A Lua já estava alta no céu quando a última chegou. Sailor Saturno olhou para ela e depois para todos ali. As inners, as outers, as asteroid, as lunares... todas juntas na sala de reuniões.
     Estava até um pouco apertado ali dentro, fazendo-a se lembrar de um incidente similar séculos antes, na casa de Serena envolvendo as Starlight.
     - E Anne? – perguntou a recém chegada.
     - Segundo sua mãe, esta em casa tentando descobrir alguma pista sobre Haruka.
     - Sei... e porque seus filhos estão lá em cima?
     - Sume e Nathan estavam na rua procurando por alguém conhecido. Suzette os achou e os trouxe para cã. E aproveitou e contou para eles que era uma sailor.
     - Que ótimo...
     - Não precisa ser sarcástica. E acho que assim é melhor. Se tivéssemos contado antes para as crianças, hoje talvez elas estivessem melhor preparadas.
     - Se não acontecer com eles o que houve com Joynah e os gêmeos...
     - Vou tomar cuidado, Hotaru. Não quero que eles percam o controle de suas habilidades, sejam quais forem. Agora é melhor decidirmos o que fazer.
     Ambas se aproximaram do grupo ali e esperaram um pouco. Parecia que não sabiam como começar.
     - Muito bem – começou a rainha – vamos direto aos fatos. Dois generais interromperam a avaliação das crianças, seqüestraram Haruka e prenderam Afonso – olhou para ele segurando a mão da esposa – elas pediram ajuda e ao mesmo tempo em que todos foram ajudar, a cidade foi invadida por um exército de... como os chama mesmo, Hotaru?
     - Sombrios.
     - Isso mesmo, Sombrios. Sohar chegou a tempo de lutar com uma general mas ela fugiu, e ficamos a tarde inteira limpando a cidade destas criaturas. Agora que temos um pouco de folga, precisamos decidir o que fazer. Logicamente temos que localizar Haruka, mas antes... acho que alguns tem informações que podem ser úteis. Então começando do principio... – ela olhou para as crianças – alguma das lunares tem alguma informação?
     Lunares? A rainha as chamou de lunares? Amy ficou surpresa. Serena estava aceitando tudo muito bem. Ou então reconheceu que não tinha escolha. Devia estar cheia de preocupação com as meninas e principalmente com sua filha. Ela própria quase chorou quanto Michiru comentou como tinha encontrado Suzette. Mas ela era uma senshi... como a mãe. A única forma que teria para argumentar para que desistisse disto seria ela mesma dar a exemplo. Mas não o faria tão cedo. Não mesmo. E por isso não podia pedir que ela fizesse tal coisa.
     As meninas se entreolharam por alguns instantes, e Allete começou a falar.
     - Segundo a Anne, ela manipulava a gravidade. E o klartiano estava lá também. Aquele que vimos na Lua e se chamou de Djogor. Acho que foi ele quem me pos a nocaute, mas realmente não me lembro de como foi.
     As asteroid comentaram algo entre si, mas não se pronunciaram.
     - A outra foi a mesma que atacou minha mãe – disse Rita parecendo um pouco distraída.
     - Prismey – murmurou Vênus apertando os olhos.
     - Irmã da primeira sailor Terra. Pelo menos foi o que me disse. – completou Joynah de braços cruzados e um pouco emburrada.
     Houve um silencio total quando ela disse isso. Amy olhou para a menina de cabelos azuis e ficou imaginando como ela soube disso, e o que podia estar pensando a respeito.
     - Bem – começou Setsuna, uma das poucas sentadas ali na mesa – a primeira sailor Terra tinha duas irmãs. Gaia e Prismey. Ambas desapareceram depois que Gammy morreu nas mãos de Chaos. Gaia retornou depois com o milênio de prata já formado, se tornando uma Pirate Knigth. Quanto a Prismey... nunca mais se soube dela.
     A soberana abaixou a cabeça pensativa. Sem dúvida era uma informação inesperada. A irmã da primeira sailor Terra era sua oponente? Ora, depois que Neherenia se revelou tia da rainha, isso não deveria surpreender ninguém.
     - Sohar? – Instigou Michiru olhando para ele.
     - Eu conheci Prismey. E ela manipula sim a gravidade. Na verdade... – ele hesitou – cheguei a lhe ensinar a usar um pouco o seu poder naquela época.
     Novamente houve silencio. Mas aparentemente todos esperavam ele prosseguir.
     - Na última vez que eu a vi, ela era rainha da cidade Ametista. Foi a última cidade a tombar frente ao império Nemesiano.
