Fechei os olhos

Procurando algo pra adormecer a dor

Porém pensar nos rostos

Me faz adoecer mais que o amor

—

.. Então eu lembrei

Eu tinha fugido de casa

Era noite e só disso eu precisei

.. ou era o que eu pensava

—

O parquinho não é legal de se brincar

Quando se está só, sob a luz do luar

Parado no banco, sem mesmo respirar

Não ouvi você se aproximar

—

Foi ligeiro, rápido

Quando vi, estava sentada do meu lado

Nos olhos, estampada a repreensão

“O que faz aqui, garoto solidão ? “

—

—São demais os sentimentos que carrego

“Sempre gostei de mistérios”

—Não brinque comigo, cansei de ser o boneco

“Portanto corte as cordas que te seguram e restaure seu ego”

—

Então desabei, pois até na minha armadura

Há incontáveis rachaduras

Logo me puxou para um abraço

Depois, me deu um puta tapaço

—

Ambos crianças

Ambos cansados

Dançávamos a mesma dança

Mesmo quando a música tinha terminado

—

Esse mundo não nos aguentava

Por isso a criação de outro foi necessária

Mas em todo paraíso

Há imprecisas falhas

—

Abro os olhos

Mas não há pra onde olhar

Está tudo embaçado

Porém é tarde demais para chorar