Herança escrita por Janus


Capítulo 44
Capítulo 44




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     Sailor Moon bem que tentou, mas alcançar sailor Titã na corrida não era nada fácil. Assim que ela entrou no prédio a perdeu de vista, e não soube para que lado tinha ido. Sailor Europa que estava com ela começou a se afastar para procurar. Que bela líder tinha sido... devia ter ido junto com Titã, pois esta sabia onde Diana devia estar. Droga!
     - Espere! – disse ela para Europa antes que ficasse mais afastada – vamos ficar juntas. Se aquela criatura é tão poderosa assim não devemos diminuir nossa capacidade de defesa.
     - Hum... não acha melhor esperar os cavaleiros?
     - Ainda vai demorar um pouco até eles trocarem de roupa. Bem que o Orion podia inventar alguma coisa para ajudar nisto! E por falar em invenção do Orion...
     Ela acionou o seu visor e acionou o sinal de emergência. Mas depois de esperar algum tempo não houve nenhuma resposta. Incomodada com isso ela tentou entrar em contato com Titã, mas apenas pegou estática.
     - Europa... use o seu visor – pediu ela um pouco preocupada – tente chamar nossos pais.
     Observou ela tentar faze-lo, mas pela sua expressão de intrigada percebeu que devia estar enfrentando o mesmo que ela. Estavam isolados agora, sem meios de pedir ajuda.
     - E agora?
     - Bom... eu acho que eles devem estar no andar de cima. Se bem que... NOSSA!
     As duas viram no fim do corredor a sailor Ceres entrar neste cambaleando. Estava com muitos cortes no rosto e em boa parte do corpo. Imediatamente correram em sua direção para ampara-la, pois estava claro que ela iria desmaiar em breve.
     - Sailor Ceres... você...
     - Estou bem – respondeu ela – pelo menos estou melhor que as outras. Juno e Vesta.. vocês as viram?
     - Estão lá fora desacordadas – disse Europa – o que aconteceu?
     - A Diana achou um gato... e ele... ele... – ela as olhou fixamente – ele brilhou e então... não sei mais. Só me lembro de estar em um monte de entulho depois disto.
     - E a Pallas?
     - Sailor Terra a levou voando... – seus olhos ficaram vitrificados – ela estava muito ferida. Suas pernas... elas... elas...
     Ela começou a chorar de repente. O que ocorreu com Pallas devia ter sido muito grave para ela ficar tão agoniada assim.
     - Você também precisa de ajuda – disse Europa – acha que consegue andar até lá fora?
     - Não! Eu quero achar o desgraçado que fez isso!
     - E que chances você acha que tem contra ele? – perguntou sailor Moon a olhando seriamente – Estou duvidando que Titã e Terra juntas possam enfrenta-lo. E por falar nisso, se sailor Terra levou Pallas, então Titã está sozinha para enfrentar aquela criatura.
     - E melhor a procurarmos – disse Europa – Ceres, minha irmã está cuidando de Juno e Vesta lá fora. Fique no lugar dela e peça-lhe para vir até aqui. Vamos precisar de muita força bruta para enfrentar esse oponente.
     - Eu...
     - Não discuta, é uma ordem – enfatizou sailor Moon.
     - Muito bem – resignou-se – mas assim que elas estiverem fora de perigo eu volto.
     Ela se afastou de ambas e seguiu cambaleante pelo corredor escuro até a saída. As duas se entreolharam e em um assentimento mudo subiram as escadas. Tinham o pressentimento de que não seria difícil achar Titã, bastava apenas ouvir bastante barulho.
     Só que as coisas estavam muito quietas por ali...
     Chegaram ao primeiro andar e este estava como o térreo. Apenas uma penumbra mal iluminada pelas luzes fracas vindas das portas das salas de aula abertas e por outras no corredor – eram luzes de emergência – que piscavam com certa freqüência.
     Decidiram subir mais um andar, quando ouviram passos nas escadas. Ambas se prepararam para atacar quem quer que fosse, e quase passaram vergonha quando pularam em cima de Calisto. Felizmente elas se detiveram a tempo.
     - Ei? Eu estou do seu lado.
     - Desculpe. Não sabíamos. Como estão as Asteróid?