     - Como? – Amy estava um pouco surpresa – Que império Nemesiano?
     - Naquela época haviam dois impérios. Um Nemesiano que dominava Nemesis, Plutão, Urano e Netuno, e um solariano que controlava os outros planetas. A cidade Ametista era um reino independente até que foi anexada a Nemesis depois que alguma coisa os atacou. Talvez tenha sido Chaos atrás do poder de Prismey, ou... – ele fechou os olhos – pelo que podemos imaginar agora, talvez Prismey tenha se vendido a ele em troca de poder ou sobrevivência. Eu não sei. Tudo o que sei é que tinha ouvido histórias que a cidade foi atacada, e pouco depois de ouvir tal coisa, Gammy foi morta por ele. Depois disto não sei mais o que houve. Eu parti atrás de Chaos pela galáxia, só voltando para cã muito depois de Serenity ter fundado o Milênio de Prata.
     - Isso eu não sabia – murmurou a rainha.
     - Acho que só Setsuna deve saber de algo – comentou ele – é isso o que sei. E já que Michiru está com um monte de perguntas... eu manipulo a gravidade também. Minha velocidade é decorrente de aumentar a gravidade diante de mim e diminuí-la nas minhas costas. Por isso quem eu carrego junto sente enjôos.
     - Porque nunca nos disse isto antes?
     - Não me lembro de terem me perguntado – ele sorriu – mas o fato é que não gosto que saibam o que realmente posso fazer. Vivi em guerras a maior parte de minha vida. Não esperem que eu mude certos hábitos.
     - Muito bem – cortou a rainha de forma dura – não estamos julgando Sohar aqui, mas trocando informações. Então temos um klartiano, um malviano e uma... terrana?
     - Solariana – disse Sohar apertando os lábios – a mãe era da Terra, o pai da cidade Ametista. Gaia e Gammy desenvolveram os poderes vindos da mãe, ela desenvolveu os do pai.
     - Uma solariana... – ela suspirou – Orion... tem algo a acrescentar?
     - O que usaram para prender Afonso foi u dispositivo de captura natural de meu mundo. O planeta – ele hesitou um pouco – Hermes.
     Amy ficou de queixo caído. Tinha lido sobre ele em alguns bancos de dados antigos recuperados da Lua, mas achava que era uma lenda ou se tinha um fundo de verdade, tinha sido mascarado pelas histórias pelo tempo. Então era verdade? Mercúrio foi fundado por um povo que veio do planeta Hermes?
     - Onde fica isso? – Interrompeu Ray.
     - Bem longe daqui – ele sorriu levemente – bem longe mesmo. Ou esses generais estiveram por lá e pegaram isso, ou um destes generais pode ser um compatriota meu. Que ótimo – ruminou ele.
     - Bem vindo ao time – disse Sohar olhando para o teto – além disso, para quem não ficou sabendo, tivemos ajuda adicional além dos youmas e mais alguns que tem poderes. Os filhos dos pirate estavam na cidade e ajudaram também.
     - O que me lembra que eles vieram para tratar de alguns assuntos – ela suspirou – alguém tem algo a acrescentar?
     Ninguém se pronunciou.
     - Muito bem... Mina, considerando tudo o que ocorreu hoje, e como você é a líder das sailors, deixo a seu cargo como vamos proceder para localizar Haruka e a... – ela olhou para o grupo das meninas – funções a serem atribuídas as novas senshi.
     - Acabou aquilo de juniores? – perguntou Rita sorridente.
     - Estavam dispostas a morrerem esta manhã. Mesmo sabendo que não tinham chance. E Rita me disse que o objetivo principal era salvar minhas filhas. Pena que a mais velha não quis colaborar.
     - Ei! – disse Serena contrariada – acha que eu ia deixar elas se sacrificarem por mim? Nem a senhora aceitou isso...
     - Eu sei. Mas como eu disse, se dispuseram a sacrificar-se para que sailor Miranda pudesse proteger minha filha. E estou grata por isso... lunar senshi. Bem Mina, cuide disso. Eu tenho que falar com a princesa do reino do Norte.
     Ela se levantou e depois de olhar para todos – apenas para marcar bem a surpresa da maioria na memória – ela saiu da sala.
     Logo em seguida todos se voltaram para Mina, que ficou levemente encabulada. Não devia ser fácil de uma hora para a outra se tornar o centro das atenções.
