. Sentiam um certo orgulho quando ouviam outros comentando sobre o que viram ou pensaram que viram – incrível como a mente humana consegue criar eventos que realmente não existiram – mas no momento elas apenas queriam encerrar o belo domingo revivendo o piquenique semanal que tinham depois dos treinos de sábado. Quando os treinos pararam, aquele pequeno evento que por dois anos foi rotina para eles tinha sido esquecido.

 Todos avançaram para a cesta de lanches e pegaram aqueles salgados deliciosos. Iriam ser postos a venda em breve nas barraquinhas do megaparque pelas três cozinheiras adolescentes, mas como era uma comemoração, estavam experimentando os mesmos alguns dias antes.

 Rita comia seu salgadinho, mas parecia ter os olhos fixos no horizonte, onde o Sol estava se pondo. Joynah e Serena relaxavam deitadas ao lado dos respectivos namorados, e logicamente havia muita conversa entre todos.

 - Vai chamar Diana de “maninha” também? – perguntou Suzie com um sorriso de malandra.

 - Nem comece! – Anne olhou para Diana que parecia ter adorado a idéia – já foi um choque daqueles descobrir aquela caminha de gatos que minhas mães colocaram no meu quarto. Sempre quis ter um gatinho e elas falaram que daquela vez talvez meu sonho se realizasse. Nem queira saber o que eu disse quando vi Diana entrando com uma mala cheia de roupas e então acabei descobrindo que minha mamãe Haruka fez a cabeça de Luna para que ela treinasse a filha como sailor.

 - Hum – Suzette sorriu – foi “droga, bosta, que merda?”

 - Foi sim – disse Diana – ela sempre fala isso. Ainda está chateada?

 - Não muito – Anne cruzou os braços e não conseguiu evitar de rir – mas foi sacanagem decidirem que você ficaria no meu quarto. Sua gatuna ladra de heranças!

 Todos riram um pouco daquilo. Diana ser a herdeira da Amazona do Sol era realmente difícil de entender.

 - Só falta ela ser uma rainha também. “A herdeira do trono do Sol.”

 Rita virou-se para elas e parecia um pouco confusa.

 - Pois é – disse Allete pegando outro salgado – ela não podia ser uma mera sailor lunar... tinha que ser uma sailor solar.

 - Fazer o que? Melhor chamarmos um advogado para ver se ela estava com a sanidade boa para escolher Diana de herdeira – continuou Suzette.

 - Qual o problema de eu ser a herdeira dela? – quis saber Diana um pouco ofendida.

 - Pessoal – chamou Rita um pouco séria – acho que vocês não entenderam a verdadeira herança da Amazona do Sol.

 Houve um silencio geral na conversa deles quando ela disse aquilo. A voz dela... a forma de falar estava um tanto diferente. Quase como se fosse outra pessoa falando aquilo.

 - Porque acha isso?

 Ela tornou a observar o pôr do Sol e sorriu levemente.

 - Já esta olhando para o Sol por quase meia hora – disse Marina bufando – o que há de tão especial nele?

 Ela não respondeu, mas continuou sorrindo. Um sorriso simpático e sereno.

 - Diana não é a herdeira do poder da Amazona do Sol, assim como não sou a herdeira da antiga sailor Miranda...

 - Olha... me enganou – disse agora Joynah se distraindo um pouco dos lábios do namorado.

 - Vocês não entenderam ainda... acham que fomos escolhidas como herdeiras? Ou meramente como sucessoras? – a voz dela estava firme, seus olhos duros mas não inquiridores – acreditam mesmo que na época delas, eram herdeiras o que elas escolhiam?

 - Bom – Anne estava pensativa – pelo menos somos suas sucessoras.

 - Somos mais que isso – disse Rita agora parecendo mais alegre – somos a esperança delas. A esperança da continuidade do que foi iniciado quando a primeira sailor lunar foi escolhida.

 Estavam ficando confusos. Do que Rita estava falando?

 - Rita...

 Ela continuou a falar, ignorando qualquer tentativa de interrupção.

 - Não fomos nós que recebemos a herança das sailors lunares, ou Joynah que recebeu a herança da sailor Terra, ou mesmo Diana da amazona do Sol... não somos suas herdeiras – ela sorriu de forma jovial e feliz – nós somos os sonhos, desejos e a esperança delas. Quando fomos escolhidas na Lua, na verdade fomos selecionadas para darmos continuidade a algo que foi interrompido. Elas nunca puderam escolher sucessoras, mas quando aparecemos naquela sala na Lua, foi uma oportunidade que não podiam desperdiçar. A oportunidade de que talvez fossemos a continuação de tudo que acreditavam e pelo qual morreram, o legado de gerações de outras antes delas que foi interrompido com as suas mortes. Não percebem? Não somos as suas herdeiras, nós somos a  sua herança. Nós somos a herança que elas deixaram para o futuro.

 Ficaram em silencio por um bom tempo, apenas observando Rita sorrindo e olhando novamente para o belo por do Sol.

 - Rita, você é realmente incrível algumas vezes – comentou Anne em voz baixa – pena que nem sempre consegue perceber o que fala.

 Ela nada disse, apenas continuou sorrindo para o pôr do Sol. Será que elas poderiam ver o mesmo que ela via? Provavelmente não. Deviam ver um belo pôr do Sol, mais nada. Ela via isso e mais. Ela via varias imagens espectrais se esvaindo lentamente, imagens de mulheres vestidas de sailors. Sabia quem eram elas. Eram suas antecessoras. Na verdade sabia até os seus nomes. Como podia saber? Bem, isso não lhe interessava.

 Anne estava mais certa sobre Rita do que podia imaginar. Ela era incrível sob muitos aspectos. Mas o principal era não ficar nunca incomodada com o que podia fazer. Como agora ao observar os últimos resquícios de suas antecessoras lhes dando adeus, satisfeitas por elas terem entendido. Satisfeitas por terem feito o que em vida lhes foi negado.

 Entregarem sua herança!

 

 

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Notas finais do capítulo

Esta acabou sendo a mais longa fic que já fiz, tanto em texto escrito quanto em tempo necessário. Foram quase dez anos escrevendo, parando por longos periodos e recomeçando quando um gato pingado colocava um review e me lembrava que ela existia.

Na época que foi concebida, eu Lexas e Mistress9(o nick que ela usava na época) trocamos muitos emails e começamos a brincar de unir nossos tres universos. É por isso que esta fic faz referencia a Pirate Knights Infelizmente a Mistress9 sumiu nestes anos, mas mantive a idéa que tinha surgido.

Na concepção original, faltam ainda duas fics para encerrar esta trilogia. Mas considerando que aparentemente pouca gente se interessa por ela (talvez esteja muito grande ou simplesmente não agrade a ninguém mais) provavelmente só irie terminar mais uma e acabou.

Se voce leu e gostou, coloque um review, por favor. Por incrivel que aprece (ou não tão incrivel assim) eu só recebi mesmo reviews de no máximo 10 pessoas diferentes. Pelo menos foram 10 pessoas que gostavam de ler.



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