     - Muito mal. Miranda foi tentar chamar uma ambulância, nenhum sistema de comunicação está funcionando. Alguns guardas das redondezas ouviram a confusão e estão ajudando a manter as pessoas afastadas. Sailor Ariel só não veio junto comigo pois está ajudando Ceres a cuidar das duas. Elas estão com graves queimaduras e hematomas no corpo.
     Não perderam muito tempo se explicando, mesmo porque isso apenas aumentava a angústia que sailor Moon estava sentindo pelas amigas. Subiram mais um andar e desta vez havia uma diferença em uma das salas. As luzes desta estavam acesas e viram uma sombra se movendo na luz projetada através da porta aberta no corredor.
     Correram até o lado desta porta e, com cuidado, entraram. Viram Titã olhando intrigada para um cesto no canto da sala. Era um cesto de lixo, que quase sempre ficava vazio devido aos alunos raramente usarem algo que necessitasse ser jogado fora. Só que este cesto estava balançando violentamente e podiam ouvir sons de... bem... eram sons de gatos brigando.
     - Titã? – perguntou sailor Moon – onde está Diana?
     Ela apenas apontou para o cesto que ficava balançando, fornecendo uma resposta muda.
     - E o que você está ai esperando? Tire ela de lá!
     - Você está brincando, não é? – ela pos a mãos na cintura – Minha mãe não criou nenhuma idiota para ficar pondo a mão em um cesto com dois gatos brigando. E... pensando bem, não acho assim que ela esteja tão em perigo... estou mais apostando que o outro é quem está levando a pior.
     As três recém chegadas ficaram olhando para aquele cesto balançando e prestaram um pouco de atenção nos sons ouvidos. Nenhum destes eram humanos, mas em muito lembravam as brigas de gatos que todas já presenciaram uma vez ou outra em suas vidas.
     - Diana? Você precisa de ajuda ai?
     - SOCORRO! TIREM ESSA GATA SELVAGEM DAQUI! AI! – disse uma voz masculina.
     - Acho que isso é um não... – comentou Europa com um expressão de assombro.
     - Olha... podem me chamar de tapada, mas eu juro que esses sons ai mais se parecem com aqueles dos gatos namorando no telhado de casa.
     Imediatamente após falar isso, a ruiva ficou com a sua face igualando a cor dos cabelos. Especialmente pela forma como as outras a encararam.
     - AI! NÃO MORDA AI NÃO!
     - Já chega desta palhaçada – disse Titã chutando o cesto e observando os dois felinos escorregarem pelo chão.
     Mesmo um pouco atordoada pela súbita mudança de ares, a gata cinza novamente partiu para cima do felino de cor amarela. Apesar desta estar revidando, todas tiveram a certeza de que Diana estava levando a melhor. E nenhuma delas sabia como separar eles, exceto o de procurar um balde e enche-lo de água.
     - CHEGA DIANA! – gritou a sailor de cabelos vermelhos – NOSSAS AMIGAS ESTÃO FERIDAS E QUEREMOS RESPOSTAS!
     Ela parou imediatamente de lutar contra o outro felino e pulou para o lado delas. Voltou a forma humana e ficou encarando ele, com os olhos frios e sérios.
     - Muito bem – começou Titã – sabemos muito bem a que raça pertence, e que não pode fazer muita coisa nesta sua forma, do contrário já teria nos atacado e não teria tanta dificuldade com a minha amiga aqui – apontou para Diana com o polegar – quero saber quem é você e porque fez isso.
     O felino se sentou educadamente e observou as adolescentes com pouco interesse. Sorria levemente e não parecia nem um pouco incomodado com as palavras da senshi de cabelos brancos.
     - Criança – disse ele em voz baixa e com certa alegria nesta – você nada sabe sobre mim ou o que posso ou não posso fazer. Se não quiser ficar um longo tempo sem poder andar, sugiro que me deixe ir como solicitei antes de sua... – ele sorriu prazerosamente - adorável amiga medir forças comigo ao estilo de meu saudoso mundo natal.
     - Parece que ele estava gostando – murmurou Europa para sailor Moon.
     - Não tememos você – continuou Titã sem se alterar – temos nossas obrigações e o medo não nos detém.
     - Temor é saudável criança, e só os tolos não sentem medo. O medo nos avisa para tomarmos cuidado, para não sermos superconfiantes e nem menosprezar as provas difíceis pela vida.
     Para um inimigo que atacou suas amigas, até que ele era bem filosófico.