     - Bem... vamos as prioridades. Temos que achar Haruka. Michiru, entre em contato com o comando da guarda robô e veja o que possuem que possa ajudar. Devem ter algo para procurar por pessoas. Orion.. quando tempo vai durar aquele dispositivo?
     - Mais umas quarenta horas – respondeu ele – talvez menos.
     - Podemos usar o dispositivo para localizá-la?
     - Hum.. – ele levou a mão ao queixo e ficou pensativo – podem tentar rastrear a onda de sua bateria com os seus visores. Mas o alcance é pequeno, coisa de quinze metros. Eu transmito a faixa de onda para vocês assim que voltar ao meu laboratório. Mas existem outros dispositivos que usam o mesmo tipo de bateria, como controles de tráfego e alguns veículos militares.
     - É melhor que nada – disse Mina – Bem Michiru, se quiser já ir se adiantando...
     Ela nada disse. Apenas fez um adeus com as mãos e saiu da sala.
     - Ótimo... agora vamos ao resto... – ela fechou os olhos – bem crianças... vocês passaram no teste. Não foi o teste que prevíamos, mas passaram. Pediram ajuda, lutaram até o fim.. – sua voz tremeu um pouco – e sem dúvida salvaram vidas hoje. Ainda vão estar em aprendizado e sob tutela de seus pais, mas passaram a ter responsabilidades também. Joynah, você deve escolher alguém pra ficar no seu lugar como líder de equipe.
     - Eu? – ela apontou para si mesma incrédula – porque?
     - Você é uma inner, não uma lunar. E a tarefa das inners já está estabelecida. Proteger a rainha e a cidade. Como estará sob tutela de sua mãe para obter experiência, irá trabalhar com ela por enquanto.
     - Puxa... – ela estava claramente triste. Não devia ter imaginado que tal coisa ocorreria – mas minha mãe me disse que isso iria demorar, que por enquanto era melhor deixar eu com elas pois estava acostumada e...
     - Você poderá atuar com suas amigas, isso é lógico. Mas deve escolher sua sucessora. A função das lunares será similar a das asteroid. De apoio quando solicitado. Podem logicamente sair em patrulha por ai, desde que seus pais saibam, e não isso atrapalhe seus estudos – ela olhou diretamente para sua filha, que ficou um pouco corada – também devem aprender fazer outras coisas que fazemos, como pilotar, serem representantes do governo em outras nações... bom, para começar está bom. Mas não serão um grupo independente. Estarão subordinadas as suas líderes, e estas devem responder a rainha pelo que fazem.
     - Posso escolher sailor Moon? – disse Joynah com um sorriso.
     - Eu! Porque? E para que quer me escolher?
     - Para ficar no meu lugar. Afinal.. você é uma lunar também.. a primeira delas alias.
     - Mas... – ela olhou para as asteroid senshi e estas a olhavam com os olhos arregalados – eu já sou líder delas... não posso... quer dizer...
     - Pode continuar sendo líder delas Serena – disse Mina – mas Joynah tem razão. Você é uma lunar. Ficou como inner por simplesmente não ter outras como você, mas agora isso mudou.
     - Vou deixar de ser inner?
     - E você já foi inner alguma vez? – Rita disparou com sarcasmo.
     - Claro! Bom.. quer dizer... minha mãe era considerada uma... por isso pensei que... que...
     - Sua mãe me disse que nunca se aposentou realmente.
     - Não começa Rita!
     - Parem com isso, as duas! – Amy tentou, mas não conseguiu parar de pensar que Rita e Serena estavam agindo como suas respectivas mães agiram muitas vezes no passado – Serena, você é uma lunar e ponto final. Mina tem toda a razão nisto. Terá as mesmas atribuições das outras. E por ser quem tem mais experiência dentre elas, é bem indicada para ser líder no lugar de Joynah.
     - Posso opinar sobre isso? – questionou ela com os olhos bem abertos.
     - Pode – respondeu Mina – pode opinar e recusar a liderança. Mas não vai deixar de ser lunar por isso.
     - E as asteroid?
     - Elas já tem uma líder que tem agido muito bem enquanto você estava treinando junto com as outras.
     - Bom, se Serena não quer, minha segunda opção é Allete.
     - Eu? – a ruiva olhou assustada para a irmã – está brincando, não?
     - Não. Você tem prudência e não acho que vai tomar decisões apressadas.
     - Eu.. eu...
     - Ou então Titã fica no comando de todas, e você é a vice. Ou Serena. Decidam entre vocês – Joynah suspirou – mas vou sentir saudades.
