Herança escrita por Janus


Capítulo 30
Capítulo 30




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     Água condensada flutuante, estável graças ao agregamento em partículas de poeira em suspensão. Sem isso, não haveria como elas se manterem lá em cima, no céu, sendo torcidas, reviradas, partidas, rasgadas, misturadas e modeladas pelo vento. Internamente, turbilhões de ar rugiam furiosamente, arrancando, impiedosamente, elétrons de camadas mais externas dos átomos, deixando-as carregadas eletricamente.
     Enquanto a temperatura fosse alta, elas permaneciam lá em cima, geralmente brancas, leitosas, raramente observadas como deveriam por quem andasse preso a superfície terrestre. Só eram percebidas quando estavam mais escuras, ou negras, ou ainda, quando o som de trovões eram ouvidos. Se você não for um fazendeiro, vai encarar isso como um incômodo.
     Mas, quando a temperatura caía, tudo mudava. O ar, mais frio, se condensa, literalmente espremendo a umidade contida neste. Logicamente que o mesmo ocorria com a "água condensada flutuante".
     Para Anne, contudo, tal definição das nuvens, apesar de verdadeira e corretamente científica, era uma forma muito cruel de se referir a elas. Preferia a descrição de serem mechas de algodão sopradas ao vento por Deus. Muito mais romântico e bonito.
     Era tão raro ela ficar observando elas... observar as suas formas esculpidas por mãos invisíveis assumirem identidades conhecidas, ver, diante de seus olhos, elas mudarem de forma, passando de um vaso para um cavalo, as vezes para um coelho, e, até mesmo assumindo o rosto de alguém conhecido. As mais altas, as chamadas cirrus, sempre se pareciam com poeira varrida por uma vassoura velha. Eram bonitas, a sua própria maneira, em especial quando o dia chegava a o fim, com o seu brilho amarelado, como fogo nos céus...
     Podia ficar a tarde inteira simplesmente observando elas mudarem de forma, ou analisa-las pelo âmbito científico, como o fazia até os seus doze anos. Hum... sorriu! Um sorriso alegre, jovial, aquele tipo de sorriso que se dá quando nos recordamos de algo feliz que ocorreu em sua vida. E era nisso que estava pensando...
     Devia agradecer as suas amigas por aquilo... ainda que fossem responsáveis apenas indiretamente. Até os doze anos, tinha sido uma micro geniazinha, superando todos os recordes conhecidos até então. Podia ter feito uma tese de doutorado aos onze anos... mas não o fez. E não o faria! Conhecer a alegria de olhar para um esquilo, e, ao invés de pensar nele como uma criatura modelada pela evolução, preferir sair correndo para abraça-lo e sentir sua penugem macia em contato com a pele, era muito mais condizente com uma garotinha de onze anos.
     E bem mais divertido!
     Estava muito agradecida a sua mamãe Amy por tê-la ensinado a ser criança. Mas foi só com a convivência com as filhas da Lita que isto se firmou, pelo menos em parte. Ela e a mamãe Amy eram vizinhas na época. Sorriu divertida com as lembranças, porém, logo depois, fechou a cara. Era tão chato não ter o que fazer... ali estava ela, no pátio da escola, sentada no pequeno muro feito para proteger uma árvore, observando o céu, sem nada para fazer.
     Sozinha...
     Que ridículo... uma prova surpresa da professora, com direito a sair da sala para quem a terminasse, logicamente, devendo voltar depois da hora do lanche. Ela não tinha estudado nada – ela nunca estudava nada para a escola – apenas prestado atenção nas aulas anteriores, como sempre. A professora entregou as provas e disse que podiam fazer. Cinco minutos depois, ela entrega a sua para ela. Mais um minuto e a professora, incrédula, viu que tudo estava certo. Na verdade, estava até mais certo do que as respostas que ela própria tinha desenvolvido como base para a correção.