     E claramente perigoso. Titã sabia disto. Imaginava que teriam poucas ou nenhuma chance contra ele. Só queria mesmo obter informações e atrasa-lo até que sailor Vênus chegasse. Estava sentindo ela se aproximar rapidamente.
     - Palavras sábias para quem usa jovens indefesas como reféns para obter o que deseja.
     Ele ergueu levemente as sobrancelhas e olhou um pouco de lado para Diana. Esta fez o mesmo, mas seu olhar se dirigia para Titã.
     - Indefesa... – ele abriu sua boca e gargalhou com gosto, muito divertido mesmo – indefesa! Criança – ele estava mais sério agora, e sua expressão era de desafio – nenhum malviano foi ou será indefeso. Sua jovem amiga nem sonha com o que pode fazer ainda. Realmente – desviou o olhar e sorriu amavelmente – nem ao menos sonha... mas chega disto. Já estou satisfeito e já cumpri há horas o que tinha a fazer por aqui. Vamos deixar as coisas como estão. Não podem se comunicar com os defensores deste reino e não podem me deter. Para que causar mais estragos desnecessários?
     Ele assumiu a forma humana naquele instante. De maneira muito mais rápida do que já viu Diana fazer. Era claramente musculoso – não um poço de músculos, mas aquele tipo de musculatura que era percebida em pessoas ágeis – e até simpático. Seus cabelos curtos eram amarelados e ela percebeu duas pulseiras em pulsos. Já tinha visto aquilo antes.
     Mas o que a perturbava agora era que ele sabia! Sabia que seus comunicadores estavam inoperantes. Talvez até fosse o causador disto. Mas não faltava muito agora. Vênus estava próxima, bem próxima. Virou o rosto para a janela rachada e tremeu.
     Era apenas um ponto de luz meio alaranjado se aproximando, mas estava exatamente onde ela sentia que Vênus estava. Se aproximando mais e mais, até o pequeno ponto se tornar uma imagem mais percepitível.
     - SAILOR VÊNUS! – exclamou Calisto olhando na mesma direção. Todos também se viraram para a janela e viram ela. Ela... ela estava voando! Voando de costas...
     Não! Não voando. Estava sendo jogada. Estava de costas e indo velozmente na direção deles. A uma velocidade impressionante. Todas ficaram estáticas observando aquilo.
     Tudo o que perceberam foi um tipo de oscilação na imagem ao redor dela, como se estivesse fora de foco ou sendo visto por um vidro de garrafa. Sailor Vênus entrou pela janela como se fosse um míssil em trajetória descendente. Suas costas atingiram o piso e ela foi arrastada por este até abrir um buraco no chão e cair no andar de baixo. Enquanto ela se movia naquela impressionante velocidade, tudo o que estava ao seu redor foi retorcido e feito em pedaços, como se ela estivesse no meio de uma coluna de água. As cinco ficaram sem fala, e mesmo o malviano que as estava encarando antes também olhou espantado para aquilo.
     Pelo rombo aberto na parede, uma mulher apareceu flutuando. Estava com os braços cruzados e encarava as sailors com total desprezo. Suas roupas eram um tanto diferentes, como se estivesse vestindo algo de outra época. Sua saia era composta por placas metálicas de cor prateada, e no seu peito havia um tipo de armadura aparentemente moldada na forma de seu tórax. Seus longos cabelos pretos lhe davam um ar belo e ao mesmo tempo sombrio. As jovens sailors estavam temerosas com o que viria a seguir. Sailor Vênus, a líder das sailors tinha sido posta fora de combate de forma muito violenta. Nenhuma delas achava que podia fazer frente àquela mulher. Titã já estava pronta para usar o seu anel de defesa.
     - Vamos Kyrrathur – disse ela dirigindo-se ao malviano - você já deu o seu show por aqui, e devo dizer que foi vergonhoso você simplesmente não arrancar a cabeça destas crianças.
     - Bem... – murmurou ele – nós concordamos em não matar ninguém sem necessidade...
     - Mesmo? – ela estreitou os seus olhos e seu desprezo ficou ainda maior – até parece que foi por isso que ficou por aqui, se deixando ser descoberto. Você queria se satisfazer com esta sua semelhante ai...
     - Satisfazer? – perguntou sailor Moon.
     - Humpft! – continuou a misteriosa mulher – vocês ficaram muito tempo como crianças para saberem o que é ficar séculos sem alguém para dividir o leito – ela parecia satisfeita em deixa-las encabuladas – devia te-la simplesmente violentado, e não tentado seduzi-la com seus feromônios.
     - Olha.. eu posso ser muita coisa, mas ainda respeito as fêmeas de minha espécie – disse ele indignado – e pelo menos consegui me divertir um pouco. Já faz tempo que alguém não me morde a cauda com tal ímpeto – olhou para Diana com um sorriso – tenho inveja de seu companheiro, seja ele quem for.
     As quatro sailors olharam para Diana que ficou subitamente vermelha. Afinal, eles estavam brigando ou namorando?
     - Bem Kyrrathur, vamos indo. Não temos mais nada a fazer aqui. E quanto a vocês...
     Ela apontou a mão para elas e algo saiu desta. Não era algo visível, mas era alguma coisa que se movia muito rápido. Todas elas sentiram serem jogadas para trás e uma enorme pressão sobre seus corpos. Enquanto estavam atravessando algumas paredes Titã conseguiu invocar o seu anel de defesa e ergueu uma parede invisível com este. Aquilo que as estava empurrando e esmagando subitamente parou e começou a ser desviado para todos os lados, destruindo o teto, as paredes e o piso do outro lado do escudo, como se fosse um jato de água atingindo uma janela. No final, o prédio tinha sido praticamente partido ao meio, sendo que o piso onde estavam começou a ceder.
     A mulher ainda desconhecida ficou olhando para o escudo de Titã com muito interesse. Demais mesmo. Elas viram que o malviano tinha voltado a sua forma felina e estava agora no seu ombro. Os dois ficaram flutuando ali por algum tempo e depois partiram.
     Logo depois o piso acabou desabando e as cinco caíram no andar abaixo. Mas não ficaram muito tempo tentando entender o que tinha acontecido, elas logo trataram de tentar encontrar sailor Vênus, que devia estar muito ferida.
     "- Alguém está me ouvindo?"
     - Fobos – disse sailor Moon acionando o seu visor e respondendo ao chamado – onde está você?
     - Estamos aqui fora tentando retirar o entulho do caminho. Deimos saltou para o andar superior para tentar encontra-las. O que fez o prédio desabar? E vocês estão todas bem?
     - Estamos, menos Vênus.
     "- Vênus!"
     - Depois eu explico. Fobos, chame todo mundo, rápido!
     - Aqui! – gritou Calisto tentando mover um pilar tombado – ela está aqui embaixo. Preciso de ajuda.
     Dava para ver a bota de sailor Vênus projetada para fora de um monte de entulho, e o pilar estava bem em cima de onde devia estar o seu corpo. Titã e Europa se juntaram a ela para tentar mover o pesado pilar. Mas mesmo as três juntas não conseguiram move-lo muito, e um som de algo rachando chamou a atenção delas.
     - O teto! – gritou Diana – esta ruindo!
     Sem o piso do terceiro andar a laje da construção estava sem apoio e vergando a olhos vistos. Logo iria desabar e enterrar todas elas ali. Precisavam se apressar se quisessem libertar Vênus.
     - Afastem-se – disse sailor Moon – pelo poder da princesa da Lua!
     Assim que ela se transformou em Ethernal ela usou o seu ataque, que partiu o pilar ao meio. As três voltaram a tentar move-lo e desta vez conseguiram tomba-lo para o outro lado.
     Sob muita poeira e pedaços da construção elas podiam agora ver o corpo dela. Não parecia tão ferido quanto seria de se esperar considerando tudo o que sofreu. Sem muita cerimônia Titã a pegou nos ombros e saiu correndo de lá. As quatro a seguiram. Cruzaram com o cavaleiro Deimos no caminho que teve de dar meia volta assim que viu o porque de estarem correndo tanto.
     Quando chegaram a borda do piso, Titã arremessou Vênus para sailor Moon que a pegou e sem olhar para trás alçou voou, com certeza a levando para um hospital. As jovens sailors e o cavaleiro pularam pela beirada e atingiram o solo, e rapidamente continuaram a se afastar em direção aos seus companheiros que estavam ao redor das duas asteroid feridas, como se prontos a protege-las de qualquer coisa. Já haviam alguns paramédicos tratando delas.
     Dois minutos depois o teto, não podendo mais ser sustentado desabou em grande fúria, fazendo o piso abaixo também desabar e por conseqüência o do primeiro andar, chegando a atingir até mesmo o porão.


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