     - Calma ai menina – Mina se aproximou e a segurou nos ombros – você não vai começar com as planetárias do dia para a noite. Mas será treinada para ser uma. Pode continuar agindo com suas amigas se houver oportunidade. Apenas lembre-se de que suas responsabilidades não são as mesmas que elas possuem.
     - Entendo – disse ela lentamente.
     - Muito bem – prosseguiu ela – Michiru já esta cuidando de procurar Haruka e Orion irá dizer para vocês como tentar rastrear o dispositivo que ele fez. Mas adianto que não quero todos procurando por ela. Hoje vimos que não podemos dispensar muita gente, sob o risco de sofrermos um outro ataque em larga escala. Guardiões... acho que o líder de vocês é mais indicado para dizer o que fazer.
     - Acho que devemos examinar os sistemas de gravação de vigilância da cidade. Prismey me disse coisas que só saberia se nos vigiasse de perto. Precisamos observar nossos passos e se alguém ficou nos vigiando.
     - Boa idéia – disse ela – Acho melhor irem agora. Hotaru, fique um pouco mais. Quero falar contigo.
     - Espera! Ceres vai ser a nossa líder?
     - Ela já não é, Palla? – Perguntou Mina confusa.
     - Só quando a princesa não está conosco.
     - Decidam isso entre vocês – disse ela um pouco irritada – mas a função de vocês continua. Proteger as princesas.
     - A gente decide sim – Disse Juno – vamos lá na sala de treinamento e a que ficar de pé manda.
     - ISSO! – disseram as outras saindo da sala.
     - Que atitude mais marciana – murmurou Afonso olhando elas saírem.
     - Algo errado nisso? – quis saber Ray com fogo nos olhos – e por falar nisso... e meus filhos?
     - Vão para a equipe dos guardiões – disse Mina observando-os – Herochi... Michiru me disse que você era o único que tinha apenas o braço quebrado. Como conseguiu isso?
     - Sorte – murmurou ele fazendo cara fechada. Sua mãe no entanto o olhou completamente incrédula. Ou não devia estar acreditando que ele conseguiu enfrentar bem aquela general, ou imaginava o quanto seu filho escondia o que podia realmente fazer – apenas isso.
     - Esse tipo de sorte não existe, rapaz – disse ela sorrindo suavemente – mas se quer guardar segredo, por mim tudo bem. Como Joynah, logicamente vão atuar mais ao lado das lunares. E de seus amores também.
     Joynah e Serena ficaram vermelhas, mas sorriam. Ray contudo apenas apertava os lábios.
     Sem mais nada a dizer, todos saíram da sala, deixando Mina e Hotaru a sós. Amy ainda tinha que pegar seus dois filhos pequenos que estavam junto com a pequena princesa.
     - Bem – começou ela um pouco curiosa por ter sido chamada para aquela conversa particular – o que quer falar comigo?
     - Você sabe o que quero falar, Hotaru. Você disse que uma das crianças poderia estar com o broxe estelar. Mas também disse que Haruka podia estar com ele.
     - Sim – respondeu simplesmente – eu disse.
     - É possível que Haruka tenha sido seqüestrada justamente por causa disto?
     Ela olhou para baixo antes de responder. Tal coisa tinha lhe passado pela cabeça, e por mais que tentasse acreditar que só podia estar com uma das crianças, os fatos provaram o contrário. Se isso fosse verdade ele teria se revelado quando elas enfrentaram Prismey,
     - Eu espero que não. Se for, nem quero imaginar o que pode acontecer. Torguer acreditava que a única esperança de destruir os generais era com ele. Mas como ele não apareceu com nenhuma das outras... – ela olhou para baixo, seus lábios traindo o que sentia por dentro – eu não sei. Não sei mesmo.
     - Hotaro, eu não sei o que eles pretendiam ao seqüestrar Haruka. E não consigo imaginar como ela pode ser mais útil que uma das crianças na categoria de refém. Mas sei que Anne deve estar muito desesperada com esta situação. Eu queria que ficasse de olho nela, para que não faça algo impensado.
     - Ela é uma senshi, dê uma ordem para ela.
     - E acha que isso muda algo? Faz esse favor para mim?
     - Eu passo em casa e vejo como ela está, tudo bem?
     - Obrigada. E diga a ela que agora ela tem outras responsabilidades. Joynah deixou a liderança do seu grupo das lunares e por enquanto, ela é a líder de todas elas.
     - Eu direi. Mas acho que isso não vai fazer nenhuma diferença.