     Agora, ela estava no pátio, sozinha pelos últimos quarenta minutos, faltando ainda uma hora para o intervalo, e ninguém mais de sua sala tinha saído ainda. Será que era tão difícil assim? Ela não tinha como avaliar a dificuldade dos outros. Para ela, era fácil... sempre foi fácil... não estudava por causa disto, não se empenhava nem ficava procurando o que pesquisar por causa disto... não queria atingir um nível que a impedisse de se relacionar com outras pessoas de sua idade. Não queria ser conhecida como a "sabe tudo", apesar de já ser chamada de computador ambulante, as vezes.
     Mesmo assim, acabava escorregando. Coisa que suas amigas demonstravam quando tapavam a sua boca para não ficar falando coisas extremamente complicadas para elas – até que era um jeito interessante dela reconhecer os limites de uma "pessoa normal". Até Orion precisava consultar um ou outro dicionário quando conversavam.
     Não! Ela nunca iria se aprofundar tanto assim em estudos, muito menos em conhecimentos diversos. Não iria viver para isso, pois não iria valer a pena. Jamais poderia colher os frutos disto desta forma. Pelo contrário, pagaria um preço terrível! Uma exilada social, que ao invés de falar bom dia, diria "de acordo com os prognósticos meteorológicos, e, pela convenção global para a definição qualificativa de um dia satisfatório, eu, na expectativa de causar um mínimo de influência positiva no transcorrer deste novo período diurno de rotação terrestre, desejo que o seu dia seja de boa fortuna".
     Quase deu uma risada! Ela mesma daria um tabefe em quem falasse assim com ela. Aquela frase seria uma cantada ou um insulto?
     - Oi!
     Raramente alguém a pegava de surpresa. Raramente ela ficava distraída para não perceber o que estava ocorrendo ao seu redor. E, mais raramente ainda ela fazia o que fez agora, pular de susto e olhar apavorada para a direção de onde veio a voz.
     - Desculpe... – disse ele – não queria assusta-la.
     - TONY!
     Havia alegria em sua voz. Uma alegria que – ela reparou logo em seguida – não fazia muito sentido. Mal conhecia ele, apenas tinha uma certa queda por aquele rapaz um pouco mais alto e mais velho que ela. Chegou a invejar Rita quando deram algumas saídas juntos. Mas ela não iria deixar isso ficar evidente, ainda mais para quem, de uma forma indireta, foi o responsável por aquele que se tornou o maior vexame de sua vida.
     Além disso, era obrigação dele conquista-la, com flores, poemas, presentes, bichinhos de pelúcia, bailes, roupas chiques, serenatas, carinhos singelos, cafunés diversos, sinceridade, respeito, docinhos, jantares, parques de diversões... hum... será que ela estava muito interessada nele?
     - Bom dia! – ele estava um pouco sem jeito – você... foi expulsa da classe?
     - Não – ela riu – apenas uma prova surpresa. Senta aqui do meu lado... onde você esteve ontem? Procurei por você e me disseram que você não veio.
     - Eu... – ele se sentou do seu lado, na mesma mureta – estava na delegacia, prestando depoimento.
     - Depoimento? PORQUE?
     - Daquilo que aconteceu com você. Uma das pessoas lá da discoteca abriu uma queixa, e, para que a casa não fosse fechada, eu assumi a responsabilidade por tudo.
     Que coisa linda que ele fez. Muito responsável, como a mamãe Haruka tinha comentado, mas muita burrice também. Ele também era menor de idade, não tinha que assumir nada. O dono da discoteca que foi um burro por não colocar uma segurança melhor que barrasse menores. Hum... item sinceridade, passou!
     - E...?
     - Alguns fins de semana fazendo serviços comunitários. Tome, são para você.
     Era um ramalhete de flores. Com três flores na verdade, que ele tinha conseguido ocultar dela. Ela não percebeu, mas o seu sorriso era a coisa mais linda que Tony já tinha visto.
     - Petúnias... ai! Que lindas! E ainda estão com as raízes... nossa! Que presente lindo! Não precisava... – claro que precisava! Ele tinha acabado de marcar um segundo ponto na árdua e longínqua jornada para conquistar o coração dela.
     - Achei que iria querer planta-las no jardim de sua casa.
     - Como soube que gosto de petúnias?
     - Você falou tanta coisa a seu respeito naquele sábado... – disse ele erguendo levemente as sobrancelhas, com um sorriso um pouco suave.
     Não precisava ser tão sincero assim. Talvez fosse melhor incluir o item mentiras deslavadas que as meninas adoram, tipo: Seu cabelo está lindo, ou impressão sua, você não engordou.
     - Imagino... acho que falei muita besteira.
     - Eu não acho. Achei lindo saber de antemão seus gostos e desgostos. Não sei porque se considera estranha... é tão normal quanto qualquer outra pessoa que conheço.
     Ele deve vir de um circo de excentricidades para falar isso. Desde quando uma aberração da natureza pode ser considerada normal? Alguém com duas mães genéticas, nenhum pai, e, de lambuja, mais uma mãe e duas irmãs de criação? E, ainda por cima, ser uma sailor, com uma amiga meio felina que gosta de roupas mais ousadas que ela?
     Hum... quesito mentira: precisa melhorar. Só que... isso ela não deve ter dito! Ou disse?
     - Eu disse alguma coisa... hum.. estranha? – ela não conseguiu evitar de ficar encabulada.
     - Para falar a verdade, disse.
     - Disse? – ela arregalou os olhos e fez uma careta com a boca – o... que?
     - Você disse que uma vez entrou numa casa com um cachorro bravo. E que, depois de muita briga, acabou mordendo ele.
     Ela começou a gargalhar. Ela tinha dito aquilo? Tinha sido há tanto tempo... talvez ainda tivesse uma holofoto daquele evento no meio de suas lembranças.
     - Foi verdade?
     - Foi sim – ela ainda estava rindo – quiseram até vacinar o cachorro com medo que eu passasse raiva para ele... eu tinha uns cinco anos na época. Parece que eu te contei muita coisa mesmo...
     - É... me desculpe.
     - Pelo que? – ela ficou intrigada – foi um acidente. Foi mais culpa minha do que sua. Eu é que devia ver o que estava bebendo.
     - Sim, mas... não é uma questão de culpa, mas de responsabilidade. Eu fui muito infantil a levando para lá. Sei lá o que estava pensando... nunca convidei alguém para ir dançar assim, logo de cara. Você deve ser especial...
     Hum... até que ele sabe ser sutilmente lisonjeio. Espera um pouco! Isso não faz parte de sua lista.. que pena. Talvez, se abrisse uma pequena exceção...
     Nãããããoooo!
     - Que maneira interessante de ser galanteador... – ela sorriu.
     - Não era bem a minha intenção... desculpe se a ofendi.
     Mas que cara burro! Começa muito bem e faz esta besteira? Ainda bem que ela era muito exigente. Já pensou se acabasse se permitindo apaixonar por alguém assim, antes de passar pelas pré qualificações?
     - Não me ofendeu – disse de forma impessoal, olhando para a frente, como se estivesse prestando atenção na porta de saída da escola para o pátio.
     Perfeito! Ele sabe que ela não gostou. Acha que ela foi apenas educada, e, nem deve imaginar que, o que ela disse foi para reforçar que não tinha gostado daquilo. Ele devia ter dito obrigado! Homens, nenhum deles é um príncipe encantado, apenas sapos verruguentos.
     - Ainda assim – insistiu ele – acho que fui muito apressado. Não sei porque... acho que por encontrar alguém capaz de obliterar a beleza das estrelas daquela noite me fez perder as medidas da boa educação e cavalheirismo. Quero apenas ainda ser capaz de ser seu amigo...
     Mas alguns destes sapos são tão especiais...
     - Você é incrível! – ela sorriu para ele – incrível mesmo. Um romântico incorrigível. É... eu gosto disto.
     - Você me faz parecer um conquistador... – disse ele sorrindo – mas não é o caso. É tão difícil eu conseguir um bom relacionamento...
     Isso deve ser brincadeira dele. Achava mesmo que o velho truque do coitadinho funcionaria com ela? Pois sim.
     - Você se menospreza muito. Devia ter mais confiança em suas habilidades.
     - Hum.. que tal um cinema neste sábado? A tarde, lógico.
     - Desculpe... estou impossibilitada de fazer qualquer coisa de âmbito social por esta semana – disse de uma forma melancólica – algo relacionado a um certo "incidente" na noite de sábado último...
     - E ainda ficou de castigo? Mas eu falei para sua irmã...
     - Tony... sem chance. Estou proibida de passear, e sem meios de revisão da pena. A juíza que me condenou é muito severa e determinada... não vai ter forma de convence-la não...
     Opa! Serena e Joynah estão saindo do prédio, junto com mais outros alunos. E... que danadas! Já devem te-la visto, pois estão se esgueirando por trás do pequeno muro de plantas, que formam uma divisória entre a área do pátio de concreto e o jardim deste. Logo, logo, vão estar atrás da árvore as suas costas. Que curiosas... ou melhor, que bobas! Acham mesmo que podem ficar vendo o que ela esta fazendo de forma que não perceba?
     - Sinto muito...
     - Não se culpe... pensando bem! Você é o culpado sim. Culpado de ser tão carismático a ponto de me convencer a ir junto. Quer dizer... bom... você me convidou com tanta gentileza, e eu aceitei...
     - Puxa – ele ficou ruborizado – foi mesmo?
     Elas estão próximas. Logo, logo, vão estar a distancia certa para ouvirem a conversa.
     - Foi... semana que vem estou livre de novo, mas... nada de discoteca. Mas não há nenhuma ressalva quanto a horários – ela sorriu de uma forma meio maliciosa – mas eu costumo dormir um pouco cedo, já vou avisando.
     - Tudo bem – ele sorriu de volta – serei um perfeito cavaleiro. Bom, acho melhor eu ir, preciso me apresentar na sala do diretor.
     Ele se pos de pé e – que coisa sem graça – apertou o nariz dela com dois dedos de sua mão direita.
     - Até mais tarde, ou melhor, até amanhã, eu espero...
     - Amanhã vou estar na excursão para as ruínas. A gente se vê... é mais fácil falar assim.
     Ele assentiu com a cabeça e andou lentamente em direção ao prédio. Ele tinha potencial, mas ainda era muito cedo para ela achar que ele poderia ser o seu príncipe encantado. Vai que ela beija aquele sapo e tudo o que consegue é apenas uma verruga?
     - Muito bem, podem sair daí de trás da árvore, Joynah e Serena. Sei muito bem que vocês estão ai.
     - Mas... como...?
     - Princesa... esqueceu que não podem se esconder de mim? – perguntou olhando para a cara de boba dela – antes, a Joynah podia, agora, não mais...
     - Eu sempre me esqueço... – lamentou enquanto se sentava ao lado dela – e ai? É este o seu novo candidato?
     - Meu candidato? – ficou atônica com a pergunta – como assim? Joynah, do que sua amiga ai está falando?
     - Não olhe para mim – respondeu ela sentando-se do outro lado – eu estava por fora disto até ela me puxar pela mão para a gente chegar até aqui de fininho. Eu disse que não ia dar certo.
     - Disse nada! Ficou o caminho inteiro falando que ele é um gato, uma gracinha, o par perfeito para a encalhada...
     - O QUE! – olhou com raiva para Joynah – como assim encalhada?
     - Bem...
     - Saiba que tem muito garoto dando em cima de mim, ouviu? Ainda tenho a média de três convites por semana, e... – abaixou a voz – uma ou duas propostas indecorosas por mês...
     - Mas você praticamente não aceita nenhum! A propósito, tirou dez na prova, como sempre...
     - Grande coisa – ela realmente não estava incomodada com aquilo. Aquela matéria já estava praticamente fechada para ela – até parece que eu não sabia disto.
     - Não mude de assunto não – chamou Serena a olhando diretamente nos olhos – ele quer ou não namorar com você?
     - Sabe... – Anne ficou subitamente pensativa, olhando para cima – eu sinceramente não sei... ele ainda não se pronunciou neste sentido. Mas não pense que ele tem muita chance não – claro que tem, é só ele atacar direitinho – falta muito para ele atingir as notas mínimas necessárias para merecer uma avaliação de minha parte.
     - Hã?
     - Ele ainda não me passou uma boa cantada.
     - Há tá...
     - Bom – chamou Joynah – o que a gente faz agora? Ainda falta meia hora para o intervalo.
     - Sei lá! estou mais interessada em saber o que todo mundo está fazendo no castelo.
     - Como assim, todo mundo? – perguntou Serena com os olhos arregalados.
     - Estão todos lá – Anne sorriu – nossos pais, as asteroid senshi, até Orion. Todos praticamente do lado um do outro. Devem estar fazendo uma reunião.
     - Todos ao mesmo tempo?
     - Foi o que eu disse, Joynah – Anne ficou irritada com a dúvida dela – está achando que estou mentindo?
     - Está estressada, heim? Puxa vida! Já está ficando igual a sua mãe: Reclamando como uma velhinha...
     - Joynah... – chamou Serena com a voz um pouco preocupada – eles nunca se reuniram antes, não assim, todos no palácio. Estão decidindo alguma coisa... e... nem se incomodaram de comentar a respeito. Será que a ida de Hotaru lá ontem teve algo a ver com isso?
     - Considerando que ela ficou lá tanto tempo que acabou pernoitando – disse Anne – eu não duvidaria. Ela deve ter contado coisas bem preocupantes sobre esses nossos inimigos. A propósito... onde a assanhada da Diana estava ontem? Sua mãe me ligou procurando por ela.
     - Assanhada? – perguntou Joynah interrompendo.
     - Do jeito que ela me agarrou de manhã, foi um milagre eu não a ter enforcado com a própria cauda. Ela estava bem feliz... Princesa? – chamou ela, reforçando a inquisição anterior.
     - Melhor que ela mesma lhe conte – disse a princesa com o olhar distante – mas eu posso adiantar que ela acabou encontrando um "velho conhecido".
     - Quem?
     - Aquele tal general de Klarta que enfrentamos na Lua – disse Joynah - lembra-se?
     - O QUE? ONDE?
     Anne tinha se levantado em um pulo quando perguntou aquilo. Tinha ficado apavorada quando Joynah tinha lhe respondido.
     - Na cidade – respondeu ela, não entendendo a preocupação de Anne – ele a capturou e a trancou em uma caixa. O perseguiu desde a entrada do palácio, rastreando o seu cheiro. Mas foi só isso. Nós a achamos e a trouxemos de volta... Anne? O que foi?
     Anne ficou muda. Seus olhos encaravam Joynah, mas era claro que ela não a estava enxergando. Elas ainda não tinham percebido. Como aquela criatura pôde passar perto do palácio sem ela ter sentido nada? Como suas mães não perceberam isso?
     - Anne?
     - Serena... – começou ela a falar lentamente – acho que estamos com um problema bem maior do que tínhamos imaginado...
     - Por que?
     - Eu não senti nada! Eu sentiria aquela criatura se ela andasse aqui nos arredores. Da mesma forma que percebo os fantasmas negros...
     - Talvez ele não estivesse ao seu alcance na hora em que passou perto do palácio. Você o sentiu na Lua, lembra-se? Não há motivo para que não o sinta agora...
     Anne não respondeu. Até hoje, ela não sabia se seus sentidos o tinham captado na Lua ou se foi apenas o reflexo daquelas centenas de criaturas sombrias que o acompanhavam. Seja como for, o que quer que seus pais estejam conversando no palácio, acabará sendo comunicado a elas.
     De uma forma, ou de outra